domingo, julho 10, 2011

Mística

A Mística é isto. A Mística é Pablo Aimar. É jogar cada jogo como se este fosse o último. Como se fosse a coisa mais importante da vida. Porque é. Não só porque cada jogo é uma oportunidade mais de vestir o manto sagrado, como {e sobretudo} cada jogo decorrido aproxima o jogador do ponto que ele mais quer evitar. O fim da carreira. O fim da linha. Cada jogo jogado é um passo nessa direcção. O último jogo é uma realidade inexorável. E cada jogo leva-nos lá. Muitos jogadores desperdiçam carreiras numa incrível sucessão de jogos esbanjados. Muitos jogadores deixam os jogos passar por eles. Aimar não. Aimar passa pelos jogos. Diz-lhes «estou aqui para vos comer, do primeiro ao último minuto». Porque cada jogo é para levar a sério. E Aimar leva cada jogo a sério. E no meio de tanta seriedade, ele brinca. E ri. E grita. E acena, esbraceja e dá ordens. Porque aquilo é a sua vida. Ver Aimar em campo, ver Aimar movimentando-se, é ver a vida a desenrolar-se, a pulsar. E isso não tem preço. E é por isso que a Mística, ao contrário do que muitos bons benfiquistas andam a apregoar, não morreu. Ainda não morreu. Não. E este ano, esta época, uma vez mais não morrerá, mantear-se-á viva. Pois Aimar está em campo. Do princípio até ao fim. É pouco? Não. Nada. É o suficiente para me fazer renovar o meu lugar cativo. É o suficiente para me levar ao estádio. É o suficiente para me fazer cantar. Um jogador sozinho não faz uma equipa? Provavelmente não. Não é garantia de campeonato ganho? Claro que não. Mas faz um adepto feliz. E um adepto feliz faz um clube. E isso é a Mística!

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