sábado, agosto 30, 2008

Pequeno balanço

A minha otite anual rebentou hoje de manhã {logo agora que já não estava a contar com ela...}, falta 1 hora e pouco para o derby {deste não conto com grande coisa...} e uma noite falta para o regresso da antropóloga cá de casa {por essa já contava, sim...}. Começa, assim, o fim de uma semana de isolamento quase total, fechado em casa, numa preguiça por vezes angustiante, frente ao televisor, comendo filmes atrás de filmes enquanto vejo saladas e arrozes de tomate e pastéis vários desfilar por mim. Também li e bebi vinhos, tinto e branco. Agora acabou-se, que vem aí o antibiótico. Passo sem grandes problemas, diga-se, ao concentrado de maracujá Cliper.

No princípio da semana tornei-me, pela terceira vez na vida, sócio do Blockbuster. Na condição de novo sócio tive direito a um aluguer grátis {olha que fixe!}. Aluguei então o belíssimo Pat Garret & Billy The Kid {1973} e, na boleia, o tanto bizarro quanto desnecessário, Boarding Gate {2007}. De seguida, o idiota Butch Cassidy and The Sundance Kid {1969} mais o decepcionante Indigènes {2006}. Hoje já vi o inócuo Kagen no tsuki {2004} e preparo-me {agora que o Glorioso já está a comer com 1 golo madrugador...} para ir ver o Zwartboek {2006}, que espero que seja tão bom quanto o Soldaat van Oranje {que nunca vi...}. O The Savages {2007} deixo-o para amanhã, que este é dos que a antropóloga gosta...

Não foi uma colheita excepcional; mas isso não é, nunca foi, um problema...

Ah!, também tive a oportunidade de ver o O Cheiro do Ralo {2006}, que não é assim tão mau como mo tinham pintado, e o Men In Black II {2002}, o que só vem provar que estou home alone...

sexta-feira, agosto 29, 2008

Oh!

Dou-me conta agora mesmo que só faltaria uma coisinha para o Pat Garrett & Billy The Kid ser perfeito, perfeito, perfeito... Warren Oates. O que eu daria para o ver ali, num papel pequeno que fosse. Que pena ele não ter participado neste filme tão próximo da perfeição.

Pat Garrett & Billy The Kid

Ontem vi o belíssimo, fenomemal, fabuloso, fantástico, genial, e demais adjectivação possível, Pat Garrett & Billy The Kid {1973}, do mister Sam Peckinpah, e hoje vi o idiota, para me poupar na adjectivação, Butch Cassidy and the Sundance Kid {1969}, de um tal de George Roy Hill. Não foi programado, mas aconteceu. Dois dias, dois westerns, próximos no tempo, sobre duas duplas de outlaws, sendo dois deles kids, e ficam-se por aqui as semelhanças... Pois se o James Coburn e o Kris Kristofferson são uma dupla do camandro, já o Paul Newman {a minha sogra que me perdoe} é um palhaço e o Robert Redford {a minha madrasta que me perdoe} um canastrão do piorio.

Com o segundo nem vou perder muito tempo, é idiota, e por aqui me fico. Além de que humor, piadinhas de caserna ou não, e westerns não combinam {excepção feita, claro está, ao Blazing Saddles... e... e...}, logo, aquela carinha laroca do Newman só mesmo para dar socos. Mas o primeiro, o do mestre Peckinpah, wow!, que pérola. A cena, junto ao rio, do marshal baleado e a sua esposa, e sua deputy, mexicana vendo-o ir-se, a pouco e pouco, no olhar, rio abaixo como ele desejava um dia ter feito, tivesse acabado de construir o seu barco, e tudo isto ao som, murmurado, de "Knocking on Heaven's Door" de Bob Dylan, meus amigos, isto é magia!, só esta cena valia a pena darem-se ao trabalho de ver o filme.


Mas também há este delicioso God fearing marshal...

E a intensa cena final em que Pat acaba com o Kid e se vê forçado a assinar a sua própria death sentence...


