sábado, maio 29, 2010

Óbito

17 de Maio, 1936 – 29 de Maio, 2010



Palavras para quê?

Cromito Ergo Sum

Ao longo das últimas semanas fui trocando cromos com inúmeras pessoas nas mais diversas situações. No CC Amoreiras, no CC Vasco da Gama, no Parque Eduardo VII, no Chiado, sempre com desconhecidos {até então}, sempre com marcação prévia via internet, nomeadamente através da página dedicada criada no Facebook. Também houve as trocas ocasionais com alguns filhos de alguns amigos meus. Mas o ambiente de eleição, o local mais adequado e aprazível e os parceiros mais curtidos são o Jardim da Parada, o parque infantil e o grupinho de 3 putos que por lá andam, dia sim dia não, ao final da tarde, respectivamente.

Praticamente todos os dias, após apanhar a Júlia na creche, dirijo-me ao parque infantil com ela. E praticamente todos os dias me encontro lá com o Rafael {aka "Rafa"}, com o Dias {aka "Cid", aka "Ciclista"} e com o Francisco {aka "Didi"}. Mal chego, tiro a miúda do carrinho, levanto os olhos para o cimo da torre de madeira onde eles costumam assentar praça e pergunto «Então, como estamos de repetidos hoje?». Saltam lá de cima para o andar térreo da estrutura e, sem ser preciso dizer nada, começamos todos a tomar posições e a preparar os molhos dos repetidos. Até ontem à tarde o ritual era o seguinte: eu comparava os repetidos de cada um deles com a minha lista, retirava do monte os que não tinha e depois de os contar {digamos que eram 7} passava-lhes para a mão o meu monte e eles retiravam os tais 7 {que quase sempre acabavam por ser 10, ou 12, ou 15...; que querem?, sou um tipo porreiro...}.

Pois ontem o cenário mudou. O "Rafa" tem-se aplicado, ou melhor, o pai dele tem andado a trabalhar em exclusivo para a Panini..., e agora é ele quem está mais próximo do fim. Ontem faltavam-lhe 20 contra os meus 40 e poucos. Isto significa que fui eu quem começou por ver os repetidos dele {para cima de 200...}. Encontrei 9, uma boa colheita. Depois, foi a vez dele. Encontrou 1... «Chiça, só vou poder trocar 1 contigo, Rafa...», exclamei desanimado. «Não, senhor. Pode ficar com os 9.» «Rafa, nada disso, troca é troca, é 1 por 1...» «Então e os que o senhor já me foi dando ao longo dos tempos? Fique lá com eles. É que nem se fala mais nisso.» Lindo! Grande "Rafa". Depois foi a vez do "Cid". No monte dele apenas encontrei 1 cromo em falta. «Xiiii..., estou com azar» «Não desesperes Cid, o Rafa deu-me agora mesmo 9 por 1. Dá-me esse e tira lá 9. E assim retribuímos, e assim agradecemos ao anterior e servimos o próximo.» Lindo! Todos percebemos a importância da coisa. E seguimos com o ciclo. O devir.

sexta-feira, maio 28, 2010

Goooo—kaboooom—aaaaalllllll!

Eu nem devia estar a brincar com isto, porque, a ser a sério, é assunto sério. Parece que existem sérios indícios de que a Al Qaeda tenciona fazer rebentar algo no dia do jogo entre a Holanda e a Dinamarca {14 de Junho}. Porquê neste dia? Por causa do jogo. Mas porquê este jogo, porquê estas duas equipas? Por causa de um tipo chamado Geert Wilders {um tonto holandês} e por causa de uns tipos {noruegueses} que desenharam em tempos uns cartoons que deram brado.

Mas o drama não fica por aqui. Isto já está a ter efeitos secundários, collateral damages. A KNVB {é a casa do Madaíl holandês} já decidiu não permitir que os jogadores viajem para a África do Sul na companhia das mulheres, filhos e familiares. O que isto quer dizer é que se vai perder neste torneio aquilo que no anterior {Euro2008} foi uma das melhores e mais agradáveis facetas do mesmo. A alegria, o prazer, o deleite com que os jogadores holandeses, para quem se lembra, corriam pelos relvados helvéticos não se irá repetir desta vez. Do início do campeonato até ao fatídico jogo com a Rússia — e não me refiro ao resultado, refiro-me, claro está, ao facto de na véspera ter morrido a filha de Khalid Boulahrouz; a meu ver o episódio crucial da campanha holandesa de então — era um prazer absoluto ver aquela equipa jogar. Os jogadores em campo respiravam alegria, após cada golo corriam para as bancadas e abraçavam-se aos filhos, beijavam as esposas, no final dos jogos aquilo eram verdadeiras reuniões familiares, aquilo parecia um verdadeiro anúncio do Feno de Portugal, era um perfeito exemplo de harmonia, de quem se está a divertir à brava e de quem diverte a valer quem assiste, ou seja, futebol. Aquilo foi um fantástico exemplo do que o futebol deve ser.

