Há 10 anos
segunda-feira, junho 30, 2008
Aha!
É a Emily Haines por um lado; é o Bonnie "Prince" Billy do outro. A queixada loira de um lado; o bardo barbado do outro. A água; o fogo. A respiração densa; e o cuspo defenestrado. A dança dos sentidos; e a seiva salvífica. Vire-me eu para onde me virar só apanho coisas boas! E das coisas boas saem coisas magníficas. Como se de um ajuntamento de calhaus saísse um arco-íris!
Jesus, I'm dazzled...
Não posso agradecer o suficiente ao Daniel M. por ma ter trazido à minha beira. Tem-me acompanhado nestas derradeiras horas de esposo abandonado, de pai solteiro. Obrigado, obrigado, obrigado.
E quem a traz a Portugal? Ela já cá esteve!? Não, pois não? Enquanto esperamos por ela, restam-nos momentos como estes.
E quem a traz a Portugal? Ela já cá esteve!? Não, pois não? Enquanto esperamos por ela, restam-nos momentos como estes.
Happiness is only real when shared...
Também vi o último filme de Sean Penn, Into the Wild {2007} e devo admitir que também me fez bem...
I'll be Glad...
E se o fogo amainou em muito se deve, sem dúvida, ao último disco do grande bardo Bonnie "Prince" Billy. Um grande momento! Fiel continuação de uma longa estrada feita de I See a Darkness, Ease Down the Road e Master and Everyone {acho que aqui devo juntar igualmente o Bonnie "Prince" Billy Sings Greatest Palace Music}. Notável! Mal posso esperar pelo concerto dia 11 que vem...
O fogo amainou...
Já só restam cinzas e fuminhos. A vermelhidão deu lugar ao castanho-cinza tranquilizador. Fertilizador.
domingo, junho 29, 2008
Campeones!!
«"The European champions... Sppppppaaaaiiiinnnn!" It's nice to know that needy idiots are let loose on PA systems to spoil presentation ceremonies in Europe as well as at home. Amid the wanton screaming and shouting, the squad, plus Aragones, pick up their medals from Platini... then Casillas hoists the Henri Delaunay Trophy into the sky. At which point a particularly poor firework display starts: a puff of smoke and a few silvery bits fly about, and that's it. It's as though somebody has just sneezed into a full ashtray. Anyway, congratulations to Spain, who thoroughly deserved to win both the final and the tournament as a whole. Commiserations, meanwhile, to both Germany and Raul.»
O final de mais um divertido relato, minuto a minuto, do jogo entre a Alemanha e a Espanha. Uma vez mais com a qualidade Guardian.
O final de mais um divertido relato, minuto a minuto, do jogo entre a Alemanha e a Espanha. Uma vez mais com a qualidade Guardian.
Não renovo?
CATIVO
do Lat. captivu
adj., o que não goza de liberdade, encarcerado; preso; prisioneiro de guerra; forçado à escravidão.
fig., seduzido; atraído; dominado; sujeito.
s. m., escravo.
do Lat. captivu
adj., o que não goza de liberdade, encarcerado; preso; prisioneiro de guerra; forçado à escravidão.
fig., seduzido; atraído; dominado; sujeito.
s. m., escravo.
Não renovo?
O ambiente está inquinado demais. É só gente bruta e miserável, e eu quero ir ali meter-me novamente?
Renovo?
Estou a ver a final do campeonato de futsal entre o Glorioso e o Belenenses e o bichinho diz-me "levanta-te e renova"...
{entretanto acabou o jogo; bicampeões!}
{entretanto acabou o jogo; bicampeões!}
Renovo ou não renovo?
Aqui a perspectiva parece ser a de não pagar mais quotas. Aqui a dúvida é saber se renovo ou não o cativo para esta época que agora se aproxima.
sábado, junho 28, 2008
A dúvida consome-me...
Claro que toda esta febre, toda esta irascibilidade, todo este tumulto não se deve exclusivamente ao desaire holandês... Este ainda não está totalmente curado {porra, era mesmo desta!}, ainda dá algumas dores nas mazelas, sobretudo quando vejo os outros, os que continuaram, a correr sobre a relva; isto só passa mesmo quando a Alemanha levantar a taça hoje à noite... Esta vermelhidão não se deve apenas a isso, mas está de certa forma relacionada. Porque depois do desaire do sonho, que é para isso que servem estes torneios, para sonharmos, vem sempre a realidade. E a realidade devolve-me um mundo da bola {o nacional} ainda mais sujo, ainda mais conspurcado, ainda mais cheio de dívidas, dúvidas e gente manhosa. Entre Rodríguezes {esta caíu-me mesmo mal...}, Vieiras, Madaís, Pintos da Costa e outros que tais, pouco há que se aproveite. E o pior é que tudo indica que vai piorar, e muito. Aliás, o PdC disse, por alturas da bronca da champions, que após se resolver a situação a guerra iria ser suja {ou algo parecido...}. Os meandros, as manobras subterrâneas, os conluios e os ilícitos parecem continuar a ser desporto-rei neste país. Mas eu estou cansado, estou febril e não estou para aqui virado.
Febre Vermelha
Rosas de vinho! abri o cálice avinhado,
Para que em vosso seio o lábio meu se atole:
Beber até cair, bêbado para o lado,
Quero beber, beber até ao último gole!
Rosas de sangue! abri o vosso peito, abri-o!
Montanhas alagai! deixai-as transbordar!
Às ondas como o Oceano, ou antes como um rio
Levando na corrente Ofélias de luar...
Camélias! entreabri os lábios de Eleanora,
Desabrochai, à lua, a ânsia do vosso cálix!
Dá-me o teu génio, dá! ó tulipa de aurora!
E dá-me o teu veneno, ó rubra digitális!
Papoilas! descerrai essas bocas vermelhas,
Apagai-me esta sede estonteadora e cruel:
Ó favos rubros! os meus lábios são abelhas,
E eu ando a construir meu cortiço de mel.
Rainúnculos! corai minhas faces de terra!
Que seja sangue o leite e rubins as opalas!
Tal se vêem pelo campo, em seguida a uma guerra,
Tintos da mesma cor os corações e as balas!
Chagas de Cristo! abri as pétalas chegadas,
Numa raiva de cor, numa erupção de luz!
Escancarai a boca, às vermelhas risadas,
Cancros de Lázaro! Feridas de Jesus...
Flores em brasa! Órgãos de cor! Tirava
Óperas de oiro, pudesse eu, das vossas teclas.
Vulcões de Maio! ungi minha pele de lava!
Dai-me energia, audácia, ó pequeninos Heclas!
Dai-me do vosso sangue, ó flores! entornai-o
Nas veias do meu corpo, estragado e sem cor
Que vida negra! Foi escrito, à luz de raio,
O triste fado que me deu Nosso Senhor.
Cismo já farto de velar minha alma doente,
Não dura um mês sequer, minhas amigas, vede!
Mas, mal vos vejo, então, pulo alegre e contente
A uivar, como os leões quando os ataca a sede!
Corto o estrelado Céu, voo através do Espaço,
Cruzo o Infinito e vou rolar aos pés de Deus,
Como se acaso fosse, em catapultas de aço,
Por um Titã de bronze atirado a esses Céus!
Amo o Vermelho. Amo-te, ó hóstia do sol-posto!
Fascina-me o escarlate, os meus lábios estanca:
E apesar disso, ó cruel histeria do Gosto,
Miss Charlotte, a flor que eu amo é branca...
António Nobre, Só, "Febre Vermelha", 1886.
Para que em vosso seio o lábio meu se atole:
Beber até cair, bêbado para o lado,
Quero beber, beber até ao último gole!
Rosas de sangue! abri o vosso peito, abri-o!
Montanhas alagai! deixai-as transbordar!
Às ondas como o Oceano, ou antes como um rio
Levando na corrente Ofélias de luar...
Camélias! entreabri os lábios de Eleanora,
Desabrochai, à lua, a ânsia do vosso cálix!
Dá-me o teu génio, dá! ó tulipa de aurora!
E dá-me o teu veneno, ó rubra digitális!
Papoilas! descerrai essas bocas vermelhas,
Apagai-me esta sede estonteadora e cruel:
Ó favos rubros! os meus lábios são abelhas,
E eu ando a construir meu cortiço de mel.
Rainúnculos! corai minhas faces de terra!
Que seja sangue o leite e rubins as opalas!
Tal se vêem pelo campo, em seguida a uma guerra,
Tintos da mesma cor os corações e as balas!
Chagas de Cristo! abri as pétalas chegadas,
Numa raiva de cor, numa erupção de luz!
Escancarai a boca, às vermelhas risadas,
Cancros de Lázaro! Feridas de Jesus...
Flores em brasa! Órgãos de cor! Tirava
Óperas de oiro, pudesse eu, das vossas teclas.
Vulcões de Maio! ungi minha pele de lava!
Dai-me energia, audácia, ó pequeninos Heclas!
Dai-me do vosso sangue, ó flores! entornai-o
Nas veias do meu corpo, estragado e sem cor
Que vida negra! Foi escrito, à luz de raio,
O triste fado que me deu Nosso Senhor.
Cismo já farto de velar minha alma doente,
Não dura um mês sequer, minhas amigas, vede!
Mas, mal vos vejo, então, pulo alegre e contente
A uivar, como os leões quando os ataca a sede!
Corto o estrelado Céu, voo através do Espaço,
Cruzo o Infinito e vou rolar aos pés de Deus,
Como se acaso fosse, em catapultas de aço,
Por um Titã de bronze atirado a esses Céus!
Amo o Vermelho. Amo-te, ó hóstia do sol-posto!
Fascina-me o escarlate, os meus lábios estanca:
E apesar disso, ó cruel histeria do Gosto,
Miss Charlotte, a flor que eu amo é branca...
António Nobre, Só, "Febre Vermelha", 1886.
«Queriam telenovela, era?»
E quando isto anda ao rubro – estão 38º lá fora e um tipo passou agora mesmo por mim a ouvir num berraréu o "Mariazinha deixa-me ir à cozinha..." no seu popó à totó – e este tipo vem lembrar-me igualmente a imensa falta que este senhor faz a este país. Atenção, isto não é saudade. É mesmo falta, amputação, vazio, negro e, sobretudo, um largo quero é vocês se fodam...
Agora, sim, está tudo entregue...
Agora está ao rubro, agora está infectado, a febre instalou-se! Os calhaus que piso estão escaldados; a terra onde eles repousam {pesam, descaradamente} escaldada está; eu, inevitavelmente, escaldo-me a cada passada... E cada passada leva-me para cima, cada vez mais fundo! Ascendo e aprofundo. É bom, sabe bem. É bom e sabe bem, o que nem sempre combina.
E para agitar o fogo, para manter o quente não vá o Diabo tecê-las, para espicaçar as salamandras, este tipo trouxe-me até Emily Haines. E agora, neste preciso momento, é ela quem me atiça a febre... A mulher não canta sobre notas musicais, a mulher sopra graus centígrados... chispas, fagulhas e sufoco.
Preciso de parar um pouco. O corpo está cansado; ainda há pouco deu-se um esticão doloroso, ali na base da coluna, ali mesmo em frente à gaveta das meias. Fuck. Preciso que a esposa no exterior regresse. Preciso de, já que não tenho saudades, voltar a curtir a cena de ter uma respiração ao meu lado, aquela pela qual era suposto ter saudades. Tenho necessidade de falar numa nota mais alta. Ah, será vontade de também experimentar sussurrar graus centígrados...? A mulher vai ler isto e vai passar-se... Mas é certo que não tenho saudades, aprendi a não ter saudades. Se já se sabe que o apego só traz sofrimento {e sabemo-lo, não sabemos?}, bom, então a saudade nada mais é que o apego ao apego... Não serve para mim. Já não serve para mim. Neste momento não serve. Quero mais. Mais e mais. Algo mais. Ou nada mais. Estou bem assim.
E para agitar o fogo, para manter o quente não vá o Diabo tecê-las, para espicaçar as salamandras, este tipo trouxe-me até Emily Haines. E agora, neste preciso momento, é ela quem me atiça a febre... A mulher não canta sobre notas musicais, a mulher sopra graus centígrados... chispas, fagulhas e sufoco.
Preciso de parar um pouco. O corpo está cansado; ainda há pouco deu-se um esticão doloroso, ali na base da coluna, ali mesmo em frente à gaveta das meias. Fuck. Preciso que a esposa no exterior regresse. Preciso de, já que não tenho saudades, voltar a curtir a cena de ter uma respiração ao meu lado, aquela pela qual era suposto ter saudades. Tenho necessidade de falar numa nota mais alta. Ah, será vontade de também experimentar sussurrar graus centígrados...? A mulher vai ler isto e vai passar-se... Mas é certo que não tenho saudades, aprendi a não ter saudades. Se já se sabe que o apego só traz sofrimento {e sabemo-lo, não sabemos?}, bom, então a saudade nada mais é que o apego ao apego... Não serve para mim. Já não serve para mim. Neste momento não serve. Quero mais. Mais e mais. Algo mais. Ou nada mais. Estou bem assim.
quinta-feira, junho 26, 2008
Mais perspectivas...
Os jogos de futebol são um pouco como os filmes... devem ser vistos e revistos, várias vezes. A meu ver um jogo de futebol não se esgota no momento em que ocorre. Aliás, um jogo de futebol nunca é apenas e somente um jogo de futebol... Num jogo de futebol podem ver-se comportamentos humanos, dinâmicas de grupo, "fezadas" grupais, auto-imagens de sucesso, desejos inconcialiáveis, momentos únicos das histórias dos povos. Até a nós próprios nos podemos ver ali reflectidos... Por isso, quando possível, devemos rever os grandes jogos da nossa vida.
Ontem à noite revi grande parte do recente Holanda-Rússia, no Eurosport. A primeira conclusão foi a de que a Holanda não jogou assim tão mal como eu imaginava {e porque imaginava eu tal coisa, veremos já a seguir...}. Por um lado, isto abona um pouco mais a favor dos russos, pois afinal não bateram em ceguinhos...; por outro, comprova que foi a total falta de eficácia holandesa no último toque, no remate, no desvio para a rede, a par do que já aqui mencionei, os dois motivos fortes para o desaire. A Holanda massacrou mesmo em certos momentos. Mas não foi feliz. E contudo quem me lê neste momento, e viu o jogo então, não reconhece nada disto... Porque, e aqui entra a segunda conclusão {e a explicação para o recurso à imaginação ser tão frequente...}, a maior parte das pessoas vê os jogos com os ouvidos. Estamos em frente ao televisor, vemos os tipos a esfalfarem-se no relvado, mas onde estamos mesmo concentrados é nos comentários, nas observações, nas resenhas do que é suposto estarmos a ver... Bizarro, não é? Mas é verdade. E se ao vermos um jogo estivermos em grupo, cervejas à mistura, confusão geral, ainda menos objectivos somos e ainda mais destes paliativos nos socorremos. Porque eu, ontem, ao ver o jogo na Eurosport vi outro jogo, e em muito, apercebi-me, devido aos novos comentadores e respectivos comentários. No sábado passado eram os tipos da TVI, agora eram os da Eurosport. Aqueles tipos do Eurosport {e nem está em questão a qualidade de uns e de outros; embora estes sejam muito melhores...} tornaram possível outra leitura do jogo. Mas a grande questão é porque terão estes tipos, os comentadores, tamanha interferência, importância, na nossa percepção do jogo? Porque não conseguimos neutralizá-los? Como fazê-lo? E na impossibilidade de os neutralizar como fazer de modo a escolhê-los? Pagava para saber...
Porque no sábado a Rússia era um portento, uma pérola do futebol europeu, uma potência que só na final pararia. Ontem ao rever o jogo já não foi nada disso que vi. Vi antes uma cambada bem organizada, fisicamente dura e apostada única e exclusivamente no contra-ataque. E hoje, o que se viu? Bom, isso e uns três golos sem resposta...
