sábado, dezembro 30, 2006

Terra, Amor, Feno e Cenouras

A um dia do início de 2007 apetece-me deixar aqui uma nota sobre uma das melhores coisas que 2006 me trouxe. Falo desse sítio especial que é o Centro Hípico Quinta da Pateira. Situado no Murtal (algures no triângulo Parede/S. João do Estoril/Caparide), este é um pequeno pedaço de terra onde a felicidade e uma espécie indefinida de magia nos invade assim que lá entramos. A minha filha por lá anda entre lições de hipismo e dias de estágio (um conceito notável para trabalho, prazer, equilíbrio e amizade) e eu, se tiver a coragem necessária, começarei em Janeiro que vem. Graças pois ao Chico, à Zeca, à Mafalda, ao Jorge e ao Zé Ricardo (e à Boneca, à Niza, ao Tango, à Rezinga, ao Baunilha e ao Turco) por terem pensado e tornado possível este projecto! Fotografias ficam prometidas para breve...
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Centro Hípico Quinta da Pateira. Rua Filipe R. Silva, Murtal, 2775 Parede.
Telefone: 214 537 757.

Radha Krishna em Lisboa













Tudo aquilo que descrevi no post anterior já deve, de uma ou outra maneira, ter saído do meu organismo. Contudo, aquilo que mais me marcou neste Natal que passou e que ainda persiste em mim foi a experiência vivida (juntamente com a Susana, a Matilde e a Lisete) na noite de con-soada. Antes do jantar fomos os 4 visitar e assistir a uma cerimónia de culto no Templo Radha Khrishna. Descalços e separados pelo sexo, sentámo-nos e assistimos a uma cerimónia tão inspirada quanto inspiradora, como há muito não vivia. Cantam, batem palmas, tocam música, oferecem dinheiro, tocam, beijam, falam, comem. Tudo de uma simplicidade tocante. E sempre debaixo dos olhares ternos (alguns mais tenebrosos...) das estatuetas coloridas. A frase da noite foi: «Sinto-me em casa». E tudo isto em Telheiras, depois do Carrefour, atrás do Feira Nova!...

terça-feira, dezembro 26, 2006

Tudo aquilo que entrou no meu organismo ao longo de quatro dias consecutivos dedicados ao festejo do Natal...

Fondue vegetariano / Fondue de carne de vaca em vinho verde tinto / Fondue de choco-late / Vinho tinto e café vienense / Queijo e pão / Tarte de legumes e fiambre / Salada de tomate e queijo fresco / Salada de salmão fumado e parmesão às lascas / Sonhos e coscorões / Mousse de chocolate / Vinho tinto e chá de hibisco / Sopa de ervilha e cebola / Salada de alfafa e similares / Salada de nabo cozido e castanhas / Pirex de massa, tofu, salsicha vegetariana e natas, no forno / Chá / Lascas de presunto e pão / Tostinhas e queijinhos vários / Bacalhau assado profusamente acompanhado por alho e embebido em azeite / Pão / Salada de alface com frutas e nozes / Fatias de manga / Uma massa enrolada e embebida em calda, doce divinal do qual não sei o nome... / Vinho tinto e café / Aguardente / Lascas de presunto e pão / Borrego assado no forno com castanhas / Arroz branco / Rodelas de ananás / Sonhos / Vinho tinto / Água das Pedras / Chá e novamente aquele doce divinal do qual não sei o nome / Café / Folhados de salsicha e chouriço / O resto do tal bacalhau... / Um pouco de bacalhau com natas / Pão de ló (tipo Paínho) / Vinho tinto / ...

sábado, dezembro 23, 2006

Minnie and Moskowitz

Minnie — You know, before I met you I thought I was in trouble.
Seymour — Well, it's annoying living... I mean, you not only have to learn the language you have to learn their emotions...
Minnie — Well...
Seymour — Well nothing. It's true.