Mas este ano os 23 que para lá vão, só contarão com eles e com a equipa técnica. E com a oranje legioen, ok. Mas não vai ser a mesma coisa, cheira-me. O que, por um outro lado, até pode ser bom. Pode ser que se esqueçam desse lado mais lírico e se tornem um pouquinho mais mean {para citar um excelente entrevista de Ronald De Boer há 2 anos atrás; ver aqui} e, assim, deste modo, consigam erguer a taça. A ver vamos.

Deviam andar à coca da coca...

Colombianos a serem roubados no hotel em Joanesburgo é obra! Colombianos! LOL, os eslovenos que se cuidem, uma vez que vai ser ali que vão ficar hospedados durante o torneio.

quinta-feira, maio 27, 2010

Oranje elftal

Ora bem, já cá canta a lista. Estes são os 23 definitivos. Op weg naar Zuid-Afrika!



Treinador:
Bert van Marwijk

Guarda-redes:
Maarten Stekelenburg
Michel Vorm
Sander Boschker

Defesas:
Gregory van der Wiel
John Heitinga
Joris Mathijsen
Giovanni van Bronckhorst
André Ooijer
Khalid Boulahrouz
Edson Braafheid

Médios:
Mark van Bommel
Nigel de Jong
Wesley Sneijder
Rafael van der Vaart
Demy de Zeeuw
Ibrahim Afellay
Stijn Schaars

Atacantes:
Arjen Robben
Robin van Persie
Dirk Kuyt
Klaas-Jan Huntelaar
Eljero Elia
Ryan Babel

«Assim é que é, amiguinhos...»

Miles "friggin" Davis

Tinha eu 2 aninhos e andava este génio da "vuvuzela" a moer cabeças por esse mundo fora. Hoje, ao ver isto aqui em baixo, não consegui deixar de me emocionar. Trocava os concertos dos últimos 5 anos por este, de caras. Isto é interior headbanging. Do caraças!





quarta-feira, maio 26, 2010

Oraaaaanje!

Bom, parece-me que é oficial. O Anauel entra hoje definitivamente em Dutch mode. Daqui em diante, e perdoem-me os que se borrifam para estas coisas, este blog vai estar mais virado para o maravilhoso mundo da redondinha. A gloriosa euforia começa a dissipar-se {a águia descansa enquanto se fala neste para a próxima época} e a orange elftal está já na Alemanha para mais uma prova antes de partir para a África do Sul {o leão rampante começa a levantar as patas, neste momento já vence o México por uma duas bolas}.

Lentamente começarão aqui a surgir links, notícias, memórias, curiosidades, análises sobre a selecção laranja, bem como sobre o Mundial em geral. O sol parece que afinal vai voltar, é pois tempo de começar a fazer a festa.

Shellac

Na segunda que passou foi mais ou menos assim... mas para melhor!

O primeiro tema...

... e os últimos dois temas.

Klaas-Jan "Caçador" Huntelaar

Todos sabem que gosto do Oscar "Tenham cuidado, ele é perigoso" Cardozo. Não restem dúvidas. É o maior. Por outro lado, todos sabem que nem sempre tudo o que vem nos jornais é para levar a sério. Não restam dúvidas. Geralmente é só palha. Mas a ser verdade o que estes tipos aqui dizem, bom, então é genial. Que se faça o negócio. Que Cardozo se vá, rumo a outros campeonatos, e que venha Huntelaar. Para quê manter este pequeno génio infeliz em Milão? O "Caçador", na Luz, de águia ao peito! Lindo!



wwww.klaasjanhuntelaar.com

segunda-feira, maio 24, 2010

Está aberta a época...



Está a querer chover, os dias de calor ainda não chegaram a sério, mas o espírito já chegou. Hoje bebi o primeiro de muitos. Ainda não sentadinho, cigarrito aceso, na minha varanda, colhendo os últimos raios de sol, mas já sentindo o aroma descendo pela goela, já com o leão rampante a palpitar em mim {nunca mais chega Junho...}, já preparando o caminho para os Shellac mais logo no "aquário". Haja saúde!