Atenção, se tiverem acesso à edição do duplo DVD, só vale a pena verem a Turner Preview Version, a versão de 1988. A versão de 2005 é pura banhada. Tem menos 6 minutos apenas, mas altera, mutila e destrói o genérico, os diálogos, em suma, o filme. Quem avisa amigo é.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Sempre Estamira...

Estamira {2004} é um documentário do brasileiro Marcos Prado, o produtor de toda a obra de José Padilha, uma espécie de braço direito de Padilha, irmão de armas, duas faces da mesma moeda, whatever. Começou por ser um projecto fotográfico, a um nível mais pessoal, sobre a megalixeira Jardim do Gramacho {só mesmo os cariocas para chamarem de Jardim à sua maior lixeira a céu aberto...} e seus múltiplos personagens recolectores. Mas Marcos Prado deparou-se com uma senhora, "louca", 63 anos, Estamira de seu nome, e não resistiu a filmá-la e traçar-lhe uma espécie de história pessoal, não lhe tivesse ela dito «que tinha uma missão na vida: revelar e cobrar a verdade». Tornaram-se amigos e um dia Estamira perguntou a Marcos se sabia qual era a sua missão na vida. Antes que Marcos respondesse ela foi avisando «a sua missão é revelar a minha missão».


Não há na Fnac, não há no eBay, não há na Amazon, não há na Alibris, mas há na Esquina de Santa... se houver algum amigo por lá, peçam-lhe uma cópia. Aqui só mesmo o trailer.

Ainda a Estamira...

Mas a Estamira continua a "perturbar-me"... Quem não viu que veja, quem já viu que reveja, quem já reviu que partilhe. O filme, os sentidos, as ideias. A miséria humana que não é assim tão miserável? Ou a Humanidade miserável que não é assim tão humana? Pois. Estão a ver a coisa, não é? A Estamira troca-nos as voltas, não fosse o desmascarar dos espertos ao contrário a sua luta, agora que não tem mais inocentes neste mundo. E como ser-se mau sem se ser perverso? Ah, boa. Isto, eu até que entendo...

1 carta e 1 hora

Ontem pediram-me para escrever 1 carta a alguém, tendo em mente que só tinha 1 hora de vida pela frente. A ideia era saber a quem escreveria, e o quê. Interessante desafio/diálogo. Mais interessante ainda foi o facto de ter sido tão imediato e simples, quer o "a quem", quer o "o quê". Em 10 minutinhos apenas toda uma vida, todo o seu propósito, se resumiu notavelmente, o que tinha que ser dito foi dito e ainda me restaram 50 minutinhos para ver um episódio do Hill Street Blues e, por fim, morrer em paz. Lindo como isto {a Vida} funciona, não?

segunda-feira, agosto 25, 2008

Época 2008-2009

Após a 1ª jornada, só apetece dizer «Vira o disco e toca o mesmo»...

domingo, agosto 24, 2008

Raios partam o Trocadilo!!!

E a Estamira?!? O que dizer, fazer, escrever, pensar, após ver-se Estamira?!? Oh, raios, estou seco... preso, baralhado... sei que quero falar algo, não sei bem o quê, nem como...

sábado, agosto 23, 2008

Wir Waren Wie Brüder

E se em vez do inglês fosse antes falado o alemão?
E se em vez de Toccoa fosse antes o vale de Salzach?
E se em vez de Currahee eles subissem antes ao Torrener Joch?
E se em vez da Easy Company do 506.º fosse antes a SS-Gebirgs-"Nord"?
E se em vez do major R. Winters fosse antes o SS-Hauptsturmführer Gottlieb Renz?
E se em vez de "Bill" Guarnere fosse antes o Johann Voss?
E se em vez da quasi-xaropada do génerico inicial fosse antes o Ich hatt' einen Kameraden?