Poucas pessoas filmaram tão bem a dificuldade de se estar vivo e de viver em sociedade como John Cassavetes. Os impasses, as desilusões e anteriores ilusões, as quedas, as porradas, são ângulo constante da sua lente e as desventuras de Minnie Moore e de Seymour Moskowitz não escapam à regra. The Ups and Downs de um par de cromos numa LA cheia de U-turns onde a persistência do amor em relação a um amor possível se torna realidade. Mais um filme da minha lista de 1971 que vejo e arquivo com prazer. Como em qualquer Cassavetes, aconselha-se vivamente.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Silence is just as powerful as noise...

(kkkkkkkrkrrrrkrkkrkrrrrkrkrkrkkkkkkrrrrrrrrzrrrzrzrzrzrzrrzrzrzrzrzrzrzzzzbbbooooobobobobobobibibibiboibibibbnnbnbngngngngnggggggggggggkkkkkkaaaaaakakakakakaaaaapppppppppppppppppppooooooooooooowowowowowowowowowowowoowoksssspspsppslspspslspslslslaaalaaasssashshshahshshshshshshhhhhhhhhhhhhhzzzzizizizizizizizizizizizznnzznznznnznznznnnnnnnnnnnnnnnnnnnbnbbababababababannnbanabbababaaanabnnnngggggggggggkchckchckchckchckchkchckchckchkchckchckhcktttoctcoctcoctooococccttcoocococffffffffffflffffffffflflllllallalalalalallaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaashhhhhhshsshhhhhhhhhhhhhhhhhziiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnggggggggggagggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggkrkrkrkrkrkrkrkrkrkrkrkrkrkrkrkrkrk)

Red Sparowes OU Como um Toyota Yaris preso nos acessos à ponte se torna numa cápsula espacio-temporal levitando sobre as copas das árvores vizinhas...

Os Red Sparowes deviam ser disciplina obrigatória em qualquer escola deste país! Motivo de reunião em qualquer empresa deste país! Serão em todos os lares deste país! Som em qualquer viatura! Droga gratuita para todos!!!! Quem já está agarrado, sabe do que falo. Quem não conhece, que se inicie com estes pequenos exemplos.

!!!»!!!!»»!!!!!!»»»»!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! E L E V E M - S E !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!««««!!!!!!««!!!!«!!!






quarta-feira, dezembro 13, 2006

INLAND EMPIRE

Ele está de volta! E no seu melhor, dizem algumas vozes. David Lynch lançou recentemente Inland Empire (trailer já aqui em baixo). Aguardemos, pois, a nossa vez de vermos de novo Grace Zabriskie, Diane Ladd, Laura Dern, Harry Dean Stanton e uma imensa companhia, donde se destaca a presença de William H. Macy (este e Lynch era mesmo o que faltava...).


segunda-feira, dezembro 11, 2006

You Gotta Love this Guy

E pronto, uma vez mais Kurt Wagner e os seus parceiros chegaram, tocaram e conquistaram. Num registo bem diferente dos anteriores concertos em Lisboa, devido essencialmente à inclusão dos Hands Off Cuba na equipa titular, este foi, na minha opinião, um concerto um tanto ou quanto irregular no registo. Se bem que os Hands Off Cuba se integram bem na coisa (na realidade eu estava pouco preparado para eles) nem sempre resultou a fusão das partes. Mas a usual boa disposição dos Lambchop (e aqui tire-se o chapéu a Tony Crow, a hell of a piano player!) e a garra com que dilaceram os temas (sobretudo nos finais e nos do encore) estiveram lá e deram frutos. E antes que me esqueça, uma nota 20 em 20 para "Caterpillar" (um belo tema e uma sentida e intensa execução)! Aqui fica a versão tocada nesta tournée, em Viena.










Quanto à componente visual do concerto, o trabalho de uma artista novaiorquina (o nome escapou-me...) pendia do tecto sob a forma de cinco gigantes balões brancos onde eram projectadas imagens variadas. Se bem que não dá para dizer mal (estavam bem esgalhados os balões e as imagens), fica contudo uma sensação estranha. Não deixo de pensar que a inclusão destas imagens (uma miscelânea de nostalgia footage) implica a exclusão das que até hoje na nossa cabeça se criavam. Sim, a música de Kurt Wagner habituou-nos desde cedo a recriar imagens soltas de arquivos perdidos e empoeirados. Mas os balões puseram-nas cá fora... Perdeu-se o gozo de as ir buscar ao fundo da imaginação. Também é verdade que o dedo dos Hands Off Cuba tornou os Lambchop de ontem mais frios, profissionais se quiserem. A morna vastidão das planícies norte-americanas foi ontem substituída por bits'n'blips and whistling whales... daí a necessidade de se recorrer aos balões. Na boa. Foi um belo concerto e para quem não esteve lá, aqui ficam algumas imagens.


