Now entering Dutch mode...



Já não falta muito...

sábado, maio 22, 2010

Lingua Tertii Imperii {#21}



«(...) divertiam-se com uma charada do início da guerra, que também se fazia em Dresden e com certeza nas demais cidades alemãs logo após o início da guerra com a Rússia: qual o significado da marca de cigarros Ramsés? Russlands Armée macht schlapp Ende September [O Exército russo cairá até o final de setembro]. Mas havia uma leitura invertida: Sollte England siegen, muss Adolf raus [Se a Inglaterra vencer, Adolf tem de sair]. Vale a pena estudar o deslocamento desses chistes por época, espaço e camada social. Contaram-me que, certa vez, a Gestapo lançara uma dessas brincadeiras em Berlim para verificar em quanto tempo e de que forma chegaria a Munique.»


Trecho retirado do LTI. Lingua Tertii Imperii, Victor Klemperer, Contraponto, 2009.

Lingua Tertii Imperii {#20}



«A palavra negativa recorrente é asfalto. Asfalto é a superfície artificial que separa os habitantes das cidades grandes e o Boden [solo natural]. Os poetas líricos naturalistas foram os primeiros a empregá-la metaforicamente na Alemanha, por volta de 1890. Naquele tempo, uma Asphaltblume [flor do asfalto] significava uma prostituta de Berlim, sem conotação negativa, pois a prostituta dessa poesia lírica é, de certa forma, uma personalidade trágica. Em Goebbels ressurge toda uma flora do asfalto, e cada uma dessas flores é venenosa. Berlim é o monstro do asfalto. Seus jornais, produtos da journaille judaica, são Asphaltorgane [órgãos do asfalto]. Ali, a bandeira revolucionária do Partido Nazista tem de ser fincada na marra. "O judeu asfaltou o caminho para a depravação com frases e promessas hipócritas", representadas pelo marxismo e a ausência de pátria.»


Trecho retirado do LTI. Lingua Tertii Imperii, Victor Klemperer, Contraponto, 2009.

quinta-feira, maio 20, 2010

Cromwell



Lindo! Hoje troquei 5 cromos {como prometido} pelo Rafel van der Vaart! Deste modo acabo a selecção holandesa, a oranje elftal. Isto significa que a Holanda vai ser a próxima equipa campeã do mundo, pois toda a gente sabe que a primeira selecção a ser concluída é a selecção que ganha a competição! Isto significa que eu estou feliz. Viva!

quarta-feira, maio 19, 2010

Já faltou mais...

... é já no próximo dia 24!

A mim bastava-me que tocassem esta... Crow Crow! Crow!

Bom, a "Squirrel Song" também é mandatory!

terça-feira, maio 18, 2010

Cromados

Hoje, ao longo do dia, vários momentos houve em que me encontrei em pleno estado de cold turkey. Isto porque decidi, ontem, não comprar mais carteirinhas de cromos. Ontem os meus repetidos atingiram o mesmo número das minhas faltas. Pareceu-me pois o momento ideal para parar de dar massaroca à Panini e começar a apostar fortemente na troca. A troca é, de resto, aos meus olhos {e não estou sozinho nisto}, a essência de toda esta cena em redor das colecções de cromos. Mas a ida ao quiosque e toda a expectativa do «será que é desta que me sai o Rafael van der Vaart?» não são de menosprezar, claro está, e daí a ansiedade, a dificuldade do impulso contido, da repressão da recaída.

