Há 10 anos
sábado, dezembro 31, 2011
Vila Viçosa
Vila Viçosa tem a extraordinária capacidade de nos entregar à luz com o mesmo à-vontade com que nos coloca perante a ausência da mesma. Mais do que a famosa refracção deste Alentejo calcinado, é esta dualidade, esta oscilação, que mais me fascina. De um momento para o outro a luz implacável do Sol {mesmo na última semana do ano} dá lugar à penumbra mais inesperada. As salas e salões do Paço Ducal acrescentam tons de preto aos múltiplos brancos {incluíndo certos azuis} das vielas lá fora. O desfilar do mármore é serenamente interrompido pela luz coada e modular dos interiores {do restaurante "Ouro Branco", por exemplo}. Pontos de luz intensa, branca, partindo de um céu azul vibrante, perfuram o casulo gélido e obscuro que é o entrelaçado de salas e torreões do Castelo. Vila Viçosa diz-nos uma coisa, mas mostra-nos outra. Ou mostra-nos uma coisa e diz-nos outra, não sei bem. Será isso o ser-se viçoso?
sexta-feira, dezembro 30, 2011
Um ano entre linhas...
Comecei 2011 a ler o The Bell Jar e acabei 2011 a ler o The Catcher in the Rye. Foi, portanto, um belo ano, o de 2011. A sério. Belíssimo ano! Não podia começar, nem acabar, melhor. Bless you Plath, bless you Salinger.
domingo, dezembro 04, 2011
Óbito
19 de Fevereiro, 1954 – 04 de Dezembro, 2011
«A primeira selecção que apoiei foi a do Brasil de Sócrates e companhia. Era forçoso que assim fosse, pode dizer-se, uma vez que o meu primeiro Mundial foi o de 1982, o do Naranjito, em Espanha. Foi nesse ano que acompanhei com algum interesse {difícil saber o quanto}, pela primeira vez, um acontecimento desta natureza. O Euro de 1980 {em Itália} e o Mundial de 1978 {na Argentina} passaram-me ao lado, mas o Naranjito cativou-me {e como não?} e despertou-me para esta realidade dos países, com exércitos de 11, em grupos de 4 e depois em eliminatórias a doer, todos com um único objectivo, o de erguer a taça. Bom, as regras eram estas e estavam entendidas, mas faltava-me algo. Torcer por alguém. Portugal não estava lá {embora figure na caderneta dos cromos de então...}, mas eu queria na mesma jogar aquele jogo. Logo, era preciso torcer por outro alguém. E o Brasil pareceu-me a solução óbvia, ou possível, ou alguém mo suspirou? E naquela altura, do alto dos meus 11 aninhos, eu convenci-me de que aquela era uma turma especial. Fiquei hipnotizado. Não sei se era o azul e o amarelo, se a barba do Sócrates {eu diria que é impossível ficar indiferente a um jogador de barba...}, se era aquele ar doidão do Falcão, se a magia do Zico, mas aqueles eram decididamente os meus tipos. Para quem, como eu, começava naquele momento a admirar aqueles duelos colectivos, aquelas guerras pacíficas {ou nem tanto}, aquele Brasil era a escolha óbvia. E naquele fatídico jogo frente a Paolo Rossi {nunca um hat-trick, numa altura em que nem sequer sabia que tal coisa existia, me soube tão mal...} eu saboreei o amargo da derrota, a injustiça injustificável. Foi um baptismo terrível. Ali começava a minha devoção ao mundo da bola e ali eu chorei pela primeira vez por causa de um resultado de um jogo de futebol. Encontrava-me de férias no hotel da Torralta {o amarelinho; o mesmo amarelinho do escrete...} na serra da Estrela com o meu pai, nunca me esquecerei. Vi o jogo dentro do hotel, numa televisão na sala de estar, em silêncio, angustiado. Terminado o jogo, fui dar uns toques de bola, na relva, lá fora, com o meu pai. Sempre em silêncio. Aguentando em surdina algo de muito estranho para mim. Até que rebentei e chorei como a criança que era. É isto que guardo daquele que foi, provavelmente, o melhor escrete canarinho de sempre. A minha primeira selecção, como as primeiras escolhas?, foi efémera e amarga...»
sábado, dezembro 03, 2011
"Grupo da Morte"
No Europeu de 2004, a Holanda ficou no grupo da Alemanha, da República Checa e da Lituânia.
No Mundial de 2006, a Holanda ficou no grupo da Argentina, da Costa do Marfim e da Sérvia.
No Europeu de 2008, a Holanda ficou no grupo a Itália, da França e da Roménia.
Todos estes grupos foram, na altura, considerados o "grupo da morte". A Holanda está, pois, mais do que habituada ao chamado "grupo da morte".
No Europeu de 2012 {Ucrânia/Polónia}, a Holanda ficou no grupo da Dinamarca, da Alemanha e de... Portugal. Ter Portugal no chamado "grupo da morte" adiciona, de facto, nova densidade, novo sentido, ao termo "morte".
Tanto a Dinamarca como a Alemanha adversários de longa data da Holanda, com rivalidades há muito firmadas {no caso da Alemanha basta lembrar 1974, 1988 e, bem, há 15 dias atrás... :( }, mas apesar de tudo bem equilibrados. Já com Portugal...
Vejamos. Frente à Dinamarca, em 30 jogos, contam-se 12 vitórias, 10 empates e 8 derrotas. Frente à Alemanha, em 37 jogos, contam-se 10 vitórias, 13 empates e 14 derrotas. Mas frente a Portugal, em 10 jogos, a Holanda ganhou 1, empatou 3 e perdeu 6. Se isto não é mau, não sei o que seja. Desde o jogo nas Antas, sob chuva torrencial, em Outubro de 1990 – o primeiro jogo de sempre entre as duas selecções – até ao jogo de Junho de 2006, ainda hoje {tristemente} lembrado como a "batalha de Nuremberga" – o último jogo entre as duas selecções até à data – o saldo tem sido francamente negativo para o lado laranja. Não são só as derrotas em si, mas as derrotas que foram. Dessas 6 derrotas: a última eliminou a Holanda nos oitavos-de-final no Mundial de 2006; a penúltima eliminou a Holanda nas meias-finais do Europeu de 2004; e a antepenúltima {com a ajuda de um terrível empate a 2} não qualificou a Holanda para o Mundial de 2002. Não são jogos banais. São jogos decisivos. E Portugal tem levado sempre a melhor.
