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quinta-feira, março 01, 2012

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Gentrificação

A gentrificação mete-me nojo. A palavra, o processo, o motivo. É um termo tão abjecto que, mal o oiço, só me lembro de Endlösung. Hoje descobri {aqui} este pequeno documentário sobre o fim anunciado do Bairro da Luz em São Paulo. Triste.








"Die Jugend Marschiert", década de 1930.

domingo, dezembro 04, 2011

Óbito

19 de Fevereiro, 1954 – 04 de Dezembro, 2011

 
  «A primeira selecção que apoiei foi a do Brasil de Sócrates e companhia. Era forçoso que assim fosse, pode dizer-se, uma vez que o meu primeiro Mundial foi o de 1982, o do Naranjito, em Espanha. Foi nesse ano que acompanhei com algum interesse {difícil saber o quanto}, pela primeira vez, um acontecimento desta natureza. O Euro de 1980 {em Itália} e o Mundial de 1978 {na Argentina} passaram-me ao lado, mas o Naranjito cativou-me {e como não?} e despertou-me para esta realidade dos países, com exércitos de 11, em grupos de 4 e depois em eliminatórias a doer, todos com um único objectivo, o de erguer a taça. Bom, as regras eram estas e estavam entendidas, mas faltava-me algo. Torcer por alguém. Portugal não estava lá {embora figure na caderneta dos cromos de então...}, mas eu queria na mesma jogar aquele jogo. Logo, era preciso torcer por outro alguém. E o Brasil pareceu-me a solução óbvia, ou possível, ou alguém mo suspirou? E naquela altura, do alto dos meus 11 aninhos, eu convenci-me de que aquela era uma turma especial. Fiquei hipnotizado. Não sei se era o azul e o amarelo, se a barba do Sócrates {eu diria que é impossível ficar indiferente a um jogador de barba...}, se era aquele ar doidão do Falcão, se a magia do Zico, mas aqueles eram decididamente os meus tipos. Para quem, como eu, começava naquele momento a admirar aqueles duelos colectivos, aquelas guerras pacíficas {ou nem tanto}, aquele Brasil era a escolha óbvia. E naquele fatídico jogo frente a Paolo Rossi {nunca um hat-trick, numa altura em que nem sequer sabia que tal coisa existia, me soube tão mal...} eu saboreei o amargo da derrota, a injustiça injustificável. Foi um baptismo terrível. Ali começava a minha devoção ao mundo da bola e ali eu chorei pela primeira vez por causa de um resultado de um jogo de futebol. Encontrava-me de férias no hotel da Torralta {o amarelinho; o mesmo amarelinho do escrete...} na serra da Estrela com o meu pai, nunca me esquecerei. Vi o jogo dentro do hotel, numa televisão na sala de estar, em silêncio, angustiado. Terminado o jogo, fui dar uns toques de bola, na relva, lá fora, com o meu pai. Sempre em silêncio. Aguentando em surdina algo de muito estranho para mim. Até que rebentei e chorei como a criança que era. É isto que guardo daquele que foi, provavelmente, o melhor escrete canarinho de sempre. A minha primeira selecção, como as primeiras escolhas?, foi efémera e amarga...»

quarta-feira, julho 06, 2011

5 de Julho de 1982



Hoje completam-se precisamente 29 anos sobre o dia em que chorei pela primeira vez por causa de um jogo de futebol. Estou certo de que não chorei sozinho, nesse já distante dia. Segundo o WolframAlpha seriam 127 milhões mais... 1. Um dia destes não se esquece.

Lembro-me dessa tarde como se tivesse ocorrido ontem. Em tempos escrevi sobre isso e relembro hoje esta passagem: «E naquele fatídico jogo frente a Paolo Rossi {nunca um hat-trick, numa altura em que nem sequer sabia que tal coisa existia, me soube tão mal...} eu saboreei o amargo da derrota, a injustiça injustificável. Foi um baptismo terrível. Ali começava a minha devoção ao mundo da bola e ali eu chorei pela primeira vez por causa de um resultado de um jogo de futebol. Encontrava-me de férias no hotel da Torralta {o amarelinho; o mesmo amarelinho do escrete...} na serra da Estrela com o meu pai, nunca me esquecerei. Vi o jogo dentro do hotel, numa televisão na sala de estar, em silêncio, angustiado. Terminado o jogo, fui dar uns toques de bola, na relva, lá fora, com o meu pai. Sempre em silêncio. Aguentando em surdina algo de muito estranho para mim. Até que rebentei e chorei como a criança que era. É isto que guardo daquele que foi, provavelmente, o melhor escrete canarinho de sempre».

quarta-feira, junho 01, 2011

A isto, eu chamo Ouro sobre Azul...