Mas a troca é o que me resta e é na troca que tenho de investir. E assim tem sido. Só hoje foram vários momentos. Depois do almoço telefonei para uma miúda que usara o fórum do Facebook para divulgar o seu telemóvel e a sua lista de repetidos. Atende-me um tipo. Diz-me que desligue que já me telefona, que assim não gasto dinheiro, que ele telefona do fixo lá do banco. Afinal é o pai da miúda que faz a colecção. Afinal é a miúda quem sabe mexer-se nesta coisa da net e das redes sociais, ele, o pai, só gasta mesmo é o dinheiro do patrão nos telefonemas para as trocas... E isto tudo com um sotaque do camandro. O tipo era, e estava, de Viseu. Na boa, desculpei-me, fica para a próxima. Isto de trocar cromos via Correios não é para mim... Talvez quando só me faltar apenas o Rafael van der Vaart... Ao fim da tarde desloquei-me ao meu local de eleição, o Jardim Infantil do Jardim da Parada. Ali, sim, estou à vontade. Os putos já me conhecem, abrem o olho quando os cumprimento, ficam logo excitados quando lhes pergunto «como vamos de repetidos?», organizam-se e fazem bicha para a cerimónia. LOL. Genial. Além do mais, sabem que sou generoso, pois sobra sempre um ou dois a mais para o lado deles... Aquilo é geralmente uma comoção, há pais que sorriem, outros que olham meio de lado, outros que nem dão conta do que se passa, mas hoje à tarde foi particularmente interessante, pois juntou-se à equação mais um elemento, de resto, bem bizarro. A certa altura aparece na jogada uma velhota, uma avó, óculos na ponta do nariz, com a lista e tudo, ao serviço do seu neto mais velho. Não deu para resistir e lá me sentei {por acaso até foi de pé...} com a senhora e trocámos uns quantos cromos. A mulher exultava. Só falava nas virtudes da troca, do contacto entre as pessoas, ria-se e perguntava-me se eu não concordava com ela, que estava a adorar tudo aquilo, «ai que giro, ai que engraçado», que tinha imensa pena de não ter mais repetidos pois eu tinha tantos que ela {perdão, o neto} não tinha ainda... entretanto, já os putos jogavam portableplaystation a um canto. Um fim de tarde muito bem passado, portanto. Nem me lembrei mais das carteiras, dentro da caixa, na prateleira, no quiosque, ao virar da esquina...

sábado, maio 15, 2010

Chromdioxid

Hoje de manhã fui a um quiosque que ainda não frequentara, ali mesmo em frente à Tentadora. Comprei 3 carteirinhas. Dos 15 cromos que saltaram cá para fora, não tinha 8 deles. Fixe! Nesta fase do campeonato, isto é um bom resultado, pois há dias em que só me sai 1 em cada 5. Os possíveis 3 deram assim em 8, quase o triplo. Nada mal, mesmo. Fiquei a pensar nisso durante a manhã. Ou seja, não deu para resistir e ao fim da manhã dei lá mais uma saltadela. Comprei mais 3 carteirinhas. Mais uns 10, ou coisa que o valha, directamente para a caderneta. Wow! «O que se passa aqui? Quiosque do caraças», pensei. «Tenho de vir aqui mais umas quantas vezes». Depois comecei a pensar que talvez não fosse do quiosque, mas sim da caixa. E lembrei-me de que aquela caixa estava quase no fim, e que até havia uma outra lá ao lado dessa pronta a estrear. Bom, passei o almoço a desejar que o quiosque não fechasse às 13h jurando para mim mesmo que tinha de lá dar mais uma saltadela, que estas coisas não são para deixar passar ao lado. Meu dito, meu feito. Voltei lá e pedi mais 5 carteirinhas. «Vê lá se há aí que cheguem», diz a tipa ao tipo, já com a tal caixa por abrir na mão. «Ainda há 6...», diz ele. «São para mim!», atirei. Vim para casa deliciar-me. Mais surpresas. Abri uma carteirinha só com 3 cromos em vez de 5. Abri outra com 6, mais 1 do que o costume. E voltei a conseguir uma carrada de jogadores que não tinha. Conclusão: aquela caixa estava toda marada, disso não tenho dúvidas. Escapou ao rigoroso controlo da Panini. Saiu com várias imperfeições. O número de cromos nas carteirinhas não estava certo, os repetidos não se sucediam como habitualmente. Era como se cada carteirinha, ao ser aberta, me sussurrasse «toma lá, aproveita, desbunda aí, valeu a pena ter furado o cerco». Uma caixa maverick, rebelde, anarco-punk-hardcore. Fui um dos que tive o prazer de a conhecer. Não há destas todos os dias.

sexta-feira, maio 14, 2010

Cromagnon



Já só me faltam menos de 200, logo já entrei na fase da lista. A listinha com as faltas, onde cuidadosamente se vai dando baixa do que se vai conquistando. Já troquei cromos na esquina em frente d'A Brasileira, já troquei cromos no Parque Eduardo VII {de dia...}, já voltei a trocar cromos com os putos do Jardim da Parada e estou a sair para ir ao CC Colombo para um mega encontro {seja lá o que isso for} de trocas de cromos. Estou lixado. Apanhado. Já não penso comprar muito mais carteiras {isto se conseguir resistir aos impulso...}, estou numa de apostar nas trocas. E começo a pensar noutras coisas paralelas...

