quarta-feira, novembro 29, 2006

Óbito

Jack Palance
18 de Fevereiro, 1919 – 10 de Novembro, 2006


Para sempre se recordará o seu papel de estreia no cinema (como Blackie) no negro Panic in the Streets (1950) de Elia Kazan e para sempre o lembrarei como o "Tiralinhas" de uma das aventuras de Lucky Luke devorada num Verão já longínquo, em Sesimbra. Mas para mim Palance será sempre o tipo que em 1969 fugiu das luzes dos estúdios de Hollywood e rumou a Nashville onde acabou por gravar um fantástico álbum de música country (à falta de melhor termo...). Para quem gosta incondicionalmente de Lee Hazlewood e Johnny Cash como eu, este é um álbum a obter. Eu descobri-o há poucos meses na fluor (entrei e Palance piscou-me o olho...) mas para quem o queira sem sair do lugar é só clicar na capa. Ah,... e obrigado Jack.


sábado, novembro 25, 2006

Cenas da vida quotidiana OU Quando falamos e não ouvimos o que dizemos

Pequeno-almoço na cozinha a ler o Mil Folhas. Primeira notícia na primeira página – "O Codex 632" em formato audiolivro. Fim da notícia, e passo a citar: «Esta nova edição destina-se a invisuais (e conta, por isso, com "a colaboração e apoio" da ACAPO), mas não só, pois a New Age Entertainment lembra que o formato audiolivro oferece "uma oportunidade única" de o romance de José Rodrigues dos Santos "chegar a um número ainda maior de pessoas", nomeadamente àquelas "que têm dificuldade de leitura, falta de tempo ou que não gostam de ler."»

sexta-feira, novembro 24, 2006

Sonhando na Alemanha Nazi

People 'didn't talk about' these things. But they dreamed about them at night. Their dreams betrayed the oppressive presence of anxieties which were all too willingly denied in the light of day.
An employer, a committed Social Democrat who ran his firm on highly patriarchal lines, dreamed only three days after Hitler's seizure of power about his own future powerlessness, the compulsion to conform and the destruction of personal relationships:
Goebbels comes into my factory. He has the staff line up in two rows, on the left and the right. I have to stand between them and raise my arm in the Hitler salute. It takes me half an hour to bring my arm up, a milimetre at a time. Goebbels watchs my exertions like a spectator at a play, without signalling either applause or displeasure. But when I have eventually got my arm up, he says five words: 'I don't want your salute.' He turns and goes to the door. So I am left standing in my own factory, between my own people, in the pillory, my arm raised. The only way I am physically able to do it is by keeping my eyes riveted on his club-foot as he limps out. I keep standing like this until I wake up.

A 45-year-old doctor dreamed in 1934 about the bureaucratised abolition of private life:
After my surgery, getting on for nine in the evening, I want to stretch out peacefully on the sofa with a book about Matthias Grünwald. But the walls of my room, of my whole flat, suddenly vanish. I look around in horror: all the flats, as far as the eye can see, have lost their walls. I hear the roar of a loudspeaker: 'As per decree abolishing all walls, 17th instant.'

There was not only the sense of the private sphere being exposed to Nazi penetration; the individual's own psychological make-up and personal identity were affected. People who did not wish to be 'co-ordinated' and who wanted at least to continue to think and feel, if not to act, against the current, could sense how they had to harden their inner selves: almost to hide from themselves. This too was articulated in dreams:
I'm going to turn into lead. Tongue already leaden, sealed with lead. Fear will go away if I'm solid lead. Lie motionless, shot into lead. If they come, I'll say, 'Lead people can't stand up.' Oh, no: they want to throw me into the water because I've turned to lead. [...]

[...]

I am dreaming that all I am dreaming about is rectangules, triangles and octagons, which somehow all look like Christmas biscuits, because dreaming is of course forbidden.

Excertos retirados do livro Inside Nazi Germany. Conformity, oppo-sition and racism in everyday life de Detlev Peukert.

No melhor pano cai a nódoa OU Como os EUA são um barril de pólvora de rastilho curto...

Michael Richards, aka Kramer, perdeu a cabeça uns dias atrás durante um espectáculo de stand-up comedy. Lamentável. Dói só de ver. Dias depois, pediu desculpas publicamente no David Letterman Late Show. Continua a doer. A discussão pública do assunto divide os norte-americanos. Muitos não lhe perdoam as tiradas racistas, muitos não se deixam ir na conversa do arrependimento. Eu fui. Vou. Os dois momentos já aqui em baixo.





quarta-feira, novembro 22, 2006

Metal Sueco

Cult of Luna rules !!!

