O tipo é grande, meio que disforme, um tanto ou quanto badalhoco, fumador tingido, com toques de Orson Welles. Fica para ali, na mesa do lado, a beber cafés e a tresler jornais, revistas, livros, cartas, catálogos e publicidade. E, pormenor estranho, sempre que tosse despoleta algo nele que o faz mandar umas tiradas para o éter. Umas saem em português, outras em línguas estrangeiras. Hoje apanhei estas duas.
«Deus nos dê juízo até ao fim dos nossos dias, que a Morte é santa. Além do mais, o juízo é cada vez mais como o dinheiro. Está cada vez mais mais mal distribuído.»
«Não há nada pior do que um inteligente a fazer-se passar por idiota para impressionar uma plateia de idiotas que se fazem passar por inteligentes.»
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Há 10 anos
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