Não era do caraças fazer um levantamento dos tipos de listas que cada um vai fazendo? Já vi cada uma. Cada cromo faz a sua lista. Umas lêem-se na horizontal, outras na vertical. Umas em Excel, outras em Word. Uns até fazem a lista dos que faltam e a lista dos repetidos. Há tipos que até identificam os cromos que têm repetidos em duplicado, e em triplicado. Utilizam-se cores diferentes para cada centena {esta eu vi, gostei e é a que utilizo} de modo a facilitar a consulta. Uns colocam os filetes nas tabelas {ó ruído, o horror...}, outros não. É um mundo, este das listas dos que faltam...

E literatura? Será que há literatura sobre os processos da Panini? É fascinante quando um tipo se põe a imaginar como é que todos este circo se monta. Só o processo de pré-impressão, impressão e pós-impressão dos cromos em si mesmos é certamente interessantíssimo. Adoraria ver aquelas máquinas a bulir... Mas o que dizer do processo de distribuição dos cromos pelas carteirinhas e depois das carteirinhas pelos quiosques, a sua introdução no mercado? Deve ser lindo. E aposto que deve haver matemáticos, estatísticos, politólogos e outros tantos loucos por detrás desse processo. Como se controla a criação de cromos repetidos no mercado {no fundo, os custos, ou seja, o ganha-pão da Panini...}, como se determina quais os futebolistas que ficam para o fim {aqueles que nunca ninguém tem} e como se atinge esse propósito? Deve haver literatura sobre isto. Vou averiguar...

E os hábitos e rituais de compra? Uns compram as caixas inteiras, toma-lá-60-euros-passa-para-cá-100-carteiras {estes tipos deviam ser banidos!}, uns nunca compram no mesmo dia mais do que uma vez, outros nunca compram no mesmo sítio. Já vi tipos que compram em quiosques de Londres {o trabalho lava-os lá com frequência...}, outros pedem a amigos para comprar carradas deles no Rio de Janeiro {são mais baratos; além de terem outro tipo de saída e de distribuição; lá está...}. Vou ali comprar mais uma e já venho...

quinta-feira, maio 13, 2010

A dimensão é de tal ordem que até assusta...

Paris




Barcelona


Londres


Newarc



Luanda


Maputo


Geneve



Oslo {este é a não perder...}

Red Sparowes





Este pessoal continua impagável. Será que é este ano que os vemos por cá? Se calhar ainda vou a Fátima tentar a minha sorte...

quarta-feira, maio 12, 2010

Cromices



Ontem à tarde, em pelo parque infantil do Jardim da Parada, troquei o meu Aguero pelo símbolo da Federação de Futebol Brasileira. Se vissem a cara do puto quando viu o Aguero. Foi lindo.

CAMPEÕES 2009/2010

Não é fácil largar esta época que passou. Ainda me palpita o coração quando penso no golo de Ramires em Guimarães, no de Saviola no Restelo, no de Kardek no Vélodrome, no de Saviola na Luz frente ao FCP. As rabonas de Di Maria. A carinha laroca de Aimar enquanto enche forte e feio às mãos e pés de Bruno Alves, no Algarve. As assistências de Fábio Coentrão. As assistências monumentais na Luz. Como deixar ir embora assim sem mais aquela primeira parte na Figueira da Foz? O hamburger com cebola e ovo mais a bela da imperial, no "Ponto de Encontro", eu sei que para o ano vão lá estar à minha espera, mas e os braços ao ar de David Luiz no fim dos jogos? E a última partida? A partida do título. O momento que por todos ansiavam desde o início da partida frente ao Marítimo em Agosto do ano passado. Aquele mar de gente, cachecóis em riste, cantando o hino do SLB. Como deixar ir esses momentos? Partilhando-os.

Começou assim, no "Ponto de Encontro", com a primeira imperial.


O Hino do Glorioso, momentos antes do apito inicial.


Após o segundo golo do Óscar Cardozo!


E os momentos finais da partida {o apito final aos 01:07 do filme}.


E o rescaldo, já a noite ia longa...


