Uma menina brinca na areia junto à esplanada do café da praia. A mãe, visivelmente impaciente, pretende ir embora para casa e não consegue arrancar a menina das suas brincadeiras na areia. Vergada perante a falta de autoridade, a mãe dispara os seguintes argumentos.
Argumento 1: «Filha, anda. Senão, ainda aparecem por aí aqueles homens que tu sabes.»
Argumento 2: «Anda. Olha que ainda és a próxima Maddie.»
Argumento 3: «Bem, se calhar, mais vale chamar já a polícia.»
Isto tudo de rajada, isto tudo assim, a seco. Mas a menina levantou-se e, ordeiramente, foi com a mãe. Dei comigo a pensar nas centenas de meninas (e meninos) por essas praias fora, por essa imensa costa lusitana, que estão nestes tempos insanos a ouvir semelhantes argumentos. Que geração será esta daqui a 20 anos? Que gente, que ouviu semelhantes atoardas, virá a crescer daqui? Eu pretendo estar por aqui, ainda, para ver se percebo. Mas não sei não...
Há 10 anos