E agora, que já não há Turquia nem Rússia? E, sobretudo, que já só há Alemanha {valha-nos Deus, diz o Sr. Manel} e Espanha {cruzes canhoto, devolve a Dona Emília}. Como ficam, com quem ficam, as apetências, as fabulações, os devaneios dos portugueses? Acabou-se, não é? Que comecem, então, os fogos florestais.
Ontem à noite revi grande parte do recente Holanda-Rússia, no Eurosport. A primeira conclusão foi a de que a Holanda não jogou assim tão mal como eu imaginava {e porque imaginava eu tal coisa, veremos já a seguir...}. Por um lado, isto abona um pouco mais a favor dos russos, pois afinal não bateram em ceguinhos...; por outro, comprova que foi a total falta de eficácia holandesa no último toque, no remate, no desvio para a rede, a par do que já aqui mencionei, os dois motivos fortes para o desaire. A Holanda massacrou mesmo em certos momentos. Mas não foi feliz. E contudo quem me lê neste momento, e viu o jogo então, não reconhece nada disto... Porque, e aqui entra a segunda conclusão {e a explicação para o recurso à imaginação ser tão frequente...}, a maior parte das pessoas vê os jogos com os ouvidos. Estamos em frente ao televisor, vemos os tipos a esfalfarem-se no relvado, mas onde estamos mesmo concentrados é nos comentários, nas observações, nas resenhas do que é suposto estarmos a ver... Bizarro, não é? Mas é verdade. E se ao vermos um jogo estivermos em grupo, cervejas à mistura, confusão geral, ainda menos objectivos somos e ainda mais destes paliativos nos socorremos. Porque eu, ontem, ao ver o jogo na Eurosport vi outro jogo, e em muito, apercebi-me, devido aos novos comentadores e respectivos comentários. No sábado passado eram os tipos da TVI, agora eram os da Eurosport. Aqueles tipos do Eurosport {e nem está em questão a qualidade de uns e de outros; embora estes sejam muito melhores...} tornaram possível outra leitura do jogo. Mas a grande questão é porque terão estes tipos, os comentadores, tamanha interferência, importância, na nossa percepção do jogo? Porque não conseguimos neutralizá-los? Como fazê-lo? E na impossibilidade de os neutralizar como fazer de modo a escolhê-los? Pagava para saber...
Porque no sábado a Rússia era um portento, uma pérola do futebol europeu, uma potência que só na final pararia. Ontem ao rever o jogo já não foi nada disso que vi. Vi antes uma cambada bem organizada, fisicamente dura e apostada única e exclusivamente no contra-ataque. E hoje, o que se viu? Bom, isso e uns três golos sem resposta...
E agora, que já não há Turquia nem Rússia? E, sobretudo, que já só há Alemanha {valha-nos Deus, diz o Sr. Manel} e Espanha {cruzes canhoto, devolve a Dona Emília}. Como ficam, com quem ficam, as apetências, as fabulações, os devaneios dos portugueses? Acabou-se, não é? Que comecem, então, os fogos florestais.
quarta-feira, junho 25, 2008
Perspectivas...
O curioso dos momentos mencionados nos dois posts anteriores é o timing, daí o serem tão interessantes. Dava mesmo a sensação que, caso o jogo tivesse mais 5 horas de duração, a cada observação feita com a intenção de diminuir a Alemanha, esta marcaria mais um golo. Totalmente confrangedor.
Mas estas observações que referi não foram casos isolados. Não. O tipo {o da TVI mesmo; que o L. Sobral até tentava dar crédito aos alemães; ele sabe mais... muito mais} esteve o jogo todo a fazer o jogo dos turcos. É impressionante a falta de objectividade desta gente. Uma vez Portugal fora da competição, estes bizarros personagens vestem a pele da equipa mais fogacheira, mais improvável, mais "raçuda", mais sortuda, mais desequilibrada e mais mal preparada das que seguem em frente, isto é, a mais parecida com Portugal. Porque é disso que se trata, não é? Portugal é uma espécie de Turquia e a Turquia é uma espécie de Portugal. A grande diferença é que Portugal já "enganou" a União Europeia há mais tempo... A grande semelhança é que ambas perdem com a Alemanha... e pelo mesmo resultado.
Note-se que o tipo da TVI não é, também ele, um caso isolado. Não. Desde quinta-feira passada que é notório que uma grande parte dos portugueses está {estava} com a Turquia, e que a outra parte está {ainda} com a Rússia. É esta a sina dos pequenos. Escolher alianças fracas. Só não consigo bem perceber com que vero sentido. Se numa de empatia pura e simples, tipo "estar com os mais fracos". Se numa de estando pela Turquia, torcendo para que a Turquia ganhe o torneio, os portugueses garantem que o campeão foi, ao menos, vencido por Portugal. Ha ha ha. Ou se mesmo por vingança básica e primária {e inclino-me mais para esta versão}, tipo "a Alemanha ganhou-nos e agora estamos por qualquer um que a derrote".
Uma sondagem da Newcom Research afirma que metade dos holandeses está, desde sábado, com a Rússia. Conseguiriam estar os portugueses pela Alemanha até ao fim? Bom, é verdade que esta pergunta é muito difícil... Pela Alemanha só mesmo os alemães, não é? Brutos dum catano! Aqueles tipos são uns gestores em calções... Raios os partam!
Mas estas observações que referi não foram casos isolados. Não. O tipo {o da TVI mesmo; que o L. Sobral até tentava dar crédito aos alemães; ele sabe mais... muito mais} esteve o jogo todo a fazer o jogo dos turcos. É impressionante a falta de objectividade desta gente. Uma vez Portugal fora da competição, estes bizarros personagens vestem a pele da equipa mais fogacheira, mais improvável, mais "raçuda", mais sortuda, mais desequilibrada e mais mal preparada das que seguem em frente, isto é, a mais parecida com Portugal. Porque é disso que se trata, não é? Portugal é uma espécie de Turquia e a Turquia é uma espécie de Portugal. A grande diferença é que Portugal já "enganou" a União Europeia há mais tempo... A grande semelhança é que ambas perdem com a Alemanha... e pelo mesmo resultado.
Note-se que o tipo da TVI não é, também ele, um caso isolado. Não. Desde quinta-feira passada que é notório que uma grande parte dos portugueses está {estava} com a Turquia, e que a outra parte está {ainda} com a Rússia. É esta a sina dos pequenos. Escolher alianças fracas. Só não consigo bem perceber com que vero sentido. Se numa de empatia pura e simples, tipo "estar com os mais fracos". Se numa de estando pela Turquia, torcendo para que a Turquia ganhe o torneio, os portugueses garantem que o campeão foi, ao menos, vencido por Portugal. Ha ha ha. Ou se mesmo por vingança básica e primária {e inclino-me mais para esta versão}, tipo "a Alemanha ganhou-nos e agora estamos por qualquer um que a derrote".
Uma sondagem da Newcom Research afirma que metade dos holandeses está, desde sábado, com a Rússia. Conseguiriam estar os portugueses pela Alemanha até ao fim? Bom, é verdade que esta pergunta é muito difícil... Pela Alemanha só mesmo os alemães, não é? Brutos dum catano! Aqueles tipos são uns gestores em calções... Raios os partam!
Minuto 89, Alemanha-Turquia
A Alemanha marca o terceiro golo, aquele que provavelmente a levará para a final... E no preciso momento em que o imbecil da TVI afirma que esta Alemanha é cinzenta... Eu não disse? O homem é mesmo estúpido... É o que dá observar jogos de futebol com o coração... Porque hoje somos todos turcos, não é? Santa ignorância...
Minuto 76, Alemanha-Turquia
Klose marca o segundo golo da Alemanha, aquele que certamente os colocará na final. E no preciso momento em que o imbecil da TVI afirma categoricamente que esta Alemanha é muito fraca, muito isto, muito aquilo... Santa pachorra! E eu ainda fico a ver isto...
terça-feira, junho 24, 2008
E o que me vale...
... é que há sempre a possibilidade de receber um SMS que me sussurra «Make life a perpetual joy!». Nem mais. On the making...
«I had to stop jogging because I needed my whole body to hate him.»
Só para terem uma ideia de como isto anda "mal", azul plúmbeo, denso e cheio de lastro, à beira do espinhoso, topem só o humor que me faz rir nos dias que correm...
segunda-feira, junho 23, 2008
Rescaldo...
E agora que se acabou a aventura laranja, há que deitar fora as garrafas vazias, desfazer o altar em cima da cómoda {sim, caros amigos, isto por aqui dá ares de Sousa Martins...}, guardar a camisa e os adereços, reformular o meio ambiente do blog {fiquei telúrico, fiquei quasi soturno, mas isto passa... é só reler o Só que isto passa...}, retirar a elftal dos desktops dos PCs e, acima de tudo, agradecer.
À minha bruxinha preferida em Amsterdam que de lá, agora, mesmo que haja sol, nos diz que o silêncio impera... Obrigada Die Heks.
E aos leitores do Anauel. Sim. Que eu, mal estendi as mantas holandesas à janela, no dia 28 de Maio, me indaguei se tal opção, tal fanatismo, tal bizarria, tal opção mais contrária aos mais altos interesses da nação {ou seja, ganhar seja lá o que for...} teria consequências aqui no blog. Juro que me passou pela cabeça que poderiam baixar os índices de leitura, as visitas, os retornos, as taxas, os tempos, o diabo a sete... Mas então não é que nada mudou? Melhor, até melhorou ligeiramente. Se tivermos em conta o primeiro semestre de 2008 temos que o Anauel teve 5.243 visitantes, numa média diária de cerca de 30; que se demoraram por aqui em média 2,53 minutos; e uma taxa de retorno na casa dos 74%. Mas se tivermos em conta o período de 28 de Maio até ao presente momento {a duração do festival...} temos que aqui vieram 1.032 visitantes, numa média diária de cerca de 40; que se demoraram por aqui em média 4,05 minutos; e uma taxa de retorno à volta dos 75%. Significa isto que os meus leitores não deixaram de cá vir. Ora bem. Muito agradecido, pois. Não sei quem sejam, não imagino por que o façam, não penso neles sequer quando aqui me sento, mas acho interessante que tenham aguentado com os mesmos níveis de presença {e de interesse, presumo} esta minha fase laranja. Que eu acredito poder ser, por vezes, chata comócaraças... mas que é uma saudável e óptima oportunidade que tenho {de 2 em 2 anos} de ser infantil, tonto e feliz. Até 2010!
À minha bruxinha preferida em Amsterdam que de lá, agora, mesmo que haja sol, nos diz que o silêncio impera... Obrigada Die Heks.
E aos leitores do Anauel. Sim. Que eu, mal estendi as mantas holandesas à janela, no dia 28 de Maio, me indaguei se tal opção, tal fanatismo, tal bizarria, tal opção mais contrária aos mais altos interesses da nação {ou seja, ganhar seja lá o que for...} teria consequências aqui no blog. Juro que me passou pela cabeça que poderiam baixar os índices de leitura, as visitas, os retornos, as taxas, os tempos, o diabo a sete... Mas então não é que nada mudou? Melhor, até melhorou ligeiramente. Se tivermos em conta o primeiro semestre de 2008 temos que o Anauel teve 5.243 visitantes, numa média diária de cerca de 30; que se demoraram por aqui em média 2,53 minutos; e uma taxa de retorno na casa dos 74%. Mas se tivermos em conta o período de 28 de Maio até ao presente momento {a duração do festival...} temos que aqui vieram 1.032 visitantes, numa média diária de cerca de 40; que se demoraram por aqui em média 4,05 minutos; e uma taxa de retorno à volta dos 75%. Significa isto que os meus leitores não deixaram de cá vir. Ora bem. Muito agradecido, pois. Não sei quem sejam, não imagino por que o façam, não penso neles sequer quando aqui me sento, mas acho interessante que tenham aguentado com os mesmos níveis de presença {e de interesse, presumo} esta minha fase laranja. Que eu acredito poder ser, por vezes, chata comócaraças... mas que é uma saudável e óptima oportunidade que tenho {de 2 em 2 anos} de ser infantil, tonto e feliz. Até 2010!
Acabou-se...
Ainda hoje não sei o que se passou, o que se terá passado... Não alinho com a ideia de que os russos desbaratinaram os holandeses. Que cilindraram. Que isto e que aquilo. Não faz sentido algum. É óbvio que a Rússia ganhou, categoricamente, sem espinhas, e fê-lo muito bem {podia até tê-lo feito por mais...}. Mas não foi por ser um espectáculo de organização ou de futebol avassalador {e isso vai ver-se mais à frente}. Fê-lo porque a Holanda desapareceu, pura e simplesmente. E nem foi no sábado, frente aos russos, que desapareceu. Não, ela desapareceu entre o jogo da Roménia e o jogo dos quartos-de-final. Porque no jogo frente à Rússia já lá não estava. Era mais do que óbvio que a Holanda nunca seria apanhada desprevenida pela Rússia. Sabem preparar os jogos, acompanharam a progressão da Rússia ao longo do torneio, conhecem inclusivamente o seu treinador {um holandês...}, logo, a surpresa nunca seria um factor. Surpresa, surpresa, foi o verdadeiro apagão da Holanda. O que nunca se esperou foi que a Holanda não jogasse, não pressionasse, não atacasse, não jogasse em grupo. Como o fez nos primeiros 3 jogos! Surpresa não seria ver a Rússia a jogar à holandesa {aliás o meu último post antes do jogo referia-o...}; não, surpresa foi ver a Holanda a jogar a sei lá o quê...
O choque por aqui foi tão grande que só hoje me atrevo a encarar o teclado, não li quase nada sobre o jogo, não procurei explicações e justificações; desculpas sequer. Mas consoante o tempo passa mais me convenço de que a explicação só pode estar nas faixas pretas. Sim, parece-me agora mais do que evidente que a Holanda nunca devia ter entrado em jogo com o peso das braçadeiras pretas. O luto por Anissa devia ter sido espiado de outro modo. Ou internamente e ponto final. Ou com um minuto de silêncio ao abrir do jogo. Nunca assim. A Holanda não merecia carregar aquele luto daquela maneira. Como sorrir naquelas vestes? Como encarar aquele jogo à semelhança dos outros jogos? Nos 3 jogos iniciais não houve jogador que não ostentasse um largo sorriso, que não destilasse alegria enquanto corria pelo relvado. Era o prazer pelo prazer. Como fazê-lo naquela noite? Eram energias distintas, antagónicas, incompatíveis. Só lhes restou arrastar a carcaça. Tentar resolver individualmente. Esbracejar. Penar. Adiar o inadiável.
Henk Kesler, o presidente da KNVB {o Madaíl holandês...}, declarou logo no dia seguinte que os holandeses não irão trabalhar no dia 23 {hoje} com a alegria e o brilho nos olhos das semanas anteriores. E que as vitórias e as derrotas, no desporto {como na vida, acrescento eu} estão ligadas intimamente. C'est la vie, já tinham dito os franceses uns dias antes...
E a tristeza que invade o corpo daqui para a frente? A cada ataque espanhol ou italiano uma alfinetada. De cada centro dos pés de Torres ou de cada corte de Aquilani uma dor de alma. A Holanda já não os enfrenta na quinta-feira que vem... Além do que o estúpido do homem não pára com a cena de que a Rússia espera pacientemente no sofá... No sofá? O gajo é mesmo imbecil! No sofá estou eu... enterrado, apático, triste.
Acabou. Já não há verdadeiro prazer na coisa. Quando isso acontece, a Alemanha vem e ganha. É esse o estratagema, sacanas... Campeões europeus pela quarta vez.