Ui, era lindo não era? Para quando uma série televisiva nestes moldes? Dificilmente acontecerá, eu sei. Mas que seria bem interessante, lá isso seria. Então não? Bom, chega de delírios...

sexta-feira, agosto 22, 2008

Lacombe, Lucien

E há uns dias ainda mais atrás revi o Lacombe, Lucien {também de 1974}, de Louis Malle. Tinha-o visto há muito, muito, tempo e desta vez desfez-se a ideia de que não era um grande filme {para mim, claro está}. Não, antes pelo contrário, é um grande filme. Muito bom mesmo. Para além de ter sido o primeiro filme francês {esta atribuição é discutível, pelo que me apercebi} a abordar criticamente o papel da colaboração francesa durante a WWII, é um filme esteticamente muito bem conseguido. A paixão de Louis Malle pelos EUA é notória e neste caso ela topa-se na curiosa utilização da ambiência dos filmes noir de gangsters na abordagem ao tema, tão francês, tão campagne. É-me fácil perceber agora o quão difícil teria sido eu ter gostado deste filme então. Não é um filme linear {e como podia sê-lo, marcado que está pela ordem precisa do apelido primeiro que o nome?}, simples, directo. O ódio e a desumanidade habitam por ali, roçando-se pelas paredes, numa dança um tanto ou quanto estranha; num ambiente onírico, apsicanalisado q.b., assistimos a desvios, abusos e crimes. A intromissão, em vagas sucessivas e crescentes, por parte de Lucien, na vida doméstica da família judia e a estranha relação que este mantém com os três foragidos é particularmente bem conseguida {a fazer lembrar, a espaços, o fenomenal Gruppo di famiglia in un interno, curiosamente também ele de 1974...}. Uma belíssima (re)descoberta. O regresso de férias não está mal, não senhor...


O ódio que albergamos facilmente nos transforma em cães. Daí para a tortura e para a desumanização é um passo. O que nos vale é que a mudança, a alquimia dos sentidos e dos sentimentos, é sempre possível.

Hearts and Minds


E por falar em Kapow!, mais Kapow! e algum Feuer!, o que dizer do magnífico Kaboom!, mais Kaboom! e algum Mai Lai! que vi há uns dias atrás? Falo dessa belíssima peça documental – há quem a considere A peça documental –, sobre essa enorme chacina, esse monstruoso charco de merda, que foi a Guerra do Vietname, e que dá pelo nome de Hearts and Minds {1974}, de Peter Davis. Muito bom mesmo, recomendo vivamente. Daqueles que nos fazem engolir em seco. Daqueles que nos deixam sem saber o que fazer com os malditos dos norte-americanos. Daqueles que nos amargam a boca perante o miserável estado das coisas. Daqueles que não nos deixam em paz. Grrrr... Damn good documentary!

Band of Brothers


E eu, quando ando chateado com a Vida, sabem o que faço? Revejo pela enésima vez a série televisiva Band of Brothers! Bizarro? Talvez. Mas é das melhores coisas que alguma vez se realizaram sobre o cenário europeu da WWII e a mim sabe-me bem que se farta. Kapow!, mais Kapow! mais um Feuer! de vez em quando... Hmmm, lindo!

Desta vez deu-me para ir cheirar no YouTube e descobri esta pequena pérola que são os depoimentos de cinco dos ditos brothers numa sessão patrocinada pelo American Veterans Center. As partes em que "Buck" Compton "desmente" as filmagens são deliciosas... «I don't wanna be a curmudgeon, I just wanna be honest with you...» Lol. Aqui ficam os filmes.


{In Part 1, the men recall training at Camp Toccoa, Georgia, and the story behind "Currahee!"}


{In Part 2, the men recall training under Capt. Herbert Sobel and their parachute into Normandy on the "Night of Nights": D-Day.}


{In Part 3, the men recount battling in France, 1944.}


{In Part 4, the men remember Operation Market Garden, and the celebration in Eindhoven.}


{In Part 5, the men recall the bitter cold of Bastogne, and Buck Compton explains the real meaning of Band of Brothers.}


{In Part 6, the men continue their discussion on Bastogne, and remember the end of the war, and taking Hitler's "Eagle's Nest."}


{In Part 7, the men answer questions from the audience about the war, their fellow paratroopers, and the book and mini-series that made them famous.}

Enquanto há vida há esperança...

