sexta-feira, dezembro 31, 2010

Feliz Ano Novo!



«Uma das mais características formalidades das associações estudantis eram as bebedeiras estritamente ritualizadas. Elas tinham uma longa história. As regras para beber cerveja nas festas das associações estudantis — o Bierkomment — eram o fruto tardio de uma tradição alemã que pode remontar, pelo menos, até ao século XVI ou XVII. Nesses tempos, numa época de guerras intermináveis em que a Alemanha acabou sendo a arena central para a violenta decisão final pelas armas de todos os maiores conflitos europeus, desenvolveu-se um tipo de epidemia de bebida que se alastrou por todos os territórios alemães. Não assumiu a forma do alcoolismo individualizado de hoje mas, antes, e de bebedeira coletiva. Nesse tempo, talvez a título de compensação pelos sofrimentos de uma guerra interminável, os rituais de beber à saúde dos convivas foram adotados até nas cortes, dando às bebedeiras como que o caráter de jogos de competição.» Norbert Elias, Os Alemães. A luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos XIX e XX, Jorge Zahar Editor, 1997.

segunda-feira, dezembro 27, 2010

Gonzo fragments {#3}

Em 1969 como chefe de campanha de Joe Edwards nas eleições para mayor de Aspen. Um ano depois, ele próprio candidato a sheriff de Aspen... crazy times, my man, crazy times...








O amigo Silva ofereceu este tijolo e o amigo Reis agradece.

quarta-feira, dezembro 22, 2010

Feliz Natal e tal...


São Nicolau "cumprimenta" o Pai Natal.
© DTM_INC



{E ainda há quem me pergunte do porquê de gostar tanto da Holanda...; Mónica, muito agradecido pelo postal!}

quarta-feira, dezembro 08, 2010

Mais respeito, meus senhores...

Se há coisa {entre tantas...} que este despudorado cerco/circo/ataque a Assange tem demonstrado é a mais vergonhosa falta de respeito, de atenção e de vergonha para com todas as mulheres que são constantemente alvo de assédio e vítimas de violação. Não tenho dúvidas {aliás já choveram inúmeras críticas neste mesmo sentido} de que todas elas gostariam de ver o mesmo zelo, a mesma eficiência e a mesma prontidão na investigação, detenção e julgamento dos seus casos pessoais. Correrão tão céleres os casos de violação britânicos e suecos? {por sinal, 2 dos 3 países da UE com maior taxa de violações...} Tenham vergonha! Façam o vosso trabalho e deixem os outros fazer o deles.


segunda-feira, dezembro 06, 2010

Wikileaks

Quanto mais te batem, mais gosto de ti!

domingo, dezembro 05, 2010

sábado, dezembro 04, 2010

segunda-feira, novembro 29, 2010

Que pena...

... Mourinho não gostar de futebol. Se Mourinho gostasse de futebol, hoje teria assistido a uma belíssima partida!

Bradley Manning é mais irresponsável que a Haliburton?

Como é possível que haja gente {gente série e insuspeita} a agitar a bandeira do medo, do risco, do perigo, da irresponsabilidade, da segurança, nesta questão das novas fugas de informação?! Haverá maior perigo, maior irresponsabilidade, maior risco, do que aqueles representados por aqueles que nos {e viva a globalização!} representam?! Muitas dúvidas, tenho muitas dúvidas...

sábado, novembro 20, 2010

Anartea!

Lindo!

NATOrismos

Nem tudo o que luz é NATO.
NATO a NATO enche o ministro a pasta.
Enquanto há NATO há intemperança.
Longe da NATO, longe da acção.
NATO há só uma.
De manhã ouro, à tarde prata, à noite mata.
Da NATO, nem bom vento nem bom trato.
Cá se fazem, cá se NATO.
A NATO não ilude.
A vida é breve, a NATO é longa.
Quem semeia ventos, colhe NATO.
NATO és, NATO serás.
Muita guerra, pouca NATO.
Com 4 letrinhas apenas...

And last but not least...
Se não me agarram, NATO-o.

Atenção, pais com filhos que não participam na alta cimeira...

Hoje, às 15:00, há Nicholas Ray na Cinemateca Júnior. Wind Across the Everglades {1958}, «penúltimo filme de Nicholas Ray em Hollywood, antes da aventura das “produções expatriadas” na Europa, que dariam cabo da sua carreira, WIND ACROSS THE EVERGLADES também é um filme ecologista “avant la lettre”. A acção passa-se nos começos do século XX e mostra a luta de um professor contra os caçadores furtivos que dizimavam certas espécies de aves, cujas penas eram usadas em chapéus de luxo. Fabulosa utilização dos cenários naturais dos pântanos e cursos de água».

quinta-feira, novembro 18, 2010

Hoje há festa...

... tareia/sauna/agitação/doresvárias/umajolaouduas...







Na ZDB, pelas 22:00.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Terrível lastro, esse de ser do FCP...

«I was sorry (as before) for being in Newgate, but had very few signs of repentance about me. On the contrary, like the waters in the cavities and hollows of mountains, which petrify and turn into stone whatever they are suffered to drop on, so the continual conversing with such a crew of hell-hounds as I was, had the same common operation upon me as upon other people. I degenerated into stone; I turned first stupid and senseless, then brutish and thoughtless, and at last raving mad as any of them were; and, in short, I became as naturally pleased and easy with the place, as if indeed I had been born there.
It is scarce possible to imagine that our natures should be capable of so much degeneracy, as to make that pleasant and agreeable that in itself is the most complete misery. Here was a circumstance that I think it is scarce possible to mention a worse: I was as exquisitely miserable as, speaking of common cases, it was possible for any one to be that had life and health, and money to help them, as I had.
I had weight of guilt upon me enough to sink any creature who had the least power of reflection left, and had any sense upon them of the happiness of this life, of the misery of another; then I had at first remorse indeed, but no repentance; I had now neither remorse nor repentance. I had a crime charged on me, the punishment of which was death by our law; the proof so evident, that there was no room for me so much as to plead not guilty. I had the name of an old offender, so that I had nothing to expect but death in a few weeks' time, neither had I myself any thoughts of escaping; and yet a certain strange lethargy of soul possessed me. I had no trouble, no apprehensions, no sorrow about me, the first surprise was gone; I was, I may well say, I know not how; my senses, my reason, nay, my conscience, were all asleep; my course of life for forty years had been a horrid complication of wickedness, whoredom, adultery, incest, lying, theft; and, in a word, everything but murder and treason had been my practice from the age of eighteen, or thereabouts, to three-score; and now I was engulfed in the misery of punishment, and had an infamous death just at the door, and yet I had no sense of my condition, no thought of heaven or hell at least, that went any farther than a bare flying touch, like the stitch or pain that gives a hint and goes off. I neither had a heart to ask God's mercy, nor indeed to think of it. And in this, I think, I have given a brief description of the completest misery on earth.»
(Moll Flanders, Daniel Defoe, Penguin Books, 1989.)

