quinta-feira, janeiro 31, 2008

Briljant!

E como hoje faz anos a koningin deixo aqui dois dos seus súbditos, achados agora mesmo totalmente por acaso (como se o acaso existisse...). Um "jardineiro" e um "fotógrafo". A morte, a decomposição, o castanho, a dor, tudo numa mescla chamada vida. Brilhantes!

Piet Oudolf
(ver um interessante artigo do NYT aqui)

Erwin Olaf
(ver catálogo na galeria que o representa aqui)

«Hum, hum, e qual é o n.º da porta...?»

Ontem passei no 4.º D e deparei-me com este post superinteressante. Hoje voltei lá e topei que os contributos são já numerosos, e que só aumentam o interesse. Engraçado como algo que sempre achei (na realidade, não se pensa lá muito nisso, pois não?) ser tão pacífico, algo que imaginaria ter 3 ou 4 modelos, é afinal um mundo de soluções. A solução japonesa, essa então, parece-me mesmo à japonês, ou seja, uma loucura pegada. Eu cá sei muito bem quem não desejaria ser carteiro no Japão...

Pretige verjaardagen!

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Esta senhora faz hoje 70 anos de idade. Como hoje também é dia de Anauel, estão ambos de parabéns!

Foto retirada do site oficial da casa real holandesa. © RVD

Ó Português... mas quihorrô... ai, ai, ai...

O meu amigo Serafim, quem sabe incomodado com o tom do desabafo do post anterior, e como gosta de defender os desgraçadinhos... lol, ou se na mesma tónica, não percebi bem, enviou-me esta gravação do Tom Zé em 1968. Pois, para mim, apenas vem dar música ao argumento. Além do mais, só me lembra, com um misto de saudade e de raiva, um certo português que tem uma quitanda bem no Largo dos Guimarães em Santa Teresa, no Rio de Janeiro... Ah, portuga de um raio! E como eu gostava de poder deixar aqui uma foto dele e da sua quitanda... Vocês iam ver...








[Para quem tem Firefox e não vê/ouve nada aqui em cima é favor clicar aqui...]

terça-feira, janeiro 29, 2008

E não se pode "fechá-los" a todos?

Como já quase não compro jornais, há muito que não vejo telejornais e, de alguma maneira, ganhei alergia ao Gato Fedorento, não dei na altura por esta situação (e já lá vão muitos, muitos meses!). Mas hoje dei de caras com estes filminhos (deprimentes). Um verdadeiro, o outro parodiando o original. O primeiro é o Portugal do costume (só não vê quem não quer; se as bandeirinhas estão à janela alguém as pôs lá...), o segundo uma rábula bastante boa do Ricardo Araújo Pereira, fazendo, por vezes, lembrar o nonsense do saudoso Mário Viegas ou mesmo o E Não Se Pode Exterminá-lo? do Jorge Silva Melo. Quem não viu, deve ver. Há sempre uma primeira vez.





Como se vê o problema não está no fecho dos centros de saúde (como, de resto, e um pouco para meu espanto, parece ser a tónica do segundo filme). O problema está mesmo é nos Portugueses. No seu analfabetismo crónico, na sua ignorância endémica. Mas como esses não dá para fechar, não há outra solução senão aturá-los. Aturarmo-nos uns aos outros, eis a nossa sina. E ainda dizem mal do Sócrates, o que mais nos atura...


Pequena correcção – Afinal este episódio não tem meses, mas sim dias. Os meses que eu tinha lido, erradamente, referiam-se à data de adesão ao Youtube por parte do tipo que tinha postado o filme... Assim sendo, já não me sinto tão mal por não ter dado conta disto tudo, assim sendo acredito que tal não me passaria despercebido... infelizmente, claro.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

FREE MAGENTA !

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Se isto não fosse tão triste, tão idiota, tão inaceitável, tão desesperadamente demente, até que dava para rir. E anda a malta, aqui no burgo, preocupada com o facto de as bolas de berlim passarem a vir embrulhadas individualmente...

[clicar na imagem para ir ao site da Lava Design e tentar perceber um pouco melhor a história. Tem uma versão em inglês.]

domingo, janeiro 27, 2008

A 8 (não, não é a autoestrada...)

Já não são 7, nem 10, nem 11. Afinal são 8. E assim vai a vidinha...