Mas, parafraseando o meu avô {em contexto absurdamente distinto}, «Isto vai!».
No Mundial de 2006, a Holanda ficou no grupo da Argentina, da Costa do Marfim e da Sérvia.
No Europeu de 2008, a Holanda ficou no grupo a Itália, da França e da Roménia.
Todos estes grupos foram, na altura, considerados o "grupo da morte". A Holanda está, pois, mais do que habituada ao chamado "grupo da morte".
No Europeu de 2012 {Ucrânia/Polónia}, a Holanda ficou no grupo da Dinamarca, da Alemanha e de... Portugal. Ter Portugal no chamado "grupo da morte" adiciona, de facto, nova densidade, novo sentido, ao termo "morte".
Tanto a Dinamarca como a Alemanha adversários de longa data da Holanda, com rivalidades há muito firmadas {no caso da Alemanha basta lembrar 1974, 1988 e, bem, há 15 dias atrás... :( }, mas apesar de tudo bem equilibrados. Já com Portugal...
Vejamos. Frente à Dinamarca, em 30 jogos, contam-se 12 vitórias, 10 empates e 8 derrotas. Frente à Alemanha, em 37 jogos, contam-se 10 vitórias, 13 empates e 14 derrotas. Mas frente a Portugal, em 10 jogos, a Holanda ganhou 1, empatou 3 e perdeu 6. Se isto não é mau, não sei o que seja. Desde o jogo nas Antas, sob chuva torrencial, em Outubro de 1990 – o primeiro jogo de sempre entre as duas selecções – até ao jogo de Junho de 2006, ainda hoje {tristemente} lembrado como a "batalha de Nuremberga" – o último jogo entre as duas selecções até à data – o saldo tem sido francamente negativo para o lado laranja. Não são só as derrotas em si, mas as derrotas que foram. Dessas 6 derrotas: a última eliminou a Holanda nos oitavos-de-final no Mundial de 2006; a penúltima eliminou a Holanda nas meias-finais do Europeu de 2004; e a antepenúltima {com a ajuda de um terrível empate a 2} não qualificou a Holanda para o Mundial de 2002. Não são jogos banais. São jogos decisivos. E Portugal tem levado sempre a melhor.
Mas, parafraseando o meu avô {em contexto absurdamente distinto}, «Isto vai!».
sexta-feira, dezembro 02, 2011
I'm loving it, I'm loving it, I'm loving it...
Acabo de descobrir este novo projecto liderado por Jonathan Wilson {o autor desta bela obra}. Quem grama a trama e o drama sobre a grama, não deve perder a oportunidade. Puta revista!
E, sim, por vezes, os golos são mesmo sobrevalorizados. Um adolescente {no caso, Gabriele Marcotti; ver número dois da revista}, sozinho em casa, de joelhos no chão da sala, agitando-se freneticamente, para a frente e para trás, olhos fechados, ouvindo o relato dos penalties do ItáliaxArgentina em 1990 vale tanto {ou mesmo mais} que o golo do Schillaci no ItáliaxUruguai desse mesmo torneio.
terça-feira, novembro 22, 2011
sexta-feira, novembro 11, 2011
Quando já não houver chamas, mas apenas brasas...
É deixar cair, meus caros, é deixar cair. Um após o outro. Sem neuras. Até ao momento em que os "mercados" não vão ter mais ninguém a quem emprestar, de tanto recusarem. Nesse dia vão abrir a porta para ver o que se passa, para tentar perceber por que razão já ninguém bate mais à porta, e nós entraremos. E nos sentaremos todos à mesa. E brindaremos. E riremos de tanta parvoíce. De tanta inveja. De tanta ganância. De tanto ódio. E a isso se chama Amor.
quarta-feira, outubro 19, 2011
Dá cá 1, toma lá 1.027...
Eu percebo perfeitamente que aquele pessoal ali para os lados de Gaza não se possa dar ao luxo de recusar trocas destas, os tempos não estão fáceis, mas a meu ver isto é uma absoluta vergonha. Para uns e outros parece ser uma alegria, as televisões e os jornais fazem grandes parangonas, as famílias e as brigadas agradecem, mas eu só tiro uma única conclusão: para quem tivesse dúvidas, uma vida israelita vale, de facto, 1.027 vidas dos "outros". Triste miséria...
{Os números assim por extenso não têm o mesmo impacto {é clicar, senhores, é clicar} que ao vivo e a cores, pois não?}
{Os números assim por extenso não têm o mesmo impacto {é clicar, senhores, é clicar} que ao vivo e a cores, pois não?}
segunda-feira, outubro 17, 2011
Obaço
Este homem é um anormal. Um perigo. Uma besta. Um filho-da-puta. Um criminoso. Tenho {grandes} amigos que se incomodam {visivelmente} quando {quando} me expresso nestes termos. A mim incomoda-me {imenso} que a eles lhes incomode assim tanto. Não consigo entender onde lhes toca esta minha agressão. Work in progress as usual...
Se é pelos termos, se é por mim, bom, caramba, sim, por vezes exagero, so what? Se é pela personagem, e imagino que seja {fosse o Putin, um Bokassa da vida ou o Alberto João Jardim e não se incomodariam tanto}, então não entendo mesmo. E olhem que nem é pessoal. É mesmo o cargo. Não há presidentes dos EUA bons. Period.
Se é pelos termos, se é por mim, bom, caramba, sim, por vezes exagero, so what? Se é pela personagem, e imagino que seja {fosse o Putin, um Bokassa da vida ou o Alberto João Jardim e não se incomodariam tanto}, então não entendo mesmo. E olhem que nem é pessoal. É mesmo o cargo. Não há presidentes dos EUA bons. Period.
domingo, outubro 16, 2011
Quanto valem 99% de 99%?