Estes eram pensamentos que atravessavam a mente de Moll Flanders assim que aterrou na prisão de Newgate. Tão similares devem ser os pensamentos de certos {que os deve haver, imagino, com dificuldade, mas imagino} portistas... A vida não é fácil.

Portogal

Na ressaca da coisa, chego à conclusão de que o que mais me custa não é a derrota, não é a cabazada, não são os 10 pontos, não é mais um campeonato para o FCP... O que mais me incomoda é chegar à triste conclusão de que, embora o SLB seja o clube mais representado em Portugal, é o FCP quem melhor representa Portugal. E acreditem que isto não é um elogio! De todo...

quarta-feira, novembro 03, 2010

Oh Moll, you sweet wise child...

«There is nothing so absurd, so surfeiting, so ridiculous, as a Man heated by Wine in his Head, and wicked Gust in his Inclination together; he is in the possession of two Devils at once, and can no more govern himself by his Reason than a Mill can Grind without Water; His Vice tramples upon all that was in him that had any good in it, if any such thing there was; nay, his very Sense is blinded by its own Rage, and he acts Absurdities even in his View; such as Drinking more, when he is Drunk already; picking up a common Woman, without regard to what she is, or who she is; whether Sound or rotten, Clean or Unclean; whether Ugly or Handsome, whether Old or Young, and so blinded, as not really to distinguish; such a Man is worse than Lunatick; prompted by his vicious corrupted Head he no more knows what he is doing than this Wretch of mine knew when I pick'd his Pocket of his Watch and his Purse of Gold.»

Moll Flanders, Daniel Defoe, Penguin Books, 1989.

Lovely...



{via}

domingo, outubro 31, 2010

Parabéns Pindorama!

É sempre bom quando um povo decide não andar para trás!

sábado, outubro 30, 2010

Parabéns Pibe!

São, serão?, 50 anos.

sexta-feira, outubro 29, 2010

Faltam 2 dias...

... está quase companheiros!



{via}

quinta-feira, outubro 28, 2010

Parabéns Mané!

Seriam, são!, 77 anos.

domingo, outubro 24, 2010

Terras raras



Este artigo {Rare and Foolish} levou-me a este tema {Rare earth element} e fez-me lembrar o saudoso Dune. Mas a ideia de sino-Harkonnens faz-me tremer...

sexta-feira, outubro 15, 2010

Portughole



Hoje de manhã vi algo que julgava estar já condenado à extinção {algo a que eu não assistia há muito}. Puro engano. Aquela típica imagem/descrição do país {de um certo país} com que cresci parece que ainda teima em persistir. Eram cinco. Cinco homens de colete reflector a abrir um buraco {na realidade, um buraquinho!} num passeio da Ferreira Borges. Um abria o buraquito, os outros quatro olhavam. As gajas, claro. De vez em quando um {dos mais novos, que nisto a idade é posto} dos que galavam dava um passo à frente, substituía o que estava no centro da roda e a custo, entre bocas várias, lá dava mais umas pauladas na terra. Mas o buraco é {parece ser} contínuo. E sendo somente um a cavar...

Por outro lado fez-se luz finalmente quanto aos cinco escudos azuis com as cinco pintas brancas... Nada mais {os escudos azuis} do que quatro papalvos observando um outro papalvo a cavar. E como cada português tem Portugal dentro de si {caramba, é ou não é isto um país de poetas?!} lá estão mais {as pintas brancas} quatro papalvos observando um outro papalvo a cavar dentro de cada um de nós. O português tem a {rara} capacidade de observar o cavar da sua própria sepultura enquanto a cava ele próprio. Cavamos a nossa própria sepultura ao assistirmos ao cavar da nossa própria sepultura. Como assistimos ao cavar da nossa própria sepultura só nos resta ajudar a cavar a nossa própria sepultura. Confuso? Malta, isto não é tão fácil como parece. E só um a cavar?! Vá lá, dêm aí uma ajudinha...

sábado, outubro 09, 2010

By folk etymology, from Malay kampung...

Temos o compound como enclosure. Temos o compound como fortification.

Mas, seja qual a abordagem, vou dar sempre aqui. Absorto. Fascinado. Intrigado.

Compounds

Hildale, Utah.

Hildale, Utah. Main gate.

Hildale, Utah. Fence.

Eldorado, Texas. Yearning for Zion Ranch.

Eldorado, Texas. Dust road heading to Yearning for Zion Ranch.

Eldorado, Texas. Yearning for Zion Ranch. The Temple.

terça-feira, outubro 05, 2010

Lengalenga

Eu criso,
tu crisas,
ele(a) crisa,
nós crisamos,
vós crisais,
ele(a)s crisam...

sábado, outubro 02, 2010

Dennis "The Menace" Bergkamp

Ainda no seguimento do post anterior, pode muito bem valer a pena estar atento ao desenrolar dos comentários no post original. Mas o que é mesmo lindo, e eu não mencionei no post anterior, é a nota de abertura ao "meu" texto...

«N.B. – Of all the players that people have wanted to write about for the blog, Dennis Bergkamp was by far and away the most popular choice. To reflect that, here’s a second entry for the series on the great Arsenal striker.»