O choque por aqui foi tão grande que só hoje me atrevo a encarar o teclado, não li quase nada sobre o jogo, não procurei explicações e justificações; desculpas sequer. Mas consoante o tempo passa mais me convenço de que a explicação só pode estar nas faixas pretas. Sim, parece-me agora mais do que evidente que a Holanda nunca devia ter entrado em jogo com o peso das braçadeiras pretas. O luto por Anissa devia ter sido espiado de outro modo. Ou internamente e ponto final. Ou com um minuto de silêncio ao abrir do jogo. Nunca assim. A Holanda não merecia carregar aquele luto daquela maneira. Como sorrir naquelas vestes? Como encarar aquele jogo à semelhança dos outros jogos? Nos 3 jogos iniciais não houve jogador que não ostentasse um largo sorriso, que não destilasse alegria enquanto corria pelo relvado. Era o prazer pelo prazer. Como fazê-lo naquela noite? Eram energias distintas, antagónicas, incompatíveis. Só lhes restou arrastar a carcaça. Tentar resolver individualmente. Esbracejar. Penar. Adiar o inadiável.
Henk Kesler, o presidente da KNVB {o Madaíl holandês...}, declarou logo no dia seguinte que os holandeses não irão trabalhar no dia 23 {hoje} com a alegria e o brilho nos olhos das semanas anteriores. E que as vitórias e as derrotas, no desporto {como na vida, acrescento eu} estão ligadas intimamente. C'est la vie, já tinham dito os franceses uns dias antes...
E a tristeza que invade o corpo daqui para a frente? A cada ataque espanhol ou italiano uma alfinetada. De cada centro dos pés de Torres ou de cada corte de Aquilani uma dor de alma. A Holanda já não os enfrenta na quinta-feira que vem... Além do que o estúpido do homem não pára com a cena de que a Rússia espera pacientemente no sofá... No sofá? O gajo é mesmo imbecil! No sofá estou eu... enterrado, apático, triste.
Acabou. Já não há verdadeiro prazer na coisa. Quando isso acontece, a Alemanha vem e ganha. É esse o estratagema, sacanas... Campeões europeus pela quarta vez.
sábado, junho 21, 2008
Totialy Futibialy
Enquanto estamos ainda a algumas boas horas do encontro aqui fica um interessante artigo {do Guardian, claro está} sobre os estilos de futebol holandeses e russos {soviéticos, em parte}, e de como eles não são assim tão distantes, e de como apenas os treinadores holandeses vingam na Rússia. E os comentários? Os comentários aos artigos do Guardian são sempre um complemento interessantíssimo. Os ingleses podem não jogar porra nenhuma, mas falar sobre o como a bola é redonda, lá isso, eles fazem-no bem... lol
sexta-feira, junho 20, 2008
C'um c'atano!
Há jogos que estão mesmo fadados para os penalties!
E não é que os tipos conseguiram? Um Alemanha-Turquia vai ser lindo, vai...
E não é que os tipos conseguiram? Um Alemanha-Turquia vai ser lindo, vai...
Da Madeira para o Mundo!!!!
Antes mil ukuleles que mil Cristianos Ronaldos!!!!
Isto vos digo, caros concidadãos!!!!
Isto vos digo, caros concidadãos!!!!
Molly {aka sweetafton23}
Estava com um pouco de dificuldade em sair do post anterior — que isto dos blogs tem uma fiada/toada muito própria –, hesitei em falar do desaire nacional de ontem, de Don Mário e o seu amigo bolivariano anteontem, ou de mil e uma outras coisas de hoje, mas dei antes com esta menina. Nem sei bem como me apareceu à frente, mas adoro-a neste preciso momento, e não resisto em falar-vos dela. Molly, aka sweetafton23, é uma miúda californiana de 12 anos {ou coisa parecida} que começou no Youtube a curtir, frente a uma câmara, com uma viola e um ukulele; o perfil dela começou a ter centenas de subscribers, passou a rapidamente a ser falada por aí e anda a curtir a cena de ser webfamous. Mas a cena nem é essa. A cena é que esta rapariga é muito curtida mesmo. Tem humor, sabe escrever e toca à maneira. Eu tenho cá a ideia que o ukulele* é algo de místico, algo que veio de outro mundo para este com a intenção de purificar o nosso coração, de alinhar os nossos chakras, o que queiram, acredito mesmo nisto malta, mas quando o ukulele se encontra com a engenhosidade de uma criatura como Molly, bom, o nosso dia está ganho. Se algum de vós ainda está perturbado com a cena de ontem {sim, essa cena...}, bom, esqueçam lá a magia esbanjada do n.º 20 e concentrem-se aqui na magia da sweetafton23. Deixem que o vosso dia se ilumine por uns momentos. Eu estou rendido. Isto até pode nem dar em nada, mas esta tarde sorridente já ninguém ma tira!
estes dois temas são originais dela...
estes são covers de Jonathan Coulton...
e aqui tocou, a convite do tipo, num concerto dele...
Molly, Youtube
Molly, Blog
Molly, MySpace
* Estou banzado! Sabiam que o ukulele é uma variação do cavaquinho lusitano, devido precisamente à imigração madeirense para a o Hawaii?!... Ter a minha nação ligada à criação de semelhante instrumento musical, eis algo que me fascina veramente. A selecção nacional, francamente, dispenso, mas isto emociona-me.
estes dois temas são originais dela...
estes são covers de Jonathan Coulton...
e aqui tocou, a convite do tipo, num concerto dele...
Molly, Youtube
Molly, Blog
Molly, MySpace
* Estou banzado! Sabiam que o ukulele é uma variação do cavaquinho lusitano, devido precisamente à imigração madeirense para a o Hawaii?!... Ter a minha nação ligada à criação de semelhante instrumento musical, eis algo que me fascina veramente. A selecção nacional, francamente, dispenso, mas isto emociona-me.
quinta-feira, junho 19, 2008
2 minuten stilte a.u.b.
Morreu, prematuramente, Anissa, a filha de Khalid Boulahrouz e de sua esposa Sabia. As nossas sentidas condolências àquele que tem sido um dos mais influentes e importantes jogadores da elftal até então.
quarta-feira, junho 18, 2008
Grande Mãe Rússia!
Boa! 1-0 aos 23 minutos. Em frente, na direcção da Holanda. Era a meia-final que eu desejava. E é um bom castigo para a Suécia pelo modo vergonhoso e calculista com que encarou o jogo frente à Espanha.
E cheira-me que ainda levam mais...
E cheira-me que ainda levam mais...
Não, não, não, não e não e mais não...
Algumas casas de apostas inglesas já apostam numa final entre a Holanda e Portugal... Cruzes canhoto! Safa! Valha-me Deus! Não, não quero... quero ser campeão da Europa, senhores... e assim não dá, pois não? Portugal tem sido o carrasco recente da Holanda e nada nos diz que desta vez, mesmo com a melhor equipa do campeonato, isso não volte a acontecer... Não, não, não... LOL
Se querem mesmo saber, cá para mim vai ser assim {embora não aposte massa neste palpite...}. Croácia-Alemanha e Holanda-Espanha nas meias-finais. Alemanha-Holanda na final. Assim sendo, a Holanda sagra-se campeã da Europa uma vez mais, "limpando" Itália, França, Roménia, Suécia ou Rússia, Espanha e Alemanha! E sempre de laranja! No único jogo em que não é a equipa da casa, a final, joga na mesma de laranja pois a Alemanha joga de branco. Laranja mais laranja não há! Hup Holland Hup!
Se querem mesmo saber, cá para mim vai ser assim {embora não aposte massa neste palpite...}. Croácia-Alemanha e Holanda-Espanha nas meias-finais. Alemanha-Holanda na final. Assim sendo, a Holanda sagra-se campeã da Europa uma vez mais, "limpando" Itália, França, Roménia, Suécia ou Rússia, Espanha e Alemanha! E sempre de laranja! No único jogo em que não é a equipa da casa, a final, joga na mesma de laranja pois a Alemanha joga de branco. Laranja mais laranja não há! Hup Holland Hup!
En Dat Is Drie!
E pronto! Já está! O jogo não foi lá grande coisa, mesmo nada, a certa altura dei por mim a bocejar..., mas deu para provar que todas as suspeições eram infundadas. Aqui não há mitras e maroscas. Deu também para perceber que o banco não é tão bom como eu imaginava... Num jogo que provavelmente será o único que irão jogar, jogadores como Tim de Cler, Demy de Zeeuw, Mario Melchiot e, para meu grande desgosto, Ibrahim Afellay, não mostraram valerem muito e desapontaram-me. Cumprem, mas não encantam. Mas foi bom. A equipa refrescou-se, limpou amarelos, ganhou por 2, passeou-se {demasiado...}, van Persie marcou um belíssimo golo e agora a Rússia/Suécia que venha.
terça-feira, junho 17, 2008
En nu het nieuws... #3
A nossa correspondente em Amsterdam, Die Heks, anda perdida entre os festejos. Entre o jogo frente à Itália e o jogo frente à França, e sobretudo daí em diante, o país está submerso em felicidade... e nem ela escapa.
«No outro dia um jornal dava à estampa "A Holanda acorda de manhã com um sorriso". E, realmente, entre as tácticas sábias de van Basten e a segurança que os holandeses demonstram ter nas mãos de van der Sar, para não falar no prazer que é assistir às trocas de bola entre van der Vaart, Sneijder, Robben e companhia, de facto, a Holanda vestiu o seu melhor sorriso. Após o jogo frente à França a multidão enfrentou as ruas e o momento mágico definiu-se – milhares e milhares de campaínhas tocavam à desgarrada. Não havia bicicleta que não tinisse! Só por este momento valeu já a pena a participação no torneio.
E por agora é tudo de Amsterdam, onde a Primavera dá ares de Outono.»
Die Heks
«No outro dia um jornal dava à estampa "A Holanda acorda de manhã com um sorriso". E, realmente, entre as tácticas sábias de van Basten e a segurança que os holandeses demonstram ter nas mãos de van der Sar, para não falar no prazer que é assistir às trocas de bola entre van der Vaart, Sneijder, Robben e companhia, de facto, a Holanda vestiu o seu melhor sorriso. Após o jogo frente à França a multidão enfrentou as ruas e o momento mágico definiu-se – milhares e milhares de campaínhas tocavam à desgarrada. Não havia bicicleta que não tinisse! Só por este momento valeu já a pena a participação no torneio.
E por agora é tudo de Amsterdam, onde a Primavera dá ares de Outono.»
Die Heks
Portugal!, Portugal!, Portugal! [ler aos saltos]
Enquanto na RTP1 uns quantos discutem o papel e a imagem de Portugal lá fora {este "lá fora" é mortal... e José Neves mostro-o bem} e se o futebol é ou não factor de coesão ou de alienação da populaça, uma coisa é certa. Este artigo e esta fabulosa quanto deprimente fotografia, de anteontem, do Guardian, versando sobre o momento e o timing da declaração do Chel$ki em relação ao futuro de Scolari está online e não há nada a fazer... A meu ver {e o eficiente Carlos Coelho até podia colocar esta ideia em prática...} esta exemplar fotografia devia ser impressa aos milhares, em bom papel couché mate {ok, pode ser brilhante... sim, e no verso pode ter impressa uma marca qualquer}, e ser distribuída com a próxima edição do Expresso... Esta fotografia mostra mais deste país do que possamos {ou desejemos} imaginar. Esta fotografia mostra-nos o quão pouco separa a selecção nacional de uma qualquer repartição de finanças incompetente, de uma estação de correios ineficiente, de uma loja do cidadão cega, surda e muda...
{A foto podia ser de Jeff Wall, mas é antes de um tal Francisco Paraíso/AP}
{A foto podia ser de Jeff Wall, mas é antes de um tal Francisco Paraíso/AP}
segunda-feira, junho 16, 2008
DJ Sneijder...
Dentro e fora de campo, o pequeno e jovem playmaker é indispensável. Dá música no balneário e espalha melodia em campo. O homem do momento!
Gordon Strachan
Como não gostar deste tipo? Ainda no outro dia aqui revelei a minha passada admiração por este senhor e hoje deixo aqui uma bem disposta entrevista que ele concedeu à BBC.
Ainda a magia laranja...
«Why is the Orange Army so enormous and why do the Dutch play in that flowing, expressive and beautifully co-ordinated style? For the same reasons, really. This particular Dutch team, more so than the last few incarnations, is rooted in the style of the original Dutch invention, Total Football. {...} It involves everyone moving constantly, supporting the entire team in a collective, attacking-and-defending effort. A player who moves out of position is automatically replaced by another from his team, whether it's a striker stepping in to defend or vice-versa. It's ceaseless and fluid and confounds the opposing team. A defender assigned to mark a striker is suddenly marking defender who has gone on the attack. For the team playing Total Football, unity and intuitive collective understanding is everything. The potential for Total Football is obvious - it bedazzles the crowd and baffles the opposition. But it depends entirely on a certain mentality. The players have to be deeply skilled to switch positions easily, or be endlessly drilled in multi-tasking.»
{mais aqui}
Eu até já as meias azul-cueca adoro!... E as camisas do mister desta vez até que escapam...
{mais aqui}
Eu até já as meias azul-cueca adoro!... E as camisas do mister desta vez até que escapam...
domingo, junho 15, 2008
«Ó pá, tava fora de jogo, então não vistes?»
Cada dia que passa mais me convenço que uma larga maioria dos portugueses não gosta de futebol. Isto é, não gosta de ver o futebol ser jogado, ser inventado e reinventado, exercido, respirado, homenageado, domado, adorado e sei-lá-mais-que-ado... Não, o que parece aqui valer são as revanches, as mágoas, a falta de objectividade omnipresente, as contas, os cálculos, os resultados, o ter e haver, a puta-que-os-pariu... País de aldrabões, é o que é. Fuma-se no avião como se rouba nos trocos e nas facturas... Como pode um mecânico que não paga impostos saber alguma coisa de bola? Como pode a besta que faz sinais de luzes no túnel do Campo Grande pretender ter uma noção que seja acerca dessa nobre arte que é pensar a bola? Perde-se mais tempo a discutir foras de jogo e estratégias exteriores ao campo do que a admirar, a venerar, a exultar com golos e ataques e manobras e desdobramentos de tirar o fôlego, de fazer o coração palpitar. Aqui centra-se a discussão na hipótese de o novo salário de um jogador poder ou não perturbar-lhe a execução das suas fintas... E em quantos quilos de bacalhau foram na camioneta movida a vontade {ou lá o que é aquele combustível...} Ou no que pensa este e aquele acerca daquele ou daqueloutro... É realmente um país fora de jogo!
Tenham vergonha na cara, meus senhores...
Alguma imprensa francesa, alguma imprensa italiana e, pasmem-se!, alguma imprensa portuguesa andam a sugerir que a selecção holandesa não vai jogar seriamente o jogo contra a Roménia, deixando, portanto, a Roménia vencer o jogo e, desse modo, seguir em frente na competição. É preciso não saber nada de nada! E acima de tudo muita vergonha na cara, uma vez que assim se percebe o que vai na cabeça das pessoas... seria certamente o primeiro pensamento de algumas selecções, não tenho dúvidas, mas tenham juízo e não digam barbaridades. Ó miséria das misérias. Já aquando do último Europeu de Sub21 foi a mesma merda... e a memória continua curta.
Que van Basten vai dar descanso a certos jogadores não restam dúvidas, e atrevo-me a sugerir que Nistelrooy, Boulahrouz, Gio, Sneijder e Kuyt poderam ser elementos a poupar, assim como Ooijer e De Jong ambos com amarelos. Mas restam dúvidas que certos jogadores, que sabem que o mais certo é não jogarem mais senão no próximo jogo devido à forte concorrência, o quererão fazer com toda a gana e golos, muitos golos? Penso em Afellay, Huntelaar, Melchiot, de Cler, por exemplo. O banco holandês é uma equipa do camandro, que tem a lição tão bem estudada como a equipa principal! Podem ser um pouco menos virtuosos {e alguns são-no} mas sabem o que têm a fazer. E o que têm a fazer é ganhar. Ponto final.
