Fora de gozo. Às vezes sinto-me "gringo". Claro que os meus amigos e conhecidos o contradizem. «Que é isso, rapaz?» É óbvio que só o conhecimento/partilha da língua afasta esse epíteto, mas sem a ginga natural, sem o programa musical da espécie local, sem o abandono do corpo, sem a incontinência da derme, por vezes, só me resta sentir-me "gringo". Eu vejo aquela malta toda girando, apanhando o cabelo, bebendo, sussurrando, acompanhando as letras dos sambas e eu, o europeu, vou-me deleitando, é certo, mas sempre com um peso surdo que me vai lastrando.
A mim só me resta assistir e vibrar. Ou não sou eu o Vibrador? Carlos, o Vibrador. Como me apelidou há dias o grande Serrano.
Há 10 anos
3 comentários:
Lamento, meu amigo Carlos, mas "gringo", no Brasil, é um termo reservado apner, e exclusivamente, ao cidadãos dos Estados Unidos da América. As vezes (mas muito pouco), outros brancos (outros habitantes de regiões saxonicas e nórdicos) ssão assim alcunhados. Portuga é Portuga, Francês é Francês, Argentino é Argentino e assim por diante. Valeu, Tuga?
Grande abraço do seu vizinho Mello Rosa
Bem sei vizinho, bem sei. Eu ainda estava de ressaca daquela noite de samba na Lapa... Na realidade a minha "gringuice" é estritamente corporal/musical. A herança musical desta cidade é tão grande que uma vida não chega para abarcá-la, quanto mais compreendê-la. Além de que nós, europeus, vivemos demasiado com a cabeça e pouco com o corpo. Isto é só inveja, camarada (lol).
Mas, caro vizinho, é um prazer vê-lo por aqui. Disponha sempre. Apareça quando lhe aprouver. Abração.
carlos o vibrador, ah, ah, és mesmo tu!
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