quinta-feira, julho 24, 2008

Vou a banhos. Este é o mar {o Atlântico, sempre o Atlântico...} em que vou entrar e este areal é uma Consolação. Não sei quando volto. Como volto. Se volto.

Até lá deixo-vos esta bela prosa para abanarem a anca {enquanto podem...}, da autoria de Alvaiade, um dos grandes da Velha Guarda da Portela.




A fotografia em cima é da autoria do meu grande amigo Byron; foi "roubada" descaradamente, mas ele não se importa certamente.

quarta-feira, julho 23, 2008

terça-feira, julho 22, 2008

Paulo César Pereio

Paulo César Pereio dentro do vestido que Sónia Braga vestia em Eu Te Amo.

Depois desta recente barrigada de filmes brasucas, uma ideia que há muito se vinha formando se confirmou nesta minha cabecinha amante do cinema e das personagens que por lá pululam. Essa ideia tem um nome. Paulo César Pereio. Este tipo é o maior. Um grandecíssimo bacana. Está em todo o lado; está em 3 dos 4 filmes do post anterior; está no fabuloso Iracema {ver aqui}; está em mil e um filmes {na realidade são cem; 100!} ainda por descobrir.



Se à pergunta «qual o teu actor preferido norte-americano?» eu teria de responder, sem hesitações, Warren Oates; então à pergunta «qual o teu actor preferido brasileiro?» eu teria de responder, sem dúvidas, Paulo César Pereio. Sei que estas escolhas são imprudentes, ousadas, ultrajantes e sei lá mais o quê... mas são verdadeiras. São gajos completos que figuram em filmes que, mesmo não constando de um eventual top ten, serão sempre filmes que me marcam de maneiras bem concretas e directas. São tipos que fazem com que a minha vida, enquanto amante do cinema, não seja mais a mesma depois de ter conhecido Bennie {Bring Me The Head of Alfredo Garcia} e Tião "Brasil Grande" {Iracema, Uma Transa Amazônica}...

Aceitam-se leituras e interpretações...

A Matilde deu os seus primeiros pontapés ao som de baleias, no escuro de uma sala do Cinema King, durante o genérico inicial do filme Os Mutantes (1998), de Teresa Villaverde. A Júlia deu os seus primeiros pontapés, domingo passado, em casa, ao som de Bob Dylan, algures durante essa cadeia de sons e imagens que é o último delírio de Todd Haynes, I'm Not There (2007).

Filmes em português

Sempre que vejo filmes brasileiros faço por me convencer de que me encontro a ver não filmes brasileiros mas, antes, filmes em português, numa escandalosa e horrrenda tentativa de usurpação, numa derradeira esperança de que o cinema português se reflicta, partilhe e vibre também um pouco às custas desse primo afastado que lhe escreve, de vez em quando, do outro lado do Atlântico. Nos últimos dias banhei-me um pouco mais nesse mar que é o cinema brasileiro. De uma assentada foram três Arnaldos Jabor, um Joaquim Pedro de Andrade e um exercício da mais pura propaganda espírita.


Toda Nudez Será Castigda {1973}, Eu Sei Que Vou Te Amar {1986} e Eu Te Amo {1981} foram os Jabor em causa. Toda Nudez Será Castigada é pura e simplesmente genial, do ponto de vista do guião, um texto original de Nelson Rodrigues, esse mestre dos amores truculentos. O filme cumpre, não desapontando o belíssimo texto que tem como base e chega mesmo a ter cenas muito boas mesmo. Certos momentos aqui e ali do Rio dos anos 70 e toda a cena decorrida dentro da cela prisional {por muito deslocada que possa parecer em relação ao tom do resto do filme} valem bem o filme; mesmo que numa cópia um tanto ou quanto manhosa {a que eu vi, pelo menos}. Um Paulo Porto muito bom, uma Darlene Glória sofrível e um fantástico Hugo Carvana {numa hilariante cena} também ajudam à festa. E, claro está, o melhor do filme, o ladrão boliviano! E mais não digo...