«Recorde-se que uma eventual derrota da Holanda qualificaria a Roménia para os quartos-de-final, deixando pelo caminho as poderosas selecções de França e Itália.» Este preciosa conclusão retirei-a d'A Bola, mas poderia ter vindo de muitos outros sítios. As poderosas selecções de que eles falam são aquelas que empataram mal e porcamente com a Roménia!!! E que perderam em toda a linha, e sem espinhas, com a Holanda!!!! Se alguém ficar pelo caminho só se pode queixar de si próprio.
Que van Basten vai dar descanso a certos jogadores não restam dúvidas, e atrevo-me a sugerir que Nistelrooy, Boulahrouz, Gio, Sneijder e Kuyt poderam ser elementos a poupar, assim como Ooijer e De Jong ambos com amarelos. Mas restam dúvidas que certos jogadores, que sabem que o mais certo é não jogarem mais senão no próximo jogo devido à forte concorrência, o quererão fazer com toda a gana e golos, muitos golos? Penso em Afellay, Huntelaar, Melchiot, de Cler, por exemplo. O banco holandês é uma equipa do camandro, que tem a lição tão bem estudada como a equipa principal! Podem ser um pouco menos virtuosos {e alguns são-no} mas sabem o que têm a fazer. E o que têm a fazer é ganhar. Ponto final.
«Recorde-se que uma eventual derrota da Holanda qualificaria a Roménia para os quartos-de-final, deixando pelo caminho as poderosas selecções de França e Itália.» Este preciosa conclusão retirei-a d'A Bola, mas poderia ter vindo de muitos outros sítios. As poderosas selecções de que eles falam são aquelas que empataram mal e porcamente com a Roménia!!! E que perderam em toda a linha, e sem espinhas, com a Holanda!!!! Se alguém ficar pelo caminho só se pode queixar de si próprio.
sábado, junho 14, 2008
Uitstekende!!!!!
O sorriso, largo, larguíssimo, ainda não desapareceu da minha face. A joga de ontem à noite foi fabulosa. O golo de Robben é de morte. Henry, de joelhos, bofes de fora*, que o diga. E esta imagem de Ooijer a ir buscar a bola ao fundo das redes de Coupet após o primeiro de quatro é simplesmente irresistível.
* Lol, bofes de fora... Perceberam? Bof!
* Lol, bofes de fora... Perceberam? Bof!
Alexandre Andrade dixit, parte 2
«PORQUE NÃO APOIO A SELECÇÃO (2): Porque é comandada por um homem sem carácter. Agredir um membro de uma equipa adversária, em directo, e perante milhões de telespectadores, é já de si uma atitude extremamente condenável, e que levaria a despedimento com justa causa em quase todos os sectores profissionais. Negar o sucedido, não dar mostras de arrependimento, minimizar a gravidade do caso por meio de um punhado de trôpegas justificações, e apenas se desculpar muito mais tarde, e ainda por cima claramente a contragosto, eis o que define um perfil moral muito rasteirinho. A cereja em cima do bolo foi o recurso apresentado após uma sanção que só pecou por brandura, recurso apoiado pela Federação e inexplicavelmente acatado pela UEFA. Todo o país ficou a saber que ao seleccionador da equipa nacional de futebol tudo se desculpa. Não deveria ser assim, Trata-se de um cargo principescamente remunerado, com elevada exposição mediática e que acarreta responsabilidades de representação do país. A tolerância para prevaricações e comportamentos de arruaceiro deveria ser menor do que num cargo normal, e não maior.
Scolari é um grande treinador; isso não contesto. [eu aqui tenho de contestar...] Acho bastante graça àqueles que tentam relativizar o seu brilhante currículo por meio de golpes de rins argumentativos que fariam inveja aos sofistas da antiguidade. Porém, ser um grande treinador não chega.»
Chamo igualmente a atenção para um outro texto do Alexandre em relação ao sururu causado por uma afirmação de Lukas Podolski sobre como «o futebol é como o xadrez, mas sem os dados». Ao que parece Podolski detém mais do que aquela dose de inteligência que estamos geralmente dispostos a querer reconhecer num jogador de futebol. Só pode ser por estarmos mal habituados... Mas esquecemo-nos que lá para cima os tempos, os climas, os governos, os mercados, os camionistas, enfim, os jogadores são outros. Isto fez-me lembrar umas citações muito interessantes {que aqui postei há uns tempos atrás} sobre o papel do raciocínio no futebol holandês. E faz-me lembrar, claro, o belíssimo jogo de hoje frente à França {tal como a anterior frente à Itália} onde se pôde ver na prática estas linhas de Auke Kok – «The good player is the player who touches the ball only once. And knows where to run.»
Scolari é um grande treinador; isso não contesto. [eu aqui tenho de contestar...] Acho bastante graça àqueles que tentam relativizar o seu brilhante currículo por meio de golpes de rins argumentativos que fariam inveja aos sofistas da antiguidade. Porém, ser um grande treinador não chega.»
Chamo igualmente a atenção para um outro texto do Alexandre em relação ao sururu causado por uma afirmação de Lukas Podolski sobre como «o futebol é como o xadrez, mas sem os dados». Ao que parece Podolski detém mais do que aquela dose de inteligência que estamos geralmente dispostos a querer reconhecer num jogador de futebol. Só pode ser por estarmos mal habituados... Mas esquecemo-nos que lá para cima os tempos, os climas, os governos, os mercados, os camionistas, enfim, os jogadores são outros. Isto fez-me lembrar umas citações muito interessantes {que aqui postei há uns tempos atrás} sobre o papel do raciocínio no futebol holandês. E faz-me lembrar, claro, o belíssimo jogo de hoje frente à França {tal como a anterior frente à Itália} onde se pôde ver na prática estas linhas de Auke Kok – «The good player is the player who touches the ball only once. And knows where to run.»
sexta-feira, junho 13, 2008
Oranje hypnotiseert opnieuw!!!
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4!!!
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Lindo! Lindo! Lindo! Lindo!
Perfeito, perfeito, perfeito, perfeito.
Nem vou dizer mal do van Basten por ter começado o jogo com o mesmo alinhamento do jogo anterior... Era óbvio que, podendo, é para colocar Robben e van Persie em parelha pelas alas. E sobretudo não colocar Engelaar... Mas o homem sabe o que faz. E a cara de Cruijff na bancada? Ha Ha Ha.
Os alemães que se atrevam a não seguir em frente... LOLOLOL
OOOOORRRRRRAAAAAAAAAAAANNNNJJJJJEEEEEEEE!!!!!!
O jogo, minuto a minuto, uma vez mais com a qualidade Guardian.
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4!!!
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Lindo! Lindo! Lindo! Lindo!
Perfeito, perfeito, perfeito, perfeito.
Nem vou dizer mal do van Basten por ter começado o jogo com o mesmo alinhamento do jogo anterior... Era óbvio que, podendo, é para colocar Robben e van Persie em parelha pelas alas. E sobretudo não colocar Engelaar... Mas o homem sabe o que faz. E a cara de Cruijff na bancada? Ha Ha Ha.
Os alemães que se atrevam a não seguir em frente... LOLOLOL
OOOOORRRRRRAAAAAAAAAAAANNNNJJJJJEEEEEEEE!!!!!!
O jogo, minuto a minuto, uma vez mais com a qualidade Guardian.
Este pessoal não percebe nada de bola... lol
Como é possível dizer bem de Engelaar? Só mesmo os portugueses... eu conheço um e os comentadores da TVI e SportTV confirmam... safa! O tipo é visivelmente o elo mais fraco da elftal! Já o Kuyt, e o van der Vaart {sempre no chão!} e o Sneijder {embora hoje bem que podia entrar o Robben...}... ORANJE!!!!
Poção mágica
Lisboa também tem coisas boas, muito boas...
Vá lá, para não me acusarem de estar para aqui sempre a mandar bocas foleiras, a mandar para baixo, a denegrir, sempre a dizer mal, eu dou-vos algo que não esquecerão de me agradecer. Estão em Lisboa, a sufocar com este calor impossível? Querem saber de algo que vos fará dizer "ainda bem que estou em Lisboa a sufocar com este calor impossível"? Ok. Gelado de gengibre na geladaria Pindô. Quando saí de lá ainda havia na cuvette. É só ir a correr que ainda apanham!
Gelataria Pindô, Lda.
Av. Forças Armadas 51 - D Lisboa
1600-077 LISBOA
t: 217933877
Gelataria Pindô, Lda.
Av. Forças Armadas 51 - D Lisboa
1600-077 LISBOA
t: 217933877
Het Wilhelmus
Hoje é dia de mais um embate de gigantes. Logo à noite a Holanda enfrenta a França e espero vir a vibrar novamente com o futebol largo e enérgico praticado no jogo inicial. Até lá deixo-vos aqui com aquele que é provavelmente {a discussão mantém-se} o mais antigo hino do mundo, o belíssimo Wilhelmus.
As minhas selecções, considerações finais
{parte 1}
{parte 2}
{parte 3}
{parte 4}
A ver se a gente se entende... {isto é para quem, tendo lido os textos anteriores, ande um pouco baralhado com a coisa} Só para dar aqui um enquadramento. Tipo atenuante, topam? Eu sou benfiquista. E, a meu ver, quando se é benfiquista não há necessidade de se torcer pela Selecção Nacional, não faz sentido sequer. E olhem que não sou, nem de longe nem de perto, o único a achar isto. Um benfiquista está escusado dessa obrigação, dessa tarefa. Os desejos mais básicos, a torção das mais elementares noções de civilidade, as enormidades, as lágrimas contidas, os esforços, a pertença a um bem maior, a comunhão, todas essas funções estão a cargo do Benfica, são supridas pelo SLB, tudo isso faz parte do reino do Glorioso. O Glorioso chega e sobra {e percebo que seja aqui nesta verdade incontornável que resida o incómodo de tanta gente... lol}.
Mas isto digo-o agora, já mais crescidinho, mas nem sempre foi assim. Quer dizer, sempre torci por outros países mas nem sempre me desculpei com o Glorioso... Mas também não preciso, pois, e isto é constante, para mim, o apoio que eu reservo a uma selecção de um país é um jogo, sempre foi, é uma curte, uma dedicação a um outro algo mais. Eu quando torço por uma selecção, torço por agradecimento. Por reconhecimento. Por admiração. Não por obrigação. Não porque tenho um BI de nacionalidade portuguesa. Não por votar aqui no burgo. Não por pagar aqui impostos, não por meter aqui o IRS {não é assim Zazie?}. Muito menos por ser grátis {como agora tão miseravelmente se apregoa...}. Desde cedo, desde sempre, que torço por selecções que não a nacional. Eu, se tiverem lido os textos anteriores saberão, já torci por 4 selecções. Se as primeiras duas foram, mais ou menos, o correspondente ao primeiro desgosto de amor {Brasil} e ao primeiro namorico tão descarado quanto fugaz {Escócia}, já as duas seguintes foram, sem dúvida, o equivalente à primeira paixão fogosa {França} e a uma relação estável, madura e duradoura {Holanda}. E quando digo torcer, quero dizer torcer. Quero dizer saber os nomes dos jogadores, acompanhar nos media sempre que possível {o que em Portugal é extremamente difícil, diga-se; visto que o umbigo nacional é tão grande, tão grande que mal dá para ver o resto...; mas actualmente, graças a Deus, existe a internet...} o percurso da mesma, vestir uma camisa, ter um chacecol, the works... E chorar, ah, sim, chorar também acontece{u}. Mas como dizia, quando apoio uma selecção, o que eu apoio, o que eu procuro, o que me satisfaz, é o estilo, são as cores, os equipamentos, a personalidades dos jogadores, o peso da história, as nações em calções, percebem?, e sobretudo a ideia de que tudo é possível, de que apoio quem me dá na gana, quem me toca, quem me ensina. Que apoio um pouco além do futebol em si, numa espécie de troca com valor acrescentado.
Também é verdade, tenho de o admitir, que também o faço, em parte, por gozo, por provocação, por pirraça. Pois quando torço por uma outra selecção, não estou a torcer pela selecção portuguesa, não é? Mas como poderia? Sim, como poderia torcer {e pegando na actualidade} por Scolari {bom, este parece que já partiu...} e Madaíl?! Sim, quando alguém torce por Portugal está a torcer por Madaíl. Não se iludam. É assim que vejo a coisa. E isso basta-me, impede-me de criar empatia. Não há bonds que resistam nesta salganhada que é a selecção nacional... Só o termo – selecção –, safa, não é feliz, pois não? Parece um excerto de uma qualquer promoção Pingo Doce... E quando não são os dirigentes o problema, logo, logo, os jogadores se encarregam de deixar mal o país... Basta lembrar João Pinto na Coreia, não vou mais longe, nem mais perto. Não vou mesmo. Podia ir, acreditem, mas não vou.
Fico-me antes pela minha incapacidade de abstracção. Sim, aí, confesso, sou muito pouco português {se é que isso é uma característica nacional... a mim vêm-me outros termos à mente}. Ao contrário da maior parte dos meus compatriotas não sou capaz de passar um ano inteiro a dizer mal disto {ah, isso sim, é uma verdadeira característica nacional...} e depois, de dois em dois anos, poisar o cutelo e vestir a camisola. Não consigo. Não faz sentido. E visto o dilema em termos futebolísticos ainda mais difícil é. Senão vejamos. Como é possível estar-se um ano inteiro do outro lado da barricada, escutando as suas {FCP, SCP, etc.} invectivas e assistindo {hélas} às conquistas sucessivas e, depois, out of the blue, sob um absurdo pretexto de nacionalidade, de gregarismo obtuso, acarinhá-los e adoptá-los como meus representantes?! Estão doidos? Essa é uma habilidade, será um dom?, que não possuo. Lamento, aí não consigo chegar. É defeito meu mesmo. Como torcer por uma equipa que tem Meireles lá dentro? Estão loucos!? É que não dá mesmo para me abstrair. Antes pelo contrário. Quando vejo Scolari socar um jogador após um jogo {e como se não bastasse}, o que vejo são camionistas raivosos em vigília a incendiar pneus. Quando vejo Deco a cavar faltas com aquela manha tão apreciada por estes lados {e como se não bastasse}, o que vejo são mulheres histéricas, descontroladas, espumando, em redor dos tribunais. Quando vejo Ricardo choramingar entredentes {sim, o Ricardo chora pela boca...} o que vejo são milhares e milhares e milhares à torreira do sol, no santuário de Fátima. Quando oiço as intervenções de Madaíl {e como se não bastasse}, o que vejo são Audis em excessivo excesso de velocidade a caminho de uma morte qualquer. Como vêem, tenho dificuldade em me abstrair de certas coisas. Quando torço pela Holanda estes cenários miseráveis {que, estou certo, também devem assolar muitos holandeses; não fossem eles um dos povos mais refilões que conheço...} não ganham forma. Pois, como diz o outro, ignorance is bliss. Assim satisfaço-me com a elegância, o estilo, a energia, a mestria e o raciocínio dos países baixos. Mas, poderiam adiantar alguns de vós, porque não ver o génio de Fernando Pessoa nos zigue-zagues de Cristiano Ronaldo? Como? Sim, como? Vejam. Uma das boas memórias que guardo da elftal aquando do Euro2004 é, não um, nem dois, nem três, mas um porradão de jogadores holandeses a falarem em português para os jornalistas. Em português, senhores! Não em holandês, inglês ou espanhol, não. Em português! Um fenómeno destes poderia dar para ver Pessoa num jogador, mas em Ronaldo só vejo o célebre Evaristo; de que filme a preto e branco, como o país, era?. Isto é, e como não poderia deixar de ser num país de merceeiros, quando ele fala só oiço cifrões, negócio, lucro. E desde que continue a proferir, frase sim, frase não, «sou um privilegiado», tudo fica bem, tudo se apazigua. É a célebre castidade lusa.
