domingo, setembro 12, 2010

Sete dias em solo belga; pequenas notas soltas...



1. Eu gosto do Sol e do céu azul. E de uma banhoca salgada no Atlântico. Mas sempre que vou lá acima sinto sempre que trocava tudo isso por aqueles céus. Ninguém tem aqueles céus da Flandres. Nem aquele fresco, aquela chuvinha. E tudo o que vem por acréscimo.
2. Isto é, os bares, os interiores, o quentinho, as cervejas, os cafés e os chás, os broodjes. As passas, os frutos secos. Os queijos. Os confortos.
3. A qualidade de vida, o luxo de se poder ter calma na vida {eles não se irritam... eles não se desviam... eles não sorriem...}, a certeza de que aquilo funciona {o nível de sofisticação e de eficiência da empresa que alugava bicicletas em Gent era assustador...}. Apesar da qualidade na vida, e dos fenomenais céus!, e embora me tivesse acontecido trocar o nome de uma pelo nome da outra, a Bélgica pouco tem em comum com a Holanda.
4. Os belgas são estranhos. Parecem doentes. Do foro psiquiátrico. Parecem personas divididas. Fendidas. Fracturadas. Não parecem ser capazes da felicidade. E não é do tempo, e da chuva, e do frio... Não, é mesmo outra coisa qualquer lá deles. {E é óbvio que generalizo...}
5. A pedofilia está escancarada diariamente nos jornais. Os bispos, os padres, os cardeais. E as vítimas. Slachtoffers.
6. Também a hipótese da divisão do país em dois inunda as páginas dos diários. Na rua não se sente. Como se tal divisão não fosse nada, comparada com a outra divisão já mencionada...
7. Não me parece que queira voltar à Bélgica. Gent encheu-me as medidas. Muito. Mas sinto que Gent é uma excepção. Bom, talvez, um dia, as Ardenas...
8. Brussel é Brussel. Não presta. {O Museu Magritte não foi mau de todo...}
9. Brugge é Brugge. Um cartão postal. {Dá para passear de bicicleta, o que já não é mau de todo...}
10. A bicicleta está longe de ser considerada e respeitada por todos {mais uma grande diferença em relação ao vizinho de cima}. Mas a liberdade proporcionada por duas rodas, pedais e correias de transmissão está lá. E é divinal. Ó se é.
11. E as cervejas? Bebi uma dúzia delas, mas não explorei ao máximo, nem ao mínimo, a coisa. Não esquecer que fiz férias em família, como pai de família. Conheço tão bem os parques infantis em Gent e arredores como as cervejas belgas em geral. São cerca de 350 variedades. Eu fiquei-me por uma mão cheia delas. Todas boas, algumas especiais. Acima de tudo a Piraat {triple beer, 10 graus, não experimentar beber mais de 3 seguidas...}. A Orval segue-a de perto. A fiel Hoegaarden mantém-se, bom, fiel.
12. O Manteca é o local ideal para uma cerveja, um cigarro e dois dedos de conversa. Tudo embebido em meia-luz e sonoridade jazística. Uma cidade que tem um Manteca tem tudo.
13. As crianças não são só slachtoffers... As crianças até aos 12 anos de idade não pagam comboio, não pagam museus, não pagam isto nem aquilo, em alguns restaurantes até 10% de desconto têm... Sabe bem ver isto posto em prática. Não é condescendente, é responsável e entusiasmante. As crianças belgas têm uma autonomia {assim à primeira vista} muito interessante e intensa.
14. Os gentenaars {a malta do Norte em geral} vivem a cidade de um modo muito especial e intenso. A cidade é deles e eles sabem-no. Cuidam dela e ela cuida deles.
15. Também eles, os belgas, têm o leão rampante! Gosto do leão rampante!

4 comentários:

aquelabruxa disse...

havias de ter passado este verao por aqui que acho que nao voltavas mais...

aquelabruxa disse...

brugge faz-me sempre lembrar do filme... ja viste? com o colin farrel...

anauel disse...

Por aqui, onde? Não voltava mais para onde?

Sim, Brugge não se vai livrar mais do filme. Sais do comboio, vais ao posto de turismo e lá está o cartaz e uma pilha de dvds à venda, lol.

(Vi-o há pouco tempo e até que o gramei...)

aquelabruxa disse...

aqui holanda, onde eu estou e estive este desespero de (nao) verao.
o filme tem imensa piada, gostei imenso.