Grande, enorme, fenomenal, gigante, Dennis Bergkamp!

sexta-feira, outubro 01, 2010

My favourite footballer

O desafio lançado pelo pessoal do The Equaliser é simples. Pede-se aos leitores que elejam o seu jogador de futebol favorito e que escrevam um pequeno texto sobre o mesmo. Em Agosto passado, "preso" em Lisboa, com a casa toda submersa em pó, dois moldavos a martelar sem cessar na divisão ao lado, um calor do caraças, sentei-me ao computador e em meia dúzia de minutos saiu este texto. De jacto, sem grandes merdas, apenas uma certeza, Dennis Bergkamp, he's the man! Seguiu por e-mail. Foi aceite. Agradeci e esperei. Foi hoje publicado. Podem lê-lo aqui. Mas façam-me o favor de ler também o que está aqui em baixo. Pois este que aqui está foi aquele que eu enviei, o que eu escrevi. O que lá está foram eles que o escreveram... Grandes cromos! Disse-lhes que se sentissem à vontade para emendar algo que achassem estar errado ou mesmo sem sentido, o meu inglês não é perfeito I confess, mas isto?! Caramba. Mesmo em relação às imagens lembro-me de lhes ter pedido explicitamente para não colocarem nenhuma imagem dele com a camisola dos gunners, além de ter sugerido a que está aqui mais abaixo, e o que é que eles fazem? Pois... Na boa, o que interessa mesmo é louvar o grande Dennis Bergkamp. E sempre posso ter aqui o texto original. Boa leitura {mesmo com erros, gramaticais, sintácticos, gralhas, whatever, mas muito mais genuíno...}!



«I guess it must be Dennis Bergkamp.

The guy never won nothing really worth it. Three UEFA cups, I grant that, but still… No Champions, no Euro Cup, no World Cup. But who cares? Playing football isn’t (shouldn’t be) all about winning trophies. I always preferred the Johaan Cruijff’s “best to be remembered by the style” approach. And Dennis Bergkamp was all about style. The poise, the total control of the ball, of the space, of the thought and action…

And what to say of his sense of fidelity, throughout his career? I also value that. He always seemed well with his life, centered, balanced. He played in three clubs. God, three clubs! We may as well say two, since the Internazionale experience was not all that great (which for me is another extra point… not being totally successful in Serie A can be seen as good sign…). So, two clubs it is! Not that many players pull this one trough. He was born and educated at Ajax (1986-1993) and matured and ended in glory at Arsenal (1995-2006). Being this faithful to one’s teams is not for an average player!

The same goes for the oranje elftal. From 1990 to 2000, those were ten good years I must say (79 apps and 37 goals). Great games, decisive games. One of the best to ever played with the orange jersey. And the luck to ever played with some outstanding Dutch players, such as Kluivert (the only one until now to have surpassed him in most goals scored), Overmars, Bronckhorst, Winter, Koeman, brothers De Boer, Van der Sar, Cocu, Davids, Seedorf and many others.

And, of course, if style, allure, sense of fidelity, integrity and whatnot weren’t enough, for scoring the most brilliant goal ever! Yes, for me, being two years younger than him, I cannot recall another goal so brilliant in the last 40 years. Sorry, I cannot. Stade Vélodrome, Marseille, 4th July 1998. Quarter-finals, Holland vs. Argentina. One minute to the final whistle, and the game is tied 1-1. Frank de Boer makes a 60-yard aerial pass to Bergkamp. With three (!!!) right-footed touches Bergkamp dominates the ball (!), puts it in between Ayala’s legs (!) and fires a volley with the outside of his right foot past the goalkeeper (!), sending Holland to the semi-final against Brazil. That goal is historical, is beyond football. It’s magic. (you can watch it here) I still can hear myself screaming whenever I think of that afternoon! Goosebumps allover! ;D

I even find his aerophobia endearing. Being known as the non-Flying Dutchman is quite something!

He’s a player I’ll never forget as long as live.

PS - I feel I must also praise Garrincha, Maradona, Cruijff and Eusébio (being a Benfica supporter after all…).»

quinta-feira, setembro 30, 2010

39 anos

3.9 décadas
14.235 dias
341.640 horas
20.498.400 minutos
1.229.904.000 segundos



{Wolfram Alpha dixit}

quarta-feira, setembro 29, 2010

Sweet music to my ears...

Os Sweet Cobra, those crazy motherfuckers from Chicago, lançam hoje no mercado o seu segundo álbum, Mercy. Após a morte de Matt Arluck ei-los de volta. Eu já encomendei o CD e a bela da t-shirt... Bless them!

"Fucking fertilizer" do álbum de 2007 Forever.

terça-feira, setembro 28, 2010

O Amor é...



A todos aqueles que eu "viciei" nas sessões do Dr. Paul Weston, façam o favor de não acharem que já viram {ouviram} tudo. Quando acabarem a segunda temporada do In Treatment, e enquanto aguardam pelo final da terceira, deliciem-se com este Big Love. Mais uma da HBO, desta vez com a vantagem de já cá estarem fora todas as quatro temporadas {2006-2010}. É só sacar da net e curtir, enroscados no sofá, o frio que se aproxima. Não vou adiantar muito {ainda só vou no quinto episódio...}, apenas digo que se passa no Utah e envolve poligamia, religião, consumo desenfreado, caçadas com lobos de dentes arreganhados, bombas de gasolina poeirentas, shitty jobs, armas e dinheiro... ah, e {já mencionei?} poligamia.

{Além de que é uma óptima oportunidade para rever os grandes Harry Dean Stanton e Grace Zabriskie!}

quarta-feira, setembro 15, 2010

To reek or not to reek...

Há uns instantes atrás, descendo a rua, à minha frente, nas costas da t-shirt preta de um metaleiro li: I REEK OF PURE PUTREFACTION. "Man, gross", pensei. Depois, apercebi-me, foscace, aquilo era uma t-shirt dos grandes, monumentais, Carcass! Cheira-me {pun intended} que tenho de começar a prestar mais atenção às lyrics desta gente... ;D

segunda-feira, setembro 13, 2010

Manteca

Same, same... but different. Na Cataloniestraat, 3, mesmo em frente à Sint-Niklaaskerk. A não perder. A sério. A não perder.



Dou-me conta agora de que a razão do nome reside {só pode!} nesta criação do grande Dizzie Gilespie...