No fundo, a verdade é esta. Quanto mais ando para aqui a maldizer o raio da Humanidade, mais me apercebo que ando é enjoado de mim mesmo. No fundo, no fundo, ando é com pouca {para não dizer nenhuma} paciência para comigo mesmo. Sendo assim, vou é deixar-me de lamúrias, lavo a cara ao Anauel {que aquela piada da imaGINAção falhou certamente...; além de que não há nada como um face lift} e sigo em frente.

quinta-feira, agosto 14, 2008

Bom...

... a capital está imunda, deprimente, estranhamente habitada. Acho que vou subir novamente a A8.

quarta-feira, agosto 13, 2008

Mas nem tudo é mau {o mau não existe...} no regresso à capital...

• A Joana por detrás do Megafone hoje ajudou-me a pacificar um pouco mais esse ódiozinho de estimação, esse típico alvo de vilipendianço, que para mim representa a Polónia. Hoje aprendi a gostar um pouco mais dos polacos. Nem tudo está perdido... comigo, quero dizer.

• E o Luís linkou-me. Que simpático! Será das águas ou dos pensamentos? Uns e outros, certamente. Fico a dever-lhe uma tosta de queijo e tomate na Conchinha... ;))

Já repararam?

Ainda o caso do momento... Não acham que se não devemos mencionar a etnia/nacionalidade dos meliantes também não devíamos mencionar a marca do banco? Eu cá acho. É que isto tem sido cá um porradão de publicidade à borla...

Andamos todos aBEStalhados...

No meio de tanta e tamanha indignação – e a indignação não tem, não terá, aqui no Anauel lugar algum – só tenho vontade de vos dizer isto, a vocês, ó indignados. Eu olho as imagens, eu miro os cabeçalhos, eu oiço as gentes, e quanto mais olho, quanto mais miro, quanto mais oiço, mais sinto o brasuca abatido como o mais seguro, o mais certeiro e o mais consistente dentre a larga maioria que somos todos nós. Sim, não tenham dúvidas, o brasuca, o brasileiro {e aqui friso e friso e volto a frisar a nacionalidade, pois estou a elogiar...}, aquele ali, ó, em suma, o bandido, estava a fazer pela vida. Mais do que muitos que por aqui andam. E quando se assaltam bancos, fazer pela vida pode muito bem significar acabar morto. Talvez um dia os bancos possam ser assaltados por bandidagem mais profissional. Por uma maltosa que consiga iludir sem grandes dificuldades caixas e polícias e pôr-se ao fresco com a massaroca e sem chumbo nas trombas. Eu gostava. Não podemos só desejar melhor polícia. Também devemos desejar melhor ladroagem. Porque se só desejarmos melhor polícia e mantivermos os mitras do costume, a história vai fatalmente acabar desta maneira, com os tipos selvaticamente abatidos. E isso a malta não quer, pois não?

A este nunca ninguém {ou quase ninguém...} apontou o dedo...

Este foi o único brasileiro que realmente andou a roubar {e descaradamente} os portugueses anos a fio e, contudo, vejam bem, pasmemo-nos, ninguém {ou quase ninguém...} protestou, incendiou, cuspiu de raiva...

Portanto...

... deixar de acreditar que a vida se divide em dois tempos distintos – as não-férias e as férias {como se a miséria tirasse férias...} – e, acima de tudo, deixar de acreditar na distância, no distanciamento. Ou seja, ficar perto. Bem perto da merda. Só assim lhe cheiramos as qualidades. A distância implica forçosamente o aqui e o ali, o eu e os outros. E isso, já sabemos, sá chateia. Só corrói.

E como, meu deus, como?

Como manter a sanidade quando um tipo está de férias {sabem?, naqueles momentos em que estamos mesmo na boa, numa vibe perfeitinha, perfeitinha...} e no único dia em que falhamos, ou seja, no único dia em que compramos o Público, nos sai na rifa o Carlos Coelho dizendo-nos que as marcas são seres vivos... Argh! Como acreditar na Humanidade nestes dias?

Caramba, como?