Eu Sei Que Vou Te Amar foi o segundo momento e, bem, hum..., quase me fez deitar tudo a perder... Não há pachorra, senhores. De tal maneira que até seguiu em andamento rápido, para a frente, até ao finalzinho do DVD só mesmo para ver se eles se matavam um ao outro no fim... Booooriiiiing!


Mas o Eu Te Amo, bem, esse, é uma pedra, uma doideira bem à maneira, um filmaço. Louco, louco. Nudez {de Paulo César Peréio, Sónia Braga e Vera Fischer} do princípio ao fim numa cornucópia de filmagens homevideo, luzes fluorescentes, sacanagem com frutas tropicais à mistura, negócios e amores falidos, facas apontadas à genitália; tudo remisturado numa fenomenal penthouse sobre a lagoa Rodrigo de Freitas. Tudo muito à la Brian de Palma meets Coppola?... e estou a pensar no Dressed To Kill e no One From The Heart {sendo que este é posterior...}. Maybe. Mas está muito bom, sim senhor. Um bom Jabor. Tenho ali ainda o Opinião Pública e o Tudo Bem para ver; que é para ver para onde vai pender o fiel da balança...


Depois vieram Os Inconfidentes {1972}, de Joaquim Pedro de Andrade, o homem por detrás de dois grandes filmes brasileiros – Garrincha, Alegria do Povo {1962} e Macunaíma {1969}. Que neste caso nos narra uma interessante abordagem ao episódio histórico de revolta contra o jugo lusitano por parte do famoso Tiradentes e seus compadres. História de gente cheia de ideais e de sonhos futuros que os troca num ápice por uma garantia de mais umas respirações nesta terrena existência. Em plena ditadura e cheio de plenas referências. Aposto que foi censurado até mais não e por muito tempo. A ver. Esteticamente muito interessante.

Ah, é verdade, falta a peça propagandística espírita... Bom, só tenho uma palavra para vosotros: Joelma, 23.º Andar. Delirante!

sexta-feira, julho 18, 2008

quinta-feira, julho 17, 2008

BEStas!

O BES diz-me, num flyer que me endereçou junto com o extracto do cartão de crédito, que se eu gastar, entre 1 de Agosto e 30 de Setembro {60 dias! 2 meses!}, 15.000 euros em compras que ganho um porradão de milhas aéreas e bué de coisas boas. Mas esta gente é estúpida!?! Ou serão incompetentes mesmo? Mas será que estes tipos nunca viram os meus extractos? Gastar 15.000 euros em dois meses?! Devem ser parvos...

La Zona

Enquanto ainda anda por aí tudo em amenas {ou não tão amenas assim...} cavaqueiras sobre as virtudes {ou os defeitos} de Tropa de Elite, eu deito uma acha nessa fogueira político-filosófica-crítico-de-cinema-quando-me-apetece-e-a-globalização-é-uma-treta e, vai daí, aconselho vivamente o filme La Zona {e uma vez mais, ufa, agradeço ao companheiro Ribas...}. A sugestão parece-me válida, pois ambos os filmes e respectivos realizadores parecem ter tantas similitudes que eu diria mesmo corresponderem às duas faces de uma mesma moeda, a do jovem realizador esquerdalho sul-americano {ui, bem sei que um é mexicano, logo...; mas ainda assim}. Atenção, nada de mal com isso, antes pelo contrário. Adiante. Os dois filmes são do mesmo ano {2007}, ambos os senhores têm à data três filmes realizados {o Tropa de Elite de Padilha é o seu terceiro filme; Plá já se encontra a realizar o seu terceiro}, ambos devem pertencer à mesma geração {mas não cosegui comprovar isto} e para ambos estes são o seu primeiro filme "a sério" {sendo que Rodrigo Plá começou por uma curta-metragem e Padilha por um documentário} deixando antever mais e bons filmes nm futuro próximo. Aliás, cá para mim, se Padilha pode vir a ser o próximo Meirelles, parece-me também óbvio que Plá pode muito bem vir a ser o próximo Iñárritu.