{Uau! A oranje elftal passeando-se no calçadão... duas das melhores coisas do mundo juntas no mesmo local, na mesma hora... quem me dera lá estar no sábado que vem...}

domingo, maio 22, 2011

Na telinha cá de casa...

O sofá cá de casa tem estado em modo Brasil. Ciclicamente, passam pela telinha cá de casa, assim de rajada, uma dezena de filmes de produção tropical. Tipo cerejas. Vê-se um que já se andava a namorar há uns tempos e, de repente, sem dar pela coisa, papam-se mais dois ou três e afinal damos conta de que eram bem mais aqueles que estavam em lista de espera...

Tudo começou no grande, muito bom, uma espécie de Depardon de shorts, interessantíssimo Justiça {2004} de Maria Augusta Ramos. Daí demos uma saltada aos últimos dias de Carandiru através do inesperado {no bom, muito bom, sentido} O Prisioneiro da Grade de Ferro {2004} de Paulo Sacramento {como é seu Ribas, já teve a coragem necessária?; olha que não é necessária assim tanta...}. Da justiça e do crime para a política foi um salto curtinho e marchou com muito prazer o muito interessante Vocação do Poder {2005} de Eduardo Escorel e José Joffily. A política aliada ao crime e à tortura, essa, ficou a cargo do sinistro Henning Boilesen, o empresário-torturador, personagem principal de Cidadão Boilesen {estranhamente ausente do IMDB}.

Mas como os documentários aparentavam dominar a coisa, eis que surgiu a ficção, em modelo épico à la Cinema Paraíso. Minha cara Juliana, mil desculpas, mas desta vez papai Jabor se excedeu... :D A Suprema Felicidade {2010} nem aquece nem arrefece. Depois ainda se viu o sofrível 5x Favela, Agora Por Nós Mesmos {2010}, que vale sobretudo pelos 2 últimos dos 5 filmes que compõem a obra. Descubro agora que é inspirado e que parte de um outro filme de 1962 chamado Cinco Vezes Favela, decididamente a descobrir. E ainda deu tempo para ver Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro {2010}. Bom, que dizer? Nem sei bem, eu dou crédito ao Padilha, acho que tem coisas muito boas em carteira, mas desta vez pareceu-me que ficou bem aquém do primeiro Tropa de Elite {porque a comparação é inevitável, não é?}. Se o primeiro lançou a discussão em níveis muito interessantes, este parece-me que não o faz. Ao mostrar a coisa tão óbvia e tão disseminada e já tão "impossível" de eliminar, apenas dá espaço para um resignado encolher de ombros e meia bola em força. Tchau discussão. Ali já só restam os efeitos especiais e de montagem. O que é pouco, diga-se.

De volta ao formato do documentário, portanto. E para nos focarmos no que aqui verdadeiramente me trouxe, no motivo de tanto paleio. Se aprovo e aconselho os documentários anteriores, a este, aconselho vivamente. Foi do mais interessante que tenho visto ultimamente. Trata-se do penúltimo projecto de Eduardo Coutinho, o homem responsável por Santa Marta, Duas Semanas no Morro e o fantástico Edifício Master, esse homem que eu estranhamente adoro não gostar mas que acabo por admirar. Há algo nele que me enerva um tanto ou quanto, mas acabo sempre por lhe tirar o chapéu. Desta vez tiro-lhe a cartola. Trata-se de Jogo de Cena {2007} e é muito bom!

Um auditório vazio em semi-escuridão, um ou dois focos no palco, onde apenas se encontram duas cadeiras. Numa delas estamos nós {na figura de Coutinho} e na outra uma mulher. E são várias as mulheres. E são apenas mulheres. E todas elas contam histórias. Histórias de vida. Que são as melhores, como todos sabemos. {atenção, a partir daqui há spoilers} Ouvimos uma mulher contar emocionada as suas desventuras na favela, no asfalto, na vida em geral, o filho perdido, a violência doméstica, as agruras da pobreza, da ralação, as disfunções das relações familiares. Depois surge outra mulher, com outras histórias. Depois uma outra, mas desta vez esta é conhecida, é uma actriz brasileira imediatamente reconhecível {Marília Pera}. Mas conta-nos a mesma história inicial, exactamente {quase} pelas mesmas palavras que já ouvíramos. Agora estranhamos. Nova mulher. Nova história. Nova actriz conhecida {Fernanda Torres}. Nova repetição. Estamos a ouvir as mesmas histórias, por duas vezes, narradas ora pela pessoa "real" que as viveu, ora pela pessoa "fictícia" que lhes dá corpo. Bizarro exercício. É a velha questão do original e da cópia. Onde a cópia, até surgir o original que a comprova como cópia, nada mais é do que o original. E a partir daqui sempre que surge uma nova mulher com uma nova história é inevitável que nos perguntemos: «é a mulher real ou é a fictícia?». E interessa verdadeiramente? A história, as palavras, essas são bem reais. Não chega? Não. Fiquei com a sensação de que o objectivo de Coutinho é precisamente esse, o de nos querer demonstrar que a história real, narrada pela pessoa real, é sempre preferível {daí ele se focar exclusivamente no formato do documentário}. Eu tendo a ter de concordar com ele. Por muito que me custe... :D