Talvez um dia eu consiga vir a torcer por Portugal num qualquer campeonato de futebol. Quem sabe? Seria uma vitória para mim, conseguir fazer algo que agora não consigo, certo? Talvez um dia. Talvez quando a minha costela Domingos Calabar {imagem aqui} deixar de achar que se fôssemos um pouco mais Holanda tudo seria melhor... Talvez quando isso já não for importante para o país, nem para os portugueses. Até lá fico-me com aqueles que me ajudam a domar estes instintos básicos que poderiam fazer de mim um fervoroso adepto de Pepe...
{parte 2}
{parte 3}
{parte 4}
A ver se a gente se entende... {isto é para quem, tendo lido os textos anteriores, ande um pouco baralhado com a coisa} Só para dar aqui um enquadramento. Tipo atenuante, topam? Eu sou benfiquista. E, a meu ver, quando se é benfiquista não há necessidade de se torcer pela Selecção Nacional, não faz sentido sequer. E olhem que não sou, nem de longe nem de perto, o único a achar isto. Um benfiquista está escusado dessa obrigação, dessa tarefa. Os desejos mais básicos, a torção das mais elementares noções de civilidade, as enormidades, as lágrimas contidas, os esforços, a pertença a um bem maior, a comunhão, todas essas funções estão a cargo do Benfica, são supridas pelo SLB, tudo isso faz parte do reino do Glorioso. O Glorioso chega e sobra {e percebo que seja aqui nesta verdade incontornável que resida o incómodo de tanta gente... lol}.
Mas isto digo-o agora, já mais crescidinho, mas nem sempre foi assim. Quer dizer, sempre torci por outros países mas nem sempre me desculpei com o Glorioso... Mas também não preciso, pois, e isto é constante, para mim, o apoio que eu reservo a uma selecção de um país é um jogo, sempre foi, é uma curte, uma dedicação a um outro algo mais. Eu quando torço por uma selecção, torço por agradecimento. Por reconhecimento. Por admiração. Não por obrigação. Não porque tenho um BI de nacionalidade portuguesa. Não por votar aqui no burgo. Não por pagar aqui impostos, não por meter aqui o IRS {não é assim Zazie?}. Muito menos por ser grátis {como agora tão miseravelmente se apregoa...}. Desde cedo, desde sempre, que torço por selecções que não a nacional. Eu, se tiverem lido os textos anteriores saberão, já torci por 4 selecções. Se as primeiras duas foram, mais ou menos, o correspondente ao primeiro desgosto de amor {Brasil} e ao primeiro namorico tão descarado quanto fugaz {Escócia}, já as duas seguintes foram, sem dúvida, o equivalente à primeira paixão fogosa {França} e a uma relação estável, madura e duradoura {Holanda}. E quando digo torcer, quero dizer torcer. Quero dizer saber os nomes dos jogadores, acompanhar nos media sempre que possível {o que em Portugal é extremamente difícil, diga-se; visto que o umbigo nacional é tão grande, tão grande que mal dá para ver o resto...; mas actualmente, graças a Deus, existe a internet...} o percurso da mesma, vestir uma camisa, ter um chacecol, the works... E chorar, ah, sim, chorar também acontece{u}. Mas como dizia, quando apoio uma selecção, o que eu apoio, o que eu procuro, o que me satisfaz, é o estilo, são as cores, os equipamentos, a personalidades dos jogadores, o peso da história, as nações em calções, percebem?, e sobretudo a ideia de que tudo é possível, de que apoio quem me dá na gana, quem me toca, quem me ensina. Que apoio um pouco além do futebol em si, numa espécie de troca com valor acrescentado.
Também é verdade, tenho de o admitir, que também o faço, em parte, por gozo, por provocação, por pirraça. Pois quando torço por uma outra selecção, não estou a torcer pela selecção portuguesa, não é? Mas como poderia? Sim, como poderia torcer {e pegando na actualidade} por Scolari {bom, este parece que já partiu...} e Madaíl?! Sim, quando alguém torce por Portugal está a torcer por Madaíl. Não se iludam. É assim que vejo a coisa. E isso basta-me, impede-me de criar empatia. Não há bonds que resistam nesta salganhada que é a selecção nacional... Só o termo – selecção –, safa, não é feliz, pois não? Parece um excerto de uma qualquer promoção Pingo Doce... E quando não são os dirigentes o problema, logo, logo, os jogadores se encarregam de deixar mal o país... Basta lembrar João Pinto na Coreia, não vou mais longe, nem mais perto. Não vou mesmo. Podia ir, acreditem, mas não vou.
Fico-me antes pela minha incapacidade de abstracção. Sim, aí, confesso, sou muito pouco português {se é que isso é uma característica nacional... a mim vêm-me outros termos à mente}. Ao contrário da maior parte dos meus compatriotas não sou capaz de passar um ano inteiro a dizer mal disto {ah, isso sim, é uma verdadeira característica nacional...} e depois, de dois em dois anos, poisar o cutelo e vestir a camisola. Não consigo. Não faz sentido. E visto o dilema em termos futebolísticos ainda mais difícil é. Senão vejamos. Como é possível estar-se um ano inteiro do outro lado da barricada, escutando as suas {FCP, SCP, etc.} invectivas e assistindo {hélas} às conquistas sucessivas e, depois, out of the blue, sob um absurdo pretexto de nacionalidade, de gregarismo obtuso, acarinhá-los e adoptá-los como meus representantes?! Estão doidos? Essa é uma habilidade, será um dom?, que não possuo. Lamento, aí não consigo chegar. É defeito meu mesmo. Como torcer por uma equipa que tem Meireles lá dentro? Estão loucos!? É que não dá mesmo para me abstrair. Antes pelo contrário. Quando vejo Scolari socar um jogador após um jogo {e como se não bastasse}, o que vejo são camionistas raivosos em vigília a incendiar pneus. Quando vejo Deco a cavar faltas com aquela manha tão apreciada por estes lados {e como se não bastasse}, o que vejo são mulheres histéricas, descontroladas, espumando, em redor dos tribunais. Quando vejo Ricardo choramingar entredentes {sim, o Ricardo chora pela boca...} o que vejo são milhares e milhares e milhares à torreira do sol, no santuário de Fátima. Quando oiço as intervenções de Madaíl {e como se não bastasse}, o que vejo são Audis em excessivo excesso de velocidade a caminho de uma morte qualquer. Como vêem, tenho dificuldade em me abstrair de certas coisas. Quando torço pela Holanda estes cenários miseráveis {que, estou certo, também devem assolar muitos holandeses; não fossem eles um dos povos mais refilões que conheço...} não ganham forma. Pois, como diz o outro, ignorance is bliss. Assim satisfaço-me com a elegância, o estilo, a energia, a mestria e o raciocínio dos países baixos. Mas, poderiam adiantar alguns de vós, porque não ver o génio de Fernando Pessoa nos zigue-zagues de Cristiano Ronaldo? Como? Sim, como? Vejam. Uma das boas memórias que guardo da elftal aquando do Euro2004 é, não um, nem dois, nem três, mas um porradão de jogadores holandeses a falarem em português para os jornalistas. Em português, senhores! Não em holandês, inglês ou espanhol, não. Em português! Um fenómeno destes poderia dar para ver Pessoa num jogador, mas em Ronaldo só vejo o célebre Evaristo; de que filme a preto e branco, como o país, era?. Isto é, e como não poderia deixar de ser num país de merceeiros, quando ele fala só oiço cifrões, negócio, lucro. E desde que continue a proferir, frase sim, frase não, «sou um privilegiado», tudo fica bem, tudo se apazigua. É a célebre castidade lusa.
Talvez um dia eu consiga vir a torcer por Portugal num qualquer campeonato de futebol. Quem sabe? Seria uma vitória para mim, conseguir fazer algo que agora não consigo, certo? Talvez um dia. Talvez quando a minha costela Domingos Calabar {imagem aqui} deixar de achar que se fôssemos um pouco mais Holanda tudo seria melhor... Talvez quando isso já não for importante para o país, nem para os portugueses. Até lá fico-me com aqueles que me ajudam a domar estes instintos básicos que poderiam fazer de mim um fervoroso adepto de Pepe...
quinta-feira, junho 12, 2008
Jorge Mendes, Inc.
Portugal tem a equipa mais cara do torneio. Saberão os portugueses deste facto? Interessante artigo sobre os preços dos principais jogadores de Portugal e de como 80% deles "pertencem" a um único homem, Jorge Mendes.
Minuto 93, Croácia-Alemanha
HRVATSKA!!!!
Estes tipos são os maiores! Nunca, digamos, desiludem. Um bando de flibusteiros em que podemos confiar. Uma trupe de bucaneiros na qual podemos depositar esperanças. Uma catrefa de corsários onde nos podemos rever. Piratas como não há neste velho continente. Uma espécie de Argentina ali encravada nos balcãs, mas com um forte anseio por lebensraum!
Minuto 75, Croácia-Alemanha
O tipo da TVI que comenta o jogo afirma, despudoradamente, ele há gente mesmo estúpida!, que a Croácia com esta vitória {a manter-se e a antever-se que fica em 1.º lugar no seu grupo} evita Portugal nos quartos de final... LOL, só dá mesmo para LOL... Ó santa pachorra, ó santa cagança!
Gene Scolari... ou Luis Filipe Hackman?
«As for their fans, one shell-shocked supporter in Geneva told my fellow blogger Fletch that he was hugely disappointed that Scolari was on his way. "He is a great loss for Portugal," said a downcast Joao Soares. "I'm very surprised. I don't think the people of Portugal were expecting this." Wistfully, he added: "Maybe Jose Mourinho can coach the national team now." Sorry, Joao, I don't think that's going to happen.»
Este "Sorry, Joao" é de morte!
A imprensa desportiva inglesa é das que mais gozo me dá ler. Não há volta a dar. Mais ainda nos dias que correm, uma vez que a Inglaterra não participa no europeu de futebol o que lhes permite detonarem ainda mais a verve e o humor jorra mais limpo, menos biased. Além de que mantêm o apoio à selecção holandesa... lol. Quando leremos um artigo {comentários inclusive} escrito assim nestes termos, neste tom, na imprensa nacional? No dia de são-nunca-à-tarde... cheira-me.
Este "Sorry, Joao" é de morte!
A imprensa desportiva inglesa é das que mais gozo me dá ler. Não há volta a dar. Mais ainda nos dias que correm, uma vez que a Inglaterra não participa no europeu de futebol o que lhes permite detonarem ainda mais a verve e o humor jorra mais limpo, menos biased. Além de que mantêm o apoio à selecção holandesa... lol. Quando leremos um artigo {comentários inclusive} escrito assim nestes termos, neste tom, na imprensa nacional? No dia de são-nunca-à-tarde... cheira-me.
O futebol manda, a gente obedece...
É tramado como o futebol {o viver do futebol, para ser mais correcto} mina tudo à volta, seca, drena, impede, atazana a vida mais real, mais palpável, aquela das sensações inadiáveis. Desde que começou o Euro2008, e sobretudo desde que este blog se vestiu de laranja {o folclore nunca se deu bem com a seriedade objectiva}, que se tem tornado virtualmente impossível, quase penoso, escrever sobre outro algo. E muito haveria...
Por exemplo, apeteceu-me já várias vezes escrever sobre a estranha sensação, infusora de um medo forasteiro, constrangedora da respiração mais elementar, que é a sensação que me invade de cada vez que cruzo, que passo, que torneio, que detecto uma {duas, três, mais} mancha de sangue na calçada portuguesa. Já vos aconteceu, decerto. A mim invade-me uma tristeza, uma angústia muito segura de si que me agarra não sei bem onde... O sangue alheio {criança, gorda, velho?}, sem nome {sem-abrigo?}, sem cara {nariz esmurrado?}, é-me difícil de encarar. O medo funciona assim, de resto. É pérfido. Baseia-se, sustenta-se, alimenta-se e fortalece-se da total e simples ignorãncia, suspeição e conjectura. Sem estes três ingredientes o medo não se move. Neste caso não é bem um medo-medo, mas antes um medo-tristeza. Um medo-dor. Mas é qualquer-coisa-medo...
Também já me apeteceu falar das prateleiras vazias de legumes, fruta e bens perecíveis {os frémitos que este termo provoca no(a)s jornalistas...} e das bombas de gasolina secas, sequinhas, como pequenos alentejos de bolso ali na cidade, esvaídos, à vista de todos. E de como isso não me incomodou quase nada, para além do facto de ter ido a um supermercado onde não teria ido antes {erradamente, diga-se} e de ter descoberto que, como comedor de rúcula, estarei sempre safo. Essa alface esquisita parece não entrar na dieta dos portugueses e haverá sempre um ou dois saquinhos à minha espera... Mas não é estranho ver supermercados vazios, em standby, suspensos, com relato televisivo de República Checa-Portugal como banda sonora, gritos e suspiros em contratempo, e não estranhar por aí além? E achar que é só um primeiro sopro do que ainda poderá vir aí? Tragédia? Redesenho. Ontem na TSF, num fórum bolístico, e a propósito das paralisações e consequentes falhas de distribuição, um tipo dizia que Portugal mais parecia o Brasil da Europa. Bom, eu não tenho problemas com isso {já tive, já tive...], o meu receio é que os portugueses não consigam vir a ser os brasileiros europeus...
E as bandeiras nacionais que agora fazem companhia às tabuletas das Remaxes da vida? Também já me apeteceu escrever sobre isso... Duetos miseráveis, parelhas de maltrapilhos. Vizinhos insuportáveis, é o que são! Tristes ruas as desta vida lisboeta...
Mas como a bola é ominipresente e omnipotente, acabo por escrever sobre os euros oriundos dos negócios escuros de leste que a partir de ontem parecem valer mais do que os euros dos papalvos lusitanos. Pois, parece que o homem se vai pirar a seguir ao Euro2008 para terras de Sua Majestade. Estou mortinho por vê-lo aguentar-se à brocha com aquela imprensa cocksucker {esta ele já deve saber dizer...} a morder-lhe as canelas a propósito de toda e qualquer decisão {ou não decisão} que o brasileiro fascista protagonizar. Só mesmo um russo novo-rico e ignorante e um clube pequeno como o Chelsea para acharem que isto vai dar bom resultado...
Por exemplo, apeteceu-me já várias vezes escrever sobre a estranha sensação, infusora de um medo forasteiro, constrangedora da respiração mais elementar, que é a sensação que me invade de cada vez que cruzo, que passo, que torneio, que detecto uma {duas, três, mais} mancha de sangue na calçada portuguesa. Já vos aconteceu, decerto. A mim invade-me uma tristeza, uma angústia muito segura de si que me agarra não sei bem onde... O sangue alheio {criança, gorda, velho?}, sem nome {sem-abrigo?}, sem cara {nariz esmurrado?}, é-me difícil de encarar. O medo funciona assim, de resto. É pérfido. Baseia-se, sustenta-se, alimenta-se e fortalece-se da total e simples ignorãncia, suspeição e conjectura. Sem estes três ingredientes o medo não se move. Neste caso não é bem um medo-medo, mas antes um medo-tristeza. Um medo-dor. Mas é qualquer-coisa-medo...
Também já me apeteceu falar das prateleiras vazias de legumes, fruta e bens perecíveis {os frémitos que este termo provoca no(a)s jornalistas...} e das bombas de gasolina secas, sequinhas, como pequenos alentejos de bolso ali na cidade, esvaídos, à vista de todos. E de como isso não me incomodou quase nada, para além do facto de ter ido a um supermercado onde não teria ido antes {erradamente, diga-se} e de ter descoberto que, como comedor de rúcula, estarei sempre safo. Essa alface esquisita parece não entrar na dieta dos portugueses e haverá sempre um ou dois saquinhos à minha espera... Mas não é estranho ver supermercados vazios, em standby, suspensos, com relato televisivo de República Checa-Portugal como banda sonora, gritos e suspiros em contratempo, e não estranhar por aí além? E achar que é só um primeiro sopro do que ainda poderá vir aí? Tragédia? Redesenho. Ontem na TSF, num fórum bolístico, e a propósito das paralisações e consequentes falhas de distribuição, um tipo dizia que Portugal mais parecia o Brasil da Europa. Bom, eu não tenho problemas com isso {já tive, já tive...], o meu receio é que os portugueses não consigam vir a ser os brasileiros europeus...