Picadeiro

Hoje, depois de uma belíssima aula em cima do Aladino (em mais um baptismo bem sucedido), ao preparar-me para me ir embora, desloquei-me ao interior do picadeiro para depositar o meu stick e, ali, sozinho, perante um picadeiro vazio, de areia revolta (ainda (ou já) com uma ou duas aulas em cima), mas vazio, cheiros e emoções passadas, bem distantes, memórias vivas de um tempo em que menino pisei picadeiros entretanto esquecidos, vieram, em catadupa, à minha presença. Ali, hoje de manhã, um domingo. Um picadeiro vazio ostenta uma poderosa camada de história, luz e som que poucos locais (quando vazios) ostentam. Na realidade, um picadeiro vazio é algo que não existe. Um picadeiro é um ser vivo(*) que se exercita quando cheio e que retoma energias quando vazio, mas sempre, sempre respirando e marcando o tempo. Quando vazio, retira-se, introspecto, e mantém-se em vigília. Quando penetrei nele hoje de manhã, ele sobresaltou-se ligeiramente e iniciou um processo de sussurros. Falou comigo e eu escutei-o. É difícil não ouvir o silêncio de um picadeiro, um silêncio composto de luz (se o corpo humano é 70% de água, um picadeiro é 70% de luz), de insterstícios (da madeira? de outra matéria?), de movimento quasiperpétuo, circular, em serpentina, a passo, a riso (ou choro). E se um picadeiro em descanso tiver (como hoje teve), aqui e ali, como que a marcar um tempo ou um ritmo, como se de um metrónomo dos seus sinais vitais se tratasse, o chilrear feliz e cristalino de um pardal, bem, aí tanto melhor. Bênçãos!


(*) A propósito desta noção de um espaço ser como um ser vivo e de necessitar de momentos de acção e de descanso, vêm-me à memória as excelentes palavras do arquitecto paisagista holandês Dirk Sijmons sobre a Arena (estádio actual do Ajax), e que não resisto a transcrever (do livro Brilliant Orange, de David Winner). «"The old Ajax stadium was too small and it was not a beauty by any standard [...] But it was nice and cozy. And it was built for football rather than for making money. [...] ... the Arena is not a home. They play there on a Sunday. But then there is a Rolling Stones concert. Then a big congress. Then the unveiling of the new Mitsubishi space-car. Then, after seven days, Ajax are allowed to go and play football again. [...] This Dutch multi-functional obsession of making money with the same building in many ways [...] that kind of thing... It is a very brilliant idea, of course, but it squeezes the life out of what a football stadium is. A stadium has to rest between matches too. It should wait empty for a week before the game, before the next flow of people arrives. A stadium somehow needs to meditate."» Nem mais.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Ausência?

A minha bruxa preferida espantou-se (num comentário ao meu post anterior) por eu estar há já cinco dias (ela contou-os!), que são já sete, sem escrever nada... E, adianta ainda, espera que tudo esteja bem comigo, por estas bandas. Está tudo maravilhoso, bruxinha, como sempre! Mas têm sido dias atarefados, e muitas têm sido as razões pelas quais me ausento. Para ti e para quem por aqui passe, que fique bem claro que não me enfado, antes exulto com as agitadas horas passadas entretanto. Além de que eu tinha avisado! O principal motivo de ausência, verdadeiro rival à altura, têm sido As Benevolentes... Sim, com elas tenho traído os meus leitores... Preteridos que são nos dias que correm pelas aventuras de Max Aue... Todos os meus momentos livres têm sido dedicados ao Hauptsturmführer. Por outro lado, mudanças de instalações de atelier estão na ordem do dia e aproximam-se velozmente. Para não mencionar mudanças na própria actividade do atelier... umas portas parecem fechar-se, outras abrem-se livremente. Engraçado como as coisas respiram! Finalmente, acho que o prazer que senti quando aquelas curiosas sinergias bloguísticas (e tudo começou aqui...) se manifestaram foi tão intenso e interessante que, quais baterias, me permitiu manter-me arredado destas lides indefenidamente. Bloggers haverá que devem exultar com a quantidade de comentários aos seus posts (tipo, menos de 10 comentários é um mau registo...), quem sabe até já almejei tais recordes e os invejei. Mas aprendi que o verdadeiro motor, a verdadeira recompensa desta actividade não é o número de comentários, porventura nem os comentários, mas sim os posts que se complementam, numa de ping-pong, um surge aqui, outro responde ali, um descobre o outro e aponta um outro ainda. Muito mais interessante! Não tanto o centrar das energias num post específico e criar ali um campo de debate (por vezes, demasiadas vezes, de batalha) mas antes o reunir de vários blogs, de vários posts por esse mundo fora, em volta de uma ideia, de uma tonalidade, de uma curte, de uma referência. Já me tinha acontecido algo de parecido antes, com o The Ressabiator e com o Reactor, e aconteceu defitivamente com o Stalker (este, curiosamente, também está calado desde dia 15...). Boa onda!

