Ontem deitei-me cheio de azedume. [ainda assim, esta palavra é deliciosa...] Depois da minha sessão de quinta-feira com Keller, O'Reilly, Beecher e companhia, e como não tinha muito sono, passei pela RTP Memória e... Katrapum! Durante hora e meia revi uma das minhas piores noites dos últimos tempos. Quem me conhece já está mesmo a adivinhar. Sim, falo dessa funesta noite em que Portugal eliminou a Holanda no Mundial de 2006. Mas se o jogo nem um ano tem o que fazia ele na RTP Memória? Pois, o diabólico disto tudo é que o jogo datava de 1990 e tratava-se de um jogo de apuramento para o Euro 1992 (Suécia), e Portugal e Holanda encontravam-se no mesmo grupo de apuramento. Safa! Esta sina vem de longe mesmo. Este foi, na realidade, o primeiro jogo entre Portugal e Holanda. Quando a coisas começam mal dificilmente endireitam! Dezassete anos volvidos e o filme foi o mesmo de há um ano atrás. Sem tirar nem por (à excepção das expulsões, que não existiram então). Uma arbitragem miserável (desta feita, a penalizar sem sombra de dúvidas a Holanda), uma equipa assente numa mistura perigosa de pouca ambição e soberba (falo da Holanda, claro), uma equipa cheia de sarrafeiros e aldrabilhas (falo de Porutugal, claro; os mergulhos para a área do Cadete eram de rir...) e um resultado final de 1 a 0. Sim, Portugal ganhou (o jogo era no assustador Estádio das Antas), mas a isso já eu estou habituado... A história recente a isso me obrigou.
Aquilo a que na realidade nunca me habituarei são os comentadores desportivos (essas personagens que complementam tão bem a essência da "joga" portuguesa; sim que a selecção nacional não vive sem os compéres da caixinha que mudou o mundo...). Os que há 17 anos relataram aquele jogo eram do melhor que há... «Uma arbitragem impecável deste árbitro, sim senhor... bem, há aquela história do penalty, mas isso é melhor não lembrar, vamos mesmo suprimi-la do relato.» «Silvino com a bola, claro está, agora não tem pressa, faz mesmo por perder um pouco de tempo.» Cito de cor, naturalmente, mas a ideia está lá. Acho mesmo que só em Portugal é que é aceite e considerado parte integrante do jogo que uma equipa que está a ganhar comece a perder tempo (falo dos comentadores, não dos jogadores). Mas se essa ideia não for sancionada fora das quatro linhas quando o será lá dentro? Pois... nunca.
Bem, quanto ao jogo, pude assistir a uma exibição pobre e desinspirada quer de Van Basten quer de Gullit (pois, era a maior parte da equipa campeã da Europa de 1988...), pude assistir a uma exibição ainda atabalhoada de Frank de Boer (na sua 2ª internacionalização) e pude deliciar-me com um jovem Dennis Bergkamp (um dos meus jogadores de sempre) que dava os seus primeiros passos (tratava-se mesmo da sua 1ª internacionalização). E que passos! O comentador alguma vez mencionou esse jovem jogador que tanto havia de dar ainda ao futebol? Não, claro está. Para a história fica o facto de Portugal não se ter qualificado e de a Holanda ter ido atés às meias-finais do Europeu de 1992. Deve ter perdido nas grandes penalidades como é apanágio... Porra! e não é que foi mesmo? Perdemos 5-4 a penalties, depois de um empate a 2-2, com a Dinamarca, que se veio a sagrar campeã (notável campanha, de resto, lembram-se?).
E pronto, aqui fica o genial Bergkamp no 3-1 à Alemanha.
Há 10 anos
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