terça-feira, janeiro 11, 2011

Ai, a minha vida...

Ontem e hoje a inserir emendas na paginação de uma revista académica, cheia de artigos interessantes escritos por interessantes académicos. Mais um número de uma série de números, de uma revista que me dá um gozo enorme paginar. A grande diferença é que desta vez {pela primeira vez e daqui para a frente} a revista vai seguir e cumprir com o novo acordo ortográfico. Nem queiram saber o que para aqui vai... Onde antes imperava a procura da famosa gralha e a sua respectiva emenda, o debate sobre uma concordância, a análise da melhor solução gráfica para uma tabela, agora grassa a destruição da língua escrita... Passei dois dias a retirar cs e ps e quejandos... O comer das letras a mais, aquelas que não lemos, aquelas que agora saem de cena, mais parece um insensível metralhar na página, um abrir de buracos que é um disparate. De cada vez que posiciono o cursor e primo a tecla delete {ou backspace}, e assim acabo com letras que ali estão há quase 40 anos {é a minha perspectiva que conta, não se esqueçam...}, são verdadeiros golpes de machado que me custam horrores. Isto pode parecer parvo, mas não é. E até pode parecer que estou contra o acordo ortográfico, e não estou. É o dilema, é a ambiguidade que é estranha. Sei que estou a fazer o correcto, é o que agora se impõe, é o que o cliente quer, mas custa-me fazê-lo. Será, certamente, uma questão de habituação. Por enquanto é só uma enorme deceção... aha!, vêem... perdão, veem?

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