quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Bizarro

Ontem à noite apanhei o Paulo Portas na RTP1 a defender o voto em D. João II (para a paródia dos Grandes Portugueses). Mentalmente, deixei de visualizar a cabeça do homem e passou a estar na televisão... o Otelo Saraiva de Carvalho! Virei-me para a minha querida esposa, com uma expressão de surpresa, e ela confirmou que estava a pensar exactamente no mesmo. Tapei a cara do Paulo Portas (com a palma da mão entre mim e o televisor) e lá estava o Otelo... Há coisas do arco da velha. O pior é que não sei o que achar disto tudo... Achar que aqueles dois são lados da mesma moeda parece-me um tanto ou quanto abusivo e rebuscado, mas que estavam os dois no mesmo plano lá isso estavam. Tipo aquelas imagens (aquelas com risquinhas... sabem?) que ganham movi-mento consoante nós mexemos a nossa cabeça em relação a elas... Estão a topar? Se me mexo para a direita vejo o Paulo Portas. Se me mexo para a esquerda vejo o Otelo Saraiva de Carvalho. Bizarro.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

31 de Maio de 2007 no Santiago Alquimista (Lisboa)...

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!!! Pelican !!!
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Para terem uma ideia, pequena que seja, do que aí vem,
vejam o post emprestado pelo Escape From Noise.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

E já agora...

... um manguito para essa besta que é o Al Gore que vem a público (depois de tanto alarido sobre "a verdade incoveniente" que lhe dá o Oscar) dizer que a questão do Ambiente não é uma questão política mas sim moral. Boa!

Na realidade...

... não aguento e tenho de dizer que estou muito feliz pela Helen Mirren.

Está decidido...

... não falo dos Oscars!

domingo, fevereiro 25, 2007

Galopar

Se há uma semana foi o trotar, hoje foi o galopar. E a lição agarrada ao galope (que com esta coisa da equitação vêm sempre muitas lições agarradas...) foi esta frase lapidar: «Carlos, você agora já não tem controlo nehum. Deixe-se ir, deixe o cavalo galopar. Coloque os ombros para trás e deixe-se ir.» E assim foi (ou pretendeu ser, pois nem sempre correu na perfeição...) durante uns bons 5 minutos (o que, convenhamos, é uma eternidade; para nós, a turma, foi a primeira vez que tal aconteceu). E foi tão, tão, tão bom. Acabei a aula feliz da vida, a escorrer água da testa, agarrado ao Quixote, a escorrer água da tábua (o pescoço). E deixei-me ir. E quando tal aconteceu foi do caraças. Obrigado Jorge, obrigado Quixote, obrigado Carlos.

sábado, fevereiro 24, 2007

Deoliiiiiiinda, olhó Melro!

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Ontem, finalmente, consegui assistir, ao vivo, a uma das mais fantásticas cenas musicais deste país. Deolinda de seu nome. Já tinha referido aqui este projecto, já tinha ficado de olho aberto e ontem, no Cefalópode, pude confirmar aquilo que acabo de dizer.
A cena Deolinda é composta por Ana Bacalhau (na voz; e que voz!), por Zé Pedro Leitão (no contrabaixo) e por Pedro da Silva Martins e Luís José Martins (ambos nas guitarras clássicas). A cena Deolinda gosta de se definir como sendo a fusão do Fado com o Urânio Enriquecido. E bem enriquecido! À mente saltam-me ingredientes como, por exemplo, O'Neill, Zeca, A Caixa (do Oliveira), ginginhas bebidas com prazer, vinho marado bebido para ter alguma espécie de prazer, Romeu e Julieta, o Mercado da Ribeira, as Variações de Goldberg, chuva e sol no mesmo dia, Joana Vasconcelos, gaiolas nas beiradas das janelas, Vasco Santana, Pessoa, manjericos e sei lá que mais!
A todos vós que por aqui passam vos digo, podem vê-los e ouvi-los (e escangalhar-se de riso; ponto muito importante nos espectáculos da Deolinda) nos próximos dias: 17 de Março, no Incrível Almadense (Almada); 14 de Abril [a confirmar], no Cabaret Maxime (Lisboa); e 21 de Abril, na Associação Guilherme Cossoul (Lisboa).
A não perder! Nenhum deles. Destes tipos dá vontade de ser groupie...
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(Ilustração de João Fazenda)

A minha filha está com sede...

