Estou sentado nas areias da Princesinha do Mar (Copacabana nas palavras do grande Dick Farney). A dois/três metros de mim, mais abaixo, dois grupos de jovens. Cada grupo de quatro ou cinco caras. Pela esquerda surjem dois policiais. Calções pretos, camiseta branca, cinto equipado (pistola, rádio, algemas, the works). Aproximam-se do primeiro grupo e começam a falar calmamente. Não percebo o que dizem mas logo, logo, vejo um policial pegar nas duas mãos (à vez) de cada um deles e levá-las ao nariz. O policial cheirou as mãos dos caras! Não encontrando vestígios de maconha nelas deixa o grupinho e avança para o próximo. Aí repete a converseta e a operação olfactiva. Uma vez mais não encontrou vestígios de maconha e partiu, junto com o outro, para outras paragens.
Impressionante, não? Escusado será dizer que todos os caras cheirados eram pretos, "negões" mesmo. A praia estava cheia de malta, branquelas, mulatos, gringos. Mas só aqueles ali foram cheirados. É por estas e por outras que temos de chegar à conclusão de que o Stefan Zweig estava enganado quando escreveu (em 1941) que o Brasil tinha de ser observado atentamente pelo mundo inteiro por ter resolvido as questões das diferenças étnicas e do racismo pura e simplesmente...
Há 10 anos
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