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Contemplai os lírios do campo... (se fecharem bem os olhos e olharem com atenção até que os vêem...)

No rescaldo de tantos ultra-infra-super-curious-sounds regresso aos Growing e deixo aqui uma pastagem verde para se passearem...







Green Pasture by Growing
[para quem tem Firefox e não consegue ver/ouvir nada aqui em cima...]

quarta-feira, janeiro 16, 2008

L'Affaire Realité

Já tínhamos topado, graças ao Stalker, e durante a curious blog synergy, que o L'Affaire Tournesol estava cheio de referências às experiências alemãs com os infrasons. Ficámos também a saber da existência do livro German Research in World War II, de Leslie E. Simon (e não é que ele existe mesmo!), e daí partimos para a procura do mesmo. E verificamos que não só o livro e o autor existem, como a capa que consta no L'Affaire Tournesol também ela copia a realidade! Bom, há uma ligeira alteração. Uma pequena suástica que, no processo, desaparece. Compreende-se. Tamanha dedicação à realidade podia cair mal...

Interesting Parallels

Security is about preventing adverse consequences from
the intentional and unwarranted actions of others
. What this
definition basically means is that we want people to behave
in a certain way
... and security is a way of ensuring that
they do so. Bruce Schneier, Beyond Fear


A simpler way of thinking about Interaction Designers is
that they are the shapers of behavior. Interaction Designers...
all attempt to understand and shape human behavior. This is
the purpose of the profession: to change the way people behave.
Jon Kolko, Thoughts on Interaction Design


(Italic emphases are original; bold emphases are mine)

It’s interesting to see such similar language used in two fields which are rarely seen as related. But they are, of course: they are about human interaction with technology. To some extent, security - certainly the design of countermeasures - may be a rigorous, analytical subset of interaction design, just as interaction design is a subset of the intersection of technology and psychology. Designers in one field ought to be able to learn usefully from those in others.
Interaction design is not commonly defined as Jon Kolko does above - it was reading that specific quote on his website which persuaded me to buy his book - but it’s pretty close to the idea of design with intent.

Sacado do Architectures of Control. Wise. Spooky.

Une Boîte en Or

Isto deve ser bom, muito bom.

Ver aqui e aqui.

Pena que o Natal já passou...

terça-feira, janeiro 15, 2008

Curious blog synergy

Simon Crab chama-lhe uma curious blog synergy, eu chamo-lhe uma cena do caraças! Ora vejam.

10 de Janeiro
Simon Crab fala, no Stalker, dos early warning devices.

11 de Janeiro
Eu menciono [aqui] o post dele e pergunto-me se aquilo não é lindo então o que será? Aproveito também para ilustrar [aqui] as diferenças entre os vários aparelhos, de acordo com as suas nacionalidades, e para elogiar a estética japonesa. Ainda nesse dia, o meu amigo Alvim comenta, com propriedade, que um deles (o alemão) figura num dos livros do Tintim.

13 de Janeiro
Após consultar os meus livros do Tintim, dou razão [aqui] ao Alvim (de facto, o Ceptro de Ottokar tem um early warning device) e aproveito para dar mais um passo e menciono o infrasound device que é mencionado noutro livro do Tintim, O Caso Girasol.

14 de Janeiro
Simon Crab escreve [aqui] sobre... infrasound devices!!!

15 de Janeiro
Quando me preparo para escrever sobre esta estranha sucessão de posts, dou uma saltada ao Stalker e, BAAAM!, Simon Crab adiantou-se e apercebeu-se da tal curious blog synergy, dando sequência e informação adicional à dica aqui lançada sobre os tais infrasound devices do livro do Tintim.

Se isto não é lindo, então, pergunto-me eu novamente, o que será?!?