O mais trágico no meio disto tudo é que me parece que o real problema não está no 1%. Mas sim nos 99%. Mais concretamente nos 99% dos 99%. Se é indesmentível que 1% dos 100% andam a escavacar o planeta, também me parece inegável que apenas 1% dos 99% se dão conta disso. Daí o termo trágico inicial. Bem podemos {sim, passe a imodéstia, aqui considero-me 1%ista} pregar, gritar, apedrejar, escrever, sair à rua, cuspir, indignar, que os 99% dos 99% continuam adormecidos. Inquietos, mas adormecidos. Ínsones. Dolentes. Com apenas a força de vontade de 1% dos 99% e com a "ajuda" dos 99% dos 99% vai ser difícil... Mas como dizia o meu avô {em contexto absurdamente oposto}, «Isto vai!».
sexta-feira, outubro 14, 2011
15 de Outubro
Amanhã a indignação sai à rua. Eu nunca alinhei com os indignados da vida. Chateiam-me os indignados deste país, porque geralmente passam por poetas. Mas a poesia não choraminga. Com os precários também não vou à bola. Há que ter cuidado com as palavras. E geralmente escrevem muito mal. Aos esquerdalhos conheço-os bem. Sim, do pêcê ao bloco gritam e defendem as ditas causas. Muitas merecem mesmo quem as grite e as defenda, é certo. Mas o grau de organização, muitas vezes a raiar o terrorismo, sempre tão maniqueísta, não me move. No fundo, para ser sincero, não tenho tido o hábito, a pachorra, a vontade, o impulso, das passeatas. Muito menos com estas companhias. Porque um saco de batatas será sempre um saco de batatas. E muita batatada surge sempre nestas ocasiões. E a batata engorda... E porque não consigo estar contra. E estar contra é condição. E é tão fácil estar contra. Só que faz muito mal à saúde, vos garanto.
Mas como dizia, e bem, o meu amigo Gonçalo no outro dia, amanhã não há como não sair. Mesmo contrariado, mesmo sabendo que muito disparate vai ser gritado ao horizonte, não há como não sair. Vou lixado com as desigualdades, vou entristecido com a falta de respeito e consideração de cima para baixo, vou inquieto com a falta de energia e de mundo deste triste país que dá pelo nome de Portugal, vou a pensar nas falcatruas e em como elas teimam em persistir, vou piurço com o facto de má gestão e a fraca qualidade dos políticos portugueses terem como consequência evidente uma redução significativa no erário familiar, e vou com este enorme incómodo na mente {perdoem-me, bem sei que é bizarro, mas não me sai da cabeça}, aquele que me diz que mais de metade do pessoal que ali vou encontrar amanhã ainda há uma semana atrás chorava e velava um dos mais bem sucedidos CEOs do mundo... Há coisas do arco-da-velha. Mas vou. Tenho de ir. Não há como não ir.
segunda-feira, setembro 19, 2011
quinta-feira, setembro 15, 2011
domingo, setembro 11, 2011
Lengalenga
Eu onzedesetembro,
Tu onzedesetembras,
Ele(a) onzedesetembra,
Nós onzedesetembramos,
Vós onzedesetembrais,
Ele(a)s onzedesetembram...
Tu onzedesetembras,
Ele(a) onzedesetembra,
Nós onzedesetembramos,
Vós onzedesetembrais,
Ele(a)s onzedesetembram...
quarta-feira, agosto 31, 2011
Sad, but true...
«As I drive around the country, I meet strangers and we talk of war. We list the ways each war defined its generation in a particular way, how some wars seemed righteous, others felt shameful, and other wars are just abstract blips in our news feed. Each war. Because we’re always fighting somewhere. Today I think America is defined by the way in which its citizens ignore its wars.»
From the always amazing blog Big American Night.
From the always amazing blog Big American Night.
sábado, agosto 20, 2011
sábado, julho 30, 2011
domingo, julho 24, 2011
Lengalenga
Eu expludo,
Tu explodes,
Ele(a) explode,
Nós explodimos,
Vós explodis,
Ele(a)s explodem...
Tu explodes,
Ele(a) explode,
Nós explodimos,
Vós explodis,
Ele(a)s explodem...
Ai, ai, ai, ai, eu não sou o teu capacho...
Paul Revere and the Raiders
The Monkees
The Merton Parkas
The Vicious White Kids
Minor Threat
Cryptic Slaughter
"(I'm Not Your) Steppin' Stone" (wiki)
quinta-feira, julho 21, 2011
Westerns from the seventies
Mais precisamente 3. Mais concretamente de 1972, todos. Provavelmente, o melhor ano {tendo em conta o volume} em matéria de westerns. Sem sombra de dúvida, a melhor década. Obras-primas dos anos setenta como Pat Garret and Billy the Kid ou The Hired Hand ou Giù la Testa, todos eles elevados a filmes de culto, não têm lugar aqui. Não, hoje apenas há lugar para westerns obscuros, daqueles que ficarão para sempre à espera. Não percam a oportunidade. É mergulhar no maravilhoso mar dos torrents e dedicar o fim-de-semana que aí vem à poeira, ao mau whiskey, à pradaria, ao cuspo em barda, ao tziiiiing-tziiiiing e a uma belas de umas frases bem ditas, aqui e ali, ao som dos grilos.
The Culpepper Cattle Co. {1972}, de Dick Richards.
Dirty Little Billy {1972}, de Stan Dragoti.
Bad Company {1972}, de Robert Benton.
The Culpepper Cattle Co. {1972}, de Dick Richards.
Dirty Little Billy {1972}, de Stan Dragoti.
Bad Company {1972}, de Robert Benton.
quarta-feira, julho 20, 2011
Bons alemães
Também os há. Sempre os houve. E no dia em que se celebram {será?; e alguém celebra coisas destas?} os 67 anos passados sobre o atentado de Julho de 1944, deixo uma sugestão de serão. É ir ao Vuze e sacar o magnífico The Restless Conscience {1992}, de Hava Kohav Beller. É uma experiência muito boa. Garanto-vos. Gute Nacht!
segunda-feira, julho 18, 2011
quinta-feira, julho 14, 2011
Foi há 222 anos...
— Aux armes citoyens!
— Oh, la, la... Oh, mon Dieu!
ZIIIIING!
THOOMP!
— Vive la France!
— Oh, la, la... Oh, mon Dieu!
ZIIIIING!
THOOMP!
— Vive la France!
terça-feira, julho 12, 2011
Pequeno momento fatela...