Vamos dormir um pouco. O presença do Papa já nos chama à razão, ao triste espectáculo que é esta nação. Ainda para mais vem aí "a África", uma arca bafienta que nos vai envergonhar até mais não. Em Agosto, inicia-se a época 2010-2011. Sonhemos com ela, em paz.

segunda-feira, maio 10, 2010

domingo, maio 09, 2010

Lingua Tertii Imperii {#19}



«Esses 350 mil colonos conduzidos do sul da Rússia para o Warthegau eram deutsche Menschen besten deutschen Blutes und aufrechten Deutschtums [alemães do melhor sangue alemão, dotados de um germanismo verdadeiro], sob comando alemão. (...) Eram de uma biologisch unverdorbenen Leistunsfähigkeit [capacidade produtiva biológica não corrompida]. Eram dotados de von unvergleichlichen Bauern und Siedlungsfreundikeit [uma incomparável disposição para ser camponeses e colonos felizes], com um erfüllt von fanatischem Eifer für die neue Heimat und Volksgemeinschaft [empenho fanático para a nova pátria e comunidade] e assim por diante.


Trecho retirado do LTI. Lingua Tertii Imperii, Victor Klemperer, Contraponto, 2009.

Lingua Tertii Imperii {#18}



«Tudo isso se alcança com o mero retorno à poética do alemão arcaico, por sua antiguidade e por se afastar do quotidiano da língua. Às vezes basta anular uma silaba para que se altere o estado de espírito de uma pessoa, canalizando seus pensamentos para outro caminho ou mesmo substituindo-os por um estado de espírito crédulo, fácil de comandar. Irrompe a obrigação da fé. A sonoridade de Bund der Rechtswahrer [Ordem dos Guardiães da Justiça] é mais solene que a mera Vereinigung der Rechtsanwälte [Ordem dos Advogados], Amstwalter [intendente] impressiona mais que Funktionär [funcionário]. Quando leio Amstwaltung [intendência] na entrada de um escritório, em vez de Verwaltung [administração], tenho a impressão de algo sagrado. Em qualquer desses escritórios não sou apenas atendido, como o compromisso profissional requer, mas sou betreut [orientado]. Aquele que me orienta torna-se credor de um a dívida de gratidão. Tentarei jamais ofendê-lo; não farei qualquer tio de exigência, muito menos demonstrarei desconfiança.»

Trecho retirado do LTI. Lingua Tertii Imperii, Victor Klemperer, Contraponto, 2009.

sábado, maio 08, 2010

"Hall of the Dead"

the great
stone walls
rise above our heads,

cold and sad
pale light,
a dusty veil

the sun makes its way in destitute, weak you're at my side again faithful guide unfailing, here we stand among the others the living among the dead

veins still flowing full
lungs filled with white light

push forward
lifeless bodies swept aside
they are on us

cast a net of armor
over our heads
hide our life
lest it be
lifted from us

we must leave this place
of deathly decay

don't look back, press on


"Hall of the Dead"


O magnífico Wavering Radiant fez 1 ano há poucos dias atrás. Os seus autores, os absurdamente geniais ISIS, libertaram as letras no seu blog. Thanks guys!

quinta-feira, maio 06, 2010

Lingua Tertii Imperii {#17}



«É preciso evitar a expressão Stellungsfront [front de trincheiras], contrária ao princípio do Terceiro Reich e de triste memória na Primeira Guerra Mundial. (...) A LTI ganha uma expressão nova, que começa a aparecer constantemente: beweglicher Verteidigungskrieg [guerra de defesa em movimento]. Já que temos de admitir que somos forçados a nos defender, pelo menos, podemos preservar a nossa autenticidade, graças à expressão "móvel", "em movimento". (...) Mais tarde, a "fortaleza Europa" se tornará "fortaleza Alemanha" e bem no final passará a ser "fortaleza Berlim", pois o Exército alemão não deixou de se movimentar, nem mesmo nos últimos tempos da guerra.
Nunca se disse que se tratava de uma retirada contínua, sempre encoberta por sucessivos véus. Os termos Niederlage [derrota], Rückzug [retirada] e Flucht [fuga] nunca foram pronunciados. Em vez de Niederlage dizia-se Rückslag [revés], que aparenta ser menos definitivo; em vez de Flucht usava-se vom Feind absetzen [distanciar-se do inimigo]. O inimigo nunca conseguia durchbrechen [penetrar], apenas einhbrechen [irromper] (...)»

Trecho retirado do LTI. Lingua Tertii Imperii, Victor Klemperer, Contraponto, 2009.

Putaquepariu...

... mais os direitos de autor!

