segunda-feira, junho 29, 2009

And that lock is open...





É belo, nem que seja pelo serviço que presta. Marc Weber Tobias até pode muito bem não se dar conta disso, mas presta um serviço à humanidade. Por nos forçar a ver que apenas uma coisa é segura neste mundo, a insegurança. A noção de insegurança, não a insegurança em si. Pois ausente a noção {logo, o medo} de insegurança, a insegurança não existe mais. A realidade do "não existe mais" é bela. E não há chave que nos valha.

sexta-feira, junho 26, 2009

Dos 10 aos 14

Os meninos e as meninas dos 10 aos 14 têm coisas em comum. Têm medo de morrer, da morte antes do tempo. Também não querem que sucedam coisas chatas aos seus pais e familiares próximos. Alguns também estendem estes mesmos medos relativamente ao planeta Terra. Isto é bom. Por estranho que possa parecer, isto é bom, muito bom.

quarta-feira, junho 24, 2009

Menina-Anjo-Bombista

Era uma menina muito linda e forte, com os olhos vivos e duas asinhas agitando-se ao nível dos ombros. Encontrei-a no pequeno jardim da grande cidade, extasiada com o movimento das folhas das árvores contra o azul do céu. Nas mãos, meia embrulhada numa fralda bordada, segurava uma bomba.
— Como podes tu, sendo Menina e Anjo, lançar uma bomba no Planeta? — perguntei eu.
— Não fales do que não sabes — respondeu ela. — Esta bomba não é para o Planeta, é só para a minha casa. E não é violenta, é uma bomba de Amor. Os meus pais e a minha irmã mais velha, os avós, tios e muitos primos, todos vão perceber a força desta bomba. Eu prometi, há muito tempo.
— Ai sim? — brinquei eu. — Conta lá isso.
Fechou o rosto. Ficou parada, por instantes. Logo abriu um doce sorriso condescendente.
— Tu já estás na lista, vais ser atingida. Andas há anos a ler livros que dizem que o Amor é a Maior Força do Universo, e ainda foi preciso vir eu com a minha Bomba!...


{pequeno texto da avó Lisete, que não resisti a publicar aqui}

domingo, junho 21, 2009

sábado, junho 20, 2009

Massa adiposa

No último ano, mais coisa menos coisa, ganhei uma pança. Ou será apanhei? Calhou-me? Apanhou-me? Seja como for, também não é bem uma pança, talvez uma pancinha. É mais que um pneu, mas não atinge ainda proporções dramáticas. Será aquilo a que as mulheres geralmente se referem como sendo a barriga, «ganhei uma barriga»? O facto é que altera-me o sentido da prumada. Afasta-me das minhas t-shirts, ao afastá-las de mim, do meu umbigo. Cria-me ali em baixo uma camada de ar que não reconheço, um espaço estranho, um vazio que eu não criei. E o que dizer daquele reflexo nas montras, nos passeios? É melhor não dizer nada... E pesa-me na coluna, caramba. Mas o mais chato mesmo é ela não falar comigo. Não sei o que quer de mim, não sei o tenho a aprender com ela. Só me lembro do talk-to-me-i'm-bored do Seinfeld, mas do que se trata mesmo é de um silêncio chato, chato. E não me serve o argumento da idade, da vida sedentária, da falta de exercício dos últimos tempos. Muita gente vegeta para aí em vidas desregradas e, contudo, mantém a "forma". Não, ela está aí porque tem algo a dizer. Mas não a oiço. Estou incapaz de a ouvir. Eu não a odeio, mas, de facto, também não a quero ali. E não querer aqui uma coisa que aqui está, regra geral, dá asneira. Estranheza. De momento.

quinta-feira, junho 18, 2009

«Estou muito satisfeito comigo.»

Infelizmente, nos dias que correm, não consigo dizer o mesmo... Mas é sempre bom ouvir alguém dizê-lo. Nunca um voto foi tão fácil de conseguir.

quarta-feira, junho 17, 2009

Dear John Deere

Ontem vi um homem morto matar dois dos seus vários filhos. Como dizia um dos que acabou por escapar à espiral de violência, «ele vai ser julgado pelo que fez de mal e não pelo bem que fez». As mães {biológicas} assistiam, impávidas e não tão serenas, à distância. Impressionante como um homem mesmo já morto detém ainda o poder da destruição. Como se da morte dele tivessem resultado ainda uma série de ondas concêntricas cheias de energia destruidora que, tal como uma pedrada num lago, gerassem eventos imprevisíveis. Felizmente que, tal como no lago assim é na vida, as ondas acabam sempre por se desvanecer na acalmia que as leis da física impõem.

Mas o mais interessante mesmo, para mim, foi ver como esse homem morto provisoriamente encarnou num tractor verde e amarelo que teimosamente insistia em não pegar. Como se quisesse evitar à força o tal julgamento de que falava o filho acima. Quando finalmente resolveu arrancar sons e vibração do seu motor, fumo negro subiu no ar, e a matança parou. Cada um seguiu, finalmente, o seu caminho pessoal e intransmissível. Cheio dos seus próprios erros e não mais dos erros alheios.

segunda-feira, junho 15, 2009

Creio que me cansei de me castigar.
Creio estar de volta à superfície.
Um tipo pode ser uma besta.
{... um tipo é ...}
Mas indefinidamente?

Não juro porra nenhuma, porque quem mais jura mais mente.
Mas estou de volta.
Aonde não sei.
Nem de onde quanto mais aonde.
E quando?
«Inté», escreve-se hoje em dia nos msns da vida...