A propos de L'Été Meurtrier {1983}. Acabadinho de rever. Só tinha umas leves memórias do olhos da Adjani. Sim, ok, também das suas fesses... E, por um lado, ainda bem. Que filme mais marado. Que efeitos terá tido este filme em mim ainda está por esclarecer. A adolescência é, de facto, um lugar estranho. Bons banhos...
domingo, julho 10, 2011
Mística
A Mística é isto. A Mística é Pablo Aimar. É jogar cada jogo como se este fosse o último. Como se fosse a coisa mais importante da vida. Porque é. Não só porque cada jogo é uma oportunidade mais de vestir o manto sagrado, como {e sobretudo} cada jogo decorrido aproxima o jogador do ponto que ele mais quer evitar. O fim da carreira. O fim da linha. Cada jogo jogado é um passo nessa direcção. O último jogo é uma realidade inexorável. E cada jogo leva-nos lá. Muitos jogadores desperdiçam carreiras numa incrível sucessão de jogos esbanjados. Muitos jogadores deixam os jogos passar por eles. Aimar não. Aimar passa pelos jogos. Diz-lhes «estou aqui para vos comer, do primeiro ao último minuto». Porque cada jogo é para levar a sério. E Aimar leva cada jogo a sério. E no meio de tanta seriedade, ele brinca. E ri. E grita. E acena, esbraceja e dá ordens. Porque aquilo é a sua vida. Ver Aimar em campo, ver Aimar movimentando-se, é ver a vida a desenrolar-se, a pulsar. E isso não tem preço. E é por isso que a Mística, ao contrário do que muitos bons benfiquistas andam a apregoar, não morreu. Ainda não morreu. Não. E este ano, esta época, uma vez mais não morrerá, mantear-se-á viva. Pois Aimar está em campo. Do princípio até ao fim. É pouco? Não. Nada. É o suficiente para me fazer renovar o meu lugar cativo. É o suficiente para me levar ao estádio. É o suficiente para me fazer cantar. Um jogador sozinho não faz uma equipa? Provavelmente não. Não é garantia de campeonato ganho? Claro que não. Mas faz um adepto feliz. E um adepto feliz faz um clube. E isso é a Mística!
quinta-feira, julho 07, 2011
Lixarada
Lixo na banca.
Lixo nos sentimentos.
Lixo na rua.
Lixo na repartição.
Lixo na praia.
Lixo no luxo.
Lixo à mesa.
Lixo no IC19.
Lixo nos correios.
Lixo na Carris.
Lixo na Assembleia da República.
Lixo nos rios.
Lixo nas serras.
Lixo na Federação Portuguesa de Futebol.
Lixo na miséria.
Lixo na cultura.
Lixo na lota.
Lixo no jardim.
Lixo no livro escolar.
Lixo no escritório.
Lixo na livraria.
Lixo no Chiado.
Lixo na Rua da Prata.
Lixo na redacção.
Lixo no teleponto.
Lixo na entrevista.
Lixo no luto.
Lixo na condecoração.
Lixo a prestações.
Lixo no QREN.
Lixo co-financiado.
Lixo laureado.
Lixo centenário.
Lixo nas drogas.
Lixo no bairro.
Lixo no lago.
Lixo no Alfeite.
Lixo no desfile.
Lixo nas permutas.
Lixo nas queimas.
Lixo nos alugueres.
Lixo na obra.
Lixo na passadeira.
Lixo no túnel.
Lixo no semáforo.
Lixo no panteão.
Lixo no Lux.
Lixo light.
Lixo na escrita.
Lixo na dita.
Been there. Done that. Tell me something new.
Lixo nos sentimentos.
Lixo na rua.
Lixo na repartição.
Lixo na praia.
Lixo no luxo.
Lixo à mesa.
Lixo no IC19.
Lixo nos correios.
Lixo na Carris.
Lixo na Assembleia da República.
Lixo nos rios.
Lixo nas serras.
Lixo na Federação Portuguesa de Futebol.
Lixo na miséria.
Lixo na cultura.
Lixo na lota.
Lixo no jardim.
Lixo no livro escolar.
Lixo no escritório.
Lixo na livraria.
Lixo no Chiado.
Lixo na Rua da Prata.
Lixo na redacção.
Lixo no teleponto.
Lixo na entrevista.
Lixo no luto.
Lixo na condecoração.
Lixo a prestações.
Lixo no QREN.
Lixo co-financiado.
Lixo laureado.
Lixo centenário.
Lixo nas drogas.
Lixo no bairro.
Lixo no lago.
Lixo no Alfeite.
Lixo no desfile.
Lixo nas permutas.
Lixo nas queimas.
Lixo nos alugueres.
Lixo na obra.
Lixo na passadeira.
Lixo no túnel.
Lixo no semáforo.
Lixo no panteão.
Lixo no Lux.
Lixo light.
Lixo na escrita.
Lixo na dita.
Been there. Done that. Tell me something new.
É lixado!
Mas afinal o que nos custa assim tanto? Ouvir a Moody's, a Fitch e a Standard & Poor's chamar-nos de lixo? Ou sabermos, lá no fundo, que as ditas agências até têm razão e que não passamos de lixo? Infelizmente, uma vez mais, trata-se da primeira. É a indignaçãozinha do costume. Fosse a segunda e talvez pudéssemos um dia deixar de o ser. Mas, como sempre, a solução mais fácil, mais imediata, tão imediata que é já natural, é a do ofendido, a do pequeno injustiçado, e nunca a daquele que aproveita o golpe para se recolocar em posição. Ainda ontem lia na caixa dos comentários de um qualquer post recheado de indignação a seguinte invectiva: «Eles nem sabem com que povo se meteram!». Sabem, sabem, caro compatriota desiludido. E por isso mesmo saiu aquela nota. Ou pensa que eles lá nas agências não sabem que por cá os futuros magistrados da nação copiam nos exames? Sabem, sabem, pequeno guerreiro luso {sem poção mágica, felizmente...}. Ou pensa que eles lá nas agências não sabem que isto é um país de merceeiros, lápis atrás da orelha, discurso eternamente saudosista e um porradão de favorzinhos a mover a economia? Pois. Tivéssemos a coragem de olhar para os nossos defeitos, de encarar os nossos medos, os nossos vícios e as nossas deficiências e muito provavelmente não estaríamos nesta situação. Mas não. A indignação grassa. Logo, afasta-nos do problema, melhor, retira-nos, desresponsabilizando-nos, do problema. O problema já não somos nós, mas sim o insulto, a ousadia da agressão. A indignação está infinitamente mais bem cotada do que a vergonha em terras lusas. Não interessa saber se há um mínimo de justificação nisto tudo {quem de perfeito juízo emprestaria dinheiro a Portugal sem garantias atrás de garantias?!}; há, pelo contrário, que encontrar rapidamente o objecto da nossa revolta, da nossa indignação. É sempre a mesma história, há sempre um responsável, nunca nós, sempre alguém; já foi o Platini, já foram os finlandeses, os holandeses, a Merckel... Há uns meses atrás foi fácil, eram já seis anos seguidos de Sócrates, o nazi, o monstro, o drácula, o arrogante, e foi correr com ele {graças a Deus existem as eleições...}. Agora, são as agências, os especuladores, os capitalistas selvagens, os tais meninos depilados a laser que têm de pagar a coca que consomem nas festas. Mas quem vai correr com as agências? Pois, também me parece. Aqui não há eleições que nos valham. Aliás, para piorar ainda mais a nossa situação de indignado aldrabão, nunca antes nos passou pela cabeça desejá-las. Nunca antes as agências foram um problema, pois não? É que enquanto nos avaliavam bem {na realidade, mal} tudo estava bem {na realidade, mal}. Agora que nos avaliam {finalmente} bem, tudo está mal {pensamos nós}... É lixado!