quinta-feira, março 17, 2011

Ciranda de Pedra

Quem tem memórias recônditas, tão enigmáticas quanto inexplicavelmente saborosas, da telenovela Ciranda de Pedra {1981}, ponha a mão no ar. Por favor, alguém se acuse. Alguém diga que não estou sozinho...



É certo que tinha a maléfica Frau Herta {!}, mas que mais tinha aquela telenovela, por que raio me apareceu hoje à frente, assim sem mais nem menos?



Ah, os meus queridos amigos brasileiros estão de fora do inquérito...

sábado, fevereiro 19, 2011

Fenômeno?



Ainda vou a tempo de falar do Fenômeno? Ainda posso? Pois aqui vai. Um tipo, que ao regressar à pátria para pendurar as chuteiras, para terminar uma carreira gloriosa {sim, apesar de tudo, gloriosa}, um tipo que é do Mengão desde o berço e escolhe acabar os seus dias no Timão por mais uns tostes, um tipo assim não me emociona. Não merece grande respeito. Pronto, já está.

domingo, outubro 31, 2010

Parabéns Pindorama!

É sempre bom quando um povo decide não andar para trás!

sexta-feira, outubro 29, 2010

Faltam 2 dias...

... está quase companheiros!



{via}

quinta-feira, outubro 28, 2010

Parabéns Mané!

Seriam, são!, 77 anos.

quarta-feira, agosto 04, 2010

quarta-feira, junho 30, 2010

Look into my eyes... look into my eyes...



... at the count of 3, next friday, around 5 p.m., you'll wake up and find that you're doomed. Bon voyage!



{pequeno momento de arrogância, misturada com humor apesar de tudo, vá lá, permitam-mo, caramba, nunca mais é sexta-feira...}

segunda-feira, junho 14, 2010

Quem escreve assim não é gago...

«Torcerei porque ela, a camisa, é feito manto de santo, vestimenta de orixá, cocar de caboclo, capa de exu, terno de malandro, roupa de marujo e farda de capitão de guerrilha - estandartes da terra que eu amo.»

Excerto de um fabuloso {literalmente} texto de Luiz Antonio Simas. Está cheio de referências que nos {aos exilados desse novo Mundo} passam ao lado mas a essência está lá, o delírio, a alma, a dor que não é sofrimento de um povo estão está lá. E é emocionante. Vale a pena ir lá.

terça-feira, abril 13, 2010

«No lado certo da vida errada»



Para aqueles {e será que existem?} poucos que aqui vêm na esperança de mais uma transcrição do fascinante mundo da Lingua Tertii Imperii {vd label LTI}, a esses apenas peço que descansem. Não acabei com a série, somente a suspendi. A ela voltarei.

E a culpa é do Juliano, a.k.a. Marcinho VP. E da Luz, e do Raimundinho, e do Cabeludo, e do Careca, e do Paulista, e da Zulá, e da Zuleika, e do Nein, e da Mãe Brava, e do Comando Vermelho, e do Terceiro Comando, e do Maifrendi, e de tantos outros... E sobretudo de Caco Barcellos, que escreveu o livro Abusado. O dono do Morro Dona Marta, que, feito malandro, se meteu pelo meio e não dá tréguas. Estou apaixonado {se é que tal se pode afirmar em relação a um tema como o tratado aqui} pela favela de Santa Marta, pelos seus traficantes, pelos seus desamores, intrigas e vinganças, verdadeira tragédia grega, putaquepariu. Aquela fatia roubada à floresta, aquele rectângulo ingreme e anárquico ali encalhado, que a Rua Jupira olha de esguelha, é foda. Se há livro que se encaixa perfeitamente na categoria dos page turner é este. Não percam.

segunda-feira, abril 05, 2010

Calorzinho

Ainda não foi bem um calorzinho digno de abrir a época, nem coisa que o valha, mas já deu para ir à prateleira dos brasucas e transpirar pelos ouvidos um pouquinho do mestre Argemiro. Que Deus o tenha!


terça-feira, março 02, 2010

Óbito

7 de Junho, 1930 – 27 de Fevereiro, 2010



terça-feira, abril 07, 2009

Lindôôôôô....


