Era uma menina muito linda e forte, com os olhos vivos e duas asinhas agitando-se ao nível dos ombros. Encontrei-a no pequeno jardim da grande cidade, extasiada com o movimento das folhas das árvores contra o azul do céu. Nas mãos, meia embrulhada numa fralda bordada, segurava uma bomba.
— Como podes tu, sendo Menina e Anjo, lançar uma bomba no Planeta? — perguntei eu.
— Não fales do que não sabes — respondeu ela. — Esta bomba não é para o Planeta, é só para a minha casa. E não é violenta, é uma bomba de Amor. Os meus pais e a minha irmã mais velha, os avós, tios e muitos primos, todos vão perceber a força desta bomba. Eu prometi, há muito tempo.
— Ai sim? — brinquei eu. — Conta lá isso.
Fechou o rosto. Ficou parada, por instantes. Logo abriu um doce sorriso condescendente.
— Tu já estás na lista, vais ser atingida. Andas há anos a ler livros que dizem que o Amor é a Maior Força do Universo, e ainda foi preciso vir eu com a minha Bomba!...
{pequeno texto da avó Lisete, que não resisti a publicar aqui}
Há 10 anos
2 comentários:
Lindo!
É, não é?
Imagino sempre este episódio ilustrado pelo Moebius, ou pelo Darrow...
Ou, quem sabe?, por ti!
;)
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