Ainda a propósito do post anterior e da relação do povo brasileiro com os norte-americanos.
Se nós, na Europa, os odiamos (quando o fazemos), parece-me que, na verdade, tal nunca passa de um exercício teórico. É sempre uma questão de princípios, de partituras diametralmente opostas (em que a nossa é harmoniosa e a deles atónica), de planos onde estados de alma se degladiam e expressam pasmo e amor/ódio de parte a parte.
Ao contrário, quando os brasileiros (e aqui arrisco-me a dizer os sul-americanos) partem para odiar os norte-americanos eles partem mesmo. Se o plano teórico acima referido existe (quando existe), ele é virtualmente apagado por um outro, o plano físico, o plano da derme. Este pessoal aqui sabe o que é sofrer nas mãos destes tipos. E quando não se trata de agressões a si mesmos, servem as agressões aos vizinhos. Um brasileiro sente na pele uma agressão a um chileno ou a um venezuelano. E o inverso aplica-se. Ouvir um brasileiro a falar dos EUA e das suas políticas é algo a que não estamos habituados. É uma realidade que nos escapa. Sabem coisas que nos passam ao lado, vibram com episódios que não nos dizem nada, saltam constantemente referências que nos escapam. Se na Europa nos parece plausível (teoricamente, uma vez mais) que meio mundo odeie os norte-americanos, aqui, à conversa com brasileiros, aproximamo-nos um pouco mais do porquê, e do como. Todo o fascínio ocidental pela herança revolucionária e pujança resistente oriundas do hemisfério sul foram, na realidade, conquistadas e forjadas nas múltiplas desgraças e atrocidades que aconteceram mesmo por estas bandas. E, invariavelmente, a origem de tais atrocidades, de tamanho sofrimento, reside nos EUA. Por isso os odeiam.
Há 10 anos
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