quarta-feira, julho 06, 2011
5 de Julho de 1982
Hoje completam-se precisamente 29 anos sobre o dia em que chorei pela primeira vez por causa de um jogo de futebol. Estou certo de que não chorei sozinho, nesse já distante dia. Segundo o WolframAlpha seriam 127 milhões mais... 1. Um dia destes não se esquece.
Lembro-me dessa tarde como se tivesse ocorrido ontem. Em tempos escrevi sobre isso e relembro hoje esta passagem: «E naquele fatídico jogo frente a Paolo Rossi {nunca um hat-trick, numa altura em que nem sequer sabia que tal coisa existia, me soube tão mal...} eu saboreei o amargo da derrota, a injustiça injustificável. Foi um baptismo terrível. Ali começava a minha devoção ao mundo da bola e ali eu chorei pela primeira vez por causa de um resultado de um jogo de futebol. Encontrava-me de férias no hotel da Torralta {o amarelinho; o mesmo amarelinho do escrete...} na serra da Estrela com o meu pai, nunca me esquecerei. Vi o jogo dentro do hotel, numa televisão na sala de estar, em silêncio, angustiado. Terminado o jogo, fui dar uns toques de bola, na relva, lá fora, com o meu pai. Sempre em silêncio. Aguentando em surdina algo de muito estranho para mim. Até que rebentei e chorei como a criança que era. É isto que guardo daquele que foi, provavelmente, o melhor escrete canarinho de sempre».
segunda-feira, junho 27, 2011
A coisa mais importante das coisas sem importância?!?!
{Entre a tristeza de milhares e milhares há a penosa certeza de que para o ano que vem não há Boca vs. River, nem River vs. Boca...}
domingo, junho 26, 2011
No one escapes the influence...
Se, à conversa, me dissessem que há pontos de contacto entre o The Tree of Life e o A Woman Under the Influence eu responderia com um encolher de ombros, acompanhado por um «olhe que não, olhe que não»... Mas há. {Atrevo-me mesmo a achar que há vários pontos de contacto... mas deixo isso para os entendidos...} A propósito do post anterior, ou seja, a propósito da morte de Peter Falk, revi ontem à noite o genial A Woman Under the Influence {1974}, do não menos genial John Cassavetes. Com a última "alucinação" de Malick ainda bem viva no espírito, não me foi difícil estabelecer ligação imediata. Ambos abordam, quase 40 anos a distanciá-los, a primeira, primária e inescapável fonte de violência sobre o ser humano. A família. Essa forte fonte de coação, de humilhação, de distorção, de restrição, de condicionamento. Essa reserva de atenção, de liberdade, de amor, de afecto, de carinho, de encorajamento. A família. Essa bestialidade. Essa construção terrível. E tanto Cassavetes como Malick a filmam como ninguém. Dois génios no olhar das mais incompreensíveis maquinações humanas. Abençoados sejam.
sexta-feira, junho 24, 2011
sexta-feira, junho 17, 2011
Expliquem-me, por favor, bem explicadinho, como se eu fosse assim mesmo estúpido...
Em que é que isto...
Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho
Ministro de Estado e das Finanças - Vítor Gaspar
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros - Paulo Portas
Ministro da Defesa Nacional - José Pedro Aguiar Branco
Ministro da Administração Interna - Miguel Macedo
Ministra da Justiça - Paula Teixeira da Cruz
Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares - Miguel Relvas
Ministro da Economia e do Emprego - Álvaro Santos Pereira
Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Território - Assunção Cristas
Ministro da Saúde - Paulo Macedo
Ministro da Educação, do Ensino Superior e da Ciência - Nuno Crato
Ministro da Solidariedade e da Segurança Social - Pedro Mota Soares
... é melhor/preferível/aceitável/mais de confiança que isto?!
Primeiro-Ministro, José Sócrates
Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado
Ministro de Estado e das Finanças e da Admin. Pública, Fernando Teixeira dos Santos
Ministro da Defesa Nacional, Augusto Santos Silva
Ministro da Administração Interna, Rui Pereira
Ministro da Justiça, Alberto Martins
Ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território, Dulce Pássaro
Ministro da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento, Vieira da Silva
Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, António Serrano
Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mendonça
Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, Helena André
Ministra da Saúde, Ana Jorge
Ministra da Educação, Isabel Alçada
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago
Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas
Ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão
Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho
Ministro de Estado e das Finanças - Vítor Gaspar
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros - Paulo Portas
Ministro da Defesa Nacional - José Pedro Aguiar Branco
Ministro da Administração Interna - Miguel Macedo
Ministra da Justiça - Paula Teixeira da Cruz
Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares - Miguel Relvas
Ministro da Economia e do Emprego - Álvaro Santos Pereira
Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Território - Assunção Cristas
Ministro da Saúde - Paulo Macedo
Ministro da Educação, do Ensino Superior e da Ciência - Nuno Crato
Ministro da Solidariedade e da Segurança Social - Pedro Mota Soares
... é melhor/preferível/aceitável/mais de confiança que isto?!
