sexta-feira, outubro 31, 2008

O Sapo de Arubinha

Deliciosa história, esta do Sapo de Arubinha e do meu estimado Vascão!

«A similar cross-fertilization of Brazilian culture came through the mingling of Catholicism and African cultic magic. It was widely believed that Vasco da Gama's decade-long wait for a championship victory was caused by the curse of Arubinha, a player from a small team called Andrari [sic] wich had been humiliated by Vasco 12-0 in 1937. In 1943 and 1944 exceptionally strong Vasco teams were pipped for the Carioca title, and the club actually resorted to ploughing up the playing field in search of buried frogs that held the curse. No frog was found and Vasco begged Arubinha to tell them where the frogs were. He assured them there were none and the curse was now lifted. Vasco won the 1945 championship.» David Goldblatt, The Ball Is Round, 2006

Uma versão mais detalhada aqui. Onde fiquei igualmente a saber que existe um tal de O Sapo De Arubinha: Os Anos De Sonho Do Futebol Brasileiro do incontornável Mario Filho {crónicas seleccionadas pelo não menos incontornável Ruy Castro}. Must have...

quarta-feira, outubro 29, 2008

Russian Circles

Já falta menos de uma semana para estar a ver isto:


Embora suspeite que vai ser mais isto:

PUB.

Hoje faço publicidade à antropóloga cá de casa. Tem um livrinho novo a sair {chancela da Almedina}, está quentinho, quentinho, e este post faz alarde da coisa e do seu lançamento no próximo dia 6 de Novembro {quinta-feira}. Ocorrerá pelas 18:30 no auditório do Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna, na Rua 1.º de Maio, n.º 3, Lisboa {ao Largo do Calvário, ali mesmo debaixo da ponte} e terá a sua apresentação a cargo de Manuela Ivone Cunha (Universidade do Minho), João Vieira da Cunha (Faculdade de Economia da UNL), Intendente Paulo Valente Gomes (Director do ISCPSI) e Subintendente Manuel Monteiro Valente (Director do Centro de Investigação do ISCPSI).

Não sei se vão servir um Porto ou não, mas sei que vale a pena dar lá uma saltadela e comprar uma cópia do dito livro. Eu já li o texto e digo-vos que vale a pena, é interessantíssimo. Um olhar que não costumamos ter sobre o dia-a-dia dos agentes de uma esquadra em plena Lisboa, século XXI. Está repleto de pormenores, rituais e esquemas próprios de uma profissão fascinante como esta. Desde as incongruências típicas de organizações desta natureza até aos encontros com os "mitras", passando pelas angústias, fobias e desejos de quem anda a "pisar paralelo" nesta nossa cidade querida. Dava um episódio ou outro do The Wire, em suma. Bom, está feita a publicidade à antropóloga residente.

Marralyil

Há já uns tempos que me apetece partilhar este belo tema com a comunidade. Fui adiando, mas aqui fica ele. Chama-se "Marralyil" e descobri-o ao sabor do acaso no resourceful Killed in Cars, dentro de um muito interessante disco de Oz Fritz, All Around the World {2004}.

sábado, outubro 25, 2008

Fanny och Alexander

Uma lasca de olhar, eclipse de pessoa.

Reflexos de traços negros que pautam o caos.

Antecipando, na antecâmara, na passagem,

a fresta das frestas...

Visionada a fresta que não está lá,

surge então a fissura social, sentimental.

Que só a fresta redentora apazigua.



Delírio surgido após visionamento — finalmente! — de Fanny och Alexander {1982}, de Ingmar Bergman. Filme há muito em lista de espera, filme há muito desejado, filme há muito em muito imaginado. Nada do que estava à espera, contudo. Twisted, sofrido, asfixiante, perverso e no entanto... graças a Deus há suecos neste planeta! Hemsk film! ;{}

Waterboarding e o silêncio dos inocentes...

Em Fevereiro de 2008 o editor-chefe da revista Vanity Fair desafiou Christopher Hitchens a submeter-se a uma sessão de waterboarding. O tipo aceitou passar pela experiência e escrever sobre a mesma. Em Maio, num ambiente altamente controlado e sob espécie alguma de violência adicional, Hitchens deitou-se na famigerada tábua inclinada, deixou-se amarrar e sujeitou-se à prática infame. Resistiu 12 segundos e, devido a uma espécie de embaraço..., sujeitou-se e resistiu ainda a uns adicionais 19 segundos. E concluiu, como não podia deixar de ser, e tomando o pensamento de Lincoln sobre a escravatura uns tempos atrás, que se o waterboarding não é tortura, então nada é tortura.