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Hanna Reitsch



Há já muito tempo que me apetecia escrever algo sobre esta mulher. Ela é a prova viva que mesmo as personagens mais hediondas — e, em parte, ela foi-o — também conseguem ser charmosas, avassaladoras nas suas peculiaridades, determinantes na escrita da História, elegantes nas acções e vigorosas na passada das mesmas. Hanna Reitsch (1912-1979) foi tudo isto. Uma mulher dos diabos, uma mulher do aparelho, uma fervorosa entusiasta do movimento nacional socialista, uma espécie de Leni Riefenstahl da aeronaútica, uma amazona movida a querosene.
Esta mulher foi, muito provavelmente, a última pessoa (do eixo, claro) a operar um aparelho aeronáutico sobre o espaço aéreo de uma Berlim a ferro e fogo, poucos dias antes do fim. Num voo histórico, no comando de um Fieseler Fi 156 Storch, Hanna Reitsch entrou em Berlim para levar Ritter von Greim a uma última reunião com Adolf Hitler. Após a reunião, ao que consta, Greim e Reitsch demonstraram o forte desejo de permanecerem até ao fim no bunker, tendo sido finalmente dissuadidos pelo próprio führer) a partirem o quanto antes. E como a palavra do führer era para cumprir, lá foi novamente Hanna Reitsch sobrevoar, na maior das dificuldades e perigos, uma Berlim em agonia...

Deixo aqui vinte e poucos minutos de uma longa e fantástica história. O tipo no Youtube não permite o embed dos filmes, por isso, ficam os links.

1.ª Parte
http://www.youtube.com/watch?v=utWz_e1BFu4

2.ª Parte
http://www.youtube.com/watch?v=W9brBjsdAAU

3.ª Parte
http://www.youtube.com/watch?v=xG-CnQDLMKI

domingo, janeiro 13, 2008

Oh! Capitão, isso é extraordinário!

Vous avez toute la raison chér Alvim... [ver comentário ao post anterior] Os japoneses são o que são e deram-nos o Studio Ghibli mas, por outro lado, os alemães são o que são e deram-nos os "maus" que atormentavam o jovem repórter da ligne claire. Primeiro, em 1939!, no Le Sceptre d'Ottokar e mais tarde, em 1956, no L'Affaire Tournesol. Primeiro os early warning devices e depois os ultrasons como armas de destruição maciça. Ai os germânicos, esses malandros...

Le Sceptre d'Ottokar
L'Affaire Tournesol

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Japonesices...

E ainda a propósito do post anterior saquei do Stalker três fotos de três Early Warning Devices; um alemão, um inglês e um japonês. Estes aparelhos precederam a invenção do RADAR e serviam para detectar com alguma antecedência a investida aérea inimiga. São os descendentes dos Accoustic Mirrors do anterior post e morreram mal apareceu o dito RADAR. Mas nem é essa a questão que aqui me traz. A minha pergunta é: são ou não são os maiores aqueles japoneses? Uns estetas como não há em mais lado algum. Só mesmo por ali é que podia algum dia nascer um Studio Ghibli... if you know what I mean....


Alemão.
Inglês.
Japonês.

E se isto não é lindo, o que é lindo?


Através do Stalker (blog muito interessante do muito interessante Simon Crab) vou dar aos Sound Mirrors da costa inglesa. E outros que tais. Vale a pena ir lá dar uma saltada e, uma vez lá, seguir outros links que ele lá pôs.

Neu-york

Descobri este trabalho desta senhora (Melissa Gould) e não resisto em deixar aqui alguns pormenores e os respectivo link. Genial! Um mapa de Nova Iorque caso os alemães tivessem ganho a guerra. Atenção, vale mesmo a pena clicar nas imagens para cirandar um pouco pela cidade e descobrir alguns pormenores deliciosos. Se eu tivesse 2.500 dólares para gastar não tenho a menor dúvida para onde iam...

A legenda do mapa.
Upper Central Park.
Lower Central Park.
East River / Midtown Tunnel / Queens.
Hudson River / Holland Tunnel.
Hudson River.
As pontes para Brooklin.

terça-feira, janeiro 08, 2008

E ainda, mais uma vez, o fumo...

Liberalismo de pacotilha
[Pedro Magalhães, Público]

Notável. Limpo, cristalino, smokefree. Este texto só vem provar (e é bom que isto não se esqueça nunca) que há fumadores que conseguem fumar com os pulmões e não com a cabeça...

E ainda o fumo...

«Fascismo é tomar a decisão pelos outros antes que eles
tenham autonomia para o fazer.» LUDWIG KRIPPAHL

A propósito de uma outra discussão que vou acompanhando no Que Treta! deparei-me com esta bela definição de fascismo (naturalmente que não o Fascismo, mas fascismo nonetheless). Portanto, para a próxima que alguém me falar que a lei mais debatida da nação (sim, essa mesmo, cof cof...) é um caso típico de fascismo, vou-me lembrar desta definição e vou, uma vez mais, perceber que lei (boa ou má) é essencial e necessária. A autonomia para que uns não fumassem em cima de outros já estava garantida, mas não era aplicada (é o aplicas...). Assim sendo, venha a lei. Tivessem sido mais sensatos.

Para bom entendedor qualquer letra basta...