O meu agradecimento à Susana Durão pelas fotografias
(e desculpa lá a perna a abanar...).


Momento bizarro – Dão-se alvíssaras a quem descobrir quais as palavras ditas a Kurt Wagner pela rapariga que subiu ao palco momentos antes do encore.

sábado, dezembro 09, 2006

The Queen

Acabei agora mesmo de ver o The Queen de Stephen Frears. Notável, notável, notável. Cristalino, seco, plasticamente certeiro. Mas o mais fascinante, na minha opinião, é que uma vez mais ficamos com a certeza de que a realeza britânica é, de facto, "a" realeza. Nenhuma outra se perpetua e promove como esta. Isto é, entre este filme de 2006 sobre 1997 e toda uma série de filmes anteriores sobre épocas ainda mais anteriores há, por vezes, muito poucas diferenças. Esta rainha e outras anteriores são como réplicas de poses e saberes que se pretendem eternos. Os personagens destes filmes, se antes andavam a cavalo hoje andam de Land Rover. Se antes vestiam cota de malha hoje vestem Barbour. Mas a intriga continua. O protocolo perpetua-se. As relações de poder mantêm-se sempre como tema central. E (quase) sempre sobre motivos fúteis.

Quanto a Stephen Frears, seis anos depois do delicioso High Fidelity, está de parabéns. Aqui fica o cartaz do filme e o link para o site oficial.


sexta-feira, dezembro 08, 2006

Escape From Noise

O meu cunhado chegou à blogosfera com o seu novo blogEscape From Noise. Sê bem-vindo! Este blog recomenda-se a todos aqueles que respiram o ar como ouvem a música.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Monty Python

Acabo de descobrir este filme dos Monty Python. Nada melhor de ver, sobretudo na sequência do meu post anterior. O meu agradecimento a "8 e coisa 9 e tal".

http://oitoecoisa.blogspot.com/2006/06/o-mundial-que-sport-tv-no-mostra.html#links

Arrrrrrgggghhghhh....

Mal o árbitro apita para o final do desaire, saio do Irish Bar e dirijo-me para o carro. Chave na ignição, luzes, e rapidamente (depois de jogos destes nada pior que as luminárias da TSF e afins...) mudo do rádio para o leitor de CDs onde Tim Hardin me apanha desprevenido com "Don't make promises you can't keep"... Ironia das ironias. Na realidade, o SLB de ontem não estava capaz de cumprir com qualquer promessa que tivesse feito ou sugerido. O fabuloso golo do Nélson acendeu umas luzinhas de esperança mas, sejamos honestos, só jogámos (e bem) sempre e quando o ManUnited o permitiu. Eles não brincaram em serviço. E nós não tivemos pernas, nem cabeça.
Notas finais: Nuno Gomes para o ginásio e em força. O rapaz precisa de massa muscular e já!; o Fernando Santos continua a achar que ter feito 1 ponto em Copenhaga foi muito bom, que os outros (ManUnited e Celtic) nem isso fizeram e que afinal ele é que tinha razão em dizer que o empate lá era um bom resultado. Pois eu digo-lhe que os outros passaram para os oitavos-de-final e nós não!; Ver sair o Miccoli e entrar Paulo Jorge não se faz a ninguém!; e finalmente, e como dizia um tipo sentado ao meu lado ontem à noite, o que nos vale é que nenhum dos golos foi marcado pelo Cristiano Ronaldo. Safa!

quarta-feira, dezembro 06, 2006

"O Público Errou"

Na edição de ontem o Público publicou um gráfico referente ao estado de saúde de Augusto Pinochet, no qual faltava um último item. Aqui fica feita a correção e o pedido de desculpas aos nossos leitores.