A filmagem da experiência aqui em baixo e o artigo subsequente aqui.


Mas o estranho mesmo, para mim, é que aqui no burgo {e falo exclusivamente da blogosfera} ninguém tenha dado atenção à coisa. Ninguém postou, ninguém criticou o mérito ou o disparate da coisa, ninguém esbracejou, ninguém gritou «eu não disse?», ninguém acautelou um «olhe que não, olhe que não» que fosse. Fui ao blogsearch da Google e pesquisei os termos "Hitchens + waterboarding" para blogs escritos em língua portuguesa, entre Janeiro e a data de hoje. Resultados aqui. Bom, apenas nove blogs e todos brasileiros. Bizarro, não?

sexta-feira, outubro 24, 2008

Há que não sufocar totalmente o Doug Wilson que habita dentro de nós...

Aproveitando a boleia do post anterior, e vestindo superficialmente a pele de Doug Wilson, só me dá vontade de afirmar — que se lixe, caramba — que compreendo perfeitamente o Lourenço. So What?!

terça-feira, outubro 21, 2008

Doug Wilson for President

Este tipo encarna toda a javardice que eu gostaria, secretamente, claro está, um dia poder exibir, assim sem grandes traumas. À luz do dia, assim abertamente, cuspindo migalhas, exalando vinho rasca e coçando a tomatada como só ele sabe. Mas à falta de coragem, ou será mesmo de interesse?, e constrangimentos sociais à parte, resta-me a ocasional farta gargalhada e o constante anuir perante as suas dúvidas, hesitações e sabedoria {que a tem, não duvidem}. Se estivesse na corrida presidencial era nele que eu votava. É muito melhor, mas muito melhor, que o Pato Donald. E eu a dar-lhe... ;)

Choose wisely

Ainda por aí tudo entretido com sondagens blogueiras a propos de uma tal de cisão entre camaradas desavindos {não tenho visto os "morangos", confesso que não apanhei a trama...}, mas a mim esta poll é que me dá um gozo desmedido. Vão lá e votem. Este tipo é bom, tem saídas muito curtidas e esta é só mais uma delas.

É óbvio que a minha escolha foi direitinha para a sequência de Fibonacci. Mas é que foi mesmo sem grandes hesitações. Só podia.

quarta-feira, outubro 15, 2008

The F word...



Momento alto, altíssimo, da first season. De mestre.

Ikea for all...

Tenho ali um beliche Mydal, por montar, a olhar para mim. Nem sei bem por onde começar. Quero dizer, saber sei que o manual é claro, clarinho. A empresa é que é do caraças. Mas se o cabrão do bêbado do Jimmy McNulty conseguiu montar o dos rapazes dele, eu hei-de consegui montar o das minhas meninas!



Parece que muito depende do tipo de scotch que se usa...

segunda-feira, outubro 13, 2008

The best show on television, period.

Fartei-me de esperar por alguém que me ouvisse. Já papei a first season, estou na second season e a third season espera por mim, ali em cima da mesa. As duas primeiras vieram via Pirate Bay {you're the man, ingekul!} enquanto a terceira veio via Amazon. Ainda não pensei o que fazer em relação às fourth e fifth seasons, mas não perdem pela demora.

Mas uma coisa é certa, caros amigos. Todas as expectativas foram não só comprovadas como amplamente superadas. The Wire é, pura e simplesmente, do melhor que tenho visto em televisão; e olhem que já muita televisão passou por estes olhinhos. Dos vários textos, aqui e ali, que já tinha lido sobre a série, a conclusão mais comum, para além dos contínuos elogios, era a de que a série estava decalcada da realidade com uma eficiência considerável. O trabalho de campo, a investigação e a entrega aos assuntos abordados tinham sido levados muito a sério, quase parecendo, em certos momentos, mais um documentário do que uma série televisiva. A malta da rua, os agentes dos narcóticos e os dos homicídios, os estivadores, a Lei, todos eles representavam crivelmente a realidade. A ideia, diz Simon David algures, era que um qualquer estivador de um qualquer porto norte-americano que visse a série se identificasse automaticamente com Sobotka. O mesmo aconteceria com um qualquer McNulty que, do balcão de um bar qualquer, desse uma espreitadela para a televisão em mute, lá no canto. O mesmo já não diria de qualquer dealer afro-americano de uma qualquer esquina, pois essas tribos fazem ponto de honra em se diferenciar umas das outras. Mas os afro-americanos de Baltimore revêm-se certamente; um Omar ou um Wee-Bey não serão difíceis de encontrar.