E as bandeiras nacionais que agora fazem companhia às tabuletas das Remaxes da vida? Também já me apeteceu escrever sobre isso... Duetos miseráveis, parelhas de maltrapilhos. Vizinhos insuportáveis, é o que são! Tristes ruas as desta vida lisboeta...
Mas como a bola é ominipresente e omnipotente, acabo por escrever sobre os euros oriundos dos negócios escuros de leste que a partir de ontem parecem valer mais do que os euros dos papalvos lusitanos. Pois, parece que o homem se vai pirar a seguir ao Euro2008 para terras de Sua Majestade. Estou mortinho por vê-lo aguentar-se à brocha com aquela imprensa cocksucker {esta ele já deve saber dizer...} a morder-lhe as canelas a propósito de toda e qualquer decisão {ou não decisão} que o brasileiro fascista protagonizar. Só mesmo um russo novo-rico e ignorante e um clube pequeno como o Chelsea para acharem que isto vai dar bom resultado...
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quarta-feira, junho 11, 2008
Minuto 33, Rep. Checa-Portugal
É impressão minha ou o Cristiano Ronaldo está farto, entediado, assim p'ró na descontra, tipo mais-coisas-em-que-pensar, um pouco naquela do tou-aqui-tou-ali-e-ali-vou-estar-melhor? É não é? É a grande diferença entre ser-se um grande jogador {Milan Baros} e o melhor do mundo {Ronaldo, a acreditar no que se lê}... Pois.
{update}
Mas um belíssimo golo ao minuto 63. Nada a dizer...
{update}
Mas um belíssimo golo ao minuto 63. Nada a dizer...
Como eu amo a crítica, a dissidência e a oposição, bom, não podia estar mais de acordo...
«PORQUE NÃO APOIO A SELECÇÃO (1): Porque rejeito a ideia de que os sucessos de uma equipa de futebol devam ser elevados à categoria de desígnio nacional. Televisões e jornais, ao alardearem com deprimente desmesura uma unanimidade tão eufórica como acéfala em torno da selecção, emitem uma censura implícita a todos aqueles que se obstinam em não se juntar à festa. Como se a indiferença pela carreira do futebol luso em terras austro-helvéticas, ou a preferência por uma outra qualquer selecção, fosse crime de lesa-pátria.
Em suma: porque me repugnam situações em que a crítica, a dissidência e a oposição são desencorajadas, ainda que se trate de um campo (aparentemente?) lúdico e paralelo à vida real. Porque não gosto que falem levianamente em meu nome, e que assumam a minha adesão a uma causa apenas com base na minha nacionalidade.»
Um dia ainda gostava de ver o Alexandre, na Catedral, com o tal cartaz {"Jacques Rivette dá-me a tua camizola!"; assim mesmo, com direito a erro} na mão...
Em suma: porque me repugnam situações em que a crítica, a dissidência e a oposição são desencorajadas, ainda que se trate de um campo (aparentemente?) lúdico e paralelo à vida real. Porque não gosto que falem levianamente em meu nome, e que assumam a minha adesão a uma causa apenas com base na minha nacionalidade.»
Um dia ainda gostava de ver o Alexandre, na Catedral, com o tal cartaz {"Jacques Rivette dá-me a tua camizola!"; assim mesmo, com direito a erro} na mão...
How low can he get...
Quando a sua equipa ganhou o campeonato português o melhor que lhe ocorreu foi mencionar os milhões de euros que iam ser gastos na 3.ª ponte sobre o Tejo e de como o Norte é constantemente espoliado em privilégio dos do Sul. Agora, ao entregar na UEFA o tão célebre recurso, aproveitou para afirmar que os milhões de euros gastos no "Apito Dourado" eram mais bem gastos a apanhar pedófilos...
terça-feira, junho 10, 2008
O 2-0 visto pelo próprio...
Desde que o Europeu de Futebol começou que tenho passado aqui diariamente. A BBC disponibiliza, em formato virtual, os golos do momento. Vale a pena dar lá um salto e ver o golo de Sneijder, visto do seu ponto de vista. É muito bom.
Oranje hypnotiseert!!!
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3!!!
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Lindo! Lindo! Lindo! Grande jogo, grande resultado, temos equipa. Mal posso esperar pelos alemães na final...
Quanto ao offside de Nistelrooy, bom, nem vale a pena ir por aí. Ganhávamos o jogo de qualquer dos modos! Mas vale a pena rever o primeiro vídeo e ler {aqui, aqui e aqui} sobre o assunto. Ao que parece a lei do offside contempla a posição de jogadores fora de campo, caídos no chão. Caso que se passou ontem, pois Panucci está deitado no chão à frente de Nilterooy. Logo o golo foi bem validado. Mas porque contempla a lei jogadores caídos? Para evitar offsides feitos de propósito, está claro. Resta saber se Panucci está na ronha ou não. E não acharia nada estranho que até se tivesse começado a aplicar esta lei após um jogo qualquer da... Itália.
O jogo, minuto a minuto, aqui, numa divertida e interessante narrativa. No Guardian, claro.
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3!!!
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Lindo! Lindo! Lindo! Grande jogo, grande resultado, temos equipa. Mal posso esperar pelos alemães na final...
Quanto ao offside de Nistelrooy, bom, nem vale a pena ir por aí. Ganhávamos o jogo de qualquer dos modos! Mas vale a pena rever o primeiro vídeo e ler {aqui, aqui e aqui} sobre o assunto. Ao que parece a lei do offside contempla a posição de jogadores fora de campo, caídos no chão. Caso que se passou ontem, pois Panucci está deitado no chão à frente de Nilterooy. Logo o golo foi bem validado. Mas porque contempla a lei jogadores caídos? Para evitar offsides feitos de propósito, está claro. Resta saber se Panucci está na ronha ou não. E não acharia nada estranho que até se tivesse começado a aplicar esta lei após um jogo qualquer da... Itália.
O jogo, minuto a minuto, aqui, numa divertida e interessante narrativa. No Guardian, claro.
segunda-feira, junho 09, 2008
E como não apoiá-los...?
Acabei de saber disto. Ao que parece houve uns quantos adeptos holandeses que trouxeram uns quantos llamas até à Suiça para celebrarem com eles o Euro. Mas porquê llamas? Parece que vieram para celebrar os 22 anos daquela célebre, quanto lamentável, mas sempre e apesar de tudo motivo de gozo, cuspidela de Rijkaard sobre os caracolinhos de Voller... numa autoparódia ao llama holandês...
E depois acabei por descobrir este e não resisto a colocá-lo aqui. O Drogba numa de reach out and touch me para o van Bommel está demais. A música e as imagens estão numa sintonia perfeita...
Mas isto não pára aqui. Parece que o van Bommel gostou da cena... o Meira é que não!
{As fotos dos llamas são de AP Photo / Armando Franca}
E depois acabei por descobrir este e não resisto a colocá-lo aqui. O Drogba numa de reach out and touch me para o van Bommel está demais. A música e as imagens estão numa sintonia perfeita...
Mas isto não pára aqui. Parece que o van Bommel gostou da cena... o Meira é que não!
{As fotos dos llamas são de AP Photo / Armando Franca}
domingo, junho 08, 2008
Doisneau revisitado...
As minhas selecções, parte 4
{parte 1}
{parte 2}
{parte 3}
Esse interregno de vários e largos anos, em que deixei a bola de lado, em que esnobei o desporto e os seus intervenientes, em que achei mesmo que o mundo poderia viver sem eles {que tontinho...}, duraria até Setembro de 2001, altura em que completei 30 anos redondos e voltei a experimentar a sensação, ó júbilo!, de entrar na Catedral. Num novo baptismo, eu, benfiquista cristão-novo, refundei-me e voltei à arena, fiz-me sócio e comprei lugar cativo. Mas espalho-me... aqui o que interessa são as minhas selecções e falta-me ainda falar de uma, da recente, da actual, da Holanda. Eu diria que o meu apoio incondicional vem desde o Mundial de 1998 (França) e que o despertar da minha atenção recua até ao Mundial de 1994 (EUA), mas soube recentemente {através de um amigo de longa data que revejo muito ocasionalmente} que a minha cena com a Holanda já vem desde o Mundial de 1990 {Itália}. Parece, pois, que então não fui insensível à prestação {por pobre que tenha sido...} de van Basten, Rijkaard e Gullit nesse mundial italiano. Mas memórias de acompanhar a progressão da equipa, e de assentar os resultados na cabeça, e de prestar muita atenção aos golos marcados {e sofridos}, essas, só as tenho mesmo a partir do mundial norte-americano. Mas mesmo assim, apenas as suficientes para me lembrar de vibrar com cada passada e consequente remate de Koeman, com a elegância suprema de Bergkamp {que despontara no europeu sueco dois anos antes} e, negativamente, com aquele terceiro golo brasileiro, na meia-final, de Branco, esse enorme filho-da-lol... Agora, memórias mesmo, memórias de me lembrar dos gestos, das expressões de alegria e de dor, dos golos marcados indelevelmente no fundo da minha cabeça, memórias de adepto, essas, foi mesmo em França. Foi nesse mundial que comprei a camisa oficial da selecção holandesa. Foi nesse mundial que integrei a oranje legioen. Tenho esse magnífico mundial todo na cabeça. A Holanda tinha uma selecção de morte, embora os resultados possam não o espelhar. Dois empates e apenas uma vitória na fase de grupos e duas vitórias nos oitavos e quartos sempre com o golo decisivo no último minuto... e a queda por penalties {uma vez mais....} frente ao Brasil na meia-final. Nessa meia-final, nessa sessão de penalties, eu já não chorei. Como fazê-lo? Aliás, já nem a França de Platini me fizera passar por isso. Eu já tinha aprendido que o estilo e a elegância e o jogo inesquecível são de longe o melhor prémio. E aquela Holanda tinha van der Sar, Reiziger, Stam, os irmãos de Boer, Numan, Jonk, Bergkamp, Kluivert, Davids, Overmars, Cocu, Seedorf, Zenden, Borgarde, Winter, Hooijdonk, van Bronckhorst, Hasselbaink... Como não amar aquela selecção? Aquela selecção poderia muito bem ser a próxima a vencer algo. Ou não. Que importa? E aquela selecção tinha Dennis Bergkamp no seu melhor! Para muitos o melhor golo holandês de sempre parece ser o 2-0 de van Basten frente à Russia em 1988. Para mim, não hesito, é, sem dúvida, o de Bergkamp frente à Argentina, na meia-final de 1998, a um minuto do fim. Quem nunca o viu {e ouviu...} que o faça aqui por favor. A recepção de um passe de de Boer, de cerca de 60m, apenas em três toques, em que o terceiro serve para meter a bola lá dentro e a equipa nas meias-finais é algo de assustador. Um golo assustador, é isso um grande golo!
Em 2000 veio o Europeu de Futebol, e organizado por eles {juntamente com a Bélgica}. A selecção era praticamente a mesma mas a prestação já era diferente, senão vejam-se os resultados: Rep. Checa {1-0}, França {3-2}, Dinamarca {3-0} e Jugoslávia {6-1}. Avassalador. Só vitórias. Sim, o segundo Europeu da Holanda parecia mais que evidente. Nem a Itália os pararia. Pois não. Foram antes os penalties {mais uma vez...}!! Aquela meia-final de 2000 será vingada na próxima segunda-feira! Grrr... lol. Esse momento foi muito difícil de digerir, uma grande parte de uma excelente equipa dizia adeus às grandes competições e novos jogadores e treinadores entravam em acção, e a Holanda não se apurou sequer para o Mundial de 2002 {Coreia e Japão; e à conta de Portugal...} e no Europeu de 2004 e no Mundial de 2006 nunca se encontrou verdadeiramente, nunca teve equipa decente {numa difícil fase de transição} e caíu sempre {para mal dos meus pecados...} face a Portugal. Dez anos volvidos parece que a elftal finalmente tem espinha dorsal, jogadores ganhadores, rodados e com pica para ganhar alguma coisa. Resta passar o grupo da morte e já está... Além de que Portugal, a aparecer, só aparece na final... e ganha, claro está; e a penalties... argh! Este europeu alpino vai contar com pequenas jóias como van Persie, Robben, Huntelaar, van der Vaart e Sneijder. Van Der Sar estará lá como capitão óbvio e van Basten como herói inspirador. E à defesa só resta ter lido aqui as preocupações de alguns compatriotas e passar a defender menos e a atacar mais! Aanvallen!!!!
Também na Holanda, à semelhança da França de catorze anos antes, eu projecto outras dimensões, outros sentidos, outras paixões. Nunca foram para mim, as selecções, um veículo de realização, de fuga a uma realidade que vingamos no futebol, não. Se a França era para mim o Francês, também a Holanda é para mim o Neerlandês {com a grande diferença que este só arranho... e mal e porcamente}. Mas é também a Holanda da qualidade de vida, da tolerância {por muito que digam o contrário, sempre assim foi}, da luz admirável, uma vez mais das telas, dos grandes pintores, do design {e é lá que estão grande parte dos meus heróis}, do interior versus exterior, do frio e da chuva, da música foleira e do consumismo desenfreado {blargh...} e do laranja, sempre o laranja. E dos passeios de sonho, da vida em segunda-mão, dos polícias sem chapéu, da bicicleta como extensão do corpo, das experiências sensoriais em cada esquina, da genebra quente e a chuva fria lá fora, das cervejas e da comida na rua, das galerias, dos museus, das janelas sem cortinados, dos mexilhões com Hoegaarden numa qualquer esquina torta, do fellatio no canal sob a lua cheia {long story, my friends...}, dos cafés onde dá vontade acampar, dos comboios, do verde e do azul e do cinzento, de Leiden, do ocasional cheiro a erva, das livrarias {acreditem, as livrarias holandesas respiram como nenhumas outras}, e do, sempre presente, futebol.
Sim, nem que fosse pelo futebol... A Holanda, ao que parece, é o país com mais praticantes e inscritos em federações de futebol do mundo {e vem imediatamente à memória o notável trabalho do fotógrafo Hans van der Meer}. A Holanda deu ao mundo jogadores geniais como Cruijff, Rep, Rensenbrink, Suurbier, Haan, Neeskens, Bergkamp, van Basten, Gullit, Seedorf entre tantos, tantos outros. Deu ao mundo treinadores de topo como Rinus Michels {recentemente eleito aqui como o melhor de sempre}, Advocaat, Beenhakker, de Haan, van Gaal. Deu ao mundo o Futebol Total {à semelhança da Arquitectura Total e do estúdio Total Design}, o pressing e o fora de jogo . E as bancadas vestidas de laranja. E o Ajax, equipa que forma e lança jogadores de alto nível. E, além disso, a Holanda {embora com apenas um título} marcou presença em imensos torneios desde sempre e foi parte integrante de momentos verdadeiramente inesquecíveis. Como a final do Europeu de 1974 frente à Alemanha, que perdeu devido à sua arrogância {também ela, não raras vezes, característica holandesa...}. Como a final do Mundial de 1978 frente à Argentina, que perdeu devido, bom, digamos assim, à intimidação permanente e atroz por parte das autoridades, organização e povo argentino... Ainda hoje Rensenbrink afirma que caso tivesse marcado o golo da vitória {bola ao poste} no último instante da partida, que estava empatada a 1, ninguém teria saído dali vivo... E como a meia-final do Europeu de 1988, frente à Alemanha, numa revanche bem-sucedida da final de 1974. Nesse jogo jogou-se mais do que uma partida de futebol, nesse jogo vingou-se a final alemã de 1974 e remexeram-se e soltaram-se traumas e fantasmas não tão antigos assim. Nas bancadas do estádio viram-se, para espanto de muitos, faixas que diziam "Ein Reich, Ein Volk, Ein Gullit" ou o "delicioso" "Geef onze fietsen terug" {ou algo parecido; meaning devolvam-nos as nossas bicicletas...} em claras alusões à II Guerra Mundial. A segunda faixa alude a um particular momento da invasão em que a administração alemã confiscou vários milhões de bicicletas e as remeteu para a Alemanha e territórios do Leste. E nós sabemos o que isso pode ter significado para os holandeses... De tal modo que em 1988 ainda era assunto... aliás, vejam-se os festejos na Holanda após essa meia-final, 9 {nove} milhões de pessoas vieram para a rua!! Mas este jogo e esta rivalidade também serviram para lançar de vez na sociedade holandesa um outro debate, longamente reprimido; o da participação ou não dos holandeses durante a ocupação. O debate sobre os goede e os faut holandeses. Sendo que o bons {goede} eram quase todos e os faut {maus} apenas alguns... if you know what I mean... A partir dessa meia-final, a partir do final dos anos 80, esta questão começou a ser debatida e falada e resolvida {espera-se}. E se um país consegue aproveitar o futebol para lançar debates deste tipo, esse país só pode ter o meu apoio. Seja. ORAAAAAAAANJE!!!!
