As meninas subiram no Pão de Açúcar e eu fui na Praia Vermelha. Ver o mar e ler um pouco da Tarde, livrinho de poesia da autoria do nosso amigo Paulo Henriques Britto.
Eu ando apaixonado por este livrinho. Vejam só.
Noturno com ar-condicionado
O tédio infinito dos hotéis
de três estrelas, tardes que se estendem
em direcção a noites povoadas
por dois ou três garçons indevassáveis
num bar onde nenhum turista húngaro
cochila diante da tevê autista
em que uma locutora silenciosa
exibe a três poltronas de pelúcia
duas fileiras de dentes de carnívora.
II
(da série "Uma Doença")
O mundo está fora de esquadro.
Na tênue moldura da mente
as coisas não cabem direito.
A consciência oscila um pouco,
como uma cristaleira em falso.
Em torno de tudo há uma aura
que é claramente postiça.
O mundo precisa de um calço,
fina fatia de cortiça.
II. Summer Sonettino
(Da série "Quatro Autotraduções")
Seduced and betrayed by words.
The world is a hopeless mess.
My heart is bruised and hurt.
My soul can't bear such treason.
My body couldn't care less.
My thoughts won't go into verse,
my verse refuses to rhyme,
my rhymes are adverse to reason,
and reason's deserted my mind.
Lust is in full season.
My poetry is on the ropes.
My life isn't any better.
There is no good. No hope.
Hmm. Great beach weather.
Há 10 anos
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