A série é, por vezes, muito pouco série, pois tem uma dimensão muito própria, uma noção de ritmo pouco usual, onde a acção por vezes se arrasta ou se demora em pormenores ou diálogos que noutros formatos, e para outros públicos, não se aguentaria. A cidade, a rua, os vários segmentos da sociedade, estão definidos e presentes em The Wire de uma forma muito interessante; a própria forma como no site da HBO o elenco da série é apresentado é testemunha disso. Tal como o é a própria forma como a série foi pegando nestes segmentos, nestas instituições da city life {e lembro-me do sticker de Bunk que diz "I love city life"...}, a Rua, a Polícia, a Lei, a Escola, os Media, e as foi distribuíndo pelas várias, cinco {acabou este ano nos EUA}, épocas em que a série se desenrolou. Esta noção de proximidade com a realidade, esta veia documental, parece que deve muito à mini-série que a precedeu, The Corner — que acabei agora mesmo de ripar para um DVD, que segue por sua vez para fila de espera... —, trabalho que abordava apenas a rua, a esquina, e os "mitras" que a habitam. The Wire e, presumo, The Corner, em suma, o trabalho de David Simon e da sua equipa fazem-me lembrar, em certos momentos, o trabalho de Studs Terkel, esse incontornável e incansável divulgador do average american e das suas histórias e hábitos, o que é sempre bom.

E já referi que o cenário onde a acção se desenrola é a cidade de Baltimore? Eis outra das boas marcas de qualidade da coisa, Baltimore. Quem se lembraria de Baltimore? Bom, os carolas por detrás da escrita da série, que são de lá. O que torna a coisa ainda mais perfeitinha, convenhamos. Não há cá New York, nem Chicago, nem San Francisco, nem Las Vegas, nem Miami, nem LA. Não, os locais são mesmo estes aqui.

E quem quiser ler um pouco mais, pode fazê-lo aqui {só para assinantes...}, aqui, aqui e aqui. E volto a divulgar essa bela conversa entre David Simon e Nick Hornby.

domingo, outubro 12, 2008

The Garden

Isto deve ser bom. Cheira-me. Interessante, sem dúvida. É esperar que cá chegue.

sexta-feira, outubro 10, 2008

Meryl, the blonde...

Mas o Still of the Night não trouxe só o Roy Scheider, também trouxe alguém mais, a tal loira de serviço. Meryl Streep. Sim, também ela entrou na minha vida via Still of the Night. Caramba, sempre se tratava de uma jovem rapariga atraente em início de carreira e já com três filmes "proibidos" em carteira {embora tenha sérias dúvidas acerca desta minha percepção então...}. Filmes "proibidos" eram todos aqueles filmes que, quando miúdos, ouvíamos os adultos à nossa volta comentarem, de brilho nos olhos, excitação mais que visível, vezes sem conta, na sala, no café ou no trabalho, e que não nos deixavam ver, nem pensar nisso!, de modo nenhum, ou porque eram violentos ou porque tinham sacanagem ou porque, bom, ambos. A Meryl Streep tinha passado pelo The Deer Hunter {1978} {o filme "proibido" dos filmes "proibidos"!}, pelo Kramer vs. Kramer {1979} e pelo The French Lieutenant's Woman {1981}; e o Still of the Night foi a chance, a oportunidade aceite.

No fundo, o engraçado nisto tudo é como foram os maus filmes a servirem de apresentação a óptimos actores – falo, claro está, de Oates e Streep; que o Scheider é um acidente de percurso, poor guy... {embora Jaws, Klute e French Connection possam ser considerados atenuantes} Seja como for, Blue Thunder trouxe-me Warren Oates e Still of the Night trouxe-me Meryl Streep. Não está mal, não senhor.

Scheider, the guy next door...

Mas o Blue Thunder não tinha só o Warren Oates {do qual, na realidade, nem me lembrava}. O Blue Thunder tinha, e foi este o actor que sempre associei ao filme, Roy Scheider. O Roy Scheider era, para mim, naqueles idos de 80, um tipo que eu associei sempre ao capitão Furillo de Hill Street Blues {que eu via, naturalmente, mas não curtia assim tanto}, mas ao qual dava mais crédito, que sempre achei superior, que me fascinava mais. E grande parte desta superioridade justificava-se essencialmente, e também só me dou conta disto agora, porque um ano antes de Blue Thunder tinha havido Still of the Night. Que filmaço esse Still of the Night! Um dos filmes marcantes da minha vida de pré-adolescente. Lembro-me de, naquela altura, o ter visto mais do que uma vez e de todas elas me surpreender e apaixonar ainda mais pelo filme. O enredo policial, o suspense, a sensualidade da loira de serviço, os ambientes dark foram para mim, naquele momento, uma verdadeira revolução.

quinta-feira, outubro 09, 2008

Warren, my man...