Primeiro-Ministro, José Sócrates
Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado
Ministro de Estado e das Finanças e da Admin. Pública, Fernando Teixeira dos Santos
Ministro da Defesa Nacional, Augusto Santos Silva
Ministro da Administração Interna, Rui Pereira
Ministro da Justiça, Alberto Martins
Ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território, Dulce Pássaro
Ministro da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento, Vieira da Silva
Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, António Serrano
Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mendonça
Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, Helena André
Ministra da Saúde, Ana Jorge
Ministra da Educação, Isabel Alçada
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Mariano Gago
Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas
Ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão
quinta-feira, junho 09, 2011
Portugloat
Agora que já passaram alguns dias sobre o nefasto acto eleitoral, agora que a poeira começa a assentar {para logo, logo, iniciar nova revoada...}, só me apetece mencionar isto: domingo passado, Portugal e os portugueses uma vez mais demonstraram que são ignorantes, pouco esclarecidos, maus e mesquinhos. É verdade que são mal tratados por tudo e por todos. É verdade que o sistema eleitoral não presta, não há verdadeira representação. Pagar impostos é uma verdadeira chatice. O poleiro é só para alguns e nunca mais chega a nossa vez. Yada, yada, yada... O que é certo é que uma vez mais votaram para castigar. Os portugueses usam o seu voto como uma mãe usa a sua mão para dar açoites num filho que a desaponta. É triste, triste, triste. Votar para castigar é, de facto, o grau zero da política. Mas enfim... O mais desgraçado mesmo é o após. A emoção que surge após o tal do açoite. Seria de esperar um certo desconforto, a vergonha maternal, a culpa paternal, whatever. Mas não, é mesmo é a seiva a brotar. Vigorosa. Mazinha. O tradutor da Google sugere regozijar como a tradução possível de gloat. Nunca esteve tão longe; e não assistiu certamente ao rescaldo da noite eleitoral... «To observe or think about something with triumphant and often malicious satisfaction, gratification, or delight "gloat over an enemy's misfortune"» diz-nos, antes, o Merriam-Webster. Este sabe do que fala e não esquece aquele malicious, tão crucial... É que nem sequer se trata de ressentimento em relação a quem ganha e a quem perde — a sério, acreditem, os cães ladram e os PMs passam... e já cá andamos há pelo menos 900 anos... — é o próprio exercício que é triste e revelador de uma falta de civismo. Não há capacidade de abstracção, não há sentido de pragmatismo, não há ver-os-outros-além-de-mim. O ódio e a raiva acumulados por tanto tempo, dissolveram-se finalmente e poluíram a noite de domingo. Este já está. Venha o próximo. Portugal tritura políticos. Portugloat.
domingo, junho 05, 2011
Legislativas 2011
quarta-feira, junho 01, 2011
A isto, eu chamo Ouro sobre Azul...
{Uau! A oranje elftal passeando-se no calçadão... duas das melhores coisas do mundo juntas no mesmo local, na mesma hora... quem me dera lá estar no sábado que vem...}
segunda-feira, maio 30, 2011
Prefiro, de longe, a acampada à cambada...
Fico espantado com a quantidade de gente que por aí* anda preocupada com a acampada do Rossio. Sinceramente, fico. Sobretudo porque o motivo {pelo menos é o que mais invocam; se é com segundas intenções, bom, não sei...} que mais parece incomodar as mentes esclarecidas da blogosfera é o facto de aquilo estar um nojo, uma lixeira a céu aberto, uma desgraça, uma feira, uma imundice, em suma, uma porcaria. Eu pergunto-me: esta malta não vai ao Rossio há quanto tempo? Cheira-me que andam pela blogosfera desde o dia 1 e nunca mais de lá saíram... O Rossio sempre foi um nojo. Nunca foi agradável, sempre foi sujo e peganhento. Sobretudo depois de umas certas obras, já não tão recentes, que o inundaram de placas de pedra, que reflectem a luz de uma maneira inacreditável, a sua travessia ficou definitivamente penosa. E cheira mal, sempre cheirou. Mas o Rossio não está sozinho, ali ao ao lado temos a Praça da Figueira, não esquecer. Querem maior desgraça que aquela praça? E o que dizer do resto da Baixa? No outro dia muni-me da minha máquina fotográfica e {por motivos de trabalho} passeei-me pela Baixa, aos zigue-zagues, partilhando a calçada com muitos turistas de muitas proveniências {duvido sinceramente que algum deles alguma vez regresse a Lisboa}. Desci a Rua da Prata e nem queria acreditar. Já desceram a Rua da Prata? Já subiram a Rua Augusta? Lisboa, meus queridos amigos, está moribunda, decrépita e mete nojo ao nojo. Se a Baixa é o centro de Lisboa, se Lisboa pretende ser uma capital europeia, então, meus caros amigos, a acampada do Rossio é o menor dos vossos problemas! Acreditem.
* O aí é nas caixinhas dos comentários de blogues como jugular, 5dias, arrastão {estranhamente por aqui não se fala quase nada das acampadas...} e por aí fora...
sábado, maio 28, 2011
I guess it's the-way-of-Nature-through-Life speaking...
Um tipo acaba de ver o The Tree of Life {2011} e, naquele momento sempre meio doloroso em que se deixa um grande filme para trás e se cai na rua, um tipo não pára de pensar «Wow, como é que terão sido as infâncias de George W. Bush, Donald Rumsfeld e Dick Cheney?». Sobretudo se um tipo ainda está a tentar processar a informação toda que adquiriu, uns dias antes, ao ver o No End In Sight {2007}. Este filme e este documentário complementam-se de um modo assustador... Aquela terrível pata de dinossauro assustado {com o seu próprio poder} sobre as ventas do outro dinossauro deitado {exposto, incauto}, não vos fazem lembrar a presente invasão {poderemos nós ainda chamar-lhe invasão?; outros termos ocorrem-me...} norte-americana do Iraque?
Uma final ensombrada...
É bem verdade que eles não têm responsabilidades directas na coisa. Mas se querem ser "Més que un Club" então têm mesmo de ser "Més que un Club". E uma palavrinha de atenção, uma boca, um repúdio, não lhes {ao clube, ao treinador, aos jogadores} ficava nada mal. Este, que aqui está em cima com uma cara tristonha, cheira-me que não deixaria de ter dito algo...