Hooiaardbrugge {+51° 3' 19.80", +3° 43' 14.62"}



{enlarge it!}

Rozemarijnbrugge {+51° 3' 2.10", +3° 42' 37.81"}



{enlarge it!}

09/13

Como já passaram dois dias, acho que já estão noutra, portanto posso dizer-vos: para mim, 09/11 é mais isto!!!!! Bela merda...



{via}

domingo, setembro 12, 2010

Sete dias em solo belga; pequenas notas soltas...



1. Eu gosto do Sol e do céu azul. E de uma banhoca salgada no Atlântico. Mas sempre que vou lá acima sinto sempre que trocava tudo isso por aqueles céus. Ninguém tem aqueles céus da Flandres. Nem aquele fresco, aquela chuvinha. E tudo o que vem por acréscimo.
2. Isto é, os bares, os interiores, o quentinho, as cervejas, os cafés e os chás, os broodjes. As passas, os frutos secos. Os queijos. Os confortos.
3. A qualidade de vida, o luxo de se poder ter calma na vida {eles não se irritam... eles não se desviam... eles não sorriem...}, a certeza de que aquilo funciona {o nível de sofisticação e de eficiência da empresa que alugava bicicletas em Gent era assustador...}. Apesar da qualidade na vida, e dos fenomenais céus!, e embora me tivesse acontecido trocar o nome de uma pelo nome da outra, a Bélgica pouco tem em comum com a Holanda.
4. Os belgas são estranhos. Parecem doentes. Do foro psiquiátrico. Parecem personas divididas. Fendidas. Fracturadas. Não parecem ser capazes da felicidade. E não é do tempo, e da chuva, e do frio... Não, é mesmo outra coisa qualquer lá deles. {E é óbvio que generalizo...}
5. A pedofilia está escancarada diariamente nos jornais. Os bispos, os padres, os cardeais. E as vítimas. Slachtoffers.
6. Também a hipótese da divisão do país em dois inunda as páginas dos diários. Na rua não se sente. Como se tal divisão não fosse nada, comparada com a outra divisão já mencionada...
7. Não me parece que queira voltar à Bélgica. Gent encheu-me as medidas. Muito. Mas sinto que Gent é uma excepção. Bom, talvez, um dia, as Ardenas...
8. Brussel é Brussel. Não presta. {O Museu Magritte não foi mau de todo...}
9. Brugge é Brugge. Um cartão postal. {Dá para passear de bicicleta, o que já não é mau de todo...}
10. A bicicleta está longe de ser considerada e respeitada por todos {mais uma grande diferença em relação ao vizinho de cima}. Mas a liberdade proporcionada por duas rodas, pedais e correias de transmissão está lá. E é divinal. Ó se é.
11. E as cervejas? Bebi uma dúzia delas, mas não explorei ao máximo, nem ao mínimo, a coisa. Não esquecer que fiz férias em família, como pai de família. Conheço tão bem os parques infantis em Gent e arredores como as cervejas belgas em geral. São cerca de 350 variedades. Eu fiquei-me por uma mão cheia delas. Todas boas, algumas especiais. Acima de tudo a Piraat {triple beer, 10 graus, não experimentar beber mais de 3 seguidas...}. A Orval segue-a de perto. A fiel Hoegaarden mantém-se, bom, fiel.
12. O Manteca é o local ideal para uma cerveja, um cigarro e dois dedos de conversa. Tudo embebido em meia-luz e sonoridade jazística. Uma cidade que tem um Manteca tem tudo.
13. As crianças não são só slachtoffers... As crianças até aos 12 anos de idade não pagam comboio, não pagam museus, não pagam isto nem aquilo, em alguns restaurantes até 10% de desconto têm... Sabe bem ver isto posto em prática. Não é condescendente, é responsável e entusiasmante. As crianças belgas têm uma autonomia {assim à primeira vista} muito interessante e intensa.
14. Os gentenaars {a malta do Norte em geral} vivem a cidade de um modo muito especial e intenso. A cidade é deles e eles sabem-no. Cuidam dela e ela cuida deles.
15. Também eles, os belgas, têm o leão rampante! Gosto do leão rampante!

quinta-feira, setembro 02, 2010

terça-feira, agosto 31, 2010

How I wish you were here with me now



Muitos consideram que este foi o último tema que Ian Curtis gravou com os Joy Division {o tema já só viria a ser editado num lado B de um single dos New Order}. Muitos consideram que Ian Curtis se suicidou após ter estado a ouvir o The Idiot de Iggy Pop e depois de ter visto o Stroszek de Werner Herzog. Pois qual será a relação do título do tema com o título do filme {ou do livro} é-me desconhecida e indiferente. Mas que dava para especular e encontrar elos de ligação até que dava...

In a Lonely Place



In a Lonely Place {1950} figura entre os melhores de sempre. Sempre figurou. Não tenho dúvidas de que irá continuar a figurar. Este filme é absolutamente perfeito. Respira excelence em todos os momentos. Quando fazemos {porque fazemos!} aquele exercício de elencar os 5, 10, 15 filmes favoritos, ele está lá sempre. É, de resto, quase sempre o primeiro a saltar para a lista. Tudo nele é genial. O filme negro mais brilhante de sempre. O som, a luz, os settings, as deixas, o fumo, os olhares, as curvas, a intimidade familiar face a face aos embaraços da vida boémia, os diálogos de antologia, o álcool, o ódio tão forte quanto o amor, a elegância massajada pelo indecoro. É um filme genuíno, com nervo. Um filme cheio de histórias para além dele {e tem-nas aos pontapés}. Como aquela que acabei de ler.

Sim, estas férias consegui finalmente ler o original In a Lonely Place. O livro. A origem. De Dorothy B. Hughes. Andava mortinho por lê-lo há já uns tempos. Saltou-me à vista na FNAC e foi comigo para perto do mar {atenção, não o li senão à noite, na cama ou no sofá...}. Quis ver como se comportavam aqueles olhares, aqueles ambientes, aquelas maquinações, em letra após letra, sob a luz do candeeiro e não através da do projector, como se alinhariam elas no papel, identificar quais as que tiveram força para saltar para a película, e quais não a tiveram.