Recentemente, a propósito da minha relação com os helicópteros, fui relembrar esse filme dos meus 12/13 anos, de seu nome Blue Thunder. Ao ler a respectiva ficha na IMDB descobri que esse tal Blue Thunder foi, não tenho dúvidas, e só por isso é filme a estimar, o meu primeiro contacto com Warren Oates. O filme data de 1983 e estreou já com Warren a ser repasto dos vermes há coisa de um ano. Foi o último filme de Warren Oates e o meu primeiro filme com Warren Oates! E desde então Warren Oates me persegue, me embala e me conta historietas. Abençoado seja.

É de homem!

O meu amigo Pedro Magalhães abriu a caixinha de comentários no Margens de Erro... Agora, sim, vai ser um fartote. Ui, ui. Mas é uma boa política, sim senhor. Eu sei quem vai lá deixar uma posta de bacalhau de vez em quando...

terça-feira, outubro 07, 2008

LOLOLOLololololol...l...l.l.o..o.cof.cof.cof...l.o.l..... RIP

Em poucos dias deparei-me com diversos sketches, produções, filminhos, aqui e ali, na net, na televisão, nos blogs, na rádio. Um filme a gozar com Sarah Palin. Um outro goza com McCain. Outro com Hillary. Outros, inúmeros, gozam com Bush. Um outro explica-nos, entre gargalhadas, a origem da crise económica. Ainda uns outros, mais domésticos, gozam com Sócrates com Lino e com Pino. E, sempre, incontornável, com Chávez. Num ainda gozava-se, e mal, muito mal, com as casas usurpadas.

Eu que sou um gajo dado ao riso, aos humores vários, dos sarcásticos aos mais deprimentes, sem acanhamento nem pudores, acho que não me ri com nenhum deles. A pergunta – e, no fundo, é mais uma inquietação – é, será que já só nos resta rir? Nem é tanto a ideia de que já não há saída, logo só "nos resta" rir. Não. É mesmo no sentido de tão estúpidos andamos que nos rimos de qualquer merda. Além do mais, a resposta ocidental, civilizada, urbana e académica deste mundo em crise é rir? Ou fui eu que perdi o dom?... Nããã, que eu do Daily Show consigo {ainda e sempre, pelos vistos} sacar belas e fartas, redondas e agudas, gargalhadas! Mas esse é um caso particular. É que o Daily Show vive da realidade, ali a realidade é a estrela, não o actor, não o guionista, não o génio de um ou outro comedian. É óbvio que eles servem-nos a realidade com condimentos e enquadramentos escolhidos a dedo, e que é biased enough eu sei, mas ela está lá sempre, ali a realidade manda e entra-nos pela cabeça e estômago adentro. E a mim dá-me infinitamente mais gozo rir da realidade, da verdade da crise, do que da versão, mais sofisticada ou mais sacripanta, que um ou outro tenha da mesma. Rir pode ser o melhor remédio mas a realidade há-de ser sempre a melhor doença. Ou será cura?

segunda-feira, outubro 06, 2008

hélix + ptéryks

Desde sempre que este objecto, este animal de reino invulgar, este rotor assanhado, este amontoado de metal e coragem, me fascina. Se bem me lembro não devia ter mais de 5 ou 6 anos quando vi o primeiro helicóptero da minha vida. Foi num ambiente de concurso hípico {creio que em Vidago} e era um Alouette da Força Aérea, já batido pelo tempo e pela guerra, sem grande aura, mas que me impressionou deveras. Mais tarde, tenho memórias de um que tive para brincar. Numa escala bem à maneira, dava para pegar-lhe por uma pega que, com um gatilho, accionava as pás {fazendo em simultâneo o seu som característico; como eu adorava aquele som...} e com outro botão disparava rockets contra inimigos invisíveis. Claro, já mais tarde, também não fui insensível aos disparatados encantos do Blue Thunder {1983} e, ainda mais tarde, às misérias impostas pelas "valquírias" do Coronel Kilgore. Recentemente, não fiquei imune ao poder que emana de semelhantes bichos, ao ver um documentário no National Geographic {ou coisa que o valha...} sobre a linha de montagem do Apache que serve actualmente no Iraque. Mas hoje li uma das mais belas definições, inspirações, pensamentos sobre o assunto. Sobre essa dimensão estranha, onde forças contrárias, onde energias sobrehumanas desafiam as leis da natureza, e criam um estado fremente de sofrimento necessário à elevação. Hoje, ao ler estas palavras, senti o helicóptero tão próximo do ser humano...