Ontem a minha filha disse à mãe dela, enquanto lavavam os dentes, que era bom que ela, a mãe, se fosse preparando, pois ela, a filha, estava prestes a querer saber muitas coisas sobre o mundo e a vida. Que sentia que tinha muitas perguntas para fazer. «São tantas coisas que eu nem sei bem por onde começar...» confessou a princesa com os olhinhos a brilhar.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

O bigodes aterrou...









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O homem é um espectáculo!
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(ver posts anteriores, este e este)
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quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Diogo Gonçalves de Travassos (parte 2)

No fim-de-semana passado regressei ao Mosteiro de Alcobaça. Em post anterior tinha mencionado a descoberta, neste templo, da campa de Diogo Gonçalves de Travassos. De como era pura e simplesmente uma jóia. Mas as imagens que deviam, então, ter acompanhado o post não estavam aceitáveis. Desta vez saíram bem e aqui ficam elas (clicar para ver num formato maior).


A campa, rasa, mesmo à entrada da Capela do Fundador.



O "D" radiante de Diogo, motivo central da lápide.



Um dos "D" laterais, numa verdadeira aplicação de copy/paste. A simplificação do motivo, por força da sua redução, é notável. Note-se a redução do número de raios (de 36 para 20) de modo a não perder o efeito e, sobretudo, a simplificação da própria letra – o serife superior (de algo rebuscado e irregular para algo simples e claro) e a trans-formação (de formas curvas para formas em diamante) dos elementos que ladeiam o corpo da letra.

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Naturalmente que continuo interessado em saber mais sobre esta personagem. Para não falar do artífice que fez a campa. Assim sendo, se alguém souber onde buscar informação adicional sobre um e outro, deixe um comentário por favor.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Contentinho

Hoje vou jantar a um restaurante que não conheço. É da idade ou isto é um acontecimento?

Tristinho

Já lá vão praticamente três meses desde o seu nascimento e nem um comentário recebi. Nada. Será que não há malta interessada na filmografia de 1971? Vá lá, vamos a trocar filmes!
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A princesa não anda por cá...

Ter uma filha a 80,40 quilómetros ou a 1771,25 quilómetros não é, de facto, a mesma coisa. Não digo que as saudades e a estranheza da não presença da criança sejam proporcionais ao aumento da distância, mas que é diferente é. A mãe dela também acha. E a avó. Que seja feliz, a criança, dizemos nós.

domingo, fevereiro 18, 2007

Trotar

Hoje de manhã, depois de uma semana de intervalo, voltei à equitação. Calhou-me a Safira. E com ela trotei (por instantes) feliz da vida. Hoje, pela primeira vez, o trote levantado saiu-me natural, tudo parecia querer sair bem, as costas estavam direitas, o equilíbrio estava lá, o dar com os pés surgiu (ao fim de algumas aulas à nora) e eis senão quando... A Safira baixava a cabeça (levando-me com ela...) a torto e a direito, o professor Jorge chamava-me à atenção de que não segurava correctamente as rédeas, que isto e que aquilo... Pois, a vida é assim. Quando achamos que já está, que já estamos a chegar lá, o lá pira-se e põe-nos aqui, donde na realidade ainda não saímos. Devia ter respirado mais e pensado menos. Consolo tenho no facto de não ter posto as culpas na Safira. Coitada, ter de apanhar comigo... o seu a seu dono. O nabo sou (fui) eu.