Como ir para férias com o país aos tiros e voltar delas com o país aos tiros? Caramba! É obra! E como não ficar mais incomodado com as reacções, com os bitaites, com as indignações, com as explorações do que com as balas propriamente ditas? Essa é que é essa!

Sim, como?

Como estar de férias numa autoproclamada e desejada reclusão mediática e no único momento de fraqueza, naquele instante em que o disparate se instala, abrimos a TV e deparamos com Cavaco a discursar à nação sobre algo relacionado com a autonomia açoriana? Sim, como? Como encarar o mundo?

Como?

Como estar num momento, no sofá, calor do caraças lá fora, lado a lado com a filhota, em frente ao maravilhoso You Can't Take It With You e, momentos depois, sair à rua e ler na primeira página do Público e que Cristiano Ronaldo sente muita honra em poder jogar mais uma temporada pelo ManU? Como?

terça-feira, agosto 12, 2008

Humaquê...?

Fui para férias com um índice de tolerância 0 à Humanidade. Regresso delas com o índice nuns {já} míticos -10. Em tempo de batimentos de recordes pessoais, olímpicos e mundiais {é curioso, isto dos tempos se baterem e não se quebrarem... para mim quebram-se} não está nada mal, não senhor.

Fui-me embora a pensar que estava mesmo necessitado de um descansozinho, tipo, a-ver-se-me-safo-nisto-do-extremamente-difícil-relacionamento-com-a-Humanidade... Mas não. Azedou ainda mais. Só piorou. E o mais curioso é que estive 15 dias sem jornais, sem TV, sem net, sem nenhuma das porras habituais que nos escaparracham a Humanidade nas fuças. Estive em família, a 4, debaixo de sol intenso e brilhante {isto quando não cobria}, submerso, a espaços, num líquido salgado maravilhoso {isto quando não gelava absurdamente}, num ritmo {suave, intemporal, detentor da sabedoria das marés} que desconhecia ser possível dominar, feliz da vida. E a Humanidade que se lixasse. O curioso mesmo é que quanto mais "isolado", mais desciam os níveis de tolerância. O projecto delineado antes das férias de total ausência de meios de comunicação no dia-a-dia cumpriu-se {quase, quase, à risca} mas em nada me adiantou. Nada me trouxe de bom. O germe está cá, dentro, fora, na derme, sei lá, não adianta. Humanity's a bitch!

Outra curiosidade está no facto de a Humanidade me enojar mais quando vista à distância, em grande plano, formato cinemascope. Quando vista ali ao lado, ali mesmo na barraca do lado, cheirada a um metro que seja, quando observada pelo canto do olho, de soslaio, ela, a Humanidade, até se safa, não causa alergias de maior. Os dramas da amiga traída, mentida, encornada, sussurrados ali entre os anseios das crianças e o espalhar do bronzeador, ali mesmo ao meu lado, numa espécie de telenovela particular, soap opera on demand, pareciam-me naturais, davam-me até prazer. Também aquelas três criaturas obesas, septuagenárias, ignorantes, enrugadas, estragadas pela vida, aos pulos, salpicando-se à beira-mar, deixando-se propositadamente cair e enrolar pelas ondas vigorosas, rindo numa felicidade quase absurda, também essas me repunham os índices de tolerância em altos valores positivos. Mas se me afasto, tudo se desmorona. Porque se me afasto, se enquadro, então as palavras das meninas da barraca ao lado tornam-se as maiores baboseiras de que há memória, as maiores mentiras da mentira da mentira. Se me afasto, já vejo então aquelas três criaturas, na esplanada da Conchinha a dizer mal dos pretos {perdão, agora são novamente os brasileiros...}. E assim não dá. Assim é demais. Chego então à conclusão de que a solução é mesmo manter-me ali bem pertinho. Eu e os outros. Pois. É isso. Ali juntinhos. A fazer pela vida. Não quero mais ver a Humanidade à distância. Mas que isto custa, lá isso custa. Só eu sei. Porra, se até eu que sou um tipo porreiro e encantador consigo ser a maior besta quadrada. Pois. Não me vejam, não me queiram ver, à distância...