«O helicóptero é um bicho que voa sem querer voar, porque ele tem tantos desgastes que é como se ele quisesse se autodestruir o tempo todo.» {Élson Sterque, Helipark}

{Vale bem a pena clicar na imagem, de modo a ampliá-la e poder desfrutar a fascinante complexidade destes bichos...}

sexta-feira, outubro 03, 2008

Placebo buttons e extinction burst

Muito fixe esta leitura. E dessa parte-se para esta.

!!! GLORIOSO !!!

Dou-me conta que o meu último post da série !!! GLORIOSO !!! já data de há uns bons 10 meses atrás. Só para verem por onde páram os meus níveis de blackout, blackin e blackallaround... Mas ontem foi notável, foi muito bom mesmo, muito saboroso. Grande casa, grande jogo, grandes golos. A vida é bela novamente.

Mas o mais marcante da noite de ontem foi a estréia da, já mística, já espétaclar, já sucesso garantido, Benfica TV. Ontem nasceu para o mundo lusófono, qual quê, para o mundo global, para esse universo de 44 milhões de benfiquistas {juro que foi esse o número avançado pelo canal...} o primeiro canal televisivo clubístico nacional. E tal como eu suspeitava cumpriu com tudo o que implicitamente prometeu. Ou seja, mau grafismo, má infografia, má coordenação entre os jornalistas, por vezes até má qualidade do sinal, mau som. Mas que interessa isso? Pouco, naturalmente. O Benfica é gigante, ponto final. Tudo o mais é possível e irrelevante. Mas o melhor, e garanto-vos que foi toda uma vida à espera disto, o melhor mesmo da Benfica TV é o relato do jogo. O relato, o comentário, o apontamento, a sugestão, do homem de serviço, ao serviço, o grande Zé Carlos. Atentem, Zé Carlos!!! Não podia chamar-se melhor. Perfect timing, devo dizê-lo. Só assim em jeito de apanhado geral, e sacadas de memória, deixo aqui uns exemplos de algumas das tiradas.

«Quem faz queixinhas vai para o Inferno.» [enquanto um italiano se queixava ao árbitro da demora em fazer o lançamento]
«Aqui não há funfuns nem gaitinhas.»
«Calem-se. Calemo-nos. Ouçamos o Inferno da Luz...»
«Será que os italianos ainda pensam ser possível marcar dois golos? Nuuuuunca.»
«Acabaram-se as pipocas.» [estava o jogo praticamente no fim]

Eu, que sempre fui adepto da imprensa politizada, estou com a Benfica TV, estou com o Zé Carlos. Imparcialidade é para professores, políticos e gurus. Aqui, no glorioso mundo da bola, não há funfuns nem gaitinhas. E é mesmo assim, o Benfica é o maior e ponto final. O que me anda a arreliar é que acho que não vou ter paciência para migrar da Zon para o Meo... Chatice.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Fala Tu / Rize


Recentemente tive a oportunidade de ver dois documentários que, vistos assim de seguida, se complementaram de forma interessantíssima. Por um lado, o brasileiro Fala Tu {2003} e as desventuras de Thogum, Macarrão e Combatente. Por outro lado, o norte-americano Rize {2005} e as desventuras de Tommy, La Niña, Dragon, Miss Prissy e outros tantos clowns e krumpers. Por um lado, um documentário muito bem preparado previamente, visivelmente bem investigado e guiado por dois tipos {Guilherme Coelho e Nathaniel Leclery} oriundos de meios exteriores ao cinema e na sua primeira experiência de realização. Por outro lado, um documentário super bem filmado, a câmara sempre no local certo, do já mais que reconhecido, fotógrafo David LaChapelle. Pesem embora as diferenças, de produção, de budget, de estilo, ambos os documentários são exercícios muito interessantes sobre as estratégias da malta que vive a rua em zonas abandonadas, pobres e perigosas, quer seja no grande Rio de Janeiro quer seja na grande Los Angeles. Em ambos os documentários, e em ambas as cidades, a cultura Hip Hop serve como escape e tentativa de melhoria da vida de cada um. Num é o Rap, noutro é a Dança. Entre as balas perdidas e a ralação da vida quotidiana; uns cantam, outros dançam. Mas, e pormenor muito curioso, em ambos os documentários, em ambas as cidades {e no México, e em Lima, e em Nairobi, e algures no Oriente; atrevo-me a sugerir} um elemento é constante, um elemento sempre cativa um ou outro rapper, krumper, whatever e os dirige na vida – Cristo, a espiritualidade, sob múltiplas formas. Seja o Santo Daime, seja uma qualquer evangelical church. Dá que pensar.