Ao que parece Carlos Coelho considera a marca LeYa «nobre, simbolizando o Y a abertura da nossa língua». Tudo bem. Já agora, a nossa língua a que ele se refere é a língua portuguesa ou é a língua dos portugueses? Pode parecer que não, mas a diferença é grande. E a mim o Y parece-me mais a língua dos portugueses. Fumadores ou não... ouch. Ssssssssssssss....

Os Três Taxistas

Uma vez mais Mário Moura no seu melhor, num post sobre designers e taxistas, a auspiciar um bom 2008 em matéria de reflexão sobre a actividade.

Este texto entusiasmou-me particularmente, pois eu, em tempos, durante grande parte da minha infância, à pergunta «o que queres ser quando fores grande» respondia com um já muito reflectido e definitivo «arquitecto durante a semana, taxista ao fim-de-semana». Tratava-se do equilíbrio perfeito, pensava eu então. Pois a vida deu voltas e mais voltas (como a antena de radar vermelha...) e acabei designer, ou coisa que o valha. Arquitecto + Taxista = Designer? Será o designer a fusão perfeita destas duas actividades? A congregação, por um lado, da seriedade, da respeitabilidade, da história e do traço com, por outro lado, a aldrabice, o à rasquice, sempre a buzinar e cheio de pressa (no tráfego e na língua)? Fon fon fon.

domingo, janeiro 06, 2008

Óbito

Luiz Pacheco
7 de Maio, 1925 – 5 de Janeiro, 2008


Morreu. Mainada. Táfeito. A mim só me apetece recordar e agradecer-lhe (caso ele ainda esteja a atrasar o apanhar do comboio) o facto de me ter acrescentado novas dimensões, novas direcções, a uma boa duma erecção. O que não é nada pouco, convenhamos. Morra Pacheco como viveu! Com encómios e bordoadas!

Uma tarde na companhia dos pais da Liza Minnelli...

Hoje fiz algo de insano, mas algo que se revelou insanamente agradável. Dois musicais de seguida, a família toda alinhada no sofá, lanchinho pelo meio, numa tarde inteira dedicada a essa estranha forma de cinema. Desde sempre que resisto, que patino, que sinto tremendas dificuldades em aceitar os musicais. Claro que os entendo, que os respeito, alguns há que admiro (sempre parcialmente, nunca na totalidade... é muita fruta, muito rodopio, muito pó-de-arroz), alguns há que gosto verdadeiramente (e vem-me à memória o notável One From the Heart), mas nunca me enchem verdadeiramente as medidas. No meio da imensa fauna que pulula no reino do musical surge sempre um nome incontornável, um dos potenciais reis da selva, o de Vincente Minnelli. Pois esse foi, para mim, desde sempre, um dos lados negros do universo do musical. Vincente Minnelli não é sequer o Darth Vader do trálálá, não, ele é o Imperador do catrapinpumpum! Desculpem-me os amantes do género e do espécime, mas é assim, não há volta a dar. Bom, mas eu hoje, imbuído na mais honesta iniciativa, decidi dar-lhe a derradeira chance (o 1.º filme da tarde foi o An American in Paris), que até iniciou auspiciosa e pacifica mas que rapidamente descambou no desânimo e no insucesso. A partir de hoje Minnelli está proscrito da minha nação filmíca! Acabou-se. Não há pachorra! Impossível criatura... O segundo filme da tarde (Easter Parade) já foi diferente. Em vez do canastrão Gene Kelly (nada me tira da ideia que o tipo dava um bom serial killer...) temos o genial e elegante Fred Astaire; em vez da desgraçada da Leslie Caron (também é verdade que no seu primeiro filme...) temos a dócil quanto ai-ai-à-beira-de-um-ataque-qualquer Judy Garland; e que em vez de Minnelli temos Charles Walters (para mim um estranho, mas sempre bem-vindo após um Minnelli...). Facto é que gramei o filme, tem momentos muito bons (o slow motion de um dos sapateados de Fred Astaire é muito interessante), proporciona boas gargalhadas ocasionalmente (isto é entretenimento ou não?), a família acabou a tarde feliz da vida e ainda tive ocasião de ouvir da boca da minha filhota algo como "é pá, isto é bem melhor do que o High School Musical!"... O que pode um tipo querer mais?


Este momento também é muito bom...

sábado, janeiro 05, 2008

Gestapo Gestaltung

Na sequência do post anterior, ou seja, na sequência da viagem do meu cunhado a Berlim, e da respectiva obtenção de novo material versando o universo Stauffenberg, eis as últimas descobertas. Para quem se interesse por matéria gráfica, aqui vos deixo duas preciosidades (vale a pena clicar para ampliar para observar). Não me é possível não ficar maravilhado perante estes exemplos de trabalho gráfico!