Mas o que tem La Zona de tão especial? Bom, "La Zona" é um bairro residencial altamente fortificado algures na cidade do México {presumo}. Uma cidade dentro da cidade, rodeada de favelas a perder de vista, e simultaneamente bem fora da cidade, e da realidade do mundo. Ali se vive um dia-a-dia asséptico, controlado, climatizado e feliz. Até ao dia em que a contaminação {como eu odeio esta palavra...; mas vai surgir inevitavelmente} toma lugar... Não digo mais {seria spoiler} mas digo que um dos méritos do La Zona é deslocar, e de uma maneira incómoda o suficiente, e isso é bom, não é?, o foco da nossa atenção da favela para o condomínio, do "bandido" para o economista/professor/arquitecto, da rua suja e putrefacta para a alameda florida e asfaltada, do caos urbano para o caos sensorial. E fá-lo bem, muito bem. Se Padilha vai em cima da relação policial/bandido e fá-lo na realidade das favelas cariocas {que, acredito, devam ser mais acessíveis que as mexicanas}, Plá parte para cima da relação classe média-alta consigo mesma e no inferno em que ela própria escolheu viver. Um filme a ver.

Depois também vi, nos extras, a primeira experiência de Rodrigo Plá, El Ojo en la Nuca {2001}, uma curta bem esgalhada, com um jovem Gael G. Bernal, sobre as consequências da repressão militar no Uruguai. Dá para ver um pouco de Montevideo, que parece ser um estranho lugar {mas um bom estranho...}.



O trailer é uma merda, eu sei; é mais uma similitude com Tropa de Elite...

quarta-feira, julho 16, 2008

E acho que fui compensado...

Acabo de descobrir um daqueles blogs que vão dar{-me} que falar, ou melhor, dar{-me} que ouvir. Trata-se do Killed in Cars, um blog que se autodefine da seguinte maneira:

«Killed in Cars is the product of a loose-knit group of internet friends coming together after several years of kicking albums back and forth in a search for a deeper appreciation of music. This blog is meant to facilitate that discussion, and expand it to a much larger readership in the hopes of finding a larger breadth of genres, sounds, and (hopefully) outstanding albums. There are no rules. Expect rare gems across all genres, including unclassifiable works. Look here for a complete run down of posts. We’d love to read your suggestions and we actually will reply to comments.»

Fui dar a estes tipos porque andava a curtir no SoulSeek e, sabe-se lá como, dei de caras com um utilizador {que dá pelo nome de "gastronimo"} que tem uma das, qual uma das!, a mais fascinante e rica panóplia de folders de música com que eu já alguma vez me deparei no SoulSeek. Ah, lembro-me agora, descobri-o porque andava à procura do Paulinho da Viola {e aqui acho que tenho de agradecer uma vez mais ao companheiro Ribas...} e este "gastronimo" tinha, e eu baixei, e depois foi a fantástica da Vida que me levou a meter o nariz... e depois... e depois vou-me deitar que amanhã tenho muito para explorar por estas bandas!

Aaaah, que bom...

... ter dois posts acabadinhos, prontinhos para o comando Publish e, ao invés, ordenar o comando Delete! Bom mesmo. É que estavam carregadinhos de vitriol, de rezinguice e não quero destilar mais do que aquilo a que a brasa lisboeta me obriga. A luta faço-a internamente. Aqui, sempre que possível, não verão destilanço. A martelo, pelo menos. Bem-hajam!

terça-feira, julho 15, 2008

Eu, festivais, é mais destes mesmo...


A Velha Guarda da Portela, fotografada por Eric Garault.

