Antes do mais uma palavra para os Men Eater, a banda portuguesa que fez a primeira parte do concerto ontem à noite. Excelentes músicos, promissores sim senhor, e banda em potência assim que começarem a retirar certos elementos que estão a mais nas suas músicas. Defeito típico (mas mais do que compreensivo) das bandas que começam a produzir, também estes tipos não resistem à tentação de tocar tudo o que ouvem, de não deixar nenhuma influência de fora. Para mim, quanto mais cedo se livrarem dos Motor Head melhor... Aprovados, no entanto.
Quanto aos suecos Cult of Luna, bem, esses acho que já passaram por essa fase... Já retiraram tudo o que tinham a retirar e ficaram com o que lhes compete. Ou seja, com a muralha de som que os caracteriza, com a orgia sonora que regurgitam desde o primeiro minuto até ao último. E muito bem! Power, power, power!
Num espectáculo encenado em todos os detalhes, o trabalho de luzes foi uma das peças-chave da coisa, para não falar da postura dos tipos em palco. Danças discretas, posições de equilíbrio difícil enquanto arrancam guinadas das suas guitarras, muito abanar de cabeças, contudo sempre cadenciado na dose certa... Muito fumo, mas em doses correctas de sombriedade. Muralha de som nas colunas, cortina de névoa vermelha em palco, silhuetas (quais guerreiros) recortadas e, de repente, ausência total de cor, holofotes brancos, frontais, a encadear a malta e muito thrash, muito rasganço, brutal. As luzes brancas eram mesmo do tal TIR em que pensáramos há pouco e ele está a avançar em nossa direcção... Muito bom mesmo! O "Finland" e o "Dim" não faltaram e foram soberbamente executados.
Com seis (dos nove em cartaz) elementos em palco, com um alinhamento centrado no notável (último) álbum Somewhere Along the Highway, e por tudo o acima descrito, dir-se-ia que foi um concerto e tanto, que cumpriu exactamente com o que era esperado e exigido. Mas não. Lamentavelmente não se pode dizer que tenha sido um grande concerto. Faltou o outro lado, o público. Faltou pontualidade. Faltou a casa certa. Primeiro começou com um atraso de 2 horas! Foda-se, 2 horas. Se era para começar às 21h por que raio imprimiram nos bilhetes que era às 19h?! Quanto ao público (e nem sei se posso falar de público, de tão poucos que éramos), bem, a certa altura pensei mesmo que a maior parte do pessoal foi lá para ver os Men Eater... O que diz tudo. Muita malta ontem à noite deve ter ouvido COL pela primeira vez... E na realidade nem sei se ficaram lá muito convencidos. O que me leva à questão final, que é a de o concerto ter ocorrido num local errado e infeliz. Os COL mereciam uma casa melhor para tocarem em Lisboa. Tudo isto somado ajuda a que hoje não possa recordar este como um dos grandes concertos que vi (e podia ter sido). Bem, resta-me a t-shirt...
Há 10 anos
2 comentários:
Hei. Concordo com o que dizes, também estive lá e tive a oportunidade de experienciar aquele acontecimento de raro envolvimento emotivo. Em relação ao público fiquei desiludido tal como tu, mas não deixo de rotular aquele concerto como uma soberba experiência sonora. Foi concerteza um excelente concerto, mesmo se estivessem presentes ainda menos pessoas. Também não curti o atraso, e não percebi o porquê. Gostei dos Men Eater e penso que pecam por excesso de coisas, no entanto é um começo bem positivo. Quanto ao local penso que não é errado nem infeliz, fica a 10 min. de Lisboa e pareceu-me acusticamente capaz. Faltou público, bom público e quanto a isso resta-nos dizer aos que não foram que perderam uma coisa daquelas enormes que não acontecem todos os dias, daqueles momentos que inquestionavelmente lembrarei no futuro.
Hei. Sim, foi um grande concerto, mas podia ter sido infinitamente melhor. Eu até fiquei com a impressão que os tipos estavam um pouco a despachar... Não achaste? No fim, então foi mesmo notório. Quanto ao som (apercebi-me que me esqueci de mencionar esse aspecto), bem, tenho de discordar, também ele podia ter sido bem melhor. Mas olha, fica para a próxima...
E a próxima é já no fim de Maio: Pelican no Santiago Alquimista.
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