quinta-feira, maio 26, 2011
Portogal
Já uma vez aqui o disse e repito-o. Embora o SLB seja o clube com mais representantes em Portugal é o FCP quem melhor representa Portugal. É triste, mas é verdade. Mas é triste porque não abona nem a favor de Portugal, nem {já agora} do FCP. O FCP, tal como o país, é fraco, baixo, sem escrúpulos, não tem cultura democrática, lê e escreve mal, foge aos impostos, estaciona em cima das passadeiras, escarra para o chão sonoramente, sanciona as vozes dissonantes, incentiva {pela inoperância} a corrupção, premeia o cinismo, semeia a violência, prega sem praticar e, acima de tudo, vive numa ilusão. Desde que haja títulos {do Tesouro e do Campeonato} na calha tudo está bem, tudo se aceita, e lá se vai fechando o olho. Não se iludam, o Falcão pode ser {e é} um belíssimo jogador, mas Pinto da Costa não é outra coisa senão um Alberto João Jardim. Alberto João Jardim não dignifica o país tal como Pinto da Costa não dignifica o FCP. Hulk pode ser {e é} uma força da natureza, mas Reinaldo Teles não é outra coisa senão um Fernando Ruas. Fernando Ruas não dignifica o país tal como Reinaldo Teles não dignifica o FCP. E a lista {de um lado e doutro} provavelmente continuaria... Portugal continua a não querer ver isto, há um Portugal que teima em desaparecer; tal como a massa adepta do FCP continua a não querer ver isto, há uma cultura portista que teima em persistir. Há um país que parece não querer andar para a frente. O FCP nunca deixou de querer ser esse país. E ambos se afundam numa miséria indescritível. Este vídeo aqui acima faz-me lembrar o vídeo, dirigido aos finlandeses, que há uns tempos inundava os ecrãs {e as almas} lusos. São a mesmíssima coisa. O espelho de um país/clube pequeno e pobre {de espírito}, o retrato de um país/clube que apesar de grandes feitos continua a ser um pequeno, minúsculo mesmo, feitor.
domingo, maio 22, 2011
Na telinha cá de casa...
O sofá cá de casa tem estado em modo Brasil. Ciclicamente, passam pela telinha cá de casa, assim de rajada, uma dezena de filmes de produção tropical. Tipo cerejas. Vê-se um que já se andava a namorar há uns tempos e, de repente, sem dar pela coisa, papam-se mais dois ou três e afinal damos conta de que eram bem mais aqueles que estavam em lista de espera...
Tudo começou no grande, muito bom, uma espécie de Depardon de shorts, interessantíssimo Justiça {2004} de Maria Augusta Ramos. Daí demos uma saltada aos últimos dias de Carandiru através do inesperado {no bom, muito bom, sentido} O Prisioneiro da Grade de Ferro {2004} de Paulo Sacramento {como é seu Ribas, já teve a coragem necessária?; olha que não é necessária assim tanta...}. Da justiça e do crime para a política foi um salto curtinho e marchou com muito prazer o muito interessante Vocação do Poder {2005} de Eduardo Escorel e José Joffily. A política aliada ao crime e à tortura, essa, ficou a cargo do sinistro Henning Boilesen, o empresário-torturador, personagem principal de Cidadão Boilesen {estranhamente ausente do IMDB}.
Mas como os documentários aparentavam dominar a coisa, eis que surgiu a ficção, em modelo épico à la Cinema Paraíso. Minha cara Juliana, mil desculpas, mas desta vez papai Jabor se excedeu... :D A Suprema Felicidade {2010} nem aquece nem arrefece. Depois ainda se viu o sofrível 5x Favela, Agora Por Nós Mesmos {2010}, que vale sobretudo pelos 2 últimos dos 5 filmes que compõem a obra. Descubro agora que é inspirado e que parte de um outro filme de 1962 chamado Cinco Vezes Favela, decididamente a descobrir. E ainda deu tempo para ver Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro {2010}. Bom, que dizer? Nem sei bem, eu dou crédito ao Padilha, acho que tem coisas muito boas em carteira, mas desta vez pareceu-me que ficou bem aquém do primeiro Tropa de Elite {porque a comparação é inevitável, não é?}. Se o primeiro lançou a discussão em níveis muito interessantes, este parece-me que não o faz. Ao mostrar a coisa tão óbvia e tão disseminada e já tão "impossível" de eliminar, apenas dá espaço para um resignado encolher de ombros e meia bola em força. Tchau discussão. Ali já só restam os efeitos especiais e de montagem. O que é pouco, diga-se.
De volta ao formato do documentário, portanto. E para nos focarmos no que aqui verdadeiramente me trouxe, no motivo de tanto paleio. Se aprovo e aconselho os documentários anteriores, a este, aconselho vivamente. Foi do mais interessante que tenho visto ultimamente. Trata-se do penúltimo projecto de Eduardo Coutinho, o homem responsável por Santa Marta, Duas Semanas no Morro e o fantástico Edifício Master, esse homem que eu estranhamente adoro não gostar mas que acabo por admirar. Há algo nele que me enerva um tanto ou quanto, mas acabo sempre por lhe tirar o chapéu. Desta vez tiro-lhe a cartola. Trata-se de Jogo de Cena {2007} e é muito bom!
Um auditório vazio em semi-escuridão, um ou dois focos no palco, onde apenas se encontram duas cadeiras. Numa delas estamos nós {na figura de Coutinho} e na outra uma mulher. E são várias as mulheres. E são apenas mulheres. E todas elas contam histórias. Histórias de vida. Que são as melhores, como todos sabemos. {atenção, a partir daqui há spoilers} Ouvimos uma mulher contar emocionada as suas desventuras na favela, no asfalto, na vida em geral, o filho perdido, a violência doméstica, as agruras da pobreza, da ralação, as disfunções das relações familiares. Depois surge outra mulher, com outras histórias. Depois uma outra, mas desta vez esta é conhecida, é uma actriz brasileira imediatamente reconhecível {Marília Pera}. Mas conta-nos a mesma história inicial, exactamente {quase} pelas mesmas palavras que já ouvíramos. Agora estranhamos. Nova mulher. Nova história. Nova actriz conhecida {Fernanda Torres}. Nova repetição. Estamos a ouvir as mesmas histórias, por duas vezes, narradas ora pela pessoa "real" que as viveu, ora pela pessoa "fictícia" que lhes dá corpo. Bizarro exercício. É a velha questão do original e da cópia. Onde a cópia, até surgir o original que a comprova como cópia, nada mais é do que o original. E a partir daqui sempre que surge uma nova mulher com uma nova história é inevitável que nos perguntemos: «é a mulher real ou é a fictícia?». E interessa verdadeiramente? A história, as palavras, essas são bem reais. Não chega? Não. Fiquei com a sensação de que o objectivo de Coutinho é precisamente esse, o de nos querer demonstrar que a história real, narrada pela pessoa real, é sempre preferível {daí ele se focar exclusivamente no formato do documentário}. Eu tendo a ter de concordar com ele. Por muito que me custe... :D
Tudo começou no grande, muito bom, uma espécie de Depardon de shorts, interessantíssimo Justiça {2004} de Maria Augusta Ramos. Daí demos uma saltada aos últimos dias de Carandiru através do inesperado {no bom, muito bom, sentido} O Prisioneiro da Grade de Ferro {2004} de Paulo Sacramento {como é seu Ribas, já teve a coragem necessária?; olha que não é necessária assim tanta...}. Da justiça e do crime para a política foi um salto curtinho e marchou com muito prazer o muito interessante Vocação do Poder {2005} de Eduardo Escorel e José Joffily. A política aliada ao crime e à tortura, essa, ficou a cargo do sinistro Henning Boilesen, o empresário-torturador, personagem principal de Cidadão Boilesen {estranhamente ausente do IMDB}.
