Sempre que as coisas correm mal para o nosso lado é fatal como o destino o Fair Play vir à baila. Em Portugal o Fair Play é um prato especial (nas conversas, claro está, que em campo, bem, basta olhar a nossa liga...).
Este torneio dos sub21 na Holanda, então, está a dar pano para mangas. A mim parece-me que esta noção vaga, lírica e arbitrária do Fair Play tem forçosamente de ser alterada. Tem de deixar de ser uma ideia nostálgica de uma ética passada que já não mora aqui e tem de passar a constar do conjunto de regras que regem o futebol, pura e simplesmente. Como as faltas, as sanções, as assistências médicas, e tudo o mais. E têm de ser os árbitros a tomar a decisão de quando um jogo deve parar ou continuar. Se um árbitro acha que o jogo deve parar, apita e pára o jogo. O jogador é assistido e o jogo retoma no ponto onde estava. Se um árbitro acha que o jogo deve continuar, ele continua e quando parar o jogador é assistido. Se um jogador decide por sua própria iniciativa parar o jogo deitando-a pela linha lateral, então, ao retomar, a bola deve ir para o adversário. Este pode, depois, decidir o que fazer com ela. Continuar o jogo ou devolvê-la. Sendo que se resolver continuar tal não deve ser considerado falta de Fair Play mas sim prática de Just Play. O duplo sentido da palavra aqui é propositado e assenta que nem uma luva. Não só mantém a noção de que tem de haver justeza no futebol (embora ajuizada e aplicada pelo árbitro; não é para isso que ele lá está, para garantir a tal justeza?) como sublinha a ideia de que os jogadores estão lá é para jogar, não para andar a fazer contas, maquinações e manhosices. Just Play.
Há 10 anos
Sem comentários:
Enviar um comentário