Lambchop

Estamos a 4 dias do concerto na Aula Magna! Tenho de amainar com esta febre dos Cult of Luna, senão pressinto que vai ser um concerto um tanto ou quanto bizarro. E os Isis... e os Pelican... e os Red Sparowes...

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Deolinda

"The successful fusion of Fado and Rich Uranium." Vale a pena explorar. Vou estar atento aos concertos. Boa onda.

sábado, dezembro 02, 2006

!!! GLORIOSO !!!

Perfeito! Ontem, tudo correu bem. O resultado, acima de tudo. Nelson (voltaste de vez?), Rocha (vês como é bom celebrar um golo sem achincalhar...?), Miccoli (será que o meu amigo Rui ficou a perceber o porquê de tanta admiração pelo italiano?), Simão (neste caso, um pouco mais de festejo não caía mal...), todos eles Imperiais. E o passe do pequeno bambardeiro para o Simão? Obrigado, Miccoli. E o ritmo do jogo? Não podia ter sido melhor. Quarta-feira que vem há mais.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Óbito

Jack Palance
18 de Fevereiro, 1919 – 10 de Novembro, 2006


Para sempre se recordará o seu papel de estreia no cinema (como Blackie) no negro Panic in the Streets (1950) de Elia Kazan e para sempre o lembrarei como o "Tiralinhas" de uma das aventuras de Lucky Luke devorada num Verão já longínquo, em Sesimbra. Mas para mim Palance será sempre o tipo que em 1969 fugiu das luzes dos estúdios de Hollywood e rumou a Nashville onde acabou por gravar um fantástico álbum de música country (à falta de melhor termo...). Para quem gosta incondicionalmente de Lee Hazlewood e Johnny Cash como eu, este é um álbum a obter. Eu descobri-o há poucos meses na fluor (entrei e Palance piscou-me o olho...) mas para quem o queira sem sair do lugar é só clicar na capa. Ah,... e obrigado Jack.


sábado, novembro 25, 2006

Cenas da vida quotidiana OU Quando falamos e não ouvimos o que dizemos

Pequeno-almoço na cozinha a ler o Mil Folhas. Primeira notícia na primeira página – "O Codex 632" em formato audiolivro. Fim da notícia, e passo a citar: «Esta nova edição destina-se a invisuais (e conta, por isso, com "a colaboração e apoio" da ACAPO), mas não só, pois a New Age Entertainment lembra que o formato audiolivro oferece "uma oportunidade única" de o romance de José Rodrigues dos Santos "chegar a um número ainda maior de pessoas", nomeadamente àquelas "que têm dificuldade de leitura, falta de tempo ou que não gostam de ler."»

sexta-feira, novembro 24, 2006

Sonhando na Alemanha Nazi

People 'didn't talk about' these things. But they dreamed about them at night. Their dreams betrayed the oppressive presence of anxieties which were all too willingly denied in the light of day.
An employer, a committed Social Democrat who ran his firm on highly patriarchal lines, dreamed only three days after Hitler's seizure of power about his own future powerlessness, the compulsion to conform and the destruction of personal relationships:
Goebbels comes into my factory. He has the staff line up in two rows, on the left and the right. I have to stand between them and raise my arm in the Hitler salute. It takes me half an hour to bring my arm up, a milimetre at a time. Goebbels watchs my exertions like a spectator at a play, without signalling either applause or displeasure. But when I have eventually got my arm up, he says five words: 'I don't want your salute.' He turns and goes to the door. So I am left standing in my own factory, between my own people, in the pillory, my arm raised. The only way I am physically able to do it is by keeping my eyes riveted on his club-foot as he limps out. I keep standing like this until I wake up.

A 45-year-old doctor dreamed in 1934 about the bureaucratised abolition of private life:
After my surgery, getting on for nine in the evening, I want to stretch out peacefully on the sofa with a book about Matthias Grünwald. But the walls of my room, of my whole flat, suddenly vanish. I look around in horror: all the flats, as far as the eye can see, have lost their walls. I hear the roar of a loudspeaker: 'As per decree abolishing all walls, 17th instant.'