Fastiovais

Acredito que há uns anos atrás, por breves momentos, tenha sentido pena de não ter nascido na época dos festivais. Pelo contrário, nasci numa época em que mais tarde, quando chegasse a altura de fumar ganzas e abanar o esqueleto, a solução passava por ir a concertos em faculdades {vejam bem!}, no Dramático de Cascais {este nome é um mimo...} e no grande pequeno escuro abafado peganhento fumarento RRV. Os concertos eram escassos, bens de primeiríssima necessidade, artigos de luxo. Daí mais tarde ter chegado a pensar que era um infeliz por não ter nascido na época dos festivais. Data daí o único festival em que dei entrada. A segunda edição do Super Bock Super Rock, em 1996, e para ver exclusivamente os Massive Attack {e já vinham tarde, tão tarde...}. Uma coisa sei. Odiei aquela treta. E hoje, após o que vi {tv e afins}, depois do que li {imprensa e blogosfeira}, posso com todas as certezas deste mundo afirmar – Que felicidade não ter nascido em época de festivais! Que bom não saber o que é pisar um festival! Que bom não ter de andar a correr de palco em palco! Que bom não ter de aturar pessoal aos melos e em telefonemas despropositados enquanto procuro ver e ouvir uns tipos 2/3 metros acima de mim e uns 3/4 metros de mim afastados! Safa!

Eu leio este post da menina limão e só penso «desgraçada, veio por ali abaixo, numa boa onda, para curtir a cena e depois só lhe saem é duques». Tivesse ido antes ao Bonnie "Prince" Billy...

segunda-feira, julho 14, 2008

Casquinha

O meu querido amigo Ribas Soares anda feliz da vida {presumo que tenha a ver com isto} e quando o meu querido amigo Ribas Soares anda feliz da vida {e mesmo apesar disto!} eu fico feliz da vida. E ando, ai não que não ando, e em grande parte por causa dele que me deu a conhecer isto ou, melhor, o álbum Tudo Azul da Velha Guarda da Portela. O disco é márávilhôsô! Está cheio de gente boa mas o Casquinha é, para já, o meu eleito... Oiçam bem este minuto de puro deleite.

sábado, julho 12, 2008

Americana

Penso que todos sabemos o quão à maneira são os EUA, não é? Mesmo aqueles {onde, por vezes, eu próprio me incluo} que gritam alto e a bom som que os EUA são isto e aquilo, sabem, bem lá no fundo, que aquilo é um país do camandro. Pode por lá aparecer ocasionalmente um Bush, um Reagan ou um Nixon, podem por lá pulular rednecks e CEOs corruptos, podem ter tido instituída a escravatura e segregação racial, podem ser uns porcos imperialistas, podem estar permanentemente envolvidos numa guerra qualquer, é verdade; mas sempre vem depois o outro lado, o da mobilidade social, o da defesa dos direitos humanos, o das magníficas universidades e seus ilustres cientistas, o da tecnologia em barda, o do cinema e da arte e da arquitectura. Mas para mim a América {mais que os EUA} vale a pena nem que seja por este tipo – Bonnie "Prince" Billy. E mais que o Will Oldham em si mesmo, é antes tudo aquilo que permite que um tipo desta natureza floresça e possa percorrer a Terra que deve ser glorificado. Um país, uma herança, uma tradição, uma respiração e uma sagração que permitem que este tipo exista devem ser abençoados.

Ontem na ZDB foi assim, e muito mais...








E é por isto, e pelo muito mais, que eu não trocaria nunca o concerto de ontem por um belo par de mamas... capisce, Maradona? Devias ter lá estado dentro e não à porta. ;)

sexta-feira, julho 11, 2008

euro dois mil e oito



Bom, mesmo bom, muito bom. Roubadíssimo daqui.

quinta-feira, julho 10, 2008

Antídotos

E se eu vier a sofrer muito com este arranque de época, e vou {como não, se logo à segunda jornada o Cebolla irá à Luz vestido de azul turquesa?}, conto com a ajuda destes preciosos antídotos, acabadinhos de chegar, mortinhos por serem abertos e "retalhados", que planeio ler nos próximos tempos, sobretudo lá mais para o fim do mês quando diariamente me deitar na areia, à sombra, sob o aconchego do pano azul e branco da barraca...