Para mais, ver e ouvir aqui. Ou aqui.

Óbito

Robert Altman
20 de Fevereiro, 1925 – 20 de Novembro, 2006


Naturalmente que há o The Player (1992), Short Cuts (1993), Come Back to the Five and Dime, Jimmy Dean, Jimmy Dean (1982), Nashville (1975) e McCabe & Mrs. Miller (1971). Mas também há The Long Goodbye (1973), provavelmente o melhor Phillip Marlowe de sempre (Elliott Gould no seu melhor). Aqui fica o trailer.


terça-feira, novembro 21, 2006

Cenas da vida quotidiana OU Quando falamos e não ouvimos o que dizemos

A menina acaba de beber a bica, pega na madalena embrulhada e, a outra mão firme na trela do cãozito, prepara-se para abalar. Porém, hesita. Encosta-se de novo ao balcão e solicita:
— Por favor, dê-me um saco para não ter de levar isto na mão.
A empregada dá-lhe o saco, a menina coloca a madalena embrulhada dentro do saco e parte feliz com o saco... na mão.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Diogo Gonçalves de Travassos

Expedição, no sábado passado, à Batalha. Como sempre, é bom regressar ao Mosteiro da Batalha. Desta vez, contudo, a surpresa e o agrado vêm de uma campa em particular. Situada à direita da entrada da Capela do Fundador (esta, à direita de quem entra na igreja) está a pedra tumular de Diogo Gonçalves de Travassos. O fausto que vemos nos túmulos dos monarcas uns passos mais à frente não se encontra aqui (é, de resto, uma campa rasa) mas a riqueza gráfica é notável. Uma letra D aposta num sol radiante marca o centro da campa. Este par é depois reproduzido inúmeras vezes (o primeiro exercício de copy/paste da história...) e, numa escala menor, espalhado em volta do par central. Na base, um emaranhado de motivos florais (rosas? espinhos?) sustentam a composição. Penso agora que representam a Terra. Pensando bem, os sóis radiantes podem bem (quem sabe?) ser estrelas brilhantes. A Terra e o Céu. Uma campa destas só pode dar descanso eterno a alguém muito especial. Mas quem foi o homem?
A guia/vigilante/segurança que se encontrava de serviço, após telefonema para colega que se encontrava de folga, apenas me conseguiu informar que este senhor tinha sido professor dos filhos de D. João I e que este monarca, em jeito de profundo agradeci-mento, lhe tinha permitido repousar eternamente à entrada da capela real. As poste-riores pesquisas na internet não me levam muito mais longe. Fiquei, pois, a saber ainda que este senhor foi Vedor e Aio do Infante D. Pedro (tendo mesmo combatido junto ao monarca na Batalha de Ceuta, em 1415) e que foi Cavaleiro-Fidalgo e do Conselho de D. Afonso V. Não são muitas as entradas para este personagem, provavelmente a infor-mação que veiculam nem está muito correcta, mas são as possíveis. Se alguém souber de literatura que aborde a vida e obra de Diogo Gonçalves de Travassos agradeço desde já a informação.

domingo, novembro 19, 2006

Arrrrrrgggghhghhh....

Mau demais! Ontem correu tudo, mesmo tudo, mal. Mas algumas interrogações se impõem. O Karyaka e o Mantorras estavam no banco, não estavam? Porque é que ficaram por lá até ao fim? O Paulo Jorge é jogador do Veiga, não é? Então porque não foi junto com os tapetes e os plasmas? Para quê, Ricardo Rocha, aquele tom e aquelas palavras? Porque é que estes gajos correm sempre mais contra nós? Safa!

quarta-feira, novembro 15, 2006

Death and Taxes

Notável o trabalho deste norte-americano, Jess Bachman. Partindo do célebre adágio norte-americano de que apenas duas coisas são certas na vida, a morte e os impostos, Jess Bachman pegou no Orçamento de Estado dos EUA para 2007 e representou-o graficamente. Neste deli-rante gráfico ficamos a saber como vão ser distribuídos (caso o orça-mento seja aprovado no Senado) os dólares recolhidos através dos impostos pelas várias áreas da sociedade norte-americana. Como curiosidade, ficamos a saber que a rubrica Housing for the Elderly vai receber menos 26% que em 2006, que o Department of Education vai receber menos 4% que em 2006 e que o US Postal Service vai receber mais 91% que em 2006. A não perder!

domingo, novembro 12, 2006

!!! GLORIOSO !!!

