No dia de hoje, em jeito de despedida e de reencontro, e com as várias crises da crise na ordem do dia, apeteceu-me aproveitar a boleia de Sagmeister e expressar graficamente um aforismo apropriado aos tempos que correm. Partindo da famosa tirada de Mies van der Rohe e seguindo o conselho de Sagmeister {In general I hate the use of quotes by designers – it just seems so lazy.*} resolvi então ter algum trabalho — «Não ser preguiçoso», eis outro aforismo com pés para andar — e deixar-vos com o pensamento mais apropriado aos ares do momento.
{Clicar para visualizar em condições; não sei porquê não estou a conseguir colocar isto em formato maior...}
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Tudo isto porque, neste Natal, o meu cunhado me ofereceu um exemplar do livro Things I Have Learned In My Life So Far, do designer austríaco Stefan Sagmeister. Nestes tempos intermitentes que tenho vivido aqui por casa {if you know what I mean...}, este livro tem proporcionado uma leitura muito agradável. Pois como pequenos livrinhos que são, veiculando simples histórias e aforismos, adaptam-se bem ao meu ritmo actual. Dos vários aforismos patentes no livro apetece-me destacar aqui os seguintes — Everybody Thinks He Is Right. / Worrying Solves Nothing. / Money Does Not Make Me Happy. / Trying To Look Good Limits My Life. / Everything I Do Always Comes Back To Me. / Helping Other People Helps Me. / Everybody Who Is Honest Is Interesting. / Drugs Feel Great In The Beginning And Become a Drag Later On. / Thinking Life Will Be Better In The Future Is Stupid. I Have To Live Now. / Being Not Truthful Always Works Against Me. Mas mais agradável ainda foi constatar que praticamente tudo aquilo que ele foi descobrindo ao longo da sua carreira como designer, também eu o fui descobrindo ao longo destes anos de vida profissional. E não estou a ser imodesto ou a querer comparar-me ao austríaco, que não vale a pena nem uma nem outra. Mas a verdade é que {apesar de quase 10 anos de diferença entre nós} um paralelo existe, pois em 1991 eu arrancava mais ou menos a sério com a minha vida profissional {cof... cof...} e Sagmeister voava para Hong Kong a fim de iniciar uma carreira fulgurante; ainda conservo o exemplar da Print, dessa altura, em que era apresentado o seu notável trabalho para um congresso de oftalmologistas.... No fundo, a questão é que a leitura das suas descobertas {e a constatação da pouca surpresa da minha parte} deu-me a ver que também eu tenho estado a aprender, não tenho estado parado. A grande questão é que, no matter what, a vida está lá sempre, pronta a desvelar-se perante nós e a nossa vontade de crescer. A inegável questão é que, quer no Oriente (rodeado de dinheiro, massa crítica e oportunidades), quer junto ao Miradouro de Santa Luzia (rodeado de mofo e humidade), a oportunidade de crescer e ver um pouco mais além é sempre possível ao ser humano. Esse potencial não tem sido desbaratado nem em Sagmeister, nem em mim, nem em tantos outros. E isso é sempre bom constatar. Como tal, um bom 2009 para todos vós, seres humanos em crescimento!
* Até aqui o tipo é bom. A quantidade de vezes que ele já deve ter sido citado neste particular...
Há 10 anos