{Mimar um TOP TOP TOP após o visionamento.}

{Via}

domingo, fevereiro 22, 2009

Ainda Sócrates...

«Agora, eu não acredito em vitória. Nem em sucesso. É tudo especulação. Nós somos frágeis, somos fracos, somos carentes. Todos nós. Existem sobrevidas. Mas a maior parte da vida é de carência, sofrimento, dor, de ir buscar um monte de coisa que a gente não conquistou. E conquistar não quer dizer ganhar, não quer dizer ter sucesso. Conquistar é aquilo que lhe dá prazer, que lhe faz bem, que lhe dá felicidade. Eu não acredito nesse discurso da sociedade contemporânea, tudo voltado para a Ilha de Caras. Falsidade do caralho. Mostram coisas muito bonitas, muito ricas. Se você pegar a maior parte das pessoas que tiram foto naquela revista, elas não estão em casa. Na casa delas é muito mais difícil. A vida é muito maior do que o sucesso. A vida é real, cara. A casa delas é que vale, é onde elas choram.»

É por estas e por outras que este tipo é um senhor com S grande! Mais outras numa gostosa entrevista dada por Sócrates à revista Boemia.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Sócrates Brasileiro

Ontem foi o aniversário deste "barbas", de seu nome Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira. Desde já os meus parabéns {mesmo que atrasados} a esse grande homem que ajudou a mudar a minha vida para sempre. Mal eu sabia... Apetece-me relembrar as minhas próprias palavras {escritas aqui em Junho do ano passado, por ocasião do Euro2008} a propósito desse capitão barbudo e do escrete canarinho de 1982.

«A primeira selecção que apoiei foi a do Brasil de Sócrates e companhia. Era forçoso que assim fosse, pode dizer-se, uma vez que o meu primeiro Mundial foi o de 1982, o do Naranjito, em Espanha. Foi nesse ano que acompanhei com algum interesse {difícil saber o quanto}, pela primeira vez, um acontecimento desta natureza. O Euro de 1980 {em Itália} e o Mundial de 1978 {na Argentina} passaram-me ao lado, mas o Naranjito cativou-me {e como não?} e despertou-me para esta realidade dos países, com exércitos de 11, em grupos de 4 e depois em eliminatórias a doer, todos com um único objectivo, o de erguer a taça. Bom, as regras eram estas e estavam entendidas, mas faltava-me algo. Torcer por alguém. Portugal não estava lá {embora figure na caderneta dos cromos de então...}, mas eu queria na mesma jogar aquele jogo. Logo, era preciso torcer por outro alguém. E o Brasil pareceu-me a solução óbvia, ou possível, ou alguém mo suspirou? E naquela altura, do alto dos meus 11 aninhos, eu convenci-me de que aquela era uma turma especial. Fiquei hipnotizado. Não sei se era o azul e o amarelo, se a barba do Sócrates {eu diria que é impossível ficar indiferente a um jogador de barba...}, se era aquele ar doidão do Falcão, se a magia do Zico, mas aqueles eram decididamente os meus tipos. Para quem, como eu, começava naquele momento a admirar aqueles duelos colectivos, aquelas guerras pacíficas {ou nem tanto}, aquele Brasil era a escolha óbvia. E naquele fatídico jogo frente a Paolo Rossi {nunca um hat-trick, numa altura em que nem sequer sabia que tal coisa existia, me soube tão mal...} eu saboreei o amargo da derrota, a injustiça injustificável. Foi um baptismo terrível. Ali começava a minha devoção ao mundo da bola e ali eu chorei pela primeira vez por causa de um resultado de um jogo de futebol. Encontrava-me de férias no hotel da Torralta {o amarelinho; o mesmo amarelinho do escrete...} na serra da Estrela com o meu pai, nunca me esquecerei. Vi o jogo dentro do hotel, numa televisão na sala de estar, em silêncio, angustiado. Terminado o jogo, fui dar uns toques de bola, na relva, lá fora, com o meu pai. Sempre em silêncio. Aguentando em surdina algo de muito estranho para mim. Até que rebentei e chorei como a criança que era. É isto que guardo daquele que foi, provavelmente, o melhor escrete canarinho de sempre. A minha primeira selecção, como as primeiras escolhas?, foi efémera e amarga...»

A fotografia e a indicação do seu aniversário foram prestadas pelo botequim imaginário do Bruno Ribeiro. O meu agradecimento e o conselho geral de lá darem uma saltada, que valerá sempre a pena.