Não renovei...

A novela do Renovo? vs. Não renovo? parece ter chegado ao fim... {será?} Durante um mês os serviços administrativos do clube foram enviando e-mails, cartas e smss {mas será que esta gente não visita o Anauel...?} a lembrar-me, relembrar-me, avisar-me e notificar-me de que o meu lugar cativo se encontrava em fase de renovação, para a época 2008-09. Enquanto eu me ia torcendo e retorcendo com a dificílima tomada de decisão, eles, cambada de insensíveis, iam insistindo. Até, diziam, me ofereciam um cachecol personalizado, caso renovasse. Vejam bem, um cachecol personalizado. Não é para todos... lol. Mas como o tempo ia passando e eu não renovava acabei por receber o dito cachecol na mesma, numa última {chegou no último dia do prazo...} tentativa do clube em angariar a receita e o adepto. Mas não aconteceu. Dia 9 passou e eu não renovei. Mesmo tendo na mão o cachecol que diz "Amo-te Benfica", seguido de "Carlos Vieira Reis. Sócio do Benfica. Cativo". Espero que o Glorioso entenda, e se por aqui passarem vão percebê-lo, o "Amo-te" está certo, o "Sócio do Benfica" também {as quotas são para manter...}; só o "Cativo" destoa {esta época pelo menos...}.

Mas está decidido {será?; hoje recebi mais um sms a avisar que o prazo passou para dia 14... eh eh, malandros}. Este ano troco a família benfiquista pela outra. Porra, assim dito até parece que troco a família pela amante... Mas é o contrário, não é?

"Confissões de um torcedor"

Maravilhoso, delicioso, muito bom mesmo, uáu, o texto de José Miguel Wisnik na Piauí de Maio passado. Vão lá e leiam-no. Vale a pena. Deixo aqui o trecho em que ele relata um enorme golo que ele viu o seu Santos marcar {tinha de ser ao Benfica!}, em 1962, e a reacção de um dos dirigentes do Glorioso ao embarcar de regresso ao Velho Continente...

«Entre os gols dessa época que se perderam da memória coletiva, escolho um que não é de Pelé, mas de Coutinho, e não aconteceu na Vila Belmiro, mas no Maracanã, numa noite de 1962, na primeira partida da decisão do Mundial Interclubes, entre Santos e Benfica. A bola foi lançada pelo alto, vinda da intermediária pelo lado direito, caindo sobre o bico esquerdo da pequena área, onde estava Coutinho. Ele matou de efeito, sem deixá-la cair no chão, aproveitando tanto o impulso natural da bola quanto o seu desenho em curva para dar um chapéu de fora para dentro num primeiro zagueiro, e, em seguida, um outro chapéu simétrico num segundo zagueiro, antes de concluir, sem que a bola tocasse o chão.

Vi esse gol, de uma perfeição rara, uma única vez – ele é de antes da existência do replay. A televisão em preto-e-branco dobrava hipnoticamente o branco do uniforme alvinegro, redobrado ainda pelo contraponto visual da pele negra com a bola branca (que só se usava, então, para jogos noturnos). Tudo num flash – àquela época espocavam flashes, confundidos na luz da tela e na da memória com o próprio gol fulminante em tempo-espaço mínimo. Mais do que produzir o efeito de “uma pintura”, ele me lembra aquela técnica de desenho japonês em preto-e-branco, o sumiê, em que o artista arremata a obra com uma única pincelada. Não conheço ninguém mais que se lembre desse gol. Um colega de ginásio me disse na época que o tinha visto no cinema, mas nunca o reencontrei nas raras e extasiantes retrospectivas do Canal 100. O filme Pelé Eterno não o mostra, reduzindo-o literalmente a uma mutiladora fração de segundo. Li num jornal, dois dias depois do jogo, que, ao embarcar de volta para Portugal, um dirigente do Benfica declarou sobre o gol, numa autêntica chave de ouro camoniana, que valera a pena atravessar o oceano, só para sofrê-lo.»