sábado, fevereiro 17, 2007

Lady in the Water

Devo confessar que parti para este filme com três ou quatro filmes anteriores do Shyamalan vistos e não gostados. Talvez o Unbreakable me tivesse agradado um pouco, mas no big deal. Também estava presente o facto de o filme ter sido um desastre financeiro nos EUA e de a crítica ter demolido o filme, sem tréguas. Devo mesmo confessar que esse foi um argumento forte que me levou a ver o filme (dado que já tinha desistido do homem por alturas de A Vila, que não vi), pois se a crítica foi assim tão crítica é porque o filme até deve ser bom, pensei. Pois se quando a crítica elogiou sem fim (casos anteriores) eu não gostei... Mas agora que o vi, pergunto-me: como é possível ter-se maldito tanto este filme? E concluo, tristemente: ainda temos (humanidade) um longo caminho pela frente...
Ao contrário dos fimes anteriores de Night Shyamalan, todos eles muito elogiados e todos eles muito "do sobrenatural", este Lady in the Water (2006) foi mal recebido por ser, na minha opinião, mais "do espiritual". Com o sobrenatural podemos nós bem. Agora, quando se trata de encontrarmos em nós um outro lado da nossa natureza, não outra natureza (sobrenatural; extra-terrestre; x-files alike) mas outra versão da nossa natureza, bem, aí a coisa já não é assim tão simples. Logo, no ringue, no embate sobrenatural versus espiritual ainda há muito round pela frente.
A maneira que Shyamalan encontrou para nos mostrar o processo de dor e cura, muito pessoal, da personagem de Giamatti (como diz o meu cunhado, um dos grandes dos nossos tempos... e quem sou eu para o contradizer) é deliciosa e enternecedora (será isto que a malta não aguenta...?). O modo como se aborda a tristeza muito profunda de uma das personagens e o modo como se nos explica que a tristeza de um encontra sempre eco e enredo nas vidas dos outros é belíssima. A imagem é bela, a câmara está colocada em espaços escolhidos a dedo e, porra, muito bem escolhidos. A cor é fantástica. O resto das personagens é fantástico (de fantasia!) e o modo como Shyamalan as faz preencher o espaço e o ecrã é notável. O homem é bom.
E deve ser um bom pai! Pois tudo começou como uma "história de boca" que ele foi contando aos seus filhos, dia após dia. Até se tornar neste filme. Dá para perceber que Shyamalan sabe que fez um filme a pensar nos que aí vêm e nos que já começaram a chegar. As crianças, e o modo particular que têm de ver a vida (e prova disso temos no miúdo que faz de Intérprete), estão muito presentes no discurso e sentir deste filme e é mais do que certo que as teorias acerca das Crianças Índigo não são desconhecidas a Shyamalan. Aliás, o fecho do filme vai nesse sentido quando Shyamalan nos brinda com o tema Times Are Changing, de Bob Dylan (numa versão muito inspirada, interpretada pelos "A Whisper in the Noise"), já para não falarmos da frase promocional do filme: A Classic Bedtime Story For A New Generation.
Eu gostei, e muito. E dou agora crédito a Bénard da Costa quando, há muitos anos atrás, escreveu (se me lembro bem, ainda n'O Independente) que este Shyamalan era a melhor coisa que tinha acontecido ao mundo do cinema, que ela era um génio, que era o verdadeiro herdeiro e substituto de Hitchcock, isto e aquilo, à la Bénard. Torci o nariz na hora e assim o mantive até hoje à tarde... Times are changin...



quinta-feira, fevereiro 15, 2007

O bigodes está a caminho...

Só para avisar que já comprei o DVD do Sharky's Machine, de Burt Reynolds (filme abordado em post anterior). Ficam, pois, prometidas para breve algumas imagens da película.

Comprei o DVD (Região 4) no Ebay, paguei no PayPal (custou-me 9,80 euros) e já vem a caminho pelo Royal Mail/CTT. E viva a globalização!

O meu café é o nosso café...

A blogosfera é como um café no qual é possível um tipo levantar-se da sua mesa, dar uns passos na direcção da mesa mais ao canto, ou junto à montra, ou onde está a tipa mais gira (porque não dizê-lo?) e dizer de sua justiça em relação ao tema que ali, nessa mesa que não é a sua, está a ser discutido. No fundo, a blogosfera permite-nos fazer aquilo que as convenções sociais não nos aconselham (ou inibem mesmo), ou seja, ouvir conversas alheias e nelas participar sem ter de proferir meio a custo «não pude deixar de ouvir a sua conversa, mas...». Esta liberdade não tem preço. O Blogger é o melhor café do mundo! Qual Starbucks, qual carapuça.

!!! GLORIOArrrrrrgggghhghhh....