There was not only the sense of the private sphere being exposed to Nazi penetration; the individual's own psychological make-up and personal identity were affected. People who did not wish to be 'co-ordinated' and who wanted at least to continue to think and feel, if not to act, against the current, could sense how they had to harden their inner selves: almost to hide from themselves. This too was articulated in dreams:
I'm going to turn into lead. Tongue already leaden, sealed with lead. Fear will go away if I'm solid lead. Lie motionless, shot into lead. If they come, I'll say, 'Lead people can't stand up.' Oh, no: they want to throw me into the water because I've turned to lead. [...]

[...]

I am dreaming that all I am dreaming about is rectangules, triangles and octagons, which somehow all look like Christmas biscuits, because dreaming is of course forbidden.

Excertos retirados do livro Inside Nazi Germany. Conformity, oppo-sition and racism in everyday life de Detlev Peukert.

No melhor pano cai a nódoa OU Como os EUA são um barril de pólvora de rastilho curto...

Michael Richards, aka Kramer, perdeu a cabeça uns dias atrás durante um espectáculo de stand-up comedy. Lamentável. Dói só de ver. Dias depois, pediu desculpas publicamente no David Letterman Late Show. Continua a doer. A discussão pública do assunto divide os norte-americanos. Muitos não lhe perdoam as tiradas racistas, muitos não se deixam ir na conversa do arrependimento. Eu fui. Vou. Os dois momentos já aqui em baixo.





quarta-feira, novembro 22, 2006

Metal Sueco

Cult of Luna rules !!!

Para mais, ver e ouvir aqui. Ou aqui.

Óbito

Robert Altman
20 de Fevereiro, 1925 – 20 de Novembro, 2006


Naturalmente que há o The Player (1992), Short Cuts (1993), Come Back to the Five and Dime, Jimmy Dean, Jimmy Dean (1982), Nashville (1975) e McCabe & Mrs. Miller (1971). Mas também há The Long Goodbye (1973), provavelmente o melhor Phillip Marlowe de sempre (Elliott Gould no seu melhor). Aqui fica o trailer.


terça-feira, novembro 21, 2006

Cenas da vida quotidiana OU Quando falamos e não ouvimos o que dizemos

A menina acaba de beber a bica, pega na madalena embrulhada e, a outra mão firme na trela do cãozito, prepara-se para abalar. Porém, hesita. Encosta-se de novo ao balcão e solicita:
— Por favor, dê-me um saco para não ter de levar isto na mão.
A empregada dá-lhe o saco, a menina coloca a madalena embrulhada dentro do saco e parte feliz com o saco... na mão.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Diogo Gonçalves de Travassos

Expedição, no sábado passado, à Batalha. Como sempre, é bom regressar ao Mosteiro da Batalha. Desta vez, contudo, a surpresa e o agrado vêm de uma campa em particular. Situada à direita da entrada da Capela do Fundador (esta, à direita de quem entra na igreja) está a pedra tumular de Diogo Gonçalves de Travassos. O fausto que vemos nos túmulos dos monarcas uns passos mais à frente não se encontra aqui (é, de resto, uma campa rasa) mas a riqueza gráfica é notável. Uma letra D aposta num sol radiante marca o centro da campa. Este par é depois reproduzido inúmeras vezes (o primeiro exercício de copy/paste da história...) e, numa escala menor, espalhado em volta do par central. Na base, um emaranhado de motivos florais (rosas? espinhos?) sustentam a composição. Penso agora que representam a Terra. Pensando bem, os sóis radiantes podem bem (quem sabe?) ser estrelas brilhantes. A Terra e o Céu. Uma campa destas só pode dar descanso eterno a alguém muito especial. Mas quem foi o homem?
A guia/vigilante/segurança que se encontrava de serviço, após telefonema para colega que se encontrava de folga, apenas me conseguiu informar que este senhor tinha sido professor dos filhos de D. João I e que este monarca, em jeito de profundo agradeci-mento, lhe tinha permitido repousar eternamente à entrada da capela real. As poste-riores pesquisas na internet não me levam muito mais longe. Fiquei, pois, a saber ainda que este senhor foi Vedor e Aio do Infante D. Pedro (tendo mesmo combatido junto ao monarca na Batalha de Ceuta, em 1415) e que foi Cavaleiro-Fidalgo e do Conselho de D. Afonso V. Não são muitas as entradas para este personagem, provavelmente a infor-mação que veiculam nem está muito correcta, mas são as possíveis. Se alguém souber de literatura que aborde a vida e obra de Diogo Gonçalves de Travassos agradeço desde já a informação.

domingo, novembro 19, 2006

Arrrrrrgggghhghhh....

