quarta-feira, outubro 19, 2011

À atenção do sr. Gaspar...

Dá cá 1, toma lá 1.027...



Eu percebo perfeitamente que aquele pessoal ali para os lados de Gaza não se possa dar ao luxo de recusar trocas destas, os tempos não estão fáceis, mas a meu ver isto é uma absoluta vergonha. Para uns e outros parece ser uma alegria, as televisões e os jornais fazem grandes parangonas, as famílias e as brigadas agradecem, mas eu só tiro uma única conclusão: para quem tivesse dúvidas, uma vida israelita vale, de facto, 1.027 vidas dos "outros". Triste miséria...


{Os números assim por extenso não têm o mesmo impacto {é clicar, senhores, é clicar} que ao vivo e a cores, pois não?}

segunda-feira, outubro 17, 2011

Obaço



Este homem é um anormal. Um perigo. Uma besta. Um filho-da-puta. Um criminoso. Tenho {grandes} amigos que se incomodam {visivelmente} quando {quando} me expresso nestes termos. A mim incomoda-me {imenso} que a eles lhes incomode assim tanto. Não consigo entender onde lhes toca esta minha agressão. Work in progress as usual...

Se é pelos termos, se é por mim, bom, caramba, sim, por vezes exagero, so what? Se é pela personagem, e imagino que seja {fosse o Putin, um Bokassa da vida ou o Alberto João Jardim e não se incomodariam tanto}, então não entendo mesmo. E olhem que nem é pessoal. É mesmo o cargo. Não há presidentes dos EUA bons. Period.

domingo, outubro 16, 2011

Quanto valem 99% de 99%?

O mais trágico no meio disto tudo é que me parece que o real problema não está no 1%. Mas sim nos 99%. Mais concretamente nos 99% dos 99%. Se é indesmentível que 1% dos 100% andam a escavacar o planeta, também me parece inegável que apenas 1% dos 99% se dão conta disso. Daí o termo trágico inicial. Bem podemos {sim, passe a imodéstia, aqui considero-me 1%ista} pregar, gritar, apedrejar, escrever, sair à rua, cuspir, indignar, que os 99% dos 99% continuam adormecidos. Inquietos, mas adormecidos. Ínsones. Dolentes. Com apenas a força de vontade de 1% dos 99% e com a "ajuda" dos 99% dos 99% vai ser difícil... Mas como dizia o meu avô {em contexto absurdamente oposto}, «Isto vai!».

sexta-feira, outubro 14, 2011

15 de Outubro



Amanhã a indignação sai à rua. Eu nunca alinhei com os indignados da vida. Chateiam-me os indignados deste país, porque geralmente passam por poetas. Mas a poesia não choraminga. Com os precários também não vou à bola. Há que ter cuidado com as palavras. E geralmente escrevem muito mal. Aos esquerdalhos conheço-os bem. Sim, do pêcê ao bloco gritam e defendem as ditas causas. Muitas merecem mesmo quem as grite e as defenda, é certo. Mas o grau de organização, muitas vezes a raiar o terrorismo, sempre tão maniqueísta, não me move. No fundo, para ser sincero, não tenho tido o hábito, a pachorra, a vontade, o impulso, das passeatas. Muito menos com estas companhias. Porque um saco de batatas será sempre um saco de batatas. E muita batatada surge sempre nestas ocasiões. E a batata engorda... E porque não consigo estar contra. E estar contra é condição. E é tão fácil estar contra. Só que faz muito mal à saúde, vos garanto.

Mas como dizia, e bem, o meu amigo Gonçalo no outro dia, amanhã não há como não sair. Mesmo contrariado, mesmo sabendo que muito disparate vai ser gritado ao horizonte, não há como não sair. Vou lixado com as desigualdades, vou entristecido com a falta de respeito e consideração de cima para baixo, vou inquieto com a falta de energia e de mundo deste triste país que dá pelo nome de Portugal, vou a pensar nas falcatruas e em como elas teimam em persistir, vou piurço com o facto de má gestão e a fraca qualidade dos políticos portugueses terem como consequência evidente uma redução significativa no erário familiar, e vou com este enorme incómodo na mente {perdoem-me, bem sei que é bizarro, mas não me sai da cabeça}, aquele que me diz que mais de metade do pessoal que ali vou encontrar amanhã ainda há uma semana atrás chorava e velava um dos mais bem sucedidos CEOs do mundo... Há coisas do arco-da-velha. Mas vou. Tenho de ir. Não há como não ir.