Os mais atentos já devem ter percebido que criei hoje uma terceira categoria para os posts dedicados à bola (ou seja, ao SLB). Isto porque a noite de ontem trouxe coisas novas, meus senhores. Não há dúvida nenhuma que merecemos ganhar o jogo (por isso, !!! GLORIOSO !!! podia ter sido o título), mas também é verdade que jogámos mal e porcamente (e então o título podia ter sido Arrrrrrgggghhghhh....). Assim sendo, só nos resta a fusão dos dois e sob a nova categoria passar a abordar (sempre que se justifique) o "maravilhoso" mundo do adepto benfiquista. Nenhuma massa adepta deste mundo deve ser tão bipolar, ou esquizofrénica, ou whatever, como a do SLB. Os meus amigos Rui já mo vinham dizendo, mas ontem à noite pude comprová-lo.
Ainda visivelmente mal refeitos da derrocada ocorrida na Póvoa, a massa adepta benfiquista guardou a sua revolta bem guardadinha durante quatro dias para então, frente a frente com os seus jogadores, desfraldar toda a sua fúria. Tudo teve início, claro está, no fatídico jogo frente ao Boavista em que tudo parecia remar contra o Glorioso. Daí, o adepto seguiu para a Taça e viu, sofrendo horrores, fazer-se Taça. Não aguentando mais a (de)pressão, e antevendo o jogo sempre difícil no campo do Nacional no horizonte, resolveu atalhar caminho, arregaçar as mangas, comer uma dose reforçada de torresmos e fazer uma espera à equipa principal do seu clube do coração. E nada melhor que uma noite europeia. Assim, milhares de adeptos rumaram à Luz e fizeram-se ouvir, e de que maneira!, sempre desafinados quando se tratava de cantar e puxar pela equipa e sempre numa sintonia desesperante quando se tratava de assobiar e/ou apupar. Garanto-vos que nunca ouvi tanta asneira, tanto insulto, em tão curto espaço de tempo. E sabemos todos como a caralhada faz parte do jogo... Mas o ódio, a raiva, o cuspo no canto da boca como os que eu vi, ouvi e senti ontem à noite, esses nunca tinha presenciado. Momentos houve em que pensei em pirar-me dali. Mas havia sempre um golpe de rins do Leo ou um passe do Maestro que, por momentos, me empolgavam e faziam acreditar que valia a pena passar por aquele espectáculo todo. E, por fim, o pequeno bombardeiro facturou e com ele todos nós nos fomos deitar um pouco mais tranquilos. Até domingo...

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

SHARKY'S MACHINE

Ontem, acabadinho de chegar a casa, sentei-me no sofá com o intuito de trincar uma fatiazinha de pão alentejano com queijo (Sotoniza), tipo relax. Interlúdio para matar a fome e entrar em home mode. Ligo a televisão, "zapo" até ao canal Hollywood e – BAM! – o bigode de Burt Reynolds esmaga-me contra as almofadas do sofá. Boa, pensei, já não mudo de canal e ainda me rio um pouco até o lanchinho acabar. Eram para aí umas 18:30 (o filme já levava uma meia hora de rodagem) e segui, siderado, até às 20:00 (hora em que desliguei a televisão). Como gosto de descobrir filmes nas horas e momentos mais inesperados!
O filme chama-se Sharky's Machine (1981) e é a terceira experiência do próprio Reynolds como realizador (embora as primeiras duas no registo da comédia, ao contrário desta), o que ainda torna a coisa mais interessante. Dando já uma previsão do que viriam a ser os 80's mas ainda com um toque fortíssimo dos 70's, este filme, basicamente um thriller policial, conta com uma notável banda sonora (de Chet Baker e Sarah Vaughan, entre outros), um elenco secundário com personagens muito bem conseguidas (atenção especial a Victorio Gassman, Charles Durning, Richard Libertini e, acima de tudo, a Bernie Casey) e com truques de realização e de montagem muitos bons mesmo (os momentos de diálogos sem voz, só movimentos de boca, e movimentações de jazz por cima são fantásticos). A dama do filme, com os seus longos cabelos e fartos peitorais, fica a cargo de Rachel Ward. A mim passou-me ao lado, mas para os muitos que viram (três anos mais tarde) o Against All Odds este nome decerto diz alguma coisa...
O Youtube desta vez deixou-me pendurado (só me aparece um ficheiro manhoso com o filme todo resumido em 9 minutos...) e as fotografias sobre o filme não abundam na internet, mas aqui fica a review do New York Times feita na altura.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Let's Party!