Mau demais! Ontem correu tudo, mesmo tudo, mal. Mas algumas interrogações se impõem. O Karyaka e o Mantorras estavam no banco, não estavam? Porque é que ficaram por lá até ao fim? O Paulo Jorge é jogador do Veiga, não é? Então porque não foi junto com os tapetes e os plasmas? Para quê, Ricardo Rocha, aquele tom e aquelas palavras? Porque é que estes gajos correm sempre mais contra nós? Safa!

quarta-feira, novembro 15, 2006

Death and Taxes

Notável o trabalho deste norte-americano, Jess Bachman. Partindo do célebre adágio norte-americano de que apenas duas coisas são certas na vida, a morte e os impostos, Jess Bachman pegou no Orçamento de Estado dos EUA para 2007 e representou-o graficamente. Neste deli-rante gráfico ficamos a saber como vão ser distribuídos (caso o orça-mento seja aprovado no Senado) os dólares recolhidos através dos impostos pelas várias áreas da sociedade norte-americana. Como curiosidade, ficamos a saber que a rubrica Housing for the Elderly vai receber menos 26% que em 2006, que o Department of Education vai receber menos 4% que em 2006 e que o US Postal Service vai receber mais 91% que em 2006. A não perder!

domingo, novembro 12, 2006

!!! GLORIOSO !!!

Para que não restem mais dúvidas (se é que as havia), o SLB é a partir deste fim-de-semana o maior clube do mundo em sócios. No momento da certificação éramos 160.398 sócios. Neste preciso momento já somos mais. Amanhã mais uns quantos.

domingo, novembro 05, 2006

Project Excelsior (1959-1960)

Vidas como a do piloto norte-americano Joseph William Kittinger (o homem que mais alto saltou de pára-quedas, no âmbito do Project Excelsior) não deixam de me fascinar. Este homem, no seu mais importante salto (de mais de 31km de altura!), chegou mesmo a atingir a velocidade do som (sem auxílio de máquina alguma como protecção, ou seja, ele e o espaço em volta...). Este pequeno filme fala-nos do Project Excelsior e dos saltos de Kittinger. Fascinante!
Sei que um tal de Temmi Okkerse montou, recentemente, um pequeno filme com imagens relativas aos saltos de Kittinger, realizando deste modo um videoclip do tema GW dos Pelican. Este tipo de footage com o som dos Pelican só pode ser genial! Se alguém souber do paradeiro do filme, agradeço desde já que mo comunique... Afinal, aqui está ele.

sábado, novembro 04, 2006

Arrrrrrgggghhghhh....

No regresso do mercado, vejo as primeiras páginas dos "desportivos". Num deles, esta pérola: «Carlos Xistra, árbitro do SLBxEstrela da Amadora, leva nota de 7.7». Como é, por vezes, triste ter razão...

quinta-feira, novembro 02, 2006

Tim Hardin (ao que consta, no Woodstock)


São 5 minutos e 17 segundos de puro prazer.
Este homem é o maior! Um dos...

Os cães de Hitler

Blondie, Wolf, Bella, Muck, Stasi, Negus, Katuschka, Burli.
Brrrr..., spooky...

Óbito

23 de Agosto, 1926 — 30 de Outubro, 2006


«... I don't think relativists are like communists, anti-relativists are like anti-communists, and that anyone (well... hardly anyone) is behaving like Senator MacCarthy. One could construct a similar parallelism using the abortion controversy. Those of us who are opposed to increased legal restrictions on abortion are not, I take it, proabortion, in the sense that we think abortion a wonderful thing and hold that the greater the abortion rate the greater the well-being of society; we are "anti anti-abortionists" for quite other reasons I need not rehearse. In this frame, the double negative simply doesn't work in the usual way: and therein lies its rhetorical atractions. It enables one to reject something without thereby commiting oneself to what it rejects. And this is precisely what I want to do with anti-relativism.»