Wow! Grande baque, este. Então a mulher, no original {atenção, spoilers à vista!}, fez do Dix um cínico serial killer misógino?! No final das contas, o tipo quebra, vai-se abaixo, desata a chorar e vai dentro?! E é aquela desgraçada de nariz empinado e olhos de carneiro mal morto {sim, depois da Jeff Donnell não dá para imaginar mais nenhuma senhora Nicolai...} quem o desmascara e o arruina?! E o delicioso Mel Lippman afinal é um tal de Mel Terriss que evidentemente nunca chegou ao Rio de Janeiro?! E Dix e Laurel afinal passam mais tempo afastados que aconchegados?! Afinal ele não começa a escrever desenfreadamente após conhecê-la?! Ah, pois, parece que afinal ele nem escreve... É um rol de discrepâncias, de rupturas, de desarmes, de fatalidades mesmo, que nem dá para imaginar...

Mas desenganem-se. É um livro muito bom de se ler. A tal senhora Hughes parece que {diz a contracapa da edição da Penguin(*)} faria corar de vergonha o mestre Chandler... Bom, não sei se diria tanto, dou desconto à necessidade de "vender" o livro, mas deu para perceber que a senhora Hughes maneja bem a escrita. O livro tem áreas muito boas mesmo. Aconselho vivamente. Boa leitura negra para férias agitadas. No fundo, no fundo, o seu único aspecto negativo é o de "custar" muito a quem gosta, ama, muito o filme. Eis um bom exemplo de quando o filme ultrapassa {e em muito!} o livro.

Deixo como apontamento sonoro final o belo tema "I Hadn't Anyone 'Til You" cantado por Hadda Brooks. A cena é do filme. E não consta do livro...





(*) Já agora aproveito para cascar na Penguin... Sempre tão exemplar na elaboração das suas capas, desta vez fizeram uma grande borrada. Não dava, não dava mesmo, para colocarem uma imagem de Bogart e Grahame na capa! Não dava! Sendo o livro e o filme duas criaturas tão distintas, não dava!

'Laurel'...



«'Laurel,' he said, and she came to him the way he had known from the beginning it must be. 'Laurel,' he cried, as if the word were the act. And there became a silence around them, a silence more vast than the thunderous ecstasy of the hungry sea.»

In a Lonely Place {1947}, Dorothy B. Hughes.

quinta-feira, agosto 26, 2010

E, agora, se não se importam...

... vou apanhar a A8 uma vez mais.

Update



As minhas férias – mas o que são as minhas férias??? – continuam um misto de obras, praia, A8, a filha mais velha a tatuar {hena, meus amigos} uma flor na anca, almoçar e jantar fora {o que eu sinto saudades de cozinhar, meus Deus...}, mais A8, a filha mais nova a ficar mais velha {o speed a que o faz é lindo, irrepetível e mágico; uma espécie de raio verde!}, dormir na mãe, mergulho divinal no frio Atlântico, ainda e sempre a A8, e pó, muito pó... Nada mal, heim? Eu não me queixo, sério. Só o Glorioso me arrelia...

sexta-feira, agosto 13, 2010

Assim se vê a força do FB...

Da próxima vez que alguém me disser mal do Facebook mando-o dar uma curva. Das duas uma, ou não tem amigos ou não sabe comunicar com eles. A manhã de hoje está a ser absolutamente delirante.

{Aqui. Mas só para quem tem Facebook e é meu amigo! ;D}

segunda-feira, agosto 09, 2010

Trila!



Ultimamente ando a dizer coisas que não imaginava ter de dizer... Há uns dias zurzi no Herzog, hoje faço a apologia do Polanski. Bela tarde passei hoje a ver o The Ghost Writer! Roman Polanski, estás perdoado. McGregor à maneira, Kim Cattrall as usual, Pierce Brosnan {bom, say no more...} e uma aparição genial de Eli Wallach. E o que dizer da senhora Williams? Belíssima bone structure! he he he...





{Obrigado Vasco, não fosses tu, hoje não tinha ido pr'o escurinho... ;)}

quarta-feira, agosto 04, 2010

segunda-feira, agosto 02, 2010

Herzog, Herzog, What Have Ye Done...



Nunca pensei vir a dizer isto. Custa-me montes. É penoso mesmo. Mas alguém devia dizer ao Herzog para deixar de fazer filmes! É que já não é o primeiro... Safa! Sair de uma sala de cinema a pensar nos 5 euros que ali se deixam é a pior coisa que pode acontecer a qualquer um. E olhem que eu troquei uma casa em obras, repleta de pó no ar, entulho a sair em sacos, camartelos a troar, por isto, por uma sessão das três e tal... Ou seja, neste caso a situação raia o unbearable, sobretudo se pensarmos na imensa quantidade de nomes que representam talento/amor/humor/ódio envolvidos... no entanto... a minha casa de banho de cuspo e pó sabe melhor...

Uma colherada amorosa...

Já não é a primeira vez que o Daniel me faz uma destas. Já aconteceu antes. Já foi a linda, magistral, jawbreaker Emily Haines. Hoje são os The Loovin' Spoonful. Cheira-me que só vou ouvir estes tipos este Verão. Não quero mais nada. Vou mergulhar nestes tipos. Obrigado Daniel.



{Engraçado como coincide sempre com o facto de a Susana andar pelos Brasis...}

domingo, agosto 01, 2010

Mas dourado mesmo é isto...



Há pouco, na varanda, Gin tónico na guelra, o meu golden shower foi assim...

Isto de dourado tem muito pouco...

Estou já um pouco farto de ouvir falar na Golden Share. E em pulgas para ver se o Estado descobre o interesse estratégico de um Golden Shower. Aí, sim, tínhamos um estado com cojones!

quinta-feira, julho 29, 2010

1950 — 1986 — 1998



Andava à procura do golo do Ghiggia em 1950. Mas foi aqui que acabei. Tenho pena de que isto esteja a acabar de vez. Não falo do golo em si, porque golaços há muitos e sempre haverá, mas sim dos comentários, da reacção, da "loucura" que golos destes despertam. Isso não acontece todos os dias. A última vez {que me lembre} que aconteceu foi em Marselha em 1998.

sábado, julho 24, 2010

Gosh, I'm in love with this guy...



Este tipo tira-me do sério.
Grande John Mahoney.
Grande Walter.

sexta-feira, julho 23, 2010

Graças a Deus a Veneziana existe...



