Passados já dois dias após o jogo no Porto e depois de visionadas imagens atrás de imagens, planos atrás de planos,
zooms atrás de
zooms, entrevistas atrás de entrevistas, análises atrás de análises, comentarices atrás de comentarices, ele eram bolas alvas pousadas na relva, ele eram adeptos raivosos a gritar impropérios a Jesus {sacrilégio!}, ele eram os cânticos ofensivos {e olhem que não é um sector, é o estádio inteiro}, ele era o Luisão a levar com um isqueiro {acreditam que ele acabou multado?}, ele era o excelente golo do Belluschi, ela era isto e aquilo... Pois a mim apenas uma imagem me ficou na retina, a do desespero da realidade. Explico melhor.
Primeiro acto. Mesmo no cair da primeira parte, Bruno Alves finta a defesa vermelha, eleva-se superiormente e mete o primeiro golo na baliza do Glorioso. O resto é sabido {que essas imagens estão em todo lado}, era a raiva, o coração, a garra, o ódio, a emoção nele espelhados. A boca escancarada, os músculos retesados até ao máximo, rodeado dos colegas. Uma cena heróica. Tinham marcado 1 golo ao Glorioso e festejavam como se estivessem a ganhar a
Champions. Tudo bem. É delirante, mas tudo bem.
Segundo acto. Mesmo no cair do pano, após o apito final do árbitro, a câmara assenta novamente em Bruno Alves e filma o vão. Cabisbaixo, numa lentidão estranha, limpando o suor à camisa, Bruno Alves mostra-nos {e estas, sim, são imagens que não estão em todo o lado...}, em todo o seu esplendor, a dura realidade. De que o esforço de pouco valeu. De que, no fundo, o terror, a vitória, as bolas de golfe, os 3 golos, a verborreia, de nada valeram. Aqueles 4 dedos em riste, há uns meses atrás, no Algarve, falam mais alto naquele momento na cabeça de Bruno Alves. Dizem-lhe que, sim, são 4, mas não vão ser 5.
Já uma vez
aqui tinha abordado esta dualidade tão característica do FCP. Esta esquizofrenia clubística. O antagonismo como plâncton predilecto de um monstro já difícil de controlar. Tragicamente cheira-me que isto não vai parar por aqui. Como poderia?