Mal posso esperar por dar início à leitura do verdinho Veneno Remédio. O Futebol e o Brasil do mesmo Wisnik, acabadinho de chegar dos trópicos. E que aproveito agora mesmo para agradecer do fundo do coração aos grandes amigos cariocas que tiveram a amabilidade de o enviar. Bem-hajam!

quarta-feira, julho 09, 2008

Rwanda

Por outro lado, há desgraças, momentos tumultuosos, períodos negros, ondas assassinas, mantos genocídicos, batalhas demoníacas, guerras de espírito, contendas humano-animalescas que não param de nos {me} fascinar. Momentos da História que quanto mais se sabe sobre eles, que quanto mais se escava e investiga, quanto mais se exploram, mais fascinantes e empolgantes e viscerais se tornam. No topo, naturalmente, encontra-se a II Guerra Mundial em todo o seu esplendor. É o momento-climax perpétuo. Não se extinguirá nunca, creio. A I Grande Guerra não lhe escapa {e é um desejo de há muito, ir por essa trincheira adentro; houvesse mais tempo e cabeça...}, antecedeu a campeã da mortandade selvagem e está recheada de "grandes" momentos, de enormes devaneios. A Guerra do Vietnam, por outro lado, acredito que pode muito bem habilitar-se ao terceiro posto, ter lugar no pódio. Não a domino, não desperta em mim desejos prementes, mas não hesito na classificação de "grande" momento barbárico da História recente. E depois vem o Rwanda. Concedo que este evento possa classificar-se ex aequo com os tumultos balcânicos do final do século passado, mas é ele que interessa aqui. O Rwanda {e não o consigo escrever com u; não dá...} é um episódio, um acontecimento, daqueles que obriga um tipo a parar com o que quer que seja que esteja a fazer. Quando aparece um documentário, uma reportagem, seja lá qual for, num zapping inofensivo, pás, parou tudo. Quando viro a página e caio num artigo com mais algo a acrescentar a esse trágico acontecimento, zás, é para ler até ao fim. É de uma dimensão avassaladora esse momento da História recente. Desafia todos os sentidos, toda a lógica, toda a pretensão de uma moral, de uma justificação — a morte de 1 milhão de pessoas em menos de 100 dias é algo de demoníaco – e, ao mesmo tempo, e isso sim é perturbador à quintessência, tão simples, tão corriqueiro, tão problema doméstico, tão "cá se fazem, cá se pagam" ou mesmo "quem vai à guerra, dá e leva". O Genocídio do Rwanda não é fácil. O lado negro do homem nunca é fácil.

Isto a propósito de um artigo muito interessante que li a semana passada numa Prospect do início deste ano. "The Perfect Crime?", assim se chamava o artigo de uma senhora também ela muito curiosa e interessante, Linda Melvern. Houvesse tempo, cabeça e estômago e este livro seria encomendado e lido aqui por estas bandas. Eu, que tenho o Hitler's Willing Executioners parado à espera de melhores dias {leia-se estômago e sentidos de ferro}, não sei sinceramente como encararia este...

