segunda-feira, junho 23, 2008

Acabou-se...

Ainda hoje não sei o que se passou, o que se terá passado... Não alinho com a ideia de que os russos desbaratinaram os holandeses. Que cilindraram. Que isto e que aquilo. Não faz sentido algum. É óbvio que a Rússia ganhou, categoricamente, sem espinhas, e fê-lo muito bem {podia até tê-lo feito por mais...}. Mas não foi por ser um espectáculo de organização ou de futebol avassalador {e isso vai ver-se mais à frente}. Fê-lo porque a Holanda desapareceu, pura e simplesmente. E nem foi no sábado, frente aos russos, que desapareceu. Não, ela desapareceu entre o jogo da Roménia e o jogo dos quartos-de-final. Porque no jogo frente à Rússia já lá não estava. Era mais do que óbvio que a Holanda nunca seria apanhada desprevenida pela Rússia. Sabem preparar os jogos, acompanharam a progressão da Rússia ao longo do torneio, conhecem inclusivamente o seu treinador {um holandês...}, logo, a surpresa nunca seria um factor. Surpresa, surpresa, foi o verdadeiro apagão da Holanda. O que nunca se esperou foi que a Holanda não jogasse, não pressionasse, não atacasse, não jogasse em grupo. Como o fez nos primeiros 3 jogos! Surpresa não seria ver a Rússia a jogar à holandesa {aliás o meu último post antes do jogo referia-o...}; não, surpresa foi ver a Holanda a jogar a sei lá o quê...
O choque por aqui foi tão grande que só hoje me atrevo a encarar o teclado, não li quase nada sobre o jogo, não procurei explicações e justificações; desculpas sequer. Mas consoante o tempo passa mais me convenço de que a explicação só pode estar nas faixas pretas. Sim, parece-me agora mais do que evidente que a Holanda nunca devia ter entrado em jogo com o peso das braçadeiras pretas. O luto por Anissa devia ter sido espiado de outro modo. Ou internamente e ponto final. Ou com um minuto de silêncio ao abrir do jogo. Nunca assim. A Holanda não merecia carregar aquele luto daquela maneira. Como sorrir naquelas vestes? Como encarar aquele jogo à semelhança dos outros jogos? Nos 3 jogos iniciais não houve jogador que não ostentasse um largo sorriso, que não destilasse alegria enquanto corria pelo relvado. Era o prazer pelo prazer. Como fazê-lo naquela noite? Eram energias distintas, antagónicas, incompatíveis. Só lhes restou arrastar a carcaça. Tentar resolver individualmente. Esbracejar. Penar. Adiar o inadiável.

Henk Kesler, o presidente da KNVB {o Madaíl holandês...}, declarou logo no dia seguinte que os holandeses não irão trabalhar no dia 23 {hoje} com a alegria e o brilho nos olhos das semanas anteriores. E que as vitórias e as derrotas, no desporto {como na vida, acrescento eu} estão ligadas intimamente. C'est la vie, já tinham dito os franceses uns dias antes...

E a tristeza que invade o corpo daqui para a frente? A cada ataque espanhol ou italiano uma alfinetada. De cada centro dos pés de Torres ou de cada corte de Aquilani uma dor de alma. A Holanda já não os enfrenta na quinta-feira que vem... Além do que o estúpido do homem não pára com a cena de que a Rússia espera pacientemente no sofá... No sofá? O gajo é mesmo imbecil! No sofá estou eu... enterrado, apático, triste.

Acabou. Já não há verdadeiro prazer na coisa. Quando isso acontece, a Alemanha vem e ganha. É esse o estratagema, sacanas... Campeões europeus pela quarta vez.

1 comentário:

aquelabruxa disse...

é sempre assim com a holanda, não é? ou têm um azar do caraças (com penalties ou isso) ou "desaparecem". e os alemães, por exemplo, é ao contrário, não é? primeiro não estão lá, e depois de repente materializam-se e marcam dos golos mais lindos do campeonato. misticismos do futebol.