sábado, dezembro 31, 2011

Vila Viçosa



Vila Viçosa tem a extraordinária capacidade de nos entregar à luz com o mesmo à-vontade com que nos coloca perante a ausência da mesma. Mais do que a famosa refracção deste Alentejo calcinado, é esta dualidade, esta oscilação, que mais me fascina. De um momento para o outro a luz implacável do Sol {mesmo na última semana do ano} dá lugar à penumbra mais inesperada. As salas e salões do Paço Ducal acrescentam tons de preto aos múltiplos brancos {incluíndo certos azuis} das vielas lá fora. O desfilar do mármore é serenamente interrompido pela luz coada e modular dos interiores {do restaurante "Ouro Branco", por exemplo}. Pontos de luz intensa, branca, partindo de um céu azul vibrante, perfuram o casulo gélido e obscuro que é o entrelaçado de salas e torreões do Castelo. Vila Viçosa diz-nos uma coisa, mas mostra-nos outra. Ou mostra-nos uma coisa e diz-nos outra, não sei bem. Será isso o ser-se viçoso?

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