O primeiro diagrama (Verão de 1944) é um exercício de reconstrução do possível futuro gabinete de governo da Alemanha, caso o golpe vingasse. Reconstrução feita na base das investigações efectuadas pela Gestapo e outros serviços não é, contudo, totalmente certeiro mas estabelece a forte relação entre a esfera militar e a esfera civil. Foi decerto utilizado como base para as rusgas que se seguiram ao golpe e que levaram à morte de tantos destes elementos.
O segundo diagrama (datado de 9 de Agosto de 1944) é um exercício que tenta traçar o local da proveniência, a autoria da proveniência e as respectivas deslocações de vários engenhos explosivos, todos com a intenção de assassinar o Führer, com particular enfoque no de Julho de 1944.
São dois trabalhos realizados por membros/funcionários da Gestapo após o golpe falhado de 20 de Julho de 1944. Que membros/funcionários? Qual o departamento? Haveria um departamento gráfico? Se sim, como operava e quem operava? Se não havia, quem fez isto? Um simples secretário, um estenógrafo? Todas estas questões me intrigam sobremaneira. Imaginar estes documentos a nascer algures na Alemanha Nazi, em secretárias de mogno ou em estiradores de faia, por oficiais armados ou por técnicos de bata, é um exercício fascinante. O segundo diagrama está assinado — Zeichnung: RSHA, IV Z?t. (Tischler) 9.8.44 —, donde podemos concluir que um tal Tischler, funcionário da RSHA (este mesma sigla aparece no diagrama propriamente dito, logo deve ser um departamento da polícia em particular) foi o responsável pelo design (zeichnung) do dito diagrama. À falta de respostas mais concretas, resta-nos a imaginação e o deleite perante estes dois exemplares. As setas, as caixas, os filetes, os textos e a estrutura sequencial traçando uma narrativa (no 2.º diagrama) são geniais. Bom, bem sei que já estou quase a entrar no campo do delírio (os diagramas são porreiros, mas...), mas imaginar estes tipos da Gestapo com acesso ao Powerpoint... ah, pois, imaginem lá o cenário, talvez este software fosse hoje algo de fantástico na nossa vida contemporânea... talvez hoje o Tufte não tivesse razão... lol. E se estes tipos tivessem tido acesso ao Illustrator?!...


Actualização /// Entretanto averiguei alguns pontos. RSHA corresponde a Reichssicherheitshauptamt (Reich Security Main Office). Este "ministério" da segurança do reich estava subordinado às SS (tinha como dirigentes máximos os sinistros Heydrich e Kaltenbrunner, após a morte do primeiro) e englobava as seguintes polícias: Sicherheitsdienst (SD, Segurança), Geheime Staatspolizei (Gestapo, Secreta) e Kriminalpolizei (Criminal). RSHA IV era precisamente o departamento da Gestapo no tal "ministério", logo um tal Tischler, ou alguém sobre as ordens de um tal Tischler, funcionário do Amt IV (departamento da Gestapo), é o autor do 2.º diagrama.

Hier Starben für Deutschland



Occident I

We are still the fate of the world and alive
No need to lament our lot.
The mercenary fellows who credit only the foreign and false

Should hold their tongues,
Were our mothers whores, then —
That pride in our heritage should be contemptible?

Wherever greatness is still great and deed acknowledged
Never shall majesty be cowardly hypocritical.
For if Alexander was magnificient, Caeser powerful,
Plato wise and Achilles beautiful
Where would power, wisdom and magnificence,
Fame and beauty be found, if we did not have them —
We, the blond heirs to the Staufers and Ottonians.


Occident II

I love to delve into old tales of heroes
And feel akin to such noble deeds
And blood crowned with fame.

I could not do without the olden days
Where would I look to see my life
If not in the lives of the noblest?

For this I love the great men of bygone days
Under their spell barely palpably growing in will
No less born of God.



