Um filme que começa com a imagem de um pardal pousado no algeroz de uma casa de madeira só pode ser um bom filme. Um filme com boas intenções, pelo menos. E este teve-as, tem-nas.
Pelo meio temos direito a copas de árvores em abundância, curvas que não sabemos onde nos levam, diálogos (uns mais, outros menos) absurdos, ansiedades e medos contemporâneos (alguns mesmo pautados pela densidade deprimente tão típica da Air America Radio...), uma amizade em perigo (de continuação; caso triste, sério), uma cadela linda de morrer, água em abundância (quente e fria; os sentimentos...), uns suspiros muito bem suspirados pela malta dos Yo La Tengo (banda sonora original), muita natureza, mesmo muita natureza, e um genial, não dá para resistir, Will Oldham.
Este tipo parece ser dono da capacidade de manter uma continuidade perfeita em tudo o que faz, seja música, seja o trabalho de actor, seja como stand up comedian... Algo mantém tudo em uníssono, numa harmonia que parece ser perfeita. Atrevo-me a pensar que será a palavra "Old" (que Will ostenta no seu sobrenome; palavra recorrente ao longo da sua produção artística; que Kelly Reichard escolhe para o título do seu filme...), que será essa palavra a responsável. "Old" como marca distinta e detentora de uma energia, velha como o tempo, que Will carrega, penosamente por vezes. "Old" assim como "God", velha sabedoria que guia os espíritos inquietos.
Por fim, um filme que acaba com a imagem de um pardal cabisbaixo, aparentemente (somente) perdido, vagueando por um qualquer não-lugar urbano à noite só pode mesmo ser um bom filme.
site oficial: http://www.kino.com/oldjoy/
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Há 10 anos
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