«What the relativists, so-called, want us to worry about is provin-cialism – the danger that our perceptions will be dulled, our intellects constricted, and our sympathies narrowed by the overlearned and overvalued acceptances of our own society. What the anti-relativists, self-declared, want us to worry about, and worry about and worry about, as though our very souls depended upon it, is a kind of spiritual entropy, a heat death of the mind, in wich everything is as significant, thus as insignificant, as everything else: anything goes, to each is own, you pays your money and you takes your choice, I know what I like, not in the south, tout comprendre, c'est tout pardonner.
As I have already suggested, I myself find provincialism altogether the more real concern so far as what actually goes on in the world.»

«It would seem, in short, that a number of serious adjustments in thought must occur if we, philosophers, anthropologists, historians, or whoever, are going to have something useful to say about the disassembled, or anyway disassembling, world of restless identities and uncertain connections. First, difference must be recognized, explicitly and candidly, not obscured with offhand talk about the Confucian Ethic or the Western Tradition, the Latin Sensibility of the Muslim Mind Set (...) Second, and more important, difference must be seen not as the negation of similarity, its opposite, its contrary, and its contradiction. It must be seen as comprising it, concretizing it, giving it form. The blocs being gone, and their hegemonies with them, we are facing an era of dispersed entanglements, each distinctive. What unity there is, and what identity, is going to have to be negotiated, produced out of difference.»


on Philosophical Topics, Princeton University Press, 2000.

!!! GLORIOSO !!!

Lindo, ontem à noite.
A Vitória demorou mais do que o habitual a aterrar (o barulho era infernal...), os flashes choviam do topo norte (escoceses em êxtase...), o estádio de pé a aplaudir a homenagem escocesa a Fehér (ébrios mas organizadinhos...) e, acima de tudo, o resultado (embora mais um não ficasse mal...). Num jogo nem sempre bem jogado pelo SLB (descansar com 2-0 não é aceitável, rapazes) e quase sempre mal jogado pelo Celtic (não tivessem vindo para o empate...), fica a sensação de que, sim, vamos passar à próxima ronda. Ainda para mais o ManUnited perde em Copenhaga... Tudo em aberto, pois. Como nós gostamos!

domingo, outubro 29, 2006

Estufa Fria

Fui ontem mostrar à minha filha a Estufa Fria. Se têm filhos, vão lá. Se não têm, vão na mesma. Se têm filhos, reconhecem e deliciam-se com o deslumbramento que salta dos olhos deles. Se não têm, deliciam-se com o porteiro e com o bilhete...



Tarde maravilhosa a ali passada por nós!

Arrrrrrgggghhghhh....

Perdemos. Cruelmente. Dor tamanha. C'est la vie...
No entanto, há que tirar o chapéu aos jogadores e à equipa de arbitragem. Ficou ontem provado que é possível jogar futebol civilizado neste país. É só haver vontade e bom senso. Os meus parabéns aos jogadores e árbitros, pois estiveram ao mais alto nível (e ainda há uma semana atrás a minha escrita era outra...).

Infelizmente, o mesmo já não se pode dizer da massa associativa do FCP. Que triste espectáculo aquelas várias dezenas de milhar de pessoas a insultar, de pé, o clube visitante! Uma coisa é mandar umas bocas (mesmo que insultuosas) de vez em quando, mas fazer disso banda sonora de um jogo é vergonhoso. Celebrar a vitória do nosso clube enxovalhando o outro é desonesto. E não me digam que quando vão à Luz se passa o mesmo, porque não se passa. Eu estou lá e sei, vejo e oiço que não. Lamentável.

terça-feira, outubro 24, 2006

From the sixties... (# 2)

Mas o que os mesmos holandeses tinham e não ostentavam era uma colecção de livros de bolso editados e concebidos pelo notável artista gráfico holandês Dick Bruna. Acredito que para eles a placa da Sumol fosse mais typical, parte do folclore local, mas os livros (e as capas) do Dick Bruna mereciam mais do que uma estante escondida num canto. Aqui ficam algumas.


