Há 10 anos
sábado, maio 24, 2008
A ficção realizada ou a realidade ficcionada...
Já todos reparámos, já todos sabemos, com mais ou menos pormenor, já todos arrepiámos um pouco a espinha, e por aí andamos de cabeça perdida, coração nas mãos, entre a Maddie e a Kampush, e já foi em tempos a Joana e agora é uma menina de Torres Novas, e quando julgávamos que o fundo era negro mas estava tocado, eis que não, agora surgem os Fritzl, sim são vários, são eles todos, não se trata apenas daquele velho que nos enche o primetime, ó morbidez das morbidezes!... E tudo a olhar para a Escola, para o Estado, para a Igreja, para os Media... para algo que nos devolva um passado que julgamos ter sido possível, um passado do qual não temos memória. Porque se tivéssemos saberíamos que esse passado não existe, não existiu, esse estado puro de existência não se cumpriu nunca. Porque há, desde sempre, Homem; porque há, desde sempre, Família. E nós sempre a olhar para fora, quando devíamos olhar era para dentro; ou para o lado (dentro) da família. São inumeráveis as parábolas, fábulas, adágios, enigmas, que nos remetem sempre para o mesmo: a resposta a um problema reside no problema. Os olhos deviam era repousar na Família... e na Literatura, já agora. Como se comprova neste notável artigo de Ritchie Robertson saído recentemente no TLS {pode ser lido online aqui}. Que anda tudo na Família já não tinha grandes dúvidas... não vai dar sempre num pai, num tio, numa madrasta? Mas que a Literatura, não tão recuada assim no tempo, austríaca era tão fértil em crianças aprisionadas em celas, casas dispersas, agressões "naturais", dependências e torturas várias, you name it... e a Kampush e os Fritzl voltam-nos novamente à memória. Este artigo é mesmo muito interessante. Não restam dúvidas que devemos olhar com muito mais atenção para o que andamos a fazer com as nossas famílias, com os nossos pares, ascendentes e descendentes, e não procurarmos as respostas onde elas não estão; ah, e claro, ler mais, muito mais... Literatura {e não aquelas coisas que de cor-de-rosa têm muito pouco...}
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