Lingua Tertii Imperii {#16}



«Um desejo de movimento e ação domina o vocabulário da LTI. Sturm [ímpeto, assalto] está presente no início e no fim: começou com as SA, Sturmabteilungen [divisões de assalto], e quando chegou finalmente à Volkssturm [milícia popular], variação da Landsturm de 1813, tudo praticamente tinha acabado. As SS possuíam o Reitersturm [assalto de cavalaria], o Exército as Sturmtrupps [tropas de assalto] e os Sturmgeschütze [canhões de assalto], e o nome do jornal publicado para atiçar o ódio contra os judeus era Der Sturmer [aquele que assalta].
As primeiras ações heroicas das SA chamaram-se Schlagartige Aktionen [ações fulminantes], e o jornal de Goebbels chamava-se Der Angriff [o ataque]. A guerra tinha de ser uma Blitzkrieg [guerra-relâmpago]»

Trecho retirado do LTI. Lingua Tertii Imperii, Victor Klemperer, Contraponto, 2009.

Lingua Tertii Imperii {#15}



«Verbos intransitivos passam a ser transitivos para acompanhar as novas possibilidades da tecnologia. Emprega-se fliegen [voar] quando se "pilota" uma máquina grande e quando se transporta por aviões; botas e provisões "voam".»

Trecho retirado do LTI. Lingua Tertii Imperii, Victor Klemperer, Contraponto, 2009.

Lingua Tertii Imperii {#14}



«Tendenz [tender a], um movimento vigoroso dirigido a um objetivo, tornou-se o mandamento absoluto, elementar e universal. Movimento é de tal forma a essência do nazismo que ele se denomina die Bewegung [o movimento]. Munique, sua cidade natal, passou a ser chamada die Hauptstadt der Bewegung [a capital do movimento]. apesar do hábito de procurar palavras sonoras e excessivas para descrever tudo o que considera importante, o nazismo manteve a singeleza do termo movimento, que lhe é tão caro.»

Trecho retirado do LTI. Lingua Tertii Imperii, Victor Klemperer, Contraponto, 2009.

quarta-feira, maio 05, 2010

Lingua Tertii Imperii {#13}



«Outra palavra com sentido superlativo semelhante a Welt é Raum [espaço, região]. Desde a Primeira Guerra Mundial não se diz mais a batalha de Königgrätz ou de Sedan, mas Die Schlacht im Raum von... [a batalha que ocorreu na região de...], o que indica a extensão dos combates. A ciência da geopolítica, favorável ao imperialismo, também pode ter contribuído para o uso frequente dessa palavra. Na representação do espaço há uma sensação sedutora do ilimitado. Em 1942, ao prestar contas, um Reichskomissar afirma que nos últimos mil anos der ukrainische Raum [o espaço ucraniano] "nunca fora tão bem administrado, com tanta justiça, magnanimidade e modernidade como agora sob a direção da nossa Grande alemanha nacional-socialista". "Espaço ucraniano" se encaixa melhor do que simplesmente "Ucrãnia" no superlativo milenar e soa melhor coma a tríade de substantivos abstratos.»

Trecho retirado do LTI. Lingua Tertii Imperii, Victor Klemperer, Contraponto, 2009.

Lingua Tertii Imperii {#12}



«Insultar o judaísmo é trivial. É muito difícil que Hitler e Goebbels se refiram aos judeus sem algum complemento: gerissen [ladino], listig [manhoso], betrügerisch [fraudulento], feige [covarde]. E não faltam injúrias que a mentalidade popular remete ao aspecto físico: plattfüssig [que tem pés chatos], krummnasig [que tem nariz aquilino], wasserscheu [que tem medo da água]. os mais cultos preferem usar "parasita" e "nômade". (...) Para se referir à camada intelectual usa-se krummnasiger Intellektualismus [intelectualismo do nariz torto].»

Trecho retirado do LTI. Lingua Tertii Imperii, Victor Klemperer, Contraponto, 2009.

terça-feira, maio 04, 2010

Tragédia

Passados já dois dias após o jogo no Porto e depois de visionadas imagens atrás de imagens, planos atrás de planos, zooms atrás de zooms, entrevistas atrás de entrevistas, análises atrás de análises, comentarices atrás de comentarices, ele eram bolas alvas pousadas na relva, ele eram adeptos raivosos a gritar impropérios a Jesus {sacrilégio!}, ele eram os cânticos ofensivos {e olhem que não é um sector, é o estádio inteiro}, ele era o Luisão a levar com um isqueiro {acreditam que ele acabou multado?}, ele era o excelente golo do Belluschi, ela era isto e aquilo... Pois a mim apenas uma imagem me ficou na retina, a do desespero da realidade. Explico melhor.