Para que não restem mais dúvidas (se é que as havia), o SLB é a partir deste fim-de-semana o maior clube do mundo em sócios. No momento da certificação éramos 160.398 sócios. Neste preciso momento já somos mais. Amanhã mais uns quantos.

domingo, novembro 05, 2006

Project Excelsior (1959-1960)

Vidas como a do piloto norte-americano Joseph William Kittinger (o homem que mais alto saltou de pára-quedas, no âmbito do Project Excelsior) não deixam de me fascinar. Este homem, no seu mais importante salto (de mais de 31km de altura!), chegou mesmo a atingir a velocidade do som (sem auxílio de máquina alguma como protecção, ou seja, ele e o espaço em volta...). Este pequeno filme fala-nos do Project Excelsior e dos saltos de Kittinger. Fascinante!
Sei que um tal de Temmi Okkerse montou, recentemente, um pequeno filme com imagens relativas aos saltos de Kittinger, realizando deste modo um videoclip do tema GW dos Pelican. Este tipo de footage com o som dos Pelican só pode ser genial! Se alguém souber do paradeiro do filme, agradeço desde já que mo comunique... Afinal, aqui está ele.

sábado, novembro 04, 2006

Arrrrrrgggghhghhh....

No regresso do mercado, vejo as primeiras páginas dos "desportivos". Num deles, esta pérola: «Carlos Xistra, árbitro do SLBxEstrela da Amadora, leva nota de 7.7». Como é, por vezes, triste ter razão...

quinta-feira, novembro 02, 2006

Tim Hardin (ao que consta, no Woodstock)


São 5 minutos e 17 segundos de puro prazer.
Este homem é o maior! Um dos...

Os cães de Hitler

Blondie, Wolf, Bella, Muck, Stasi, Negus, Katuschka, Burli.
Brrrr..., spooky...

Óbito

23 de Agosto, 1926 — 30 de Outubro, 2006


«... I don't think relativists are like communists, anti-relativists are like anti-communists, and that anyone (well... hardly anyone) is behaving like Senator MacCarthy. One could construct a similar parallelism using the abortion controversy. Those of us who are opposed to increased legal restrictions on abortion are not, I take it, proabortion, in the sense that we think abortion a wonderful thing and hold that the greater the abortion rate the greater the well-being of society; we are "anti anti-abortionists" for quite other reasons I need not rehearse. In this frame, the double negative simply doesn't work in the usual way: and therein lies its rhetorical atractions. It enables one to reject something without thereby commiting oneself to what it rejects. And this is precisely what I want to do with anti-relativism.»

«What the relativists, so-called, want us to worry about is provin-cialism – the danger that our perceptions will be dulled, our intellects constricted, and our sympathies narrowed by the overlearned and overvalued acceptances of our own society. What the anti-relativists, self-declared, want us to worry about, and worry about and worry about, as though our very souls depended upon it, is a kind of spiritual entropy, a heat death of the mind, in wich everything is as significant, thus as insignificant, as everything else: anything goes, to each is own, you pays your money and you takes your choice, I know what I like, not in the south, tout comprendre, c'est tout pardonner.
As I have already suggested, I myself find provincialism altogether the more real concern so far as what actually goes on in the world.»

«It would seem, in short, that a number of serious adjustments in thought must occur if we, philosophers, anthropologists, historians, or whoever, are going to have something useful to say about the disassembled, or anyway disassembling, world of restless identities and uncertain connections. First, difference must be recognized, explicitly and candidly, not obscured with offhand talk about the Confucian Ethic or the Western Tradition, the Latin Sensibility of the Muslim Mind Set (...) Second, and more important, difference must be seen not as the negation of similarity, its opposite, its contrary, and its contradiction. It must be seen as comprising it, concretizing it, giving it form. The blocs being gone, and their hegemonies with them, we are facing an era of dispersed entanglements, each distinctive. What unity there is, and what identity, is going to have to be negotiated, produced out of difference.»


on Philosophical Topics, Princeton University Press, 2000.

!!! GLORIOSO !!!

Lindo, ontem à noite.
A Vitória demorou mais do que o habitual a aterrar (o barulho era infernal...), os flashes choviam do topo norte (escoceses em êxtase...), o estádio de pé a aplaudir a homenagem escocesa a Fehér (ébrios mas organizadinhos...) e, acima de tudo, o resultado (embora mais um não ficasse mal...). Num jogo nem sempre bem jogado pelo SLB (descansar com 2-0 não é aceitável, rapazes) e quase sempre mal jogado pelo Celtic (não tivessem vindo para o empate...), fica a sensação de que, sim, vamos passar à próxima ronda. Ainda para mais o ManUnited perde em Copenhaga... Tudo em aberto, pois. Como nós gostamos!