E dou-me conta neste momento como o Leão Rampante continua presente! Já não é o escocês, já não o desenho à vista mas é sempre o Leão Rampante... bizarro.
{continua}
{parte 2}
{parte 3}
Esse interregno de vários e largos anos, em que deixei a bola de lado, em que esnobei o desporto e os seus intervenientes, em que achei mesmo que o mundo poderia viver sem eles {que tontinho...}, duraria até Setembro de 2001, altura em que completei 30 anos redondos e voltei a experimentar a sensação, ó júbilo!, de entrar na Catedral. Num novo baptismo, eu, benfiquista cristão-novo, refundei-me e voltei à arena, fiz-me sócio e comprei lugar cativo. Mas espalho-me... aqui o que interessa são as minhas selecções e falta-me ainda falar de uma, da recente, da actual, da Holanda. Eu diria que o meu apoio incondicional vem desde o Mundial de 1998 (França) e que o despertar da minha atenção recua até ao Mundial de 1994 (EUA), mas soube recentemente {através de um amigo de longa data que revejo muito ocasionalmente} que a minha cena com a Holanda já vem desde o Mundial de 1990 {Itália}. Parece, pois, que então não fui insensível à prestação {por pobre que tenha sido...} de van Basten, Rijkaard e Gullit nesse mundial italiano. Mas memórias de acompanhar a progressão da equipa, e de assentar os resultados na cabeça, e de prestar muita atenção aos golos marcados {e sofridos}, essas, só as tenho mesmo a partir do mundial norte-americano. Mas mesmo assim, apenas as suficientes para me lembrar de vibrar com cada passada e consequente remate de Koeman, com a elegância suprema de Bergkamp {que despontara no europeu sueco dois anos antes} e, negativamente, com aquele terceiro golo brasileiro, na meia-final, de Branco, esse enorme filho-da-lol... Agora, memórias mesmo, memórias de me lembrar dos gestos, das expressões de alegria e de dor, dos golos marcados indelevelmente no fundo da minha cabeça, memórias de adepto, essas, foi mesmo em França. Foi nesse mundial que comprei a camisa oficial da selecção holandesa. Foi nesse mundial que integrei a oranje legioen. Tenho esse magnífico mundial todo na cabeça. A Holanda tinha uma selecção de morte, embora os resultados possam não o espelhar. Dois empates e apenas uma vitória na fase de grupos e duas vitórias nos oitavos e quartos sempre com o golo decisivo no último minuto... e a queda por penalties {uma vez mais....} frente ao Brasil na meia-final. Nessa meia-final, nessa sessão de penalties, eu já não chorei. Como fazê-lo? Aliás, já nem a França de Platini me fizera passar por isso. Eu já tinha aprendido que o estilo e a elegância e o jogo inesquecível são de longe o melhor prémio. E aquela Holanda tinha van der Sar, Reiziger, Stam, os irmãos de Boer, Numan, Jonk, Bergkamp, Kluivert, Davids, Overmars, Cocu, Seedorf, Zenden, Borgarde, Winter, Hooijdonk, van Bronckhorst, Hasselbaink... Como não amar aquela selecção? Aquela selecção poderia muito bem ser a próxima a vencer algo. Ou não. Que importa? E aquela selecção tinha Dennis Bergkamp no seu melhor! Para muitos o melhor golo holandês de sempre parece ser o 2-0 de van Basten frente à Russia em 1988. Para mim, não hesito, é, sem dúvida, o de Bergkamp frente à Argentina, na meia-final de 1998, a um minuto do fim. Quem nunca o viu {e ouviu...} que o faça aqui por favor. A recepção de um passe de de Boer, de cerca de 60m, apenas em três toques, em que o terceiro serve para meter a bola lá dentro e a equipa nas meias-finais é algo de assustador. Um golo assustador, é isso um grande golo!
Em 2000 veio o Europeu de Futebol, e organizado por eles {juntamente com a Bélgica}. A selecção era praticamente a mesma mas a prestação já era diferente, senão vejam-se os resultados: Rep. Checa {1-0}, França {3-2}, Dinamarca {3-0} e Jugoslávia {6-1}. Avassalador. Só vitórias. Sim, o segundo Europeu da Holanda parecia mais que evidente. Nem a Itália os pararia. Pois não. Foram antes os penalties {mais uma vez...}!! Aquela meia-final de 2000 será vingada na próxima segunda-feira! Grrr... lol. Esse momento foi muito difícil de digerir, uma grande parte de uma excelente equipa dizia adeus às grandes competições e novos jogadores e treinadores entravam em acção, e a Holanda não se apurou sequer para o Mundial de 2002 {Coreia e Japão; e à conta de Portugal...} e no Europeu de 2004 e no Mundial de 2006 nunca se encontrou verdadeiramente, nunca teve equipa decente {numa difícil fase de transição} e caíu sempre {para mal dos meus pecados...} face a Portugal. Dez anos volvidos parece que a elftal finalmente tem espinha dorsal, jogadores ganhadores, rodados e com pica para ganhar alguma coisa. Resta passar o grupo da morte e já está... Além de que Portugal, a aparecer, só aparece na final... e ganha, claro está; e a penalties... argh! Este europeu alpino vai contar com pequenas jóias como van Persie, Robben, Huntelaar, van der Vaart e Sneijder. Van Der Sar estará lá como capitão óbvio e van Basten como herói inspirador. E à defesa só resta ter lido aqui as preocupações de alguns compatriotas e passar a defender menos e a atacar mais! Aanvallen!!!!
Também na Holanda, à semelhança da França de catorze anos antes, eu projecto outras dimensões, outros sentidos, outras paixões. Nunca foram para mim, as selecções, um veículo de realização, de fuga a uma realidade que vingamos no futebol, não. Se a França era para mim o Francês, também a Holanda é para mim o Neerlandês {com a grande diferença que este só arranho... e mal e porcamente}. Mas é também a Holanda da qualidade de vida, da tolerância {por muito que digam o contrário, sempre assim foi}, da luz admirável, uma vez mais das telas, dos grandes pintores, do design {e é lá que estão grande parte dos meus heróis}, do interior versus exterior, do frio e da chuva, da música foleira e do consumismo desenfreado {blargh...} e do laranja, sempre o laranja. E dos passeios de sonho, da vida em segunda-mão, dos polícias sem chapéu, da bicicleta como extensão do corpo, das experiências sensoriais em cada esquina, da genebra quente e a chuva fria lá fora, das cervejas e da comida na rua, das galerias, dos museus, das janelas sem cortinados, dos mexilhões com Hoegaarden numa qualquer esquina torta, do fellatio no canal sob a lua cheia {long story, my friends...}, dos cafés onde dá vontade acampar, dos comboios, do verde e do azul e do cinzento, de Leiden, do ocasional cheiro a erva, das livrarias {acreditem, as livrarias holandesas respiram como nenhumas outras}, e do, sempre presente, futebol.
Sim, nem que fosse pelo futebol... A Holanda, ao que parece, é o país com mais praticantes e inscritos em federações de futebol do mundo {e vem imediatamente à memória o notável trabalho do fotógrafo Hans van der Meer}. A Holanda deu ao mundo jogadores geniais como Cruijff, Rep, Rensenbrink, Suurbier, Haan, Neeskens, Bergkamp, van Basten, Gullit, Seedorf entre tantos, tantos outros. Deu ao mundo treinadores de topo como Rinus Michels {recentemente eleito aqui como o melhor de sempre}, Advocaat, Beenhakker, de Haan, van Gaal. Deu ao mundo o Futebol Total {à semelhança da Arquitectura Total e do estúdio Total Design}, o pressing e o fora de jogo . E as bancadas vestidas de laranja. E o Ajax, equipa que forma e lança jogadores de alto nível. E, além disso, a Holanda {embora com apenas um título} marcou presença em imensos torneios desde sempre e foi parte integrante de momentos verdadeiramente inesquecíveis. Como a final do Europeu de 1974 frente à Alemanha, que perdeu devido à sua arrogância {também ela, não raras vezes, característica holandesa...}. Como a final do Mundial de 1978 frente à Argentina, que perdeu devido, bom, digamos assim, à intimidação permanente e atroz por parte das autoridades, organização e povo argentino... Ainda hoje Rensenbrink afirma que caso tivesse marcado o golo da vitória {bola ao poste} no último instante da partida, que estava empatada a 1, ninguém teria saído dali vivo... E como a meia-final do Europeu de 1988, frente à Alemanha, numa revanche bem-sucedida da final de 1974. Nesse jogo jogou-se mais do que uma partida de futebol, nesse jogo vingou-se a final alemã de 1974 e remexeram-se e soltaram-se traumas e fantasmas não tão antigos assim. Nas bancadas do estádio viram-se, para espanto de muitos, faixas que diziam "Ein Reich, Ein Volk, Ein Gullit" ou o "delicioso" "Geef onze fietsen terug" {ou algo parecido; meaning devolvam-nos as nossas bicicletas...} em claras alusões à II Guerra Mundial. A segunda faixa alude a um particular momento da invasão em que a administração alemã confiscou vários milhões de bicicletas e as remeteu para a Alemanha e territórios do Leste. E nós sabemos o que isso pode ter significado para os holandeses... De tal modo que em 1988 ainda era assunto... aliás, vejam-se os festejos na Holanda após essa meia-final, 9 {nove} milhões de pessoas vieram para a rua!! Mas este jogo e esta rivalidade também serviram para lançar de vez na sociedade holandesa um outro debate, longamente reprimido; o da participação ou não dos holandeses durante a ocupação. O debate sobre os goede e os faut holandeses. Sendo que o bons {goede} eram quase todos e os faut {maus} apenas alguns... if you know what I mean... A partir dessa meia-final, a partir do final dos anos 80, esta questão começou a ser debatida e falada e resolvida {espera-se}. E se um país consegue aproveitar o futebol para lançar debates deste tipo, esse país só pode ter o meu apoio. Seja. ORAAAAAAAANJE!!!!
E dou-me conta neste momento como o Leão Rampante continua presente! Já não é o escocês, já não o desenho à vista mas é sempre o Leão Rampante... bizarro.
{continua}
Heil Zokrates!
Ontem, no jornal Público, o barbudo do momento comparou o Primeiro-Ministro ao führer alemão mais conhecido de sempre. Hilariante!! Imaginar o engenheiro de bigode ralo, com tremuras e raivinhas, às quintas-feiras, aos murros na mesa da sala de reunião do Conselho de Ministros... Lindo! Mas a pergunta que se impõe é a seguinte. Quem virá a ser o Stauffenberg de Sócrates? O pateta alegre? Bom, ofereço-me desde já para vazar-lhe um olho e a decepar-lhe um dos membros superiores {e alguns dedos do outro}... E quem será o Estaline de Sócrates? A Manuela, perdão, a Estalina Ferreira Leite?
LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL
Ah, grande Pacheco Pereira!
Eu já gostava do homem, mas agora...
LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL
Ah, grande Pacheco Pereira!
Eu já gostava do homem, mas agora...
sábado, junho 07, 2008
Euroseca... lol
Ainda não chegou ao intervalo o Suíça-Rep. Checa e já estou na RTP2 a ver o Benfica e o Porto em hóquei em patins...
{update}
Que acabámos por ganhar 3-2. E este foi ganho em campo, não foi na secretaria, ouviram bem!?
{update}
Que acabámos por ganhar 3-2. E este foi ganho em campo, não foi na secretaria, ouviram bem!?
sexta-feira, junho 06, 2008
En nu het nieuws... #2
«Bom dia. Hoje trago-vos algumas imagens de uma rua da capital holandesa a um dia de se iniciar o Europeu de Futebol. O sol deu ares da sua graça e esta vossa repórter saiu à rua a captar os enfeites.
Parece que a nossa correspondente precisa de pneus novos na sua fiets...
O Café Zus apoia a "laranja".
O dono do Café Pleinzicht.
E por agora é tudo de Amsterdam, onde o sol afinal parece que aparece.»
Die Heks.
Parece que a nossa correspondente precisa de pneus novos na sua fiets...
O Café Zus apoia a "laranja".
O dono do Café Pleinzicht.
E por agora é tudo de Amsterdam, onde o sol afinal parece que aparece.»
Die Heks.
Ainda bem que há quem oiça a Antena 1 por mim...
Adorei o pormenor do "por terras desconhecidas"... Parece que não, mas melhora, e em muito, a narrativa. Um texto muito bem esgalhado, sonoras gargalhadas.
quinta-feira, junho 05, 2008
En nu het nieuws... #1
Inauguramos hoje, aqui no Anauel, um espaço informativo dedicado ao dia-a-dia da Holanda e dos holandeses durante os próximos dias do Europeu de Futebol. Com a preciosa ajuda {que desde já agradecemos} da nossa correspondente em Amsterdam, a sempre profissional Die Heks, teremos aqui, sempre que se justifique {e, oh, justificar-se-á quase sempre...}, notícias sobre as pancas, os hábitos, os rituais, as queixas, os lamentos, os risos de tão estimada população.
«Ontem a Holanda acordou ao som dos tambores! O fabricante de cerveja nacional Heineken lançou no mercado {ver aqui} o seu último gadget {de uma longa tradição} destinado aos apoiantes da elftal. O TROM-PET! Ele é TROM {de trommel}, isto é, tambor; e ele é PET, isto é, boné. Por cada pacote de 12 latas de cerveja que um holandês comprar leva um TROM-PET para casa. O tambor-chapéu promete animar as muitas festas de apoio à selecção holandesa por esse país fora. E irritar igualmente muitos vizinhos...
E por agora é tudo de Amsterdam, onde o sol não brilha nem por nada.»
Die Heks.
«Ontem a Holanda acordou ao som dos tambores! O fabricante de cerveja nacional Heineken lançou no mercado {ver aqui} o seu último gadget {de uma longa tradição} destinado aos apoiantes da elftal. O TROM-PET! Ele é TROM {de trommel}, isto é, tambor; e ele é PET, isto é, boné. Por cada pacote de 12 latas de cerveja que um holandês comprar leva um TROM-PET para casa. O tambor-chapéu promete animar as muitas festas de apoio à selecção holandesa por esse país fora. E irritar igualmente muitos vizinhos...
E por agora é tudo de Amsterdam, onde o sol não brilha nem por nada.»
Die Heks.
quarta-feira, junho 04, 2008
Adágios para os dias que correm...
Cá se fazem, cá se pagam.
Tudo o que sobe, cai.