Um dia depois da vitória do SIM, com o ar já mais respirável depois de tanto engasganço, parece-me que este sonzinho e estes saracoteanços são apropriados. Nem que seja para provocar Ribeiro e Castro & Companhia...


domingo, fevereiro 11, 2007

Sim, Obrigada

Fico contente por ter ajudado (através do meu voto no SIM) o NÃO a conseguir o que queria. Ou seja, o SIM. Aquilo que o NÃO sempre quis mas não tinha coragem (com toda a legitimidade, atenção) para pedir foi, finalmente conseguido. Estamos, pois, todos de parabéns. Conseguimos todos o que queríamos. A Percepção da Unidade revelou-se uma vez mais. E a cereja em cima do bolo é que o assunto volta para onde não devia ter saído: a Assembleia da República. E, como se perspectiva, vai ser aí que se vão discutir e resolver as verdadeiras questões que o aborto levanta (e que em poucas horas após o resultado do referendo já toda a gente de todos os quadrantes pareceu concordar nisso), a saber, o acompanhamento, a objecção de consciência, as penas após 10 semanas, o SNS, o processo de certificação dos estabelecimentos de saúde, etc.
O circo acabou.
O legislador que comece a trabalhar.
A vida continua.
Com aborto, como dantes.

S(IM)MS

A quantidade de SMSs, oriundos do campo do SIM, que tenho recebido ao longo do dia de hoje só me fazem lembrar o Glorioso, ontem à noite, após aquele notável e mortal golo do Mendonça. Tanto desespero só fica mal, digo eu. Respirem.

Arrrrrrgggghhghhh....

Aquilo ontem foi miserável de mais! A quem brinca com coisas sérias acontece-lhe destas. Só me apetece deixar aqui três notas. 1) Nélson: ir-se abaixo das canetas (psicológicas, leia-se) por causa de um autogolo é muito infantilóide. Passar o resto do jogo a querer redimir-se, a querer compensar de qualquer forma o erro cometido, não se compreende e só fez com que nunca mais desse uma para a caixa a partir daquele momento (que foi aos 13' !!!); Ainda o Nélson: deve andar a ver demasiados DVDs do Circo Scolari com o inigualável Palhaço Ronaldo. Para quê esse vento todo, pergunto eu? Joga, não dês espectáculo. O objectivo, dentro do campo, é passar o adversário, fazer o centro como deve ser e esperar que lá esteja alguém para finalizar. O objectivo não é ter toda a gente a dizer "aaaaahhh, que lindo! que bem que joga" mesmo depois de ter chutado a bola para as nuvens ou de ter rematado contra o tipo que está à frente dele... 2) A baliza: entrar em campo achando que num dos extremos do campo está a baleia branca do Glorioso começa a ser demais! Deixem de ser infantilóides e joguem à bola. Os risos nervosos, os esgares ansiosos, que se vislumbram nas carinhas larocas daqueles meninos já começam a irritar. Olhem menos para o céu (como se a explicação lá morasse...) e mais para a baliza! 3) Fernando Santos: Foda-se (e eu não costumo dizer asneiras neste blog!), já não o posso ver à frente. Até vos digo mais: só espero que o engenheiro perca novamente logo à noite!

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Os brincos e a vida profissional...

Tinha eu 14 ou 15 anos de idade, lá nos idos dos anos 80, e resolvi furar as orelhas. Melhor, a orelha. Pois bem inculcada no folclore de então estava a ideia de que os homens (leia-se os heterosexuais) não furavam as duas orelhas, apenas furavam uma, a da esquerda. E lá furei a esquerda. Duas vezes!
Na altura já vivia apenas com a minha mãe (pais "desquitados"...) e o meu pai nestas matérias era pouco considerado. Naturalmente que não tardou em ficar a par do sucedido, estava já o facto consumado, e não se inibiu de expressar a sua opinião. Daquela manhã no "Estaminé" (pequeno café, junto ao meu prédio), ressoam ainda hoje em mim as palavras, meio enraivecidas, por ele proferidas acerca do meu estúpido projecto e do futuro desastrado que me esperava. «Primeiro, vai ser a tropa. [o meu pai era na altura qualquer coisa como tenente-coronel médico; nada ligado à instituição e aos seus valores, mas militar na mesma] Não fazes ideia do quanto esses brincos te vão fazer sofrer na tropa... E o emprego? Tu achas que te vai ser fácil arranjar emprego nesse estado? Tu pensas que estas coisas não pesam na decisão de empregar alguém? E na língua, puseste algum?» Pois, nem mais...
Hoje não tenho dúvidas que aqueles brincos que ostentei então (e não foram mais do que uns anitos...) são, em parte, na sua medida, responsáveis pelo meu sucesso actual. Sou trabalhador independente, gosto do que faço, não respondo senão perante mim e os meus clientes, tenho o meu canto (que bem precisa de uma espanadela...) e sei hoje, uma vez mais, que fiz bem em não dar ouvidos ao meu pai. Ele desempenhou o seu papel (sei-o bem) e eu o meu. Mas apercebo-me, hoje, do quão influente pode ser para o futuro profissional de um teenager imberbe o "simples" acto de furar as orelhas (colocar aqui a situação adequada a cada um). Esta relação é maravilhosa, não é?