Deixem-me que vos diga. Os mais sensíveis não vão gostar do que tenho para dizer. Mas, olhem, que se lixe, sobretudo porque é verdade. Verdade verdadinha. O Pêssego da Veneziana está mil anos-luz à frente do Pêssego Paraguaio da Santini. Mil anos-luz! Ou então: o Pêssego Paraguaio da Santini não chega aos calcanhares do Pêssego da Veneziana! Aos calcanhares! Eu como o Pêssego da Veneziana e estou dentro de uma mercearia de bairro {com tudo o que isso tem de bom e de mau...}. Eu como o Pêssego Paraguaio da Santini e estou dentro da área gourmet do El Corte Inglés {com tudo o que isso tem de mau...}. Cheira-me que é, uma vez mais, a história do Cavalo Paraguaio... Na boa.





{Ah, a Canela não era nada má...}

quarta-feira, julho 21, 2010

Captain Ahab

OMG! Próximo dia 23, em Barcelos, às 03:00, entram em cena os Captain Ahab. No Milhões de Festa. Argh... Não há ninguém que os traga cá abaixo? Eles só tocam em Barcelona a 26... Vá lá... Eu gostava...





sábado, julho 17, 2010

In Treatment



Uma vez mais a HBO não deixa um tipo descalço. Aqui em casa {acabadas que estão cinco temporadas de Grey's Anatomy... sim, amamos muito a nossa filha mais velha!} já só temos tempo para isto. Pequenos episódios de 25 minutos, um psicanalista, quatro pacientes e a própria psicanalista do psicanalista... em verdadeiros mano-a-mano de parlapiê... Muito bom!

terça-feira, julho 13, 2010

Sempre a reinar, estes tipos...

Robert Gesink está a participar no Tour de France e disse à imprensa que está com inveja dos jogadores da oranje elftal. Porquê? Porque para eles parece ser fácil conseguir o amarelo!

segunda-feira, julho 12, 2010

Vrijheid



Há coisas que não têm preço. Uma boleia de bicicleta pode valer muito mais que uma taça dourada. Que eles voltem a lembrar-se disso, é o meu desejo.

domingo, julho 11, 2010

Bloed oranje



Sim, senhor, assim sim, gostei do final que a Nike fez para aquele mega-anúncio que inundou tudo com o tonto do Cristiano a chutar no vazio... Quem diria que aqueles que, tão absurdamente quanto indelicadamente, foram retratados nesse primeiro anúncio apenas como caceteiros estariam agora apenas a umas horas de poder fazer história! Ó ironia...

sábado, julho 10, 2010

Brilhante, as usual.

Senhores e senhoras, David Winner {aqui}.

Quase , quase, quase lá...

Aprecio os escritos deste Brian Phillips, concordo em absoluto com este artigo, mas, apesar de tudo, não consigo ir tão longe. Hup Holland Hup! {sigh]

sexta-feira, julho 09, 2010

La Naranja vs. La Roja

O pardal tailandês escolheu a Holanda. O polvo alemão escolheu a Espanha. Cada cabeça, sua sentença. Pois, para mim, não restam muitas dúvidas, a Holanda ganha. Vence. Pelo modo como as coisas andam, são eles, aqueles holandeses que lá para baixo foram, quem estão mais preparados, estimulados, mentalizados, esfomeados, estigmatizados, para cumprir com a função. A Espanha joga mais, no sentido de dar prazer a quem assiste? Sem sombra de dúvidas! Mas isso hoje não interessa, pois não? Ou já interessa novamente? Que me lembre – não me lembro! –, nunca o campeão foi aquela equipa que mais encantou. É como se fosse condição necessária... Miséria. Assim, a Holanda vai ganhar. Vai sofrer, vai fazer sofrer, vai tremer, vai colocar tudo no nervo, vai jogar feio, sujo até, vai fazer o que tem de ser feito. A Espanha {ainda} anda deslumbrada consigo mesma. A Holanda está convencida, cheia de si.

Embora esteja totalmente convencido de que a Espanha vai perder, bom, sempre há aquele 1% que nos diz que tudo é possível. Seria interessante, à falta de melhor termo, que a Espanha nos provasse, finalmente, a todos, que dá para ganhar campeonatos do mundo sem mudar o estilo em favor do cinismo. Sem atraiçoar toda uma cultura e um modo de viver o futebol. Se me dissessem — sei lá, um polvo, não, um esquilo num parque londrino –, que caso a Espanha ganhasse, e a lição final espelhada nessa vitória fosse essa, e que a Holanda a aprenderia humildemente, abnegadamente, eu até que apoiava a Espanha... O silêncio, contudo, é alarmante. Prefiro, pois, esperar, torcer, gritar, para que a Holanda ganhe o raio da taça. E que finalmente alguém ganhe o que Cruijff nunca ganhou. E que cosam a estrela nas camisas. E que se calem para sempre. E que se aprenda então que não vale a pena sofrer desta maneira.




PS — "A Holanda vai ganhar" não é bem o mesmo que "a Espanha vai perder", pois não? Tenho de pensar melhor nisto...

Nem mais...

Este texto é bom, certeiro, vai ao ponto. Nem era preciso mais, mas, pronto, são só mais alguns tristonhos por aí a lamentarem-se.

quinta-feira, julho 08, 2010

Declaração de interesse

No dia 6 de Junho a selecção holandesa chegou à África do Sul com um único objectivo no pensamento: ganhar o torneio, levar a taça {uma cópia, na realidade} para a Holanda e poder finalmente coser uma estrelinha na camisa cor-de-laranja. Alguns poderão perguntar-se: Mas não é o que todos pensam, não é esse o objectivo de todos aqueles que participam neste evento? Naturalmente que não. Pensar que o Paraguai vai ao Mundial para ganhá-lo é um disparate. Acreditar que o Gana tem ambição e meios suficientes para chegar a um Mundial com esse objectivo na mente também não é muito realista. São muito poucas as selecções que podem, conseguem, se atrevem, a fazê-lo. E, se pensarmos bem, essas são todas aquelas que já o fizeram pelo menos uma vez. Por vezes, isto parece a história do ovo e da galinha, ou de como entrar no Frágil à sexta-feira... Como ganhá-la se para o fazer é preciso já a ter ganho antes? Com excepção do Uruguai, diria, perdoem-me a franqueza {e se estamos a ser francos, então junte-se ao lote a Inglaterra e a França também...}, todos os que já ganharam este torneio quando entram é para ganhar. Mas se há excepções em relação aos que já ganharam a taça e, de qualquer modo, "perderam" esse direito a reclamá-la de novo, também há excepções para os que nunca a conquistaram e, ainda assim, nunca deixaram de achar que é um direito que lhes assiste. A Holanda é um desses países. A Espanha começa ser um desses países. Esta final vai ser lixada...

