Há 11 anos atrás, quando a Matilde dava os seus primeiros passos na vida, lembro-me de que ficava entusiasmado com o exercício de a imaginar a crescer enquanto dormia. Por vezes, estava na sala, já noite, ela a dormir na cama dela, e eu a imaginar todo aquele corpinho em ebulição, os pulmões a inalarem a cada passada cada vez mais um pouquinho de ar, os ossos a esticar, a massa encefálica a acender e a apagar feita uma árvore de natal, o cabelo a ganhar curvas novas, os olhinhos a palpitar ao ritmo cardíaco, tudo aquilo era uma força da natureza em constante e inteligente desabrochanço. Era {e continua a ser} uma imagem entusiasmante.
Agora, 11 anos volvidos, já não é a Matilde que explode é a Júlia. Mas a Júlia, o meu ternurento kleine panzer, não espera pela noite para deixar a natureza expressar-se. A Júlia explode, cresce, desenvolve, desabrocha, ramifica, irradia, salpica, ali, mesmo em frente a mim, de olhos esbugalhados, de dedo em riste, boca aberta, tudo a vibrar. Em constante movimento. A Matilde vivia o dia-a-dia e guardava a noite para crescer. A Júlia cresce enquanto vive o dia-a-dia, ou o dia-a-dia dela é crescer, não sei bem, e guarda a noite para descansar...
Há 10 anos
Sem comentários:
Enviar um comentário