sábado, setembro 19, 2009

American Hardcore {#9}

California Über Alles. Assim falava Jello Biafra. E fazia-o com propriedade, de resto. Pois a California é, sem sombra de dúvida, o berço do Hardcore. Mas de que California falava ele? Há muitas californias e para cada uma delas um porradão de bandas. É certo que foi LA o epicentro do fenómeno Hardcore. Mas LA é gigantesca e nela habitavam muitos, imensos, carradas de jovens suburbanos, à toa, desejosos de abrir umas cabeças e sair correndo. Se a LA mais LA, aquela que então os putos denominavam com desdém por Hollywood, tinha ficado no Punk, rodeada de drogas chic e pose, e desdenhava o carácter suburbano destes miúdos, foi então à volta desse centro urbano e elitista que surgiram a maior parte das bandas angelinas.

South Bay, a Sul de LA, deu ao mundo Black Flag {Hermosa Beach}, Minutemen {San Pedro}, Red Cross {Hawthorne}, Saccharine Trust {Wilmington}, Circle Jerks {Hermosa Beach} e Descendents {Manhattan Beach}. A maior parte destas bandas gravitava em torno de The Church {Hermosa}, uma igreja abandonada tornada centro cívico, posteriormente tornada squat, onde uns ensaiavam, outros viviam em condições a caminho de péssimas, e todos se drogavam e bebiam felizes para sempre.

Black Flag


Circle Jerks


Descendents



Ainda mais a Sul, Orange County {"carinhosamente" chamada de Reagan Country}. Mais suburbia, mais violenta. As primeiras bandas Hardcore a surgirem por ali foram Agent Orange, Adolescents e Social Distortion {todas de Fullerton}. Ali pertinho, em Huttington Beach, aparecem os Uniform Choice {a banda que na costa Oeste mais próximo esteve das ideias Straight Edge} e os TSOL {True Sounds of Liberty}, banda que mais miúdos violentos arrastou atrás de si. Como diz Steven Blush «their gigs were magnets for mayhem». E atrás do TSOL vêm os The Vandals, verdadeiros "animais" que em concerto atiravam sapos vivos para o meio da assistência... Ainda em OC, ali em Venice Beach, surgem os Suicidal Tendencies que elevam a violência a um novo patamar, criando {juntamente com bandas como Circle One} aquilo que se poderia chamar de ganstahardcore, em que certos gangs acabavam por se tornar bandas, sem nunca largar os territory issues – «the Suicidal posse took shit over at shows. That's why people tryly hated them. If Suicidal was on a bill, many people wouldn't go 'cause they and their friends would fuck shit up for anyone trying to watch». Finalmente, mais a Sul ainda, em San Diego, surgem os Battalion of Saints.

Agent Orange


The Vandals


Suicidal Tendencies



E a Norte? Subindo, o farol era San Francisco. E San Francisco tinha muito para dar. Ares mais respiráveis, menos brutalidade policial, mais democratas e mais activistas, enfim, outra cena. Mas o mesmo som, o mesmo speed, a mesma raiva. Bandas emblemáticas serão sempre os incontornáveis Dead Kennedys {dispensam apresentações, tal como os Black Flag em LA}, Flipper {«Flipper was a giant "Fuck You!"»} e MDC {Millions of Dead Cops, provavelmente a banda mais politicamente activa em todo o movimento}. Estes últimos eram originários do Texas {como, de resto, DRI, The Dicks e Verbal Abuse} mas assentaram arraiais em SF, numa antiga destilaria abandonada chamada The Vats {como o fizeram os outros texanos referidos}. «With a scene not nearly as violent as LA's, the city most closely paralleled NYC and Philly: desperate, urban, drug-fuelled.» {Steven Blush}

Dead Kennedys


Flipper


MDC

1 comentário:

aquelabruxa disse...

já vi que continuas nesta fase :)