A Holanda, pelo que sei, tirando 74 e 78, nunca chegou a um Mundial com o expresso objectivo de o ganhar. Sendo, aliás, precisely my point, esses dois anos os únicos em que atingiu a final. Em 74 era óbvio que eram eles os campeões, mas não foram... Em 78 era óbvio que eram eles os campeões, até para provar que 74 fôra um erro, um deslize, mas não foram... E daí para a frente, houve, tem havido, uma espécie de encolher de ombros não muito resignado, não rancoroso, até de certa forma salutar, em que a conclusão geral é, tem sido, selecção após selecção, estrela após estrela: que se lixe, jogamos bem, isso ninguém nos tira, temos fãs pelo mundo inteiro, somos animados, temos estilo, deslizamos em campo, somos os maiores, ninguém joga como nós, só não ganhamos. Sejamos justos, tudo isto é verdade, tudo isto é de facto salutar, ser o underdog é uma posição admirável, mas tudo isto é incomportável por muito tempo. Bom, foram 32 anos. Precisamente.

Foi preciso chegar a 2010, foram precisos 32 anos, para conseguir reunir um grupo de jovens jogadores capazes de interiorizar esse enorme objectivo e de exteriorizar essa vontade. Um ciclo que culmina agora nesta final, nesta chance que alguns têm para provar que estão certos, para provar que, por vezes, compensa abandonar o futebol, o meio, e abraçar o objectivo, o fim. Porque é disso que se tem tratado sempre, e é disso que se trata agora fundamentalmente. A populaça divide-se, ó se se divide. Nem todos {e aqui me incluo} acham que é um bom negócio, este de virar as costas a toda uma cultura, a todo um passado, e ir directo ao assunto, gerir as expectativas e cumprir com os objectivos. Os malditos objectivos. Ainda hão-de matar o futebol por completo... Mas muitos {a maioria} é assim que pensam, é assim que encaram este Mundial de 2010. Estão fartos de encantar e nada ganhar. E então viram neste grupo a oportunidade. Este grupo não tem meninos. Este grupo não tem anjinhos. Este grupo não pensa em Cruijff. Este grupo não parece olhar para trás nunca. Não. Este grupo é de agora, do momento. É um grupo que não tem medo, e quando o tem não o demonstra. É um grupo pós-BarçaxInter de 2010. O objectivo acima de tudo. O título. A conquista. O feito.

Comandando o grupo está um tipo que recentemente foi considerado pela KNVB o mais eficaz e eficiente treinador nacional holandês de sempre. Como? Desculpe? Ainda recentemente este senhor foi eleito pelo Times o melhor de todos os tempos... Não vale nada? Bert van Marwijk chega e conquista? Shame on you. Van Bommel chega a Joanesburgo a pensar na legenda que diz Weltmeister sempre que Paul Breitner fala na televisão. Pffff... Wesley Sneijder, o motor, a alavanca, o elemento-chave deste grupo, vem para África pura e simplesmente encantado por Mourinho. São as palestras, é a pulseira magnética. Diz publicamente «quero ganhar tudo!». Esquece as palavras recentes, exactamente as mesmas, de Cristiano, aquele que não ganhou tudo... Os outros acompanham. O ritmo está marcado, o compasso é fácil. Van Persie percebe e faz o que lhe pedem. Robben acha que continua a jogar bonito, mas não percebe que faz o que lhe pedem. Kuyt não parece pensar muito, apenas faz. Falar dos dois do meio-campo nem vale a pena, só me entristeceria mais. O quarteto defensivo é deixá-lo. O que torna mais chato de encarar esta realidade é que todo este processo parece ser bem natural, não há anticorpos {comme d'habitude} na equipa, os jogadores falam em uníssono, o mesmo discurso em todas bocas, unanimidade conquistada. Pouco holandesa, esta nova faceta.

É, portanto, dado mais do que adquirido que este ano a Holanda sacrifica o passado, o jogo atraente e entusiasmante, pelo título, pelo feito. Está entendido. Mas não me peçam para estar satisfeito. Não estou. É óbvio que salto imediatamente da cadeira aos berros quando Gio marca o golo que marcou contra o Uruguai. Como não? Mas sei que há mais donde este veio. E não vêm. Claro que não tenho palavras para o segundo golo de Sneijder frente ao Brasil. Como não? Mas sei que é mais o golo típico das equipas vencedoras, das equipas que ganham taças, do que o golo mágico de quem está a respirar futebol do primeiro ao último minuto. Quero que eles ganhem, quero. Mas mais pelo que já gritei por Dennis Bergkamp do que pelo jogo chato {chato é pouco} que fizeram contra o Japão. Mas mais pela beleza de Aron Winter em campo do que pela energia gananciosa de Van Bommel. Mas mais pela solidez de Ronald Koeman, general olhando a linha inimiga, do que pelos remates frouxos de Van Persie. Mas mais pela magnífica cabecinha de Patrick Kluivert do que pela insipidez geral actual. Mas também mais por alguns momentos insólitos e beneméritos {este e este} do que pelo enigma que parece ser Rafael van der Vaart. Mas muito mais pelo que estes mesmos rapazes fizeram na Suiça há dois anos atrás do que pelo que andam a mostrar neste preciso momento. E, acima de tudo, muito mais pela vã esperança de que uma vez aposta a tal estrela na camisa, toda a ilusão se desfaça, que o embuste seja detectado, que o prazer e a alegria em campo regressem, que uma vez campeões não sintam mais a vil necessidade.

