sábado, junho 16, 2012

Amanhã, que semblante?



Em 2008 Bert van Marwijk assumiu o comando da selecção holandesa. Esta selecção vinha de uma campanha absolutamente maravilhosa, sob o comando de San Marco, iniciada em 2006 {no Campeonato do Mundo} e terminada em 2008 {no Campeonato da Europa}. Na Alemanha, a selecção holandesa, após ter conseguido passar o "Grupo da Morte" {Argentina, Costa do Marfim, Sérvia}, caiu aos pés da selecção portuguesa {nesse infeliz jogo para sempre relembrado como a "Batalha de Nuremberga"}. Na Suiça, após ter conseguido passar o "Grupo da Morte" {França, Itália, Roménia}, a selecção holandesa caiu aos pés da selecção russa {nesse infeliz jogo das braçadeiras negras; o luto e a bola não jogam...}. Num caso ou noutro, a selecção holandesa caiu devido a factores {de peso} externos. Mas ainda assim {ou por assim ser}, quer em 2006 quer em 2008 {sobretudo em 2008, que loucura de jogos!}, a selecção holandesa brilhou acima da média, lembrando velhos tempos. Mas van Basten deu lugar a van Marwijk.
E com van Marwijk chegou à selecção holandesa o hocus-pocus mourinhesco. Do qual se paga a factura neste momento. A mentalidade ganhadora, o vencer a qualquer custo, o abafar da personalidade individual em favor da personalidade da equipa, o jogar feio se tal for necessário, toda essa palhaçada foi o dia-a-dia laranja nos últimos quatro anos. Mas, dirão os que apenas gostam de ganhar, em 2010 conseguiu-se chegar à final. Que bom! Lembram-se dos jogos? Pois... Tirando 45 minutos de grande luxo {contra o Brasil} nada mais a apresentar. Miséria miserável. Até contra o Japão, caramba, não fomos além de um triste 1 a 0! Em quatro anos apenas nos jogos amigáveis a selecção holandesa jogou bonito, empolgada e empolgante. Nos campos, quando a sério, vacilou sempre. Ou no estilo de jogo {mas conseguindo apesar de tudo garantir o resultado} ou mesmo nos resultados {conseguindo apenas humilhar-se perante o mundo}. A pressão é imensa. Bert van Marwijk instilou nos rapazes algo que demora em diluir. Mas ainda há esperança.
Os egos voltaram, ao que parece. E as vaidades. E as birras. Ao contrário do que se possa pensar, isso é bom. Isso é o clima holandês, desde sempre. O meio ambiente onde tudo se torna de repente possível. Até aqui têm andado todos muito manietados, todos a alinhar por um único discurso. A esperança reside no facto de o momento ser de tal ordem vulnerável, as coisas correram já tão mal, que a pressão pode já não importar, se notar. A ver vamos. Nos dois primeiros jogos, no túnel, quando as equipas estão alinhadas, as imagens são verdadeiramente esclarecedores. Heitinga é a bitola, acreditem. Estive a rever as imagens e confirmei o que sentira nesses momentos. Heitinga dá o mote. A pressão, o stress, a nervoseira, o medo {no jogo face à Alemanha o modo como o van der Wiel olha para Neuer diz tudo, pobre rapaz}. Amanhã, mal veja o semblante de Heitinga saberei se vamos ganhar ou não. Saberei se vamos em frente ou se voltamos para casa. Desta vez, ao contrário dos dois últimos torneios, serão decididamente os factores internos a ditar o resultado.

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