Como nunca é demais esquecê-los, e como o meu cunhado acabou de chegar de Berlim (danke pelas fotografias, Vasco), aqui ficam a perpétua coroa de flores no Bendlerblock e dois poemas escritos por Claus Stauffenberg em 1923 (aos 16 anos de idade, portanto) para o seu irmão Berthold. RIP

Flaneur vs. Terminator

Hoje, ao flanar pela net, desemboquei no Smol (blog francês a revisitar). Lado a lado (melhor, um em cima do outro), dois vídeos versando a cidade e o skate. Um parisiense, o outro angelino (presume-se). É fantástico como um assunto tão (aparentemente) simples quanto a apropriação/interacção/relação, de um skater com a cidade, com o espaço público, pode ser tão díspar consoante o paralelo (pun intended) em que se desenrola. O Novo e o Velho mundos reflectem-se em tudo mesmo, até numa simples diversão. É óbvio que as generalizações fazem sempre mal à saúde, e que o filme parisiense também podia ter sido feito nos EUA e viceversa, mas também é óbvio que as duas culturas são na generalidade isto mesmo — numa o espaço público faz jus ao nome, noutra o espaço público não é; de tanto explodir, de tanto incendiar, deixou de o ser. Passou a outro estádio, transformou-se num campo de batalha permanente. Também é verdade que a comparação neste caso pode ainda ser indesejada por um dos filmes ser uma obra de autor, uma diversão sobre a diversão, uma curte, e o outro ser um anúncio, ter fins comerciais, outros meios (de produção e a atingir). O que só agrava a coisa; pois apercebemos-nos de que para vender sapatos há que recorrer à segunda versão dos factos; ou seja, um bom sapato para "skatar" tem de aguentar explosões e shrapnel e não limitar-se a ser justamente o parceiro ideal na curtição do movimento e da cidade. As comparações e as generalizações valem o que valem, mas que estes dois filmes, lado a lado, dão que pensar lá isso dão.



quinta-feira, janeiro 03, 2008

«Ó pá, tu eras do Chaves... sim, mas antes já eras do Glorioso!»

Amigo Alvim, amigo Mega, o meu pedido de desculpas de há uns tempos atrás mantém-se, as nossas diferenças estão sanadas, mas... sinto-me na obrigação de revelar novos dados relativos a esta nossa, já longa, demanda pela verdade. Vejamos, então, o que se passou. Ontem a minha querida mãe apareceu-me lá em casa com uma pastinha repleta de papelada vária (recados, desenhos, textos, postalitos), toda ela respeitante à minha pessoa. Até aqui tudo bem, mas o sorrisinho dela não enganava ninguém e enquanto o armava mostrou-me dois desenhos que tinha previamente separado. Aqui vos deixo os dibujos para vossa apreciação.


Este, no verso, tem a seguinte legenda, escrita à mão pelo meu querido pai — "Julho 77. Ganhou o Benfica que está a rir. Perdeu o Sporting que diz Oh! Oh!"


Este (nitidamente posterior) não tem nenhuma legenda no verso, mas penso que fala por si...

Posto isto, que a partir de hoje não fique jamais em causa o meu benfiquismo! Se aos 16 anos (1987), numa altura em que o Chaves conquistava a Europa (lol), era o meu "ser do contra" que se levantava e vos marcava indelevelmente (lol), por outro lado, fica hoje provado que aos 6 anos (1977; dez anos antes!) era o meu benfiquismo que falava mais alto! Se por acaso amanhã surgir um desenhito, tipo datado de 1974, em que o Chaves era o melhor do mundo... bem, queimo-o e não vos digo nada.
Lol e bem-hajam!

Ainda o fumo...

Há uns anos atrás, estava eu numa esplanada, mesas meias com um par de tias, daquelas mesmo insuportáveis, lacadas, cheias de filhos ausentes e plenos de problemas, e uma dizia para a outra: «Pois é, eu até devia deixar de fumar... que isto faz mal, que isto e aquilo, yada, yada, yada». E a certa altura, sai-se com esta: «Que aquilo, na realidade, é um nojo. Eu, aliás, se há sítio onde não fumo é em casa. Em casa é que nunca!». A minha vida (de fumador) mudou naquele dia. A mim não me impressionou a cena de ela achar que era um nojo (eu não acho; quanto muito acho que, por vezes, é um incómodo), não, o que verdadeiramente me impressionou foi a desfaçatez com que ela admitiu que algo que, aos seus olhos, era um nojo era de proibir no seu lar mas não na rua, não no restaurante, não na estação do metro. O desprezo das suas palavras evidenciou o desprezo dos meus gestos. A partir desse dia, porque é assim que se aprende, ou seja, mudando, eu deixei (ou tudo fiz nesse sentido... que são muitos cigarros por ano...) de fumar em locais públicos. Muita falta de sentido, de bom senso, de compromise anda por aí nessas cabecinhas.