Blogochi OU Tamablog

É impressão minha ou um blog é como um Tamagochi, mas para crescidos? Um animal de estimação virtual para um público graúdo, urbano (ou não), letrado (ou não) e com desejos de partilha e comunhão. As semelhanças são, a meu ver, significativas.
O momento de criar um blog tem semelhanças com o momento em que se retira a pataleta traseira de um tamagochi. O primeiro post é como quando se descobre o sexo do tamagochi acabado de comprar. Não é incomum vermos por esse imenso campo virtual blogs que morrem, que expiram, como se se tratassem de tamagochis pouco amados (leia-se cuidados) pelos seus donos (leia-se autores). A criação e manutenção dos posts, a correria para criar posts que nos surgiram na cabeça e que não queremos perder, em tudo se assemelha à alimentação de um tamagochi. Quando chora dá-se de mamar, quando acaba de fazer exercício dá-se comida reforçada. Não se pode nunca desarmar. E quantas relações entre blogs (os famosos links laterais) não se podem comparar às listas de amigos dos tamagochis originais? E os comentários que deixamos nos posts alheios? Verdadeiras prendas de tamagochi para tamagochi!
Ao meu, como tem nome de anjo, não lhe conheço o sexo, mas sei que tem alguns amigos, pretende fazer mais e quer, acima de tudo, ser feliz para sempre.
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(Nota explicativa para quem esteja a pensar «Que raio, o que anda um tipo destes a fazer com tamagochis? Há cada tipo na blogosfera!». Tenho uma filha de 8 anos e com ela aprendo muito sobre a natureza humana e a vida em geral. O fascinante mundo dos tamagochi é apenas um de muitos exemplos.)

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

«If ain't real, spit out your meal!»

O filme é muito bom e nunca é demais lembrar certas coisas.
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terça-feira, fevereiro 06, 2007

E o meu voto vai para...