Mas como os documentários aparentavam dominar a coisa, eis que surgiu a ficção, em modelo épico à la Cinema Paraíso. Minha cara Juliana, mil desculpas, mas desta vez papai Jabor se excedeu... :D A Suprema Felicidade {2010} nem aquece nem arrefece. Depois ainda se viu o sofrível 5x Favela, Agora Por Nós Mesmos {2010}, que vale sobretudo pelos 2 últimos dos 5 filmes que compõem a obra. Descubro agora que é inspirado e que parte de um outro filme de 1962 chamado Cinco Vezes Favela, decididamente a descobrir. E ainda deu tempo para ver Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro {2010}. Bom, que dizer? Nem sei bem, eu dou crédito ao Padilha, acho que tem coisas muito boas em carteira, mas desta vez pareceu-me que ficou bem aquém do primeiro Tropa de Elite {porque a comparação é inevitável, não é?}. Se o primeiro lançou a discussão em níveis muito interessantes, este parece-me que não o faz. Ao mostrar a coisa tão óbvia e tão disseminada e já tão "impossível" de eliminar, apenas dá espaço para um resignado encolher de ombros e meia bola em força. Tchau discussão. Ali já só restam os efeitos especiais e de montagem. O que é pouco, diga-se.
De volta ao formato do documentário, portanto. E para nos focarmos no que aqui verdadeiramente me trouxe, no motivo de tanto paleio. Se aprovo e aconselho os documentários anteriores, a este, aconselho vivamente. Foi do mais interessante que tenho visto ultimamente. Trata-se do penúltimo projecto de Eduardo Coutinho, o homem responsável por Santa Marta, Duas Semanas no Morro e o fantástico Edifício Master, esse homem que eu estranhamente adoro não gostar mas que acabo por admirar. Há algo nele que me enerva um tanto ou quanto, mas acabo sempre por lhe tirar o chapéu. Desta vez tiro-lhe a cartola. Trata-se de Jogo de Cena {2007} e é muito bom!
Um auditório vazio em semi-escuridão, um ou dois focos no palco, onde apenas se encontram duas cadeiras. Numa delas estamos nós {na figura de Coutinho} e na outra uma mulher. E são várias as mulheres. E são apenas mulheres. E todas elas contam histórias. Histórias de vida. Que são as melhores, como todos sabemos. {atenção, a partir daqui há spoilers} Ouvimos uma mulher contar emocionada as suas desventuras na favela, no asfalto, na vida em geral, o filho perdido, a violência doméstica, as agruras da pobreza, da ralação, as disfunções das relações familiares. Depois surge outra mulher, com outras histórias. Depois uma outra, mas desta vez esta é conhecida, é uma actriz brasileira imediatamente reconhecível {Marília Pera}. Mas conta-nos a mesma história inicial, exactamente {quase} pelas mesmas palavras que já ouvíramos. Agora estranhamos. Nova mulher. Nova história. Nova actriz conhecida {Fernanda Torres}. Nova repetição. Estamos a ouvir as mesmas histórias, por duas vezes, narradas ora pela pessoa "real" que as viveu, ora pela pessoa "fictícia" que lhes dá corpo. Bizarro exercício. É a velha questão do original e da cópia. Onde a cópia, até surgir o original que a comprova como cópia, nada mais é do que o original. E a partir daqui sempre que surge uma nova mulher com uma nova história é inevitável que nos perguntemos: «é a mulher real ou é a fictícia?». E interessa verdadeiramente? A história, as palavras, essas são bem reais. Não chega? Não. Fiquei com a sensação de que o objectivo de Coutinho é precisamente esse, o de nos querer demonstrar que a história real, narrada pela pessoa real, é sempre preferível {daí ele se focar exclusivamente no formato do documentário}. Eu tendo a ter de concordar com ele. Por muito que me custe... :D
segunda-feira, maio 16, 2011
Hiperpartidarismo
Há uns dias atrás li este belo pedaço de prosa. Aconselho-o vivamente a todos aqueles que gostam de bola, que sofrem por uma equipa, que sentem desprezo por outra num ou noutro momento, a todos aqueles que pisam estádios, que saltam no sofá, que dizem sou benfiquista (ou aquilo), mas que ainda assim pretendem manter a sanidade e a liberdade de pensar por si próprios, como sempre o fizeram.
Penso que este texto me vai ajudar a tomar uma decisão difícil nos próximos tempos. A crise financeira e as medidas propostas pela troika também vão, mas este texto vai ajudar mais.
Penso que este texto me vai ajudar a tomar uma decisão difícil nos próximos tempos. A crise financeira e as medidas propostas pela troika também vão, mas este texto vai ajudar mais.
Carrega Benfica! Para aonde?
A ideia de Pablo Aimar ser atacado, agredido, vaiado, apupado, incomodado, à porta do Estádio da Luz, é de uma violência enorme. Isto diz muito do estado actual das coisas. Isto é o espelho da minha maior desilusão. Isto não era suposto ser o Benfica e os seus benfiquistas a praticarem os seus benfiquismos... Isto é pura e simplesmente uma javardice.
Update — A notícia foi entretanto desmentida pelo próprio. Mas a ideia está lá... As coisas não andam pacíficas.
Update — A notícia foi entretanto desmentida pelo próprio. Mas a ideia está lá... As coisas não andam pacíficas.
sábado, maio 07, 2011
Triste espectáculo...
Assistir aos Verdadeiros Finlandeses em despique com os Verdadeiros Portugueses, a ver quem leva o título de Verdadeiras Bestas!
quinta-feira, maio 05, 2011
Guerra, SA
terça-feira, maio 03, 2011
A guerra é para super-heróis...
Hoje, na brincadeira, fiz isto...
"Obama, my son..."
Mas, fora de brincadeira, o camarada Alvim mostrou-me isto!
Isto é muito, muito bom! São fruto de um tipo indonésio muito interessante, Agan Harahap de seu nome. Pode ver-se mais aqui.
segunda-feira, maio 02, 2011
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