segunda-feira, julho 07, 2008

Madre Ingrid de Bogotá

Eu sempre que pude acompanhei com sincero interesse as desventuras de Ingrid. Com tanto interesse quanto desconfiança, devo confessar. Há na mulher, para mim, algo dúbio, pouco exacto. O que não é um problema, na realidade. Mas sempre houve algo que me intrigou na sua trajectória, na sua postura. Após ter lido o "Spécial Ingrid Betancourt" na edição de ontem do Le Monde, acho que finalmente percebi a razão, a origem da minha desconfiança, do meu torcer de nariz. O que me incomoda em Ingrid é a sua ligação religiosa com o mundo, com a vida. É que ela é uma menina, uma betinha, nada em boas famílias colombianas, uma tipa dedicada, recta, com moral definida, culta, formada nas Sciences Po parisienses, que conquistou um lugar digno e bem conquistado no espectro político colombiano, mas que, apesar de tudo isto, ou por tudo isto, me parece refém de uma postura um pouco a puxar à la Madre Teresa de Calcutá, numa reinvenção da dita senhora numa espécie de Madre Ingrid de Bogotá.
Não me é difícil imaginar o quão terrível, árduo, exasperante, revoltante, e sei lá mais o quê, poderá ser a experiência de sobreviver na selva, rodeada de animais {e refiro-me a todos os que por lá andam, naturalmente}, separada do seu mundo, das suas cores, cheiros e sentidos em geral. Uma experiência deste nível só pode, deve, dar-nos que pensar, obrigar-nos a colocar as coisas em perspectiva, reflectir nos poderes superiores, equacionar misticismos e religiosidades vários. Mas a mim parece-me pouco, surpreende-me, que após seis anos de cativeiro nestas condições adversas a solução final, isto é, a procura do conforto e agradecimentos finais, passe por ir «à la chapelle de la Vierge miraculeuse de la rue du Bac à Paris, et aussi à Lourdes et au Vatican...».
Nada tenho contra, por amor de Deus, isto é mesmo uma cena meramente pessoal, mas sinceramente acho pouco, esperava algo {refiro-me ao rescaldo} um pouco mais visceral e menos vestal, um pouco mais cidadã do mundo e menos uma cena, quase doméstica, franco-colombiana. Eu admiro a mulher, respeitei sempre a sua dor, exalto a sua libertação, mas não deixo de pensar como me parece agora cada vez menos interessante a sua provável {?; e será interessante acompanhar o futuro imediato} incumbência do cargo de Alvaro Uribe, o homem que curiosamente ocupou o lugar que lhe parecia destinado a ela em 2002.
Uma novela a acompanhar. Vêem? É disto que me queixo...

Loronix

Depois de Brazilian Nuggets {que já é bom pra xuxu}, o Loronix. Nunca serão suficientes as graças endereçadas a Zecalouro pelo imenso e precioso trabalho à frente do Loronix. Salve!

Só a pesquisa feita a Dick Farney deu 33 entradas... de morrer!

Tudo Isto É Amor (1976)

Dick Farney {monstro sagrado da música brasileira} e Claudette Soares preenchem o ar matinal desta casa feliz.



Dick Farney & Claudette Soares - Tudo Isto É Amor (1976)

Chegaram...

A família está de novo reunida debaixo do mesmo tecto!

Bênçãos para os amigos cariocas!
Vocês são grandes!
Obrigado por tudo!

A Vida como ela é...

Hoje assisti ao dia nascer sobre as traseiras da minha casa. A passarada, desvairada, apanhava boleia da aragem fresca típica de certos dias de Verão e rodopiava embriagando-me. As copas das árvores cantavam, literalmente. E, contudo, o silêncio era vigoroso e confortante. Em poucos minutos as traseiras do meu prédio foram várias. O sol a nascer, e o dia com ele, mostra-nos cores e facetas da realidade que desconhecemos {ou nos esquecemos frequentemente}. São coisas destas, como a Vida em movimento, sem pedir autorização, que fazem com que as carantonhas dos posts anteriores não passem disso mesmo. Quando terá Ferreira Leite visto pela última vez o sol a nascer?

domingo, julho 06, 2008

Eu já te atendo, pá...

Muita classe tem o homem... mas não chega, pá

Ou é mais isto...? Assim mesmo, com dedo em riste...

Mas se calhar há quem ache que a saída passa por aqui...

Venham mais 4...

No Público de ontem saíu esta infografia muito curiosa relativa ao cumprimento {ou não}, em 2009, dos objectivos do Governo Sócrates por parte do Governo Sócrates. Os tipos do Compromisso Portugal {autores do estudo} acham que a coisa está preta e que não há grandes razões para estarmos contentes, embora admitam que este é «um dos executivos com melhor performance no que respeita ao cumprimento do programa inicial». Pois eu digo: porreiro, pá. Venham mais 4 anos. Alguém tem dúvidas que este é o melhor Governo do período democrático português? {é bom não esquecer que isto não é a Alemanha...} Que este é o melhor Primeiro-Ministro de sempre? {mas o pessoal imagina o que é governar portugueses; um porradão de portugueses; 10 milhões de portugueses?} Que Portugal está hoje melhor do que há uns anos atrás? Não chega? Querem mais? Ok, tudo bem. Mas acham que é por outros meios? Então, digam-me quais. Que só vejo estes ou... à bomba. E à bomba parece-me que já estamos todos fartos e convencidos de que dá muito trabalho e suja muito.


E o Rui Ramos? Ali, sempre a abrir, a dar uma mãozinha... eh eh eh
Na sexta-feira até que esteve bem no "Expresso da Meia-Noite"... Porreiro, pá.

Arrrgghh....

Technorati sucks big fucking time!!!

sexta-feira, julho 04, 2008

Eeerie...



... mas lindo!

{será um Žižek?}

Falta 1 semana!

Žižek {e assim junto-me à malta...}

Eu ando curioso, malta. Dou voltas por aqui e por ali, na blogosfera, e em todo o lado {bom, quase todo lado} só vejo referências ao Zizek. Eu não sei quem é o Zizek, e fico logo a achar que devia. Toda a gente {bom, quase toda a gente} fala dele, e eu começo a achar que devia saber o que é, quem é, como é. É que um tipo sente-se assim que, digamos, excluído, blogoexcluído. Um Zizek come-se? Veste-se? Dá para ganhar dinheiro com um Zizek? É uma daquelas cenas que se colocam nas Crocs? É ser vivo? Ou inanimado? Há mais na praia ou no campo? No Norte da Europa ou no Sul? Zizeka-se de alguma forma? Tem a ver com carros {é que de carros não percebo nada...}? Ou vai-se para lá, de férias? Zizekem-me, por favor. Ou, como dizia o outro, zizeka-mos... ;)



Slavoj Žižek

quinta-feira, julho 03, 2008

De uma selva para outra...

Desde o início {e é óbvio o que o início aqui significa; o rapto e nada mais; quem conhece Ingrid do antes do rapto?} que esta mulher e a sua sorte me interessam, me incomodam, me assombram. Desde o momento em que ela foi libertada que me apetece escrever algo aqui sobre ela, sobre a vida, sobre mim... Mas acho melhor deixar aqui as palavras de alguém que também, desde há muito, não resta imune às desventuras de Ingrid. Melhores palavras não encontraria eu para descrever o momento. A Natureza do Mal pronuncia-se. Singelas palavras. No que dizem e no que deixam antever.


Bom, don't get me wrong. Provavelmente abusei, provavelmente as palavras do Luís não espelham de modo algum as minhas ilações. Pode ser {e de qualquer ofensa peço escusa}. Mas não páro de pensar em como a libertação de Ingrid Betancourt me parece tão similar, tão em voga, tão em sintonia, com a libertação de Natascha Kampusch. E isso, meus amigos, é perturbador. Oh, se é.

terça-feira, julho 01, 2008

HOLY FUCK!

Isto já era fantástico, mas isto é abissal...

Aleluia!

Isto é o que anda a acontecer por essa Europa fora; isto é o que me {nos} espera no próximo dia 11 na ZDB. Aleluia!