1. A primeira intenção é a de não votar sequer. O Referendo enquanto mecanismo é uma fraude, um empecilho e uma inutilidade. O meu lado mais cáustico diz mesmo que não há nada pior que dar voz ao povo, à massa. Uma coisa é dar o voto, outra é dar voz, pedir a opinião. Brrr... arrepios pela espinha abaixo. É um chorrilho de disparates que não tem fim. Não votei há uns anos atrás por este motivo e passei por ter ido trabalhar para o bronze. O que me lixou um pouco, confesso.
2. O segundo momento, e na sequência do primeiro, é o de desejar que se tivesse organizado, em tempo útil, um Movimento pela Abstenção. Organizado, com fundos ou não, mas com um mote bem definido: "Achamos isto uma perda de tempo, uma falácia, e desejamos que esta questão volte para onde nunca devia ter saído: a Assembleia da República!". Um movimento que apelasse à não ida às urnas ou que reivindicasse, e isso é que era lindo!, o direito a uma caixinha no boletim de voto. O direito a uma cruz através da qual os cidadãos apelassem à responsabilização dos governantes. Os cidadãos votam, os governantes decidem. Referendar estados de espírito e questões de cons-ciência é um verdadeiro disparate. Tivesse este movimento nascido e o meu voto era canja. Mas não nasceu e não vou cair no erro de achar que caso ganhe o NÃO este cenário se tornará mais concreto e plausível. Porque não se tornará. Abster-me porque acredito nas razões acima descritas já não chega. Esse não-voto só serviria se tivesse uma base de apoio, um movimento a suportá-lo. Logo, a conclusão desta vez é: tenho de ir votar.
3. Votar em que direcção? Bom, é mais do que óbvio que tem de ser SIM. E, pronto, o meu voto vai para o SIM.
4. É pacífico, este voto? Não, não é. É verdade que nem sequer sabemos bem o que estamos a votar; sim, só depois de ganhar o SIM é que os ilustres senhores deputados vão pensar no assunto (como legalizar estabelecimentos, em que moldes, quantos por habitante, o que fazer aos médicos de serviço que se recusem a proceder ao trabalho, um sem fim de questões que hão-de vir aí). Caso ganhe o NÃO, bem, ficará tudo na mesma como ficou há uns anos atrás. Nem uma alminha do NÃO de então fez uma coisa que fosse para alterar a situação. Se há coisa que lhes agrada é deter o Monopólio do Perdão. Deixai-as abortar, senhores, que nós estaremos cá para as ouvir e aconselhar. Nessa não embarco e tudo farei para que também o Estado possa perdoar a quem deva ser perdoado. Portanto, voto SIM para acabar com o Monopólio do Perdão (os monopólios cheiram a mofo!). Também é verdade que a questão à volta das semanas é miserável. Mais semana menos semana, tudo é tempo, tudo é vida. O SIM pedincha umas semanitas e o NÃO marimba-se nos fetos que resultam de violações (esses podem ser abortados, dizem eles; isto só dá para rir...). Todos têm telhados de vidro nesta matéria. Ninguém tem coragem de afirmar que: ou é ou não é. Para mim, que acredito que são os filhos que escolhem os pais e não o contrário, que acredito que nascer não é forço-samente a melhor coisa que nos pode acontecer, acho que se um tipo vem cá para ser abortado por alguma razão será. Apenas posso desejar que perceba que razão é essa e que cresça um pouco mais. Convenhamos, um tipo ser abortado à primeira semana ou na última é precisamente a mesma coisa. Está vivo agora, está morto agora-mais-um-minuto. Lá porque tem coração, unhas dos pés e pilinha bem visível já conta mais do que quando tinha apenas um pulsar microscópico? O aborto devia ser descriminalizado sempre que ocorresse e deveria ocorrer até que fosse clinicamente exequível. Mais nada. Ou é ou não é. Mas parece que só querem até às dez semanas... o que, apesar de tudo e caso ganhe o SIM, vai continuar a deixar algumas mulheres em maus lençois. Pois, na realidade, pouco se tem falado do que acontecerá às mulheres que abortarem depois das 10 semanas e/ou fora de estabelecimentos devidamente autorizados. Cheira-me que estão lixadas e cheira-me que o pessoal se está a marimbar e isso é triste, para não dizer miserável. Portanto, voto SIM para que, pelo menos, as mulheres que abortam até às 10 semanas (as mais elucidadas, não nos iludamos) não tenham de ir a tribunal. Que, ao menos, essas escapem à humilhação adicional de um julgamento.
5. Estas ideias já vinham sendo alinhavadas por mim de há uns dias para cá; quando podia, e me apetecia, por aqui passava e acrescentava uma linha, emendava outra, refazia outra e assim me ía entretendo/entendendo. Mas ontem à noite surge, a título pessoal, a revelação e o ponto final nesta questão. Não se assustem, o SIM continua garantido! O que se passa é que ontem à noite (no "Prós e Contras", sim, não dá para passar ao lado, embora dê para desligar e ir dormir...) ouvi algo que me siderou, no bom sentido, no sentido de fulminar, de iluminar. No sentido da consciência, do serviço. Esse senhor que dá pelo nome de Miguel Oliveira da Silva (obstetra-ginecologista em Santa Maria) levanta-se e diz (no meio de outras coisas) o seguinte: «Porque o que eu desejo para o meu país não é forçosamente o que eu desejo para mim...». Esta afirmação, este pensamento, é notável. E só esta linha devia orientar a discussão. Distinguir os planos. Para A, B ou C haverá sempre a solução X, Y ou Z. Mas para o país só há uma solução possível. Ver esta lei anulada. Porra, eu sei que não é fácil pormos de lado as nossas convicções, olharmos a realidade dos factos, e tomarmos uma atitude consentânea, mas é precisamente isso que nos pedem neste momento. Sermos honestos. E a honestidade pede o SIM. E por isso vou votar SIM. Porque, embora não me reconheça nesta patetice, nesta fogueira de vaidades, neste chorrilho de intransigências, percebo que SIM, é preciso mudar a lei. O país precisa.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Palavras para quê?