2007 (filmes e documentários)

Ora bem, inexplicavelmente a tentar fugir (e logo eu...) a listas de fim de ano, e por conseguinte já com alguns dias de atraso, e partindo ainda do princípio que os filmes do ano são sempre os filmes vistos/descobertos (e não os estreados) nesse ano, aqui ficam as minhas escolhas de filmes e documentários, sem ordem particular para além da cronológica.

Filmes 2007
Tropa de Elite — José Padilha — 2007
Control — Anton Corbijn — 2007
INLAND EMPIRE — David Lynch — 2006
Bug — William Friedkin — 2006
The Good Sheperd — Robert De Niro — 2006
Old Joy — Kelly Reichardt — 2006
Lady In The Water — M. Night Shyamalan — 2006
Idi i Smotri — Elem Klimov — 1985
Sharky's Machine — Burt Reynolds — 1981
Out of the Blue — Dennis Hopper — 1980
Gruppo di famiglia in un interno — Luchino Visconti — 1974
Juste Avant la Nuit — Claude Chabrol — 1971
Ça N'arrive Qu'aux Autres — Nadine Trintignant — 1971
Ballada o Soldate — Grigori Chuckrai — 1959
Popiól i Diament — Andrzej Wajda — 1958
Paths of Glory — Stanley Kubrick — 1957
Pokolenie — Andrzej Wajda — 1955
The Petrified Forest — Archie Mayo — 1936

Documentários 2007
State Legislature — Frederick Wiseman — 2007
Forever — Heddy Honigmann — 2006
The Corporation — Mark Achbar e Jennifer Abott — 2003
Ônibus 174 — José Padilha — 2002
Edifício Master — Eduardo Coutinho — 2002
Heftig og begeistret — Knut Erik Jensen — 2000
Notícias de Uma Guerra Particular — Kátia Lund e João Moreira Salles — 1999
Santa Marta, Duas Semanas no Morro — Eduardo Coutinho — 1987

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Os ouvidos agradecem...

Digam lá o que disserem (e muito tem sido dito), uma coisa é certa — hoje as favas com entrecosto souberam-me bem melhor. E digo mais, o melhor até nem foi a ausência das baforadas, o facto de hoje não se terem intrometido na relação tão própria que é a relação da garganta com as narinas, naquele momento tão decisivo que é o entre prato e boca, não, o melhor mesmo foi o silêncio. Sim, o nível de ruído também desceu! Bendita lei e bendito povo que só lá vai com leis...


Uma pequena nota: sou fumador, mesmo quando não fumo. Uma vez fumador, sempre fumador. E ser fumador é, definitivamente, e ao contrário do que pensa MVA, uma identidade. Mas antes de o ser, gosto de acreditar que sou uma outra coisa, que tenho uma outra identidade, a de civilizado. Ó pá, é assim mesmo, antes de me agarrar ao cigarrito agarrei-me à urbanidade...

terça-feira, janeiro 01, 2008

Lola


Anouk Aimée é Lola é Anouk Aimée é Jacques Demy é Marseille é a puta da vida é Anouk Aimée... é um filme do caraças que nos últimos tempos parece ter contagiado a blogosfera (vi-o referido em tantos blogs que já nem sei o que "linkar"). Eu levo-me na onda, agradeço a memória, e presto a minha homenagem a esse grande filme dos idos de 60.


© Raymond Cauchetier [photo de tournage]

A vida como ela é...

Recebi agora mesmo um sms que me diz que a Matilde (2,55kg) e a Inês (2,61kg) nasceram e estão bem de saúde. Naturalmente, fico feliz com o acontecimento e junto-me aos seus pais nessa alegria.

Mas outra alegria me invade, quando me apercebo de que não existiria melhor post que este para suceder ao anterior... A vida é de uma magia tão elementar!

Olímpio Ferreira, 1967-2007

Bom, é isto mesmo a vida... Ou seja, os anos passam (ainda ontem era 2007!), os minutos correm, a seiva escorre, os gatos miam, os bifes de seitan estorricam, sempre mas sempre, mas sempre, mas sempre, tudo, tudo, sempre tudo parido na mesma verdade inadiável, assombrosa, amorosa verdade, aquela que nos diz que a seguir a um instante vem outro, que a seguir a um suspiro vem uma dúvida, que após um dia bem vivido vem uma incógnita, que após uma vida vem outra... Até já Olímpio. Já não por essas vielas lisboetas, já não no rescaldo de algum preto e branco na Cinemateca, já não no fresco do Jardim da Parada, mas algures nessa certeza de que sempre, sempre, sempre algo sucede a um outro algo sucedido... A partir de hoje será noutra ficha técnica que te procurarei. Até sempre.




[outros mais sentem a tua falta; aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui]