Há 10 anos
segunda-feira, maio 30, 2011
Prefiro, de longe, a acampada à cambada...
Fico espantado com a quantidade de gente que por aí* anda preocupada com a acampada do Rossio. Sinceramente, fico. Sobretudo porque o motivo {pelo menos é o que mais invocam; se é com segundas intenções, bom, não sei...} que mais parece incomodar as mentes esclarecidas da blogosfera é o facto de aquilo estar um nojo, uma lixeira a céu aberto, uma desgraça, uma feira, uma imundice, em suma, uma porcaria. Eu pergunto-me: esta malta não vai ao Rossio há quanto tempo? Cheira-me que andam pela blogosfera desde o dia 1 e nunca mais de lá saíram... O Rossio sempre foi um nojo. Nunca foi agradável, sempre foi sujo e peganhento. Sobretudo depois de umas certas obras, já não tão recentes, que o inundaram de placas de pedra, que reflectem a luz de uma maneira inacreditável, a sua travessia ficou definitivamente penosa. E cheira mal, sempre cheirou. Mas o Rossio não está sozinho, ali ao ao lado temos a Praça da Figueira, não esquecer. Querem maior desgraça que aquela praça? E o que dizer do resto da Baixa? No outro dia muni-me da minha máquina fotográfica e {por motivos de trabalho} passeei-me pela Baixa, aos zigue-zagues, partilhando a calçada com muitos turistas de muitas proveniências {duvido sinceramente que algum deles alguma vez regresse a Lisboa}. Desci a Rua da Prata e nem queria acreditar. Já desceram a Rua da Prata? Já subiram a Rua Augusta? Lisboa, meus queridos amigos, está moribunda, decrépita e mete nojo ao nojo. Se a Baixa é o centro de Lisboa, se Lisboa pretende ser uma capital europeia, então, meus caros amigos, a acampada do Rossio é o menor dos vossos problemas! Acreditem.
* O aí é nas caixinhas dos comentários de blogues como jugular, 5dias, arrastão {estranhamente por aqui não se fala quase nada das acampadas...} e por aí fora...
sábado, maio 28, 2011
I guess it's the-way-of-Nature-through-Life speaking...
Um tipo acaba de ver o The Tree of Life {2011} e, naquele momento sempre meio doloroso em que se deixa um grande filme para trás e se cai na rua, um tipo não pára de pensar «Wow, como é que terão sido as infâncias de George W. Bush, Donald Rumsfeld e Dick Cheney?». Sobretudo se um tipo ainda está a tentar processar a informação toda que adquiriu, uns dias antes, ao ver o No End In Sight {2007}. Este filme e este documentário complementam-se de um modo assustador... Aquela terrível pata de dinossauro assustado {com o seu próprio poder} sobre as ventas do outro dinossauro deitado {exposto, incauto}, não vos fazem lembrar a presente invasão {poderemos nós ainda chamar-lhe invasão?; outros termos ocorrem-me...} norte-americana do Iraque?
Uma final ensombrada...
É bem verdade que eles não têm responsabilidades directas na coisa. Mas se querem ser "Més que un Club" então têm mesmo de ser "Més que un Club". E uma palavrinha de atenção, uma boca, um repúdio, não lhes {ao clube, ao treinador, aos jogadores} ficava nada mal. Este, que aqui está em cima com uma cara tristonha, cheira-me que não deixaria de ter dito algo...
quinta-feira, maio 26, 2011
Portogal
Já uma vez aqui o disse e repito-o. Embora o SLB seja o clube com mais representantes em Portugal é o FCP quem melhor representa Portugal. É triste, mas é verdade. Mas é triste porque não abona nem a favor de Portugal, nem {já agora} do FCP. O FCP, tal como o país, é fraco, baixo, sem escrúpulos, não tem cultura democrática, lê e escreve mal, foge aos impostos, estaciona em cima das passadeiras, escarra para o chão sonoramente, sanciona as vozes dissonantes, incentiva {pela inoperância} a corrupção, premeia o cinismo, semeia a violência, prega sem praticar e, acima de tudo, vive numa ilusão. Desde que haja títulos {do Tesouro e do Campeonato} na calha tudo está bem, tudo se aceita, e lá se vai fechando o olho. Não se iludam, o Falcão pode ser {e é} um belíssimo jogador, mas Pinto da Costa não é outra coisa senão um Alberto João Jardim. Alberto João Jardim não dignifica o país tal como Pinto da Costa não dignifica o FCP. Hulk pode ser {e é} uma força da natureza, mas Reinaldo Teles não é outra coisa senão um Fernando Ruas. Fernando Ruas não dignifica o país tal como Reinaldo Teles não dignifica o FCP. E a lista {de um lado e doutro} provavelmente continuaria... Portugal continua a não querer ver isto, há um Portugal que teima em desaparecer; tal como a massa adepta do FCP continua a não querer ver isto, há uma cultura portista que teima em persistir. Há um país que parece não querer andar para a frente. O FCP nunca deixou de querer ser esse país. E ambos se afundam numa miséria indescritível. Este vídeo aqui acima faz-me lembrar o vídeo, dirigido aos finlandeses, que há uns tempos inundava os ecrãs {e as almas} lusos. São a mesmíssima coisa. O espelho de um país/clube pequeno e pobre {de espírito}, o retrato de um país/clube que apesar de grandes feitos continua a ser um pequeno, minúsculo mesmo, feitor.
domingo, maio 22, 2011
Na telinha cá de casa...
O sofá cá de casa tem estado em modo Brasil. Ciclicamente, passam pela telinha cá de casa, assim de rajada, uma dezena de filmes de produção tropical. Tipo cerejas. Vê-se um que já se andava a namorar há uns tempos e, de repente, sem dar pela coisa, papam-se mais dois ou três e afinal damos conta de que eram bem mais aqueles que estavam em lista de espera...
Tudo começou no grande, muito bom, uma espécie de Depardon de shorts, interessantíssimo Justiça {2004} de Maria Augusta Ramos. Daí demos uma saltada aos últimos dias de Carandiru através do inesperado {no bom, muito bom, sentido} O Prisioneiro da Grade de Ferro {2004} de Paulo Sacramento {como é seu Ribas, já teve a coragem necessária?; olha que não é necessária assim tanta...}. Da justiça e do crime para a política foi um salto curtinho e marchou com muito prazer o muito interessante Vocação do Poder {2005} de Eduardo Escorel e José Joffily. A política aliada ao crime e à tortura, essa, ficou a cargo do sinistro Henning Boilesen, o empresário-torturador, personagem principal de Cidadão Boilesen {estranhamente ausente do IMDB}.
Mas como os documentários aparentavam dominar a coisa, eis que surgiu a ficção, em modelo épico à la Cinema Paraíso. Minha cara Juliana, mil desculpas, mas desta vez papai Jabor se excedeu... :D A Suprema Felicidade {2010} nem aquece nem arrefece. Depois ainda se viu o sofrível 5x Favela, Agora Por Nós Mesmos {2010}, que vale sobretudo pelos 2 últimos dos 5 filmes que compõem a obra. Descubro agora que é inspirado e que parte de um outro filme de 1962 chamado Cinco Vezes Favela, decididamente a descobrir. E ainda deu tempo para ver Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro {2010}. Bom, que dizer? Nem sei bem, eu dou crédito ao Padilha, acho que tem coisas muito boas em carteira, mas desta vez pareceu-me que ficou bem aquém do primeiro Tropa de Elite {porque a comparação é inevitável, não é?}. Se o primeiro lançou a discussão em níveis muito interessantes, este parece-me que não o faz. Ao mostrar a coisa tão óbvia e tão disseminada e já tão "impossível" de eliminar, apenas dá espaço para um resignado encolher de ombros e meia bola em força. Tchau discussão. Ali já só restam os efeitos especiais e de montagem. O que é pouco, diga-se.
De volta ao formato do documentário, portanto. E para nos focarmos no que aqui verdadeiramente me trouxe, no motivo de tanto paleio. Se aprovo e aconselho os documentários anteriores, a este, aconselho vivamente. Foi do mais interessante que tenho visto ultimamente. Trata-se do penúltimo projecto de Eduardo Coutinho, o homem responsável por Santa Marta, Duas Semanas no Morro e o fantástico Edifício Master, esse homem que eu estranhamente adoro não gostar mas que acabo por admirar. Há algo nele que me enerva um tanto ou quanto, mas acabo sempre por lhe tirar o chapéu. Desta vez tiro-lhe a cartola. Trata-se de Jogo de Cena {2007} e é muito bom!
Um auditório vazio em semi-escuridão, um ou dois focos no palco, onde apenas se encontram duas cadeiras. Numa delas estamos nós {na figura de Coutinho} e na outra uma mulher. E são várias as mulheres. E são apenas mulheres. E todas elas contam histórias. Histórias de vida. Que são as melhores, como todos sabemos. {atenção, a partir daqui há spoilers} Ouvimos uma mulher contar emocionada as suas desventuras na favela, no asfalto, na vida em geral, o filho perdido, a violência doméstica, as agruras da pobreza, da ralação, as disfunções das relações familiares. Depois surge outra mulher, com outras histórias. Depois uma outra, mas desta vez esta é conhecida, é uma actriz brasileira imediatamente reconhecível {Marília Pera}. Mas conta-nos a mesma história inicial, exactamente {quase} pelas mesmas palavras que já ouvíramos. Agora estranhamos. Nova mulher. Nova história. Nova actriz conhecida {Fernanda Torres}. Nova repetição. Estamos a ouvir as mesmas histórias, por duas vezes, narradas ora pela pessoa "real" que as viveu, ora pela pessoa "fictícia" que lhes dá corpo. Bizarro exercício. É a velha questão do original e da cópia. Onde a cópia, até surgir o original que a comprova como cópia, nada mais é do que o original. E a partir daqui sempre que surge uma nova mulher com uma nova história é inevitável que nos perguntemos: «é a mulher real ou é a fictícia?». E interessa verdadeiramente? A história, as palavras, essas são bem reais. Não chega? Não. Fiquei com a sensação de que o objectivo de Coutinho é precisamente esse, o de nos querer demonstrar que a história real, narrada pela pessoa real, é sempre preferível {daí ele se focar exclusivamente no formato do documentário}. Eu tendo a ter de concordar com ele. Por muito que me custe... :D
Tudo começou no grande, muito bom, uma espécie de Depardon de shorts, interessantíssimo Justiça {2004} de Maria Augusta Ramos. Daí demos uma saltada aos últimos dias de Carandiru através do inesperado {no bom, muito bom, sentido} O Prisioneiro da Grade de Ferro {2004} de Paulo Sacramento {como é seu Ribas, já teve a coragem necessária?; olha que não é necessária assim tanta...}. Da justiça e do crime para a política foi um salto curtinho e marchou com muito prazer o muito interessante Vocação do Poder {2005} de Eduardo Escorel e José Joffily. A política aliada ao crime e à tortura, essa, ficou a cargo do sinistro Henning Boilesen, o empresário-torturador, personagem principal de Cidadão Boilesen {estranhamente ausente do IMDB}.
Mas como os documentários aparentavam dominar a coisa, eis que surgiu a ficção, em modelo épico à la Cinema Paraíso. Minha cara Juliana, mil desculpas, mas desta vez papai Jabor se excedeu... :D A Suprema Felicidade {2010} nem aquece nem arrefece. Depois ainda se viu o sofrível 5x Favela, Agora Por Nós Mesmos {2010}, que vale sobretudo pelos 2 últimos dos 5 filmes que compõem a obra. Descubro agora que é inspirado e que parte de um outro filme de 1962 chamado Cinco Vezes Favela, decididamente a descobrir. E ainda deu tempo para ver Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro {2010}. Bom, que dizer? Nem sei bem, eu dou crédito ao Padilha, acho que tem coisas muito boas em carteira, mas desta vez pareceu-me que ficou bem aquém do primeiro Tropa de Elite {porque a comparação é inevitável, não é?}. Se o primeiro lançou a discussão em níveis muito interessantes, este parece-me que não o faz. Ao mostrar a coisa tão óbvia e tão disseminada e já tão "impossível" de eliminar, apenas dá espaço para um resignado encolher de ombros e meia bola em força. Tchau discussão. Ali já só restam os efeitos especiais e de montagem. O que é pouco, diga-se.
De volta ao formato do documentário, portanto. E para nos focarmos no que aqui verdadeiramente me trouxe, no motivo de tanto paleio. Se aprovo e aconselho os documentários anteriores, a este, aconselho vivamente. Foi do mais interessante que tenho visto ultimamente. Trata-se do penúltimo projecto de Eduardo Coutinho, o homem responsável por Santa Marta, Duas Semanas no Morro e o fantástico Edifício Master, esse homem que eu estranhamente adoro não gostar mas que acabo por admirar. Há algo nele que me enerva um tanto ou quanto, mas acabo sempre por lhe tirar o chapéu. Desta vez tiro-lhe a cartola. Trata-se de Jogo de Cena {2007} e é muito bom!
Um auditório vazio em semi-escuridão, um ou dois focos no palco, onde apenas se encontram duas cadeiras. Numa delas estamos nós {na figura de Coutinho} e na outra uma mulher. E são várias as mulheres. E são apenas mulheres. E todas elas contam histórias. Histórias de vida. Que são as melhores, como todos sabemos. {atenção, a partir daqui há spoilers} Ouvimos uma mulher contar emocionada as suas desventuras na favela, no asfalto, na vida em geral, o filho perdido, a violência doméstica, as agruras da pobreza, da ralação, as disfunções das relações familiares. Depois surge outra mulher, com outras histórias. Depois uma outra, mas desta vez esta é conhecida, é uma actriz brasileira imediatamente reconhecível {Marília Pera}. Mas conta-nos a mesma história inicial, exactamente {quase} pelas mesmas palavras que já ouvíramos. Agora estranhamos. Nova mulher. Nova história. Nova actriz conhecida {Fernanda Torres}. Nova repetição. Estamos a ouvir as mesmas histórias, por duas vezes, narradas ora pela pessoa "real" que as viveu, ora pela pessoa "fictícia" que lhes dá corpo. Bizarro exercício. É a velha questão do original e da cópia. Onde a cópia, até surgir o original que a comprova como cópia, nada mais é do que o original. E a partir daqui sempre que surge uma nova mulher com uma nova história é inevitável que nos perguntemos: «é a mulher real ou é a fictícia?». E interessa verdadeiramente? A história, as palavras, essas são bem reais. Não chega? Não. Fiquei com a sensação de que o objectivo de Coutinho é precisamente esse, o de nos querer demonstrar que a história real, narrada pela pessoa real, é sempre preferível {daí ele se focar exclusivamente no formato do documentário}. Eu tendo a ter de concordar com ele. Por muito que me custe... :D
segunda-feira, maio 16, 2011
Hiperpartidarismo
Há uns dias atrás li este belo pedaço de prosa. Aconselho-o vivamente a todos aqueles que gostam de bola, que sofrem por uma equipa, que sentem desprezo por outra num ou noutro momento, a todos aqueles que pisam estádios, que saltam no sofá, que dizem sou benfiquista (ou aquilo), mas que ainda assim pretendem manter a sanidade e a liberdade de pensar por si próprios, como sempre o fizeram.
Penso que este texto me vai ajudar a tomar uma decisão difícil nos próximos tempos. A crise financeira e as medidas propostas pela troika também vão, mas este texto vai ajudar mais.
Penso que este texto me vai ajudar a tomar uma decisão difícil nos próximos tempos. A crise financeira e as medidas propostas pela troika também vão, mas este texto vai ajudar mais.
Carrega Benfica! Para aonde?
A ideia de Pablo Aimar ser atacado, agredido, vaiado, apupado, incomodado, à porta do Estádio da Luz, é de uma violência enorme. Isto diz muito do estado actual das coisas. Isto é o espelho da minha maior desilusão. Isto não era suposto ser o Benfica e os seus benfiquistas a praticarem os seus benfiquismos... Isto é pura e simplesmente uma javardice.
Update — A notícia foi entretanto desmentida pelo próprio. Mas a ideia está lá... As coisas não andam pacíficas.
Update — A notícia foi entretanto desmentida pelo próprio. Mas a ideia está lá... As coisas não andam pacíficas.
sábado, maio 07, 2011
Triste espectáculo...
Assistir aos Verdadeiros Finlandeses em despique com os Verdadeiros Portugueses, a ver quem leva o título de Verdadeiras Bestas!
quinta-feira, maio 05, 2011
Guerra, SA
terça-feira, maio 03, 2011
A guerra é para super-heróis...
Hoje, na brincadeira, fiz isto...
"Obama, my son..."
Mas, fora de brincadeira, o camarada Alvim mostrou-me isto!
Isto é muito, muito bom! São fruto de um tipo indonésio muito interessante, Agan Harahap de seu nome. Pode ver-se mais aqui.
segunda-feira, maio 02, 2011
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