Uma vez mais Jorge Camões (através do seu site/blog BizViz) traz-nos de volta à realidade, à dura realidade dos factos. Andam-nos a enganar constantemente. Não nos esqueçamos disto, nem por um instante. Quando olhamos temos de saber olhar para além do que estamos a olhar. Comprovem-no, uma vez mais, aqui neste pequeno artigo.
E ainda acrescento mais, se concordo que o BPI devia refazer os gráficos e pagar uma multa por publicidade enganosa, pergunto o que deveria o BPI fazer aos Gráficos? Sim, os gráficos foram pensados por malta de fato mas foram feitos por malta de sneakers. Os gráficos foram feitos por Gráficos! O que fazer a esta gente? Não se exige responsabilidade social a esta gente?

domingo, fevereiro 04, 2007

Mário Soares

Fiquei agora a saber que Mário Soares ganhou o concurso "O Pior Português de Sempre" (iniciativa, um tanto ou quanto parva, organizada pela dupla O Inimigo Público/Eixo do Mal). Assim se confirma aquilo que eu já tinha observado num post anterior. Não só já era o grande vencedor do concurso "Os Grandes Portugueses" (foi o mais votado dos vivos; acima dele só restam mortos) como, agora, se comprova uma vez mais que ele é uma das maiores personagens deste país. Num país de pernas para o ar (será este o país das maravilhas?...), onde as relações amor/ódio persistem em contaminar toda e qualquer discussão possível, ganhar o título "Pior dos Portugueses" só pode ser visto como a prova cabal de que se é o "Grande Português". Uma vez mais, os meus parabéns a Mário Soares.

sábado, fevereiro 03, 2007

«Je pense toujours à toi, Marie.»

Sempre que revejo o filme Casque d'Or (1952), de Jacques Becker, percebo o porquê deste filme ter constantemente lugar cativo na minha lista de filmes favoritos, esse exercício tão arriscado quanto irresistível. Este filme tem tudo para ser um grande filme: tem amizade, honra, traição, morte, ciúme e amor; tem putas, gente que trabalha em mesteres, bandidos, canalhas e polícias; tem bas-fonds, tem a Paris fin-de-siècle, clarabóias, montras pintadas à mão, seges e empedrado; tem bares, cafés, prisões e igrejas; tem Joinville (la campagne) com pássaros, rio, brisa fresca e café quente bebido em malgas; tem silêncios, música, muita música, bailes, riso e absinto a copo; e tem amor e mais amor, encastoado num dos mais intensos pares do cinema francês – Serge Reggiani e Simone Signoret.
A visão de Manda (a personagem de Reggiani) de faixa à cintura, jaqueta, lenço ao pescoço, boina de lado e cigarro na boca descendo um carreiro (em direcção ao rio), entre um chilrear intenso e um mar de árvores (que árvores são aquelas?) e silvas, quase nos fazem sentir o aroma e o gosto das amoras silvestres. E que dizer do aproximar do barco de Marie, enquanto Manda dormita na margem, do som dos remos nas águas calmas do rio? E o acordar de Manda?
Aqui fica uma pequena imagem dela, a casque d'or do título, a loira.


Arrrrrrgggghhghhh....

Bem, passou já quase um dia, e eu não li nada (mentira, li algures, de relance, que Rui Costa em 20 anos de carreira nunca viu nada assim...), não vi nada, não ouvi nada. Nem quero. Apenas sei que o jogo de ontem confirma o dito "Não acredito em bruxas, pero que las ay, ay". Podíamos ter ficado ali a noite inteira que o resultado final seria sempre 0 a 0. E para quem dizia, há uma semana atrás, que os outros jogam e o Benfica marca... bem, mais valia estarem caladinhos. Jogámos como nunca e não marcámos. Jogámos ontem como campeões. Vamos é ter de esperar que outros derrapem... Miserável!

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Abril que vem...

Astrólogos que por aqui passem, precisam-se explicações! O que se passa lá em cima, que astros estão em conluio, de modo a que seja possível que a segunda quinzena de Abril nos seja tão favorável?! Dia 22 de Abril: Cult of Luna. Dia 24 de Abril: Red Sparowes (a confirmar). De 19 a 29 de Abril: IndieLisboa, no qual passa Old Joy. Três momentos a não perder em Abril. O metal sueco dos Cult of Luna ressoará no Cineteatro de Corroios. A muralha de som dos Red Sparowes pousará no Santiago Alquimista (espera-se; torce-se). E o filme de Kelly Reichardt traz-nos a oportunidade de vermos no grande ecrã esse monstro sagrado que é Will Oldham (atenção à banda sonora, a cargo dos Yo La Tengo). Eu que andava tão tristinho por não poder marcar presença, precisamente em Abril!, no Roadburn Festival (Tilburg, Holanda), bem, já não me queixo. Exulto, antes!
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Cult of Luna, nunca me canso de o repetir, aqui.
Red Sparowes, idem idem aspas aspas, aqui.
E o trailer de OldJoy, aqui em baixo.