quinta-feira, junho 09, 2011

Portugloat



Agora que já passaram alguns dias sobre o nefasto acto eleitoral, agora que a poeira começa a assentar {para logo, logo, iniciar nova revoada...}, só me apetece mencionar isto: domingo passado, Portugal e os portugueses uma vez mais demonstraram que são ignorantes, pouco esclarecidos, maus e mesquinhos. É verdade que são mal tratados por tudo e por todos. É verdade que o sistema eleitoral não presta, não há verdadeira representação. Pagar impostos é uma verdadeira chatice. O poleiro é só para alguns e nunca mais chega a nossa vez. Yada, yada, yada... O que é certo é que uma vez mais votaram para castigar. Os portugueses usam o seu voto como uma mãe usa a sua mão para dar açoites num filho que a desaponta. É triste, triste, triste. Votar para castigar é, de facto, o grau zero da política. Mas enfim... O mais desgraçado mesmo é o após. A emoção que surge após o tal do açoite. Seria de esperar um certo desconforto, a vergonha maternal, a culpa paternal, whatever. Mas não, é mesmo é a seiva a brotar. Vigorosa. Mazinha. O tradutor da Google sugere regozijar como a tradução possível de gloat. Nunca esteve tão longe; e não assistiu certamente ao rescaldo da noite eleitoral... «To observe or think about something with triumphant and often malicious satisfaction, gratification, or delight "gloat over an enemy's misfortune"» diz-nos, antes, o Merriam-Webster. Este sabe do que fala e não esquece aquele malicious, tão crucial... É que nem sequer se trata de ressentimento em relação a quem ganha e a quem perde — a sério, acreditem, os cães ladram e os PMs passam... e já cá andamos há pelo menos 900 anos... — é o próprio exercício que é triste e revelador de uma falta de civismo. Não há capacidade de abstracção, não há sentido de pragmatismo, não há ver-os-outros-além-de-mim. O ódio e a raiva acumulados por tanto tempo, dissolveram-se finalmente e poluíram a noite de domingo. Este já está. Venha o próximo. Portugal tritura políticos. Portugloat.

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