sexta-feira, outubro 14, 2011

15 de Outubro



Amanhã a indignação sai à rua. Eu nunca alinhei com os indignados da vida. Chateiam-me os indignados deste país, porque geralmente passam por poetas. Mas a poesia não choraminga. Com os precários também não vou à bola. Há que ter cuidado com as palavras. E geralmente escrevem muito mal. Aos esquerdalhos conheço-os bem. Sim, do pêcê ao bloco gritam e defendem as ditas causas. Muitas merecem mesmo quem as grite e as defenda, é certo. Mas o grau de organização, muitas vezes a raiar o terrorismo, sempre tão maniqueísta, não me move. No fundo, para ser sincero, não tenho tido o hábito, a pachorra, a vontade, o impulso, das passeatas. Muito menos com estas companhias. Porque um saco de batatas será sempre um saco de batatas. E muita batatada surge sempre nestas ocasiões. E a batata engorda... E porque não consigo estar contra. E estar contra é condição. E é tão fácil estar contra. Só que faz muito mal à saúde, vos garanto.

Mas como dizia, e bem, o meu amigo Gonçalo no outro dia, amanhã não há como não sair. Mesmo contrariado, mesmo sabendo que muito disparate vai ser gritado ao horizonte, não há como não sair. Vou lixado com as desigualdades, vou entristecido com a falta de respeito e consideração de cima para baixo, vou inquieto com a falta de energia e de mundo deste triste país que dá pelo nome de Portugal, vou a pensar nas falcatruas e em como elas teimam em persistir, vou piurço com o facto de má gestão e a fraca qualidade dos políticos portugueses terem como consequência evidente uma redução significativa no erário familiar, e vou com este enorme incómodo na mente {perdoem-me, bem sei que é bizarro, mas não me sai da cabeça}, aquele que me diz que mais de metade do pessoal que ali vou encontrar amanhã ainda há uma semana atrás chorava e velava um dos mais bem sucedidos CEOs do mundo... Há coisas do arco-da-velha. Mas vou. Tenho de ir. Não há como não ir.

1 comentário:

Anónimo disse...

Seja bem vindo companheiro!