Devo confessar que parti para este filme com três ou quatro filmes anteriores do Shyamalan vistos e não gostados. Talvez o Unbreakable me tivesse agradado um pouco, mas no big deal. Também estava presente o facto de o filme ter sido um desastre financeiro nos EUA e de a crítica ter demolido o filme, sem tréguas. Devo mesmo confessar que esse foi um argumento forte que me levou a ver o filme (dado que já tinha desistido do homem por alturas de A Vila, que não vi), pois se a crítica foi assim tão crítica é porque o filme até deve ser bom, pensei. Pois se quando a crítica elogiou sem fim (casos anteriores) eu não gostei... Mas agora que o vi, pergunto-me: como é possível ter-se maldito tanto este filme? E concluo, tristemente: ainda temos (humanidade) um longo caminho pela frente...
Ao contrário dos fimes anteriores de Night Shyamalan, todos eles muito elogiados e todos eles muito "do sobrenatural", este Lady in the Water (2006) foi mal recebido por ser, na minha opinião, mais "do espiritual". Com o sobrenatural podemos nós bem. Agora, quando se trata de encontrarmos em nós um outro lado da nossa natureza, não outra natureza (sobrenatural; extra-terrestre; x-files alike) mas outra versão da nossa natureza, bem, aí a coisa já não é assim tão simples. Logo, no ringue, no embate sobrenatural versus espiritual ainda há muito round pela frente.
Ao contrário dos fimes anteriores de Night Shyamalan, todos eles muito elogiados e todos eles muito "do sobrenatural", este Lady in the Water (2006) foi mal recebido por ser, na minha opinião, mais "do espiritual". Com o sobrenatural podemos nós bem. Agora, quando se trata de encontrarmos em nós um outro lado da nossa natureza, não outra natureza (sobrenatural; extra-terrestre; x-files alike) mas outra versão da nossa natureza, bem, aí a coisa já não é assim tão simples. Logo, no ringue, no embate sobrenatural versus espiritual ainda há muito round pela frente.
A maneira que Shyamalan encontrou para nos mostrar o processo de dor e cura, muito pessoal, da personagem de Giamatti (como diz o meu cunhado, um dos grandes dos nossos tempos... e quem sou eu para o contradizer) é deliciosa e enternecedora (será isto que a malta não aguenta...?). O modo como se aborda a tristeza muito profunda de uma das personagens e o modo como se nos explica que a tristeza de um encontra sempre eco e enredo nas vidas dos outros é belíssima. A imagem é bela, a câmara está colocada em espaços escolhidos a dedo e, porra, muito bem escolhidos. A cor é fantástica. O resto das personagens é fantástico (de fantasia!) e o modo como Shyamalan as faz preencher o espaço e o ecrã é notável. O homem é bom.
E deve ser um bom pai! Pois tudo começou como uma "história de boca" que ele foi contando aos seus filhos, dia após dia. Até se tornar neste filme. Dá para perceber que Shyamalan sabe que fez um filme a pensar nos que aí vêm e nos que já começaram a chegar. As crianças, e o modo particular que têm de ver a vida (e prova disso temos no miúdo que faz de Intérprete), estão muito presentes no discurso e sentir deste filme e é mais do que certo que as teorias acerca das Crianças Índigo não são desconhecidas a Shyamalan. Aliás, o fecho do filme vai nesse sentido quando Shyamalan nos brinda com o tema Times Are Changing, de Bob Dylan (numa versão muito inspirada, interpretada pelos "A Whisper in the Noise"), já para não falarmos da frase promocional do filme: A Classic Bedtime Story For A New Generation.
Eu gostei, e muito. E dou agora crédito a Bénard da Costa quando, há muitos anos atrás, escreveu (se me lembro bem, ainda n'O Independente) que este Shyamalan era a melhor coisa que tinha acontecido ao mundo do cinema, que ela era um génio, que era o verdadeiro herdeiro e substituto de Hitchcock, isto e aquilo, à la Bénard. Torci o nariz na hora e assim o mantive até hoje à tarde... Times are changin...
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