Os Três Coveiros Brincalhões (1961).

Carpas com Arsénico (1963).


Três Gotas de Whisky (1965).


A. W. Bruna e Filho, Utrecht.
Colecção Zarte Beertjes (Ursinhos Pretos).

From the sixties... (# 1)

Algures no Alentejo profundo, uns holandeses resgataram esta placa publicitária da morte certa e ostentam-na na parede (de onde não devia ter saído nunca). Na realidade, o anúncio não é grande coisa, mas os pormenores são deliciosos.






segunda-feira, outubro 23, 2006

Só neste país...

Há já muitos anos que o Sérgio Godinho não me diz nada de novo. Mas acabo de ouvir uma passagem de uma canção, de um suposto novo álbum dele, que me parece notável.
«Só neste país/ é que se diz/ "só neste país".»
Pois...

domingo, outubro 22, 2006

Kz

Muito interessante o documentário de Rex Bloomstein, realizado em 2005, exibido hoje à tarde na Culturgest no âmbito do doclisboa 2006. Filmado na cidade austríaca de Mauthausen e, em particular, no hoje museu, outrora campo de concentração, de Mauthausen, este docu-mentário leva-nos a questionar as políticas de preservação da memória do Holocausto. Desde o stress aberrante a que estão sujeitos os guias (que horas a fio, dias a fio, anos a fio, têm de descrever os processos e as estatísticas dos horrores ali cometidos) até à adrenalina mórbida que leva milhares e milhares de cidadãos de todo o mundo a ali se deslo-carem de modo a espiarem sabe-se lá o quê, passando pela negação demente da realidade recente (sim, ainda só passaram 60 anos...) por parte de certos habitantes da aldeia, o documentário aborda corajo-samente as várias vertentes que a questão assume.
A ver, sem dúvida alguma!

Arrrrrrgggghhghhh....

Acabou agora mesmo o jogo SLBxEstrela da Amadora. Viram? Como podem alguns não querer ver que a arbitragem tem mesmo de mudar? E como posso eu aceitar que ela não muda... e que vai dando tristes espectáculos como o de hoje?
Atenção, queixo-me não de resultados martelados, pontos roubados ou injustiças evidentes, mas apenas e somente do mau espectáculo. Queixo-me de um jogo que poderia ter sido agradável de ver e que não o foi. E tudo porque 3 tipos (e devia dizer 4, pois amanhã o observador vai dar boa nota... não vai?) sem qualidade não o permitiram.

Ideia n.º 1

O blog não como meio de autopromoção, mas sim como meio de auto-ajuda.

Para mim que sou tão crítico disto tudo (a blogosfera, a pretensa partilha, a gulliblização) acho que só me faz falta mesmo é mergulhar... Sair do nicho confortável (ou nem tanto...) e expor-me ao ridículo, tal como faz a comunidade. Dar sentido à Percepção da Unidade.

sábado, outubro 21, 2006

Como sou novato nestas andanças demorou algum tempo, mas aqui está a banda sonora que este momento solene exige.










We're a fucking triumphant band! (Pelican)

sexta-feira, outubro 20, 2006

E assim, com este propósito, nasce um blog!
E logo dia 20 de Outubro, dia em que Anauel se encontra de serviço...

Anauel exorta

Eu recebi a incumbência de transformar o Ouro em Luz
e escolhi-te a ti para financiares
o grande empreendimento da espiritualidade.
Os valores morais não podem exprimir-se
sem um quadro adequado.
O Amor de Deus é um sentimento estéril
se for impossível comunicá-lo,
transmiti-lo a todos,
e em ti eu coloquei os meios
para esta obra poder realizar-se.
Sobretudo, Peregrino,
não te tomes por proprietário das tuas riquezas.
Tu és um simples depositário deste Ouro,
que deves pôr à disposição
dos que to pedirão em nome de Deus.
Graças à tua acção,
os povos poderão abrir os olhos e ver.
Numerosos serão os que poderão contemplar,
graças a ti,
o esplendor da sua própria entidade humana.

FIAT LUX !