Vil?! Falo, essencialmente, do ponto de vista do adepto. Nunca tinha vivido um torneio deste modo. Nunca num torneio a Holanda me disse «viemos para ganhar» e cumpriram {bem sei, bem sei, ainda falta a final...}. Este ano senti o que deve ser para um torcedor brasileiro, argentino, alemão, italiano, assistir aos jogos da sua equipa. A pressão. Eu costumava divertir-me a ver a Holanda jogar. Isso não tem preço. Este ano não me divirto, sofro. Este ano sofro pela alegria prometida. Mas uma alegria conquistada pelo sofrimento? Não sei não. Isto não é o Benfica, isto não é a Liga Sagres. Espero sinceramente que ganhem e que sejam felizes. E que, como adepto, possa depois assistir à retirada de Van Bommel, de Gio {mais do que ninguém merece a estrelinha} e de Van Marwijk e de todo este mambo jambo... Que regresse o 4-3-3. Que regressem o domínio do espaço e a posse da bola. Que regressem os golos magistrais. Que alguém se lembre de lá pôr à frente, sei lá, Foppe de Haan. E que pequenos tesouros como Affelay, Elia e Huntelaar possam desenvolver-se, crescer e encantar sem a pressão que tudo esgana, estagna, envenena.

Pronto. Está dito. Safa. Nunca mais é domingo...

E agora?

Não estou bem... Meio tristonho, nem sequer é aquela ansiedade típica que antecede os grandes momentos... É mesmo uma espécie de não-identificação... Só me apetece falar do jogo de há dois dias, aquele que já era então apenas para cumprir calendário, mas nem isso consigo... Sobretudo aquele magnífico golo do Gio, queria colocar aqui o vídeo, mas... Olhem, fiquem com este belo texto deste recém-descoberto senhor que dá pelo belíssimo nome de Joe Posnanski.

terça-feira, julho 06, 2010

segunda-feira, julho 05, 2010

Oh, my Gosh, what have I done?!



Perdoem-me mas não consigo deixar de capitalizar sobre esta vitória... E sabiam que foi o primeiro golo de Sneijder marcado de cabeça? Será possível? E logo este!

Amazing moment, amazing photography

sábado, julho 03, 2010

As it happened... {in motion}



Aos 3:07 está o tal golo! Que golo! Representando a viragem do resultado, nos quartos-de-final, contra o Brasil? Robben, Kuyt, Sneijder. As simple as that!

sexta-feira, julho 02, 2010

As it happened...

Notável, como sempre. O jogo de hoje visto pelo Guardian.

Momento do jogo (4)

Mesmo no cair do pano, depois de já terem desperdiçado uma ou duas possibilidades fortes de marcarem mais um golo, os holandeses fazem um ataque mortal. Estão 3 jogadores a ameaçar Júlio César – seriam Huntelaar, Sneijder e Kuyt? – e é só uma questão de ver quem marca o terceiro golo e fecha o jogo. Pois não é que aparece ainda um quarto holandês, Robben, fica com a bola e com um toque absurdo passa a bola para trás – afastando-a da baliza! – em direcção a um jogador brasileiro?! Eu que pensava que a arrogância típica desta selecção tinha sido trocada pela ganância típica de quem quer ganhar o torneio fiquei deveras preocupado, leia-se irritado. Foi apenas um lapso ou temos de temer o pior nos dois jogos que aí vêm?


Não tenho imagem para ilustrar este momento, é pena.

Momento do jogo (3)



Nunca tive dúvidas que o Brasil ia tentar hoje a jogada da provocação, da picardia, da boca foleira. Nunca tive dúvida de que o Brasil viu e tirou conclusões do jogo de 2006, em Nuremberga. Vocês sabem a que jogo me refiro... Mas se o Brasil viu esse jogo, a Holanda jogou-o. E sabe o que perdeu. A Holanda perdeu muito mais do que um jogo nesse dia. E felizmente aprendeu a lição. E foi por isso que os berros de Robinho hoje ecoaram no estádio, perderam-se no meio do ruído das vuvuzelas e não tiveram resposta por parte dos holandeses. Bravo.

Momento do jogo (2)



O golo de Sneijder. Não o primeiro, mas o segundo. O da reviravolta. O do posterior tapinha na testa. Aquele golo é genial!

Momento do jogo (1)



Stekelenburg {em mais um momento em que nos faz "esquecer", de jogo para jogo o grande Edwin van der Sar} defende in extremis aquele que seria o segundo golo do Brasil, aquele que seria um grande golo de Kaká. Aquele que poderia ser o ponto de não-retorno. Kudos to Stekelenburg.

In halve finale!!!



Em anos anteriores se estivesse nesta fotografia o Romário, ou o Klinsman, ou o Tevez, ou o Gattuso, era tudo isto e aquilo, era a expressão da vontade de vencer. Mas como é o Nigel de Jong já é a arbitragem, e mais aquilo e aqueloutro. Metam na vossa cabecinha que a Holanda {pela primeira vez} meteu na cabeça que quer ganhar a taça. E em tudo se tem comportado como todos os campeões anteriores. Nem mais nem menos. Não pode a Holanda querer ganhar a taça e coser uma estrelinha na camisa? Só ao Brasil, à Argentina, à Alemanha e à Itália é que tal é permitido? Não há vencedores garantidos. E esta Holanda já está a surpreender. A começar pelos próprios adeptos que lentamente começam a perceber que, sim, se calhar, por vezes, até que vale a pena abandonar o estilo e rumar directo à essência. Se os outros conseguem porque não conseguirá a Holanda? Eles todos só pensam nisto. E eu estou com eles. Hup Holland Hup!

Op weg naar Hemel!

En nu het nieuws... #2

A nossa correspondente em Amsterdam, Die Heks, conta-nos que ainda há pouco na rádio uma criança relatou que estava no campo, a brincar, e que soprou uma vuvuzela e as vacas todas das redondezas a perseguiram {furiosamente?}... nem as vacas gramam aquela treta daquela corneta.

quinta-feira, julho 01, 2010

quarta-feira, junho 30, 2010

Bizarra Fauna }}} Cobra Cuspideira

Look into my eyes... look into my eyes...



... at the count of 3, next friday, around 5 p.m., you'll wake up and find that you're doomed. Bon voyage!



{pequeno momento de arrogância, misturada com humor apesar de tudo, vá lá, permitam-mo, caramba, nunca mais é sexta-feira...}