Primeiro acto. Mesmo no cair da primeira parte, Bruno Alves finta a defesa vermelha, eleva-se superiormente e mete o primeiro golo na baliza do Glorioso. O resto é sabido {que essas imagens estão em todo lado}, era a raiva, o coração, a garra, o ódio, a emoção nele espelhados. A boca escancarada, os músculos retesados até ao máximo, rodeado dos colegas. Uma cena heróica. Tinham marcado 1 golo ao Glorioso e festejavam como se estivessem a ganhar a Champions. Tudo bem. É delirante, mas tudo bem.

Segundo acto. Mesmo no cair do pano, após o apito final do árbitro, a câmara assenta novamente em Bruno Alves e filma o vão. Cabisbaixo, numa lentidão estranha, limpando o suor à camisa, Bruno Alves mostra-nos {e estas, sim, são imagens que não estão em todo o lado...}, em todo o seu esplendor, a dura realidade. De que o esforço de pouco valeu. De que, no fundo, o terror, a vitória, as bolas de golfe, os 3 golos, a verborreia, de nada valeram. Aqueles 4 dedos em riste, há uns meses atrás, no Algarve, falam mais alto naquele momento na cabeça de Bruno Alves. Dizem-lhe que, sim, são 4, mas não vão ser 5.

Já uma vez aqui tinha abordado esta dualidade tão característica do FCP. Esta esquizofrenia clubística. O antagonismo como plâncton predilecto de um monstro já difícil de controlar. Tragicamente cheira-me que isto não vai parar por aqui. Como poderia?

segunda-feira, maio 03, 2010

Too much f***** input...

Via Vidro Duplo. Nem digo mais nada. Vão lá e gritem. A plenos pulmões.

As iludências nem sempre aparudem...

É impressão minha, ou que se passou ontem em Braga {ver o vídeo do segundo 30 ao segundo 60} é algo de tão absurdo quanto estranho, duvidoso e propenso às maiores das especulações?

sábado, maio 01, 2010

Remerciement



Não há ninguém como os franceses para retratar o sufoco. A França e a ansiedade andam magistralmente de mãos dadas. O abafado, o retráctil, o aperto, a duplicidade, o ódio disfarçado, o não-dito, o caché. Tudo isto é uma herança única. Não sei se eles se envergonham ou não da mesma, mas eu, por mim, agradeço-lhes, não saberia viver sem ela.




O fotograma foi sacado do Place Vendôme da Nicole Garcia {esta mulher é, para mim, um mistério...}, mas podia ter saído de muitos outros. É só mais um exemplo. Foi o último, mas é só mais um.

Desta maneira «bós'ides todos p'los ares»...

Parece que já voam pedras lá em cima. São garrafas cheias de tinta azul. São milhares de bolas de golfe encomendadas no Decathlon lá do sítio. É propriedade alheia vandalizada. São tiros para o ar. É o costume, é mais do mesmo, infelizmente.

O meu único desejo. E digo-lo com muita honestidade. Que amanhã o Benfica não seja campeão. Que seja roubado escandalosamente e perca não ganhe o jogo. Que venha para baixo incólume e que seja campeão para a semana, em casa, junto de quem o ama. E que do jogo de amanhã só reste a vergonha. E que a festa vermelha não fique suja com a miséria alheia. A ideia de ver misturadas as emoções próprias da festa vermelha e do ódio azul repugna-me. A César o que é de César, a cada um o que lhe pertence. Ao Benfica a honra de ser uma vez mais Campeão Nacional. Ao FCP a responsabilidade de uma vez mais perder a oportunidade de crescer, de se engrandecer, de se lavar.

Ainda os cromos...



No fim-de-semana passado cometi a imprudência de comprar A Bola. Lá dentro vinha, oferta {que simpáticos...}, a caderneta Panini do Mundial de Futebol 2010. E dentro da caderneta estava a olhar para mim este senhor, ou seja, este cromo. Kuyt, casaco de treino fechado até cima. Lindo! Como resistir?

Hoje de manhã já estive sentado num banco do jardim a trocar cromos com o filho de um amigo meu. Gostei. Ó se gostei. Gandacromo...




PS — Mas isto de o campeonato ainda estar ao rubro não me deixa verdadeiramente curtir a coisa... A ver se daqui a 2 semanas já estou em World Cup mode. É que eu esta semana fiquei a saber que sou um romântico da bola... {um gajo ouve cada uma!} E nada melhor do que um Mundial de Futebol para animar um romântico da bola. Portanto, a ver se pomos de lado a irracionalidade do coração {arrumar o tal campeonato} e a ver se abraçamos a paixão pelo esférico, pelas nações em calções...