Virou-se o feitiço contra o feiticeiro.
Não há almoços grátis.
Meu dito, meu feito.
A justiça tarda, mas chega.
Nem tudo o que luz é ouro.
Deus escreve direito por linhas tortas.
Quem anda à chuva, molha-se.
Enquanto há vida, há esperança.
Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele.
Quem cala, consente.
Tudo o que sobe, cai.
Virou-se o feitiço contra o feiticeiro.
Não há almoços grátis.
Meu dito, meu feito.
A justiça tarda, mas chega.
Nem tudo o que luz é ouro.
Deus escreve direito por linhas tortas.
Quem anda à chuva, molha-se.
Enquanto há vida, há esperança.
Quem não quer ser lobo não lhe vista a pele.
Quem cala, consente.
Os ingleses estão connosco!
Hey, isso é bom ou mau?... É cool, então não? E é pelas melhores razões {somos uma near team com uma história de almost triumph... LOL} e o artigo está engraçado mesmo... Ru-ud van Nis-tel-ro-oy tra-la-ra-la-la...
As minhas selecções, parte 3
{parte 1}
{parte 2}
O desaire da França de Platini coincidiu com o início da minha adolescência. Coincidiu com a minha mudança {e que mudança!} do Colégio Moderno para a António Arroio. Coincidiu com o sabão no cabelo e os brincos na orelha. Com os Bauhaus de manhã à noite. Com o Blue Velvet de Lynch. Com os discos, os livros e a Cinemateca. Coincidiu com a charraria e as amêndoas amargas no Esteves. A bola não teria mais, durante largos anos, o mesmo impacto na minha vida. Isso é certo. Quinze anos se passaram sem que que sequer tenha colocado os meus pés na Catedral... Os mundiais e os europeus eram vistos, claro, mas apenas vistos. Ninguém ali merecia já o meu entusiasmo e dedicação.
{continua}
{parte 2}
O desaire da França de Platini coincidiu com o início da minha adolescência. Coincidiu com a minha mudança {e que mudança!} do Colégio Moderno para a António Arroio. Coincidiu com o sabão no cabelo e os brincos na orelha. Com os Bauhaus de manhã à noite. Com o Blue Velvet de Lynch. Com os discos, os livros e a Cinemateca. Coincidiu com a charraria e as amêndoas amargas no Esteves. A bola não teria mais, durante largos anos, o mesmo impacto na minha vida. Isso é certo. Quinze anos se passaram sem que que sequer tenha colocado os meus pés na Catedral... Os mundiais e os europeus eram vistos, claro, mas apenas vistos. Ninguém ali merecia já o meu entusiasmo e dedicação.
{continua}
A melhor defesa é o ataque, já dizia o outro...
Mais um excelente artigo na BBC.
Na fase de classificação para o Euro2008 a Holanda encaixou 5 golos e marcou 15. Por cá chamaríamos a isto uma excelente defesa e um tímido {para não dizer pior...} ataque. Pois para os adeptos holandeses um dos maiores receios é precisamente a defesa. Aquela defesa não inspira confiança. Porquê? Porque a Holanda apenas marcou 15 golos! Sim, decididamente, aquela defesa não gera golos... Aquela defesa é demasiado europeia e pouco holandesa. Isto é, ali não mora lá muito do espírito do totaalvoetbal. É certinha demais e tem pouca visão de jogo, não lançando o ataque como deveria. E o que a malta quer é o estilo, não os resultados. O que a malta quer é o totaalvoetbal, não são as taças.
{uma vez mais, eu, como português, sinto grandes dificuldades com isto; mas continuo a não ter dúvidas que é este o caminho...}
Na fase de classificação para o Euro2008 a Holanda encaixou 5 golos e marcou 15. Por cá chamaríamos a isto uma excelente defesa e um tímido {para não dizer pior...} ataque. Pois para os adeptos holandeses um dos maiores receios é precisamente a defesa. Aquela defesa não inspira confiança. Porquê? Porque a Holanda apenas marcou 15 golos! Sim, decididamente, aquela defesa não gera golos... Aquela defesa é demasiado europeia e pouco holandesa. Isto é, ali não mora lá muito do espírito do totaalvoetbal. É certinha demais e tem pouca visão de jogo, não lançando o ataque como deveria. E o que a malta quer é o estilo, não os resultados. O que a malta quer é o totaalvoetbal, não são as taças.
{uma vez mais, eu, como português, sinto grandes dificuldades com isto; mas continuo a não ter dúvidas que é este o caminho...}
Mas isso é bom, certo?
«I strongly feel that some players are more proud to play for their
countries than we are.».
«In Holland everything is well organised, you don't really have to
worry about your life [...] To play for your country makes you proud,
of course, but when you look in the eyes of players from some other
countries you feel they are really, really proud.»
«You see Brazil and what it does for them to play for their country
- it's something really special. In Holland, OK it's special but not
as special as with some other countries.»
«It has something to do with our culture, we're very down to earth.
To be the best you sometimes have to be mean and I think that's
something lacking in our culture.»
Ronald De Boer deu uma entrevista à BBC onde fala sobre a relação dos jogadores holandeses com a sua selecção e de como, na maior parte das vezes, o orgulho pela mesma, pelo país, não joga grandemente em seu favor, isto é, em favor da conquista de troféus. Precisamente, aí está algo que me agrada. Mais um motivo para serem estes tipos os meus homens. Os holandeses põem em prática as sábias palavras de Valdano, quando este afirma que «o futebol é a mais importante das coisas sem importância». Nem mais. Hup Holland Hup!
{eu, como português, não raras vezes tenho dificuldades com isto; mas não tenho dúvidas que é este o caminho...}
countries than we are.».
«In Holland everything is well organised, you don't really have to
worry about your life [...] To play for your country makes you proud,
of course, but when you look in the eyes of players from some other
countries you feel they are really, really proud.»
«You see Brazil and what it does for them to play for their country
- it's something really special. In Holland, OK it's special but not
as special as with some other countries.»
«It has something to do with our culture, we're very down to earth.
To be the best you sometimes have to be mean and I think that's
something lacking in our culture.»
Ronald De Boer deu uma entrevista à BBC onde fala sobre a relação dos jogadores holandeses com a sua selecção e de como, na maior parte das vezes, o orgulho pela mesma, pelo país, não joga grandemente em seu favor, isto é, em favor da conquista de troféus. Precisamente, aí está algo que me agrada. Mais um motivo para serem estes tipos os meus homens. Os holandeses põem em prática as sábias palavras de Valdano, quando este afirma que «o futebol é a mais importante das coisas sem importância». Nem mais. Hup Holland Hup!
{eu, como português, não raras vezes tenho dificuldades com isto; mas não tenho dúvidas que é este o caminho...}
As minhas selecções, parte 2
{parte 1}
Isto tinha de parar, pensei. Urgia abraçar uma selecção que me desse garantias... lol. E, naturalmente, surgiu a França. E que França! Era a França de Platini, de Giresse {lindo!}, de Amoros, de Batt, de Tigana {o que eu gostava dele!}, Fernández, Tresor, Battiston e Six. E era a França que eu começava a descobrir, a França que eu visitara no ano anterior, naquela que foi a minha primeira saída a sério, ao exterior. Eu e o meu pai, uma semana em Paris, oh lá lá, la belle vie! A França da Paris que ainda vibrava no meu coração. A França do Francês que aprendia então, na escola, com o maior dos prazeres. E, sei-o hoje, sentia-o então, é por razões destas que eu escolho torcer por um país, e pela sua selecção. Foi isto que aprendi então. Eram as letras, as telas, os sons, o Sena, os jardins, a carte orange e a orangina de pamplemousse que eu via naqueles calções brancos espreitando timidamente entre as camisas azuis e as meias vermelhas! E só assim faz sentido, para mim, desde então. E também aqui o desenho, a estética, a marca, jogaram forte. Não o esqueçamos, a França também era o Le Coq Sportif! Quem é da minha geração sabe bem a importância destas palavras. Muito desenhei também aquele galo... e quantos ténis daquela marca {particularmente o modelo Arthur Ashe} esfrangalhei.
Eu já tinha dado pela França quando ainda andava abazurdido com o escrete de 1982. E como esquecê-los? Sobretudo depois daquela entrada brutal de Schumacher sobre Battiston, naquela endiabrada meia-final em Sevilha, como poderia eu esquecê-los? E como não poderia eu "odiar" para sempre os alemães {sim, creio que é desde aí que não posso com eles... a atitude de Schumacher é absolutamente odiosa}, que agora se juntavam aos italianos. Eu já os conhecia, portanto, e agora, chegado 1984, e acabado o meu flirt fugaz com a Escócia, era o momento certo para a adopção dos bleus, logo agora, que lhes cabia a organização do Europeu de Futebol. Mas com esse namoro declarado, eis que veio a prova de fogo... Portugal frente a frente à França, nas meias-finais. Dommage! Lembro-me como se fosse ontem. Estádio Vélodrome, Marselha, 23 de Junho. Noite de São João {com fogueiras e tudo}. A casa da minha mãe estava pejada de gente, tudo em volta da televisão, uma barulheira dos diabos, todos menos um a torcer por Portugal... E Portugal tinha uma selecção do caraças, meio Benfica lá dentro! O jogo até começou bem {1-0 aos 24' por Domergue}, a França e Portugal faziam magia e a um quarto de hora do final Jordão empata o jogo e leva-o para prolongamento. Que começa praticamente com o 1-2 {novamente por Jordão} e que, durante um quarto de hora, me deixa totalmente exaurido {imaginem...} até novo empate {novamente por Domergue}. E a um minuto do fim, quando já toda a gente esperava pelas grandes penalidades, Platini {quem mais?} marca o golo da vitória! Aquela França era a maior. E foi-o novamente, mais tarde, na final frente à Espanha. E continuou-o a ser, para mim, no Mundial de 1986, no México. Saltillo e as suas macacadas passaram-me ao lado, era Platini e os bleus que eu queria. Tinha definitivamente {pensava eu} encontrado a minha selecção. E já nem a derrota que impuseram ao Brasil de Sócrates me incomodou... aquela série de penalties final é ainda hoje um mimo... Não, na França eu vingara a má sorte canarinha de 4 anos antes e, em simultâneo, encontrara uma equipa forte, bela, elegante e vencedora. Tinham ganho o Europeu dois anos antes e abalançavam-se para a conquista do Mundial {tinham equipa para isso}. Mas eis que surge no caminho, novamente na meia-final, a Alemanha... A França já tinha feito a proeza de eliminar a Itália e o Brasil e agora ainda lhe colocavam estes tipos {novamente} à frente? Ok, era fruta a mais, mas era possível. Mas não foi... Naquele jogo Platini percebeu que se tinha acabado o sonho {o Europeu de 88 e o Mundial de 90 já não contariam com a França}. A Alemanha seguiu para a final e lá teve o que merecia... A taça era da Argentina! Da preciosa Argentina e do maior jogador de sempre, Diego Maradona. Nunca uma selecção aliou tão bem a mestria da bola com a mestria da "ciganice"! Essa é igualmente uma importante descoberta para quem anda a aprender os misteriosos caminhos da bola... Ah, além de que eram a outra selecção que era vestida pela Le Coq Sportif...
Entretanto eu entrava a toda a brida nos meus 15 aninhos e as minhas paixões começavam a ser outras...
{continua}
Isto tinha de parar, pensei. Urgia abraçar uma selecção que me desse garantias... lol. E, naturalmente, surgiu a França. E que França! Era a França de Platini, de Giresse {lindo!}, de Amoros, de Batt, de Tigana {o que eu gostava dele!}, Fernández, Tresor, Battiston e Six. E era a França que eu começava a descobrir, a França que eu visitara no ano anterior, naquela que foi a minha primeira saída a sério, ao exterior. Eu e o meu pai, uma semana em Paris, oh lá lá, la belle vie! A França da Paris que ainda vibrava no meu coração. A França do Francês que aprendia então, na escola, com o maior dos prazeres. E, sei-o hoje, sentia-o então, é por razões destas que eu escolho torcer por um país, e pela sua selecção. Foi isto que aprendi então. Eram as letras, as telas, os sons, o Sena, os jardins, a carte orange e a orangina de pamplemousse que eu via naqueles calções brancos espreitando timidamente entre as camisas azuis e as meias vermelhas! E só assim faz sentido, para mim, desde então. E também aqui o desenho, a estética, a marca, jogaram forte. Não o esqueçamos, a França também era o Le Coq Sportif! Quem é da minha geração sabe bem a importância destas palavras. Muito desenhei também aquele galo... e quantos ténis daquela marca {particularmente o modelo Arthur Ashe} esfrangalhei.
Eu já tinha dado pela França quando ainda andava abazurdido com o escrete de 1982. E como esquecê-los? Sobretudo depois daquela entrada brutal de Schumacher sobre Battiston, naquela endiabrada meia-final em Sevilha, como poderia eu esquecê-los? E como não poderia eu "odiar" para sempre os alemães {sim, creio que é desde aí que não posso com eles... a atitude de Schumacher é absolutamente odiosa}, que agora se juntavam aos italianos. Eu já os conhecia, portanto, e agora, chegado 1984, e acabado o meu flirt fugaz com a Escócia, era o momento certo para a adopção dos bleus, logo agora, que lhes cabia a organização do Europeu de Futebol. Mas com esse namoro declarado, eis que veio a prova de fogo... Portugal frente a frente à França, nas meias-finais. Dommage! Lembro-me como se fosse ontem. Estádio Vélodrome, Marselha, 23 de Junho. Noite de São João {com fogueiras e tudo}. A casa da minha mãe estava pejada de gente, tudo em volta da televisão, uma barulheira dos diabos, todos menos um a torcer por Portugal... E Portugal tinha uma selecção do caraças, meio Benfica lá dentro! O jogo até começou bem {1-0 aos 24' por Domergue}, a França e Portugal faziam magia e a um quarto de hora do final Jordão empata o jogo e leva-o para prolongamento. Que começa praticamente com o 1-2 {novamente por Jordão} e que, durante um quarto de hora, me deixa totalmente exaurido {imaginem...} até novo empate {novamente por Domergue}. E a um minuto do fim, quando já toda a gente esperava pelas grandes penalidades, Platini {quem mais?} marca o golo da vitória! Aquela França era a maior. E foi-o novamente, mais tarde, na final frente à Espanha. E continuou-o a ser, para mim, no Mundial de 1986, no México. Saltillo e as suas macacadas passaram-me ao lado, era Platini e os bleus que eu queria. Tinha definitivamente {pensava eu} encontrado a minha selecção. E já nem a derrota que impuseram ao Brasil de Sócrates me incomodou... aquela série de penalties final é ainda hoje um mimo... Não, na França eu vingara a má sorte canarinha de 4 anos antes e, em simultâneo, encontrara uma equipa forte, bela, elegante e vencedora. Tinham ganho o Europeu dois anos antes e abalançavam-se para a conquista do Mundial {tinham equipa para isso}. Mas eis que surge no caminho, novamente na meia-final, a Alemanha... A França já tinha feito a proeza de eliminar a Itália e o Brasil e agora ainda lhe colocavam estes tipos {novamente} à frente? Ok, era fruta a mais, mas era possível. Mas não foi... Naquele jogo Platini percebeu que se tinha acabado o sonho {o Europeu de 88 e o Mundial de 90 já não contariam com a França}. A Alemanha seguiu para a final e lá teve o que merecia... A taça era da Argentina! Da preciosa Argentina e do maior jogador de sempre, Diego Maradona. Nunca uma selecção aliou tão bem a mestria da bola com a mestria da "ciganice"! Essa é igualmente uma importante descoberta para quem anda a aprender os misteriosos caminhos da bola... Ah, além de que eram a outra selecção que era vestida pela Le Coq Sportif...
Entretanto eu entrava a toda a brida nos meus 15 